Euro atinge máximo histórico nos 1,2952 dólares (act)
O euro atingiu hoje um máximo histórico nos 1,2952 dólares, depois do chanceler alemão Gerhard Schroeder ter explicado que a valorização da moeda única europeia face ao dólar não o preocupa.
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Ana Filipa Rego
arego@mediafin.pt
O euro atingiu hoje um máximo histórico nos 1,2952 dólares, depois do chanceler alemão Gerhard Schroeder ter explicado, após uma conferência com os restantes líderes europeus, que a valorização da moeda única europeia face ao dólar não o preocupa. Este avanço acontece mesmo depois dos EUA terem anunciado que criaram quase o dobro dos postos de trabalhos do que o previsto.
Contra a moeda norte-americana, o euro avançava 0,54% para os 1,2942 dólares, depois de ter alcançado o máximo histórico nos 1,2952 dólares.
A valorização da moeda única europeia «ainda não é no momento dramática e, nesse sentido, não necessitamos de tomar quaisquer medidas políticas», afirmou Schroeder, acrescentando que «a economia alemã, pelo menos o sector de exportações, está a ter um desempenho tão brilhante que a actual situação cambial é motivo de preocupação mas ainda não está a gerar sérias preocupações para os exportadores».
O anterior máximo histórico da moeda tinha sido atingido em Fevereiro passado nos 1,2926 dólares. Nessa altura, os dirigentes europeus mostraram-se na generalidade preocupados com o facto, tendo inclusivamente apelado ao Banco Central Europeu para a instituição tomar medidas que travassem a subida do euro. Actualmente não se encontram tão preocupados uma vez que o preço do petróleo, cotado em dólares, disparou, e a subida do euro compensa este efeito.
O euro tinha ontem avançado para perto do valor máximo, depois de Jean Claude Trichet não ter sublinhado que a valorização da moeda única europeia pudesse vir a ameaçar a recuperação económica da região.
Emprego nos EUA insuficiente para suportar dólar
No entanto, chegou a recuar esta manhã, após ter sido divulgado que a economia americana criou 337 mil postos de trabalho em Outubro, quase o dobro do previsto pelos economistas. Os economistas previam que tivessem sido criados 175 mil postos de trabalho o mês passado. O Departamento do Trabalho reviu ainda em alta o número de postos de trabalho criados em Setembro, de 96 para 139 mil.
A queda do euro durou pouco tempo, atingido o máximo histórico pouco depois de Schroeder ter sublinhado que a valorização da moeda única europeia «ainda não é dramática».
Para além disso, o presidente francês Jacques Chirac afirmou que está «um pouco preocupado» com a subida do euro, remetendo para o impacto «na actividade económica nomeadamente nas exportações».
Para os governos europeus e para o Banco Central Europeu, a valorização do euro é «um elemento importante que temos que integrar no nosso pensamento e deverá levar a certas reacções», acrescentou Chirac.
Para além de Chirac, Berlusconi, primeiro-ministro italiano, também se mostrou preocupado com a valorização do euro. «A apreciação de mais de um terço da moeda única europeia desde a sua introdução está a prejudicar as exportações», referiu Berlusconi, acrescentando que «se o Banco Central Europeu não mudar a sua política em torno da apreciação do euro» a economia vai continuar a sofrer.
Euro nos últimos 12 meses
Morgan Stanley acha que valorização do euro para 1,35 dólares poderá obrigar BCE a vender a moeda pela primeira vez
Para a Morgan Stanley, a valorização do euro poderá obrigar o BCE a vender euros pela primeira vez para deter a subida do mesmo face ao euro, caso a moeda única europeia atinja os 1,35 dólares.
«A apreciação do euro vai ter um impacto negativo nos lucros das empresas e no crescimento», segundo um responsável da Moragan Stanley, Stephen Jen, acrescentando que «é só uma questão de tempo até este efeito se sentir».
O euro já ganhou 4,2% no mês passado e alguns responsáveis europeus consideram que esta subida poderá ajudar a travar os preços recorde que o petróleo tem atingido. Dia 21 de Outubro, o ministro das Finanças francês, NIicolas Sarkozy disse que «uma forte moeda é melhor quando os preços das ‘commodities’ estão elevados».
A valorização do euro tem também a ver com a especulação de que George W.Bush – vencedor das eleições presidenciais dos Estados Unidos - venha a ter dificuldades em reduzir o défice orçamental e de conta corrente, segundo a Lehman Brothers.