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Caldeirão da Bolsa

OT- Ulrich e as asneiras

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por mais_um » 6/2/2013 0:31

QuimPorta Escreveu:
Apenas me vou referir a dois aspectos:
1. Parece-me completamente ilegítima a associação que fazes dos resultados dos bancos às cotações em bolsa dos respectivos títulos. neste forum sao mais do que debatidos os limites dessa abordagem.


Exceptuando as OPA, na maior parte dos casos mais cedo ou mais tarde a evolução das cotações reflectem os resultados. Se verificares a banca no seu todo sofreu bastante após a falência do LB, resultados negativos, aumentos de capital, etc...

QuimPorta Escreveu:
2. Deixas-me a pensar quando referes que os ratings da banca começaram a baixar antes dos da República. Realmente, e a confirmar-se, teria que perceber-se porque isso aconteceu, ou então o que disse antes sobre quem afundou quem está posto em causa.

Podes postar a fonte?


Fiz uma analise rápida ao BCP, começou a sofrer downgrades a partir de 2009, Portugal começou em 2010:

http://www.jornaldenegocios.pt/mercados ... t_act.html

http://economico.sapo.pt/noticias/sp-ba ... 87975.html

os restantes também sofreram descidas em 2009:

http://www.oje.pt/noticias/negocios/sp- ... ca-iberica
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por Elias » 6/2/2013 0:29

MiamiBlueHeart Escreveu:
Lion_Heart Escreveu:Noticia TVI : TGV avança

:shock:


A confirmar-se é a negação de tudo que o Governo anda a dizer à ano e meio..


por aquilo que li não há TGV algum, há uma linha de mercadorias em bitola europeia.

A TVI é que resolveu chamar-lhe TGV, porventura para fazer sensacionalismo, mas o desenvolvimento da notícia não diz nada disso...

«TGV»: Governo acertou com Bruxelas novo projeto

Obra para linha de alta velocidade que ligará Lisboa a Madrid deverá avançar entre 2014 e 2020

Por: Redacção / Carlos Enes | 2013-02-05 20:00


O Governo já negociou com Bruxelas o financiamento para a linha de alta velocidade entre Lisboa e Madrid, informou o ministro das Finanças à TVI. A obra deverá avançar entre 2014 e 2020.

Projeto do TGV cheio de avanços e recuos

Em Portugal é conhecido como «TGV», mas o que está em causa é a construção de uma linha de caminho-de-ferro em bitola europeia, ou seja, com a mesma largura das linhas da maioria dos países da Europa.

«A reformulação do anterior projeto Lisboa-Madrid (...) foi negociada com Bruxelas, tendo merecido a concordância por parte da Comissão Europeia», respondeu o ministro das Finanças à TVI.

O projeto do Governo socialista, entretanto chumbado pelo Tribunal de Contas, contava com 190 milhões de euros de financiamento comunitário. Vítor Gaspar garante que essa comparticipação vai subir: «O Governo Português conseguiu salvaguardar o financiamento comunitário (...) ao mesmo tempo que conseguiu aumentar de forma significativa as taxas efetivas de comparticipação comunitária para os 85%, face aos atuais 25%».

O adiamento, contudo, levou ao desvio de 375 milhões de euros dos fundos de coesão previstos no quadro comunitário ainda em vigor, que foram aplicados noutros setores.

Quanto ao financiamento nacional previsto para a linha Poceirão-Caia, foi desviado para a Parpública, que, por contrato assinado a 22 de Janeiro, tomou a posição do consórcio Elos, liderado pela Brisa e Soares da Costa, assumindo assim um empréstimo de 600 milhões de euros, originalmente previsto para a linha Poceirão-Caia, junto de um sindicato bancário composto pelo Santader, BCP, BES e Caixa Geral de Depósitos. «O financiamento assim disponibilizado à Parpública apresenta um significativo valor económico, (...) sendo que na atual conjuntura não se obteriam condições financeiras similares», esclarece o governante.

O consórcio Elos reclama uma indemnização de 264 milhões de euros pela anulação do contrato Poceirão-Caia, mas Gaspar garante que não. A Parpública entendeu-se com o grupo privado para assumir responsabilidades pelo empréstimo bancário previsto para o projeto, mas o Estado não reconhece quaisquer direitos de indemnização. «O Estado não reconheceu o direito da ELOS a qualquer compensação por qualquer facto relacionado com o cancelamento do projeto Poceirão-Caia. Aliás, a aceitação pela Parpública tem como pressuposto essencial que essa aceitação não possa de forma alguma ser entendida como reconhecimento de tal direito da concessionária.»

