Citigroup baixa estimativas de receitas e EBITDA para a Vivo
29-06-2004, Mafalda Anjos, manjos@economica.iol.pt
A maior concorrência no mercado brasileiro levou o Citigroup a baixar as estimativas de EBITDA para 2004 em 10,3%. Más notícias para a PT.
O Citigroup veio esta semana rever em baixa as estimativas para o negócio brasileiro da Portugal Telecom, onde a empresa detém, em parceria com a Telefónica espanhola, a Vivo, a maior operadora móvel da América Latina. A casa de investimento está mais cautelosa acerca das margens e das receitas médias por utilizador (ARPU) da Vivo em 2004, devido ao crescimento da concorrência. Esta revisão em baixa das previsões para a Vivo projecta-se nas estimativas para a PT, igualmente revistas em baixa, ainda que mantendo a recomendação de compra e o preço-alvo de 11 euros.
O segmento móvel brasileiro é já o segundo maior negócio da Portugal Telecom, com uma contribuição superior à TMN para a estrutura de receitas consolidadas. A totalidade do negócio internacional tem já um peso de 26% das receitas totais do grupo PT, de 24% do EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) e de 67% do número de clientes. Por isso, qualquer alteração das perspectivas para o Brasil mexe com a jóia da coroa da empresa portuguesa.
O mercado móvel brasileiro tem um enorme potencial de crescimento, sobretudo em São Paulo, onde a penetração do telemóvel é de apenas 33%, e tanto a Telecom Itália Movil como a America Movil estão mais agressivas contra a Vivo na conquista deste espaço. Na opinião do Citigroup, o impacto da maior concorrência far-se-á sentir de duas formas. Por um lado, a casa a antecipa 7 milhões de novos subscritores, mas que vêm sobretudo através de pré-pagos, com receitas médias por utilizador de 20 a 22 reais, substancialmente menores do que as receitas médias de 95 reais das assinaturas. Assim, os analistas do banco baixaram as previsões de ARPU em 2004 de 37 para 35.5 reais. O resultado de mais clientes, mas a gastar menos, são menores receitas em 2004. O Citigroup baixou 1,6% as previsões de receitas para a Vivo em 2004. Por outro, a casa antecipa uma maior pressão nas margens, reduzindo em 10,3% as previsões de EBITDA para este ano e de 4,1% para 2005. A Portugal Telecom já tinha sugerido que as margens de EBITDA no Brasil deveriam descer dos 40,3% reportados no primeiro trimestre. Para os anos seguintes, o banco espera margens crescentes, mas que só em 2007 regressam acima dos 40%.
Estas novas perspectivas reflectem-se na revisão em baixa de 1,1% nas receitas líquidas do grupo PT em 2004 (de 503 para 497 milhões de euros) e de 0,5% para 2005. Segundo os analistas, a queda seria maior, mas foi mitigada pelo facto de PT não custear 1500 reformas, mas apenas 1300. São igualmente reduzidas as perspectivas de EBITDA do grupo PT em 2,4% para 2004 e em 1% para 2005.