Folgo muito em voltar a ler os teus interessantes artigos e este entreteve-me durante bastante tempo.
Como sabes gostava muito de "implicar contigo" e ainda continuo com a mesma mania... Mas continuo, como sempre, a fazê-lo no bom sentido, é claro.
Referes no artigo a questão do Money In e do Money Out e, como lá colocaste o link, fui recordar como te tinha "estragado" esse artigo e os bons tempos que passei no BI.
Convém corrigires essa tua opinião pois o Money Out mantêm-se fixo e o Money In apenas varia com as cotações... Para alguém sair do mercado continua a ser necessário que outro tome o seu lugar e essa regra é impossível de alterar.
Este teu novo artigo está, na sua generalidade, muito bem fundamentado e muito bem documentado. Foi-me difícil descobrir contradições mas existem algumas...
Taxas de Juro:
Não podes dizer num capítulo que não têm importância nenhuma e no capítulo seguinte torná-las bode expiatório.
César Borja Escreveu:Quando a economia começou a resvalar, o FED começou a cortar, a cortar, e neste momento as taxas de juro estão num mínimo de mais de 40 anos, aparentemente sem efeito na actividade económica.
(...)
E, convenhamos, o estímulo dado por uma descida de taxas dos 15% para os 3-4% é diferente do estímulo dado por uma descida dos 6,5% para os 1,25%. O que se passa é que nunca neste ciclo existiu um problema de altas taxas de juro, (...)
Isto que disseste está absolutamente correcto na minha opinião. Uma descida de 4,50 para 4,00%, em termos europeus, pouca influência tem no custo do endividamento e portanto não podes dizer o contrário quando falas no Imobiliário.
César Borja Escreveu:No Mundo Ocidental actual não se foi tão longe como no Japão, mas mesmo observando o que se passa em Portugal, em que se vê perfeitamente que a oferta excede a potencial procura neste momento, os preços vão cair no mínimo 50% nos próximos 2 a 5 anos.
A provável subida de taxas de juro no início de 2004 fará cair o mercado imobiliário como um castelo de cartas, até cá no nosso país basta fazer umas contas para reconhecer que os preços actuais são meramente especulativos.
Em primeiro lugar parece-me impensável uma queda "no mínimo de 50%"... Estás a exagerar.
Em segundo lugar também não acredito que isso aconteça durante os próximos 2 a 5 anos... Seria demasiado tempo e se o sector da construção se mantiver em queda durante esse período será impensável termos uma recuperação no 2º semestre de 2003, não é verdade?
E tu dizes algures "Prevejo então duas partes distintas em 2003, uma queda violenta do PIB no 1º semestre, e uma recuperação no 2º semestre."
Em 3º lugar uma alteração de 0,5% nas taxas de juro tem uma influência tão reduzida no valor das prestações mensais que não pode justificar por si só uma queda de vendas.
Relativamente a que "a História se repete", assunto que já temos discutido muitas vezes e no qual continuamos a divergir, parece-me que já estás melhor...
César Borja Escreveu:Mas existem outras ferramentas para prever o futuro. A História, por exemplo.
César Borja Escreveu:Ou seja, espero uma inflexão, patrocinada pelo FED (que é o Criador de moeda), no 1º semestre de 2003, para uma política monetária de excepção extremamente expansionista, utilizando meios pouco ortodoxos e alguns nunca experimentados na História.
Com métodos novos é provavel que a História não se repita exactamente da mesma maneira...
Finalmente, no capítulo da Geopolítica, parece-me que não referiste um ponto que pode condiccionar muito o ano de 2003: A questão da Venezuela onde uma greve geral, que já dura há mais de 30 dias, está a reduzir drasticamente a produção e a exportação de petróleo. Exportação que é destinada em 90% aos EUA.
Os preços de petróleo estão a subir essencialmente por esse motivo e não pela eventual guerra com o Iraque.
O problema na Venezuela está longe de se resolver e, pior ainda, pode acabar muito mal.
Um abraço,
JAS