O contrato em que a Parpública assume a posição do consórcio Elos junto dos bancos foi assinado a 22 de Janeiro. O Tribunal de Contas confirmou à TVI que já está a analisá-lo. Nos termos de uma alteração legislativa introduzida por este Governo, só produzirá efeitos depois dos juízes lhe concederem visto.

http://www.tvi24.iol.pt/503/economia--- ... -6377.html
 
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por MiamiBlue » 6/2/2013 0:10

Lion_Heart Escreveu:Noticia TVI : TGV avança

:shock:


A confirmar-se é a negação de tudo que o Governo anda a dizer à ano e meio..
 
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por Quimporta » 6/2/2013 0:08

mais_um Escreveu:
O dinheiro foi emprestado ao Estado, a responsabilidade é do Estado, caso os bancos não paguem, quem paga ( com o corpinho) são os tugas.


Por isso também as taxas são diferentes . ~ 4% vs. ~ 8%.

Não creio que seja útil o manter o debate ponto por ponto, uma vez que as opiniões básicas estão já expressas.

Apenas me vou referir a dois aspectos:
1. Parece-me completamente ilegítima a associação que fazes dos resultados dos bancos às cotações em bolsa dos respectivos títulos. neste forum sao mais do que debatidos os limites dessa abordagem.

2. Deixas-me a pensar quando referes que os ratings da banca começaram a baixar antes dos da República. Realmente, e a confirmar-se, teria que perceber-se porque isso aconteceu, ou então o que disse antes sobre quem afundou quem está posto em causa.

Podes postar a fonte?
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por MiamiBlue » 5/2/2013 23:54

Ulrich Escreveu:
ul Escreveu:Cette crise mondiale n'est pas celle des capitalistes !

En effet, elle est essentiellement due à des hauts fonctionnaires de nombreuses nations.

Prenez le cas du surendettement des Etats. Il est le fait de ministres et de dirigeants politiques de nombreux pays qui dépensent sans compter depuis plus de 30 ans sans se soucier réellement du niveau des recettes.


Tout chef d'entreprise qui aurait eu cet état d'esprit aurait fait faillite depuis longtemps, mais lorsque ce n'est pas son propre argent, où est le problème ? Et tant pis si cela dégénère en crise mondiale...

Sans compter qu'aux dépenses légitimes se joignent celles du gaspillage et de la corruption qu'il faut bien financer. Naturellement, l'Etat, "ce monstre qui est le plus froid des monstres froids", prône la vertu pour justifier un racket fiscal particulièrement immoral.

Il faut bien qu'il se finance, aussi tout chef d'entreprise travaillant 60 heures par semaine, investissant en risquant son propre argent et créant des emplois, se verra systématiquement traiter d'égoïste s'il conteste un niveau de prélèvements fiscaux malhonnête et injuste.

Naturellement, les patrons voyous et les exploiteurs du peuple existent et existeront toujours. Mais ce n'est pas la fiscalité qu'il faut leur opposer car elle pénalise tout le monde.

____________________________


Excelente artigo :wink:


A culpa é de tanta gente, incluindo dos Estados, e de tantos factos internacionais que aconteceram.. Por isso, o artigo é, no mínimo, mega redutor..

Mas culpar o Estado, o mesmo que anda a ajudar e mesmo a salvar bancos, é muito mais popular..
 
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por Pata-Hari » 5/2/2013 23:51

Não olhes para o que eu faço

Um deputado do povo pediu a Fernando Ulrich que apresentasse um pedido de desculpas por certas declarações que fez. Muito bem. E entre os senhores deputados do povo, não haverá um único que se queira desculpar por ter defendido até à exaustão as políticas que levaram o país à bancarrota? É que as declarações de Ulrich podem muito bem ser miseráveis que nem por isso terão sido elas a provocar a miséria que grassa.
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por mais_um » 5/2/2013 23:43

Sobre esta história do FU, só me falta acrescentar o seguinte, fiquei surpreendido com o facto da mulher dele ser funcionária do PSD (aparentemente desde 1979) e escolhida pelo Cavaco como consultora.

Isso explica muitas declarações do FU....
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por mais_um » 5/2/2013 23:34

QuimPorta Escreveu:
O ponto é este: em países como a Irlanda e a Islândia foi a banca que afundou o Estado. Em Portugal foi o Estado que afundou os Bancos. (as excepções são conhecidas).


Foi o Estado que afundou a Banca? Então como explicas que os ratings da banca começara a descer em 2009 (antes do Estado)? Os prejuízos do credito mal parado foram do Estado? Berardo, CS, etc.. Bancos na Grécia, divida publica grega são culpa do Estado?

QuimPorta Escreveu:1. O que que aconteceu aos bancos portugueses em 2008(dizes perderam o acesso aos mercados") aconteceu ao bancos de todo o mundo, é resultado de variáveis externas (leia-se "crise financeira"). Não reflete situação dos Bancos, nem destingue "bons" de "maus". Nessa altura alguns bancos (creio até que nem foi o caso do BPI) recorreram ao chamado "aval do Estado", pelo qual pagaram.

É demagógico aqui dizer-se que o "Estado ajudou os Bancos com o nosso dinheiro", quando o que se tratou foi de desenrascar algo útil para toda a economia, onde os Bancos ainda eram os que se estavam a aguentar menos mal.

2. Nos anos que se seguiram assistimos à degradação dos ratings da Republica (primeiro), e por consequência, do rating das empresas portuguesas, que aí sim ficaram - as portuguesas, depois das gregas e irlandesas - sem acesso aos mercados de crédito internacionais, praticamente em absoluto. De novo, essa perda de acesso ao crédito em nada refletia a situação dos bancos, que se mantinham com bons resultados, na até altura considerados por muitos como obscenos. É aqui que se aplica com propriedade dizer-se que em Portugal "foi o Estado que afundou os Bancos".


A evolução das cotações dos bancos portugueses a partir de 2008 são elucidativas sobre os "bons" resultados.....


QuimPorta Escreveu:3. A capitalização dos Bancos, com o Estado Português pelo meio, aparece já no decurso do "programa de ajustamento" com a Troika, como bem dizes de 2011. Mas aqui, e como a Pata já referiu, o dinheiro é da Troika e não "dos portugueses".



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por mais_um » 5/2/2013 23:16

QuimPorta Escreveu:
mais_um, a questão que levanto é se essa análise tem alguma coisa que ver com as declarações do FU.
Não tem pois não?!


Tem a partir do momento que tentam desculpabilizar as afirmações dele com o facto de o BPI precisar da ajuda do Estado por eventual culpa do Estado!

QuimPorta Escreveu:O tom de algumas posições aqui do tópico é mais ou menos este:

"O BPI está a ser fortemente ajudado pelo Estado com o dinheiro dos portugueses, logo ele não tem o direito de defender mais austeridade, ainda para mais nos termos infelizes que escolheu"

... e isto é um raciocínio com bases muito pouco sólidas.

O que é legítimo dizer-se é :o FU foi infeliz !
Há todo o direito em receber críticas por isso.


É verdade que o dizem, mas são factos indesmentíveis, o BPI está a receber dinheiro emprestado ao Estado Português, é verdade que está a pagar por isso mas isso não desculpabiliza o FU.

QuimPorta Escreveu:A intervenção do Estado no BPI é outro filme, onde quem aparece mal é o Estado e não o Banco nem o FU.



O BPI só precisa de ajuda do Estado devido a responsabilidade sua:


Ulrich diz que BPI 'não teve pressões' para comprar dívida pública"

por Bárbara Barroso

Fernando Ulrich afirmou que o BPI nunca foi pressionado a comprar dívida portuguesa por parte de qualquer doverno, nem do atual, nem de anteriores.

"O BPI não teve pressões nenhumas para comprar dívida pública. Nem deste governo, nem de anteriores", afirmou o banqueiro na comissão de orçamento e finanças, no âmbito de recapitalização do banco.

http://www.dn.pt/inicio/economia/interi ... iro%20Vivo

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por Ulrich » 5/2/2013 23:10

ul Escreveu:Cette crise mondiale n'est pas celle des capitalistes !

En effet, elle est essentiellement due à des hauts fonctionnaires de nombreuses nations.

Prenez le cas du surendettement des Etats. Il est le fait de ministres et de dirigeants politiques de nombreux pays qui dépensent sans compter depuis plus de 30 ans sans se soucier réellement du niveau des recettes.


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Excelente artigo :wink:
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por mais_um » 5/2/2013 22:52

Pata-Hari Escreveu:JMHP, não foi só às custas dos accionistas, foi à custa do aval do estado nas milhentas emissões.


Embora te esqueças sistematicamente, esse aval foi pago.
E em relação aos valores que referes parecem-me excessivos, podes colocar as fontes?

Pata-Hari Escreveu:Mais_um, não foi o que insinuei. Disse que o problema do BPI se colocou dadas as novas métricas e exigências em termos de cálculos de rácios e que o valor de mercado da dívida portuguesa causou a necessidade de recapitalização. Foi um investimento, feito com base em pressupostos nomeadamente de contabilização de rácios. Essas regras mudaram entretanto. Não tivesse o estado tido o problema que teve, o BPI também não o teria tido. E sim, continuou a comprar dívida pública depois disso. Porque continuou a acreditar na linha de investimento do passado, conservadora, acreditando que havia capacidade para recuperação e da não-falência do estado. Teve que fazer ajustes às novas exigências de capitais e de rácios de capital, tem os melhores rácios do mercado. Usou os cocos, instrumentos criados para exactamente amenizar os problemas causados pela mudança de regras no pior momento.


Hum...os melhores rácios? Houve 3 bancos que não precisaram nem de Coco's nem de aumentos de capital e nenhum deles é o BPI:

Banca
Bancos com planos de capitalização em stand-by

Maria Teixeira Alves
26/03/12 00:05

Os planos foram entregues a 20 de Janeiro ao BdP.

Dos oito maiores bancos portugueses que estão abrangidos pelas exigências da troika, apenas três vão fazer uso da linha dos 12 mil milhões de euros disponíveis do dinheiro que a troika emprestou a Portugal para financiar a recapitalização da banca privada. São eles o BCP, o BPI e o Banif.

Mas isto não quer dizer que os outros não precisam de capital. A CGD tem elevadas exigências de capital que serão satisfeitas através do recurso ao Estado, ora via aumento de capital ora via emissão de capital contingente (CoCo´s), mas sem recorrer à linha dos 12 mil milhões que a troika destinou à recapitalização da banca portuguesa. O mesmo se passa com o Grupo BES (banco e holding) que terá de reforçar os seus capitais para cumprir as metas da troika e as metas da EBA - Autoridade Bancária Europeia.

Apenas três destes oito bancos cumprem já os rácios de capital que vão ser obrigatórios pelo Banco de Portugal em Dezembro: Totta, Crédito Agrícola e Montepio Geral.

No caso dos quatro bancos que também estão sob escrutínio da EBA: a CGD, o BCP, o BES, e o BPI a dimensão das necessidades de capital é maior. Porque lhes é exigido que criem uma almofada de capital para fazer face às menos-valias potenciais resultantes do mark-to-market (avaliação a preços de mercado) da dívida soberana europeia. Por outro lado a urgência das medidas a adoptar é também um factor de pressão, porque a meta de capital pela EBA é já para Junho. Mas o facto de a portaria que define as regras precisas (e o custo) do recurso à linha financeira do Estado ainda não estar publicada não lhes permite pôr em marcha as operações definidas. Pois cada banco tem previsto um ‘mix' de operações para aumentar o rácio de ‘core tier one' (capital sobre activos ponderados pelo risco).

No final do ano, as necessidades dos quatro bancos - a CGD, BCP, BPI e ESFG - para cumprirem a meta de 9% de core capital a 30 de Junho estavam estimadas em 5,5 mil milhões de euros. Hoje este montante deverá ser inferior.


José de Matos - Presidente executivo da CGD
A CGD precisa de 1.050 milhões de euros de almofada de capital para acomodar as menos-valias potenciais da reavaliação em baixa dos investimentos em dívida soberana europeia (excepto grega) e das imparidades nos créditos às autarquias (que na CGD tem um peso maior que a dívida soberana). Isto é assim o valor de capital necessário para cumprir o rácio de capital de 9% em Junho, segundo regras da Autoridade Bancária Europeia (EBA). A CGD pode optar pela emissão de Obrigações Convertíveis - CoCo´s (e deverá fazê-lo) para este montante. Por se tratar de um empréstimo do Estado à CGD, tem a vantagem de ser devolvido quando se concluir que essa almofada já não é necessária. Ao contrário de um aumento de capital normal, que uma vez emitido é irreversível. Outro ponto é a exigência da troika de 10% de core capital em Dezembro de 2012, segundo regras do BdP. Como a CGD tem um core capital de 9,4%, o gap em relação aos 10% de mínimo exigido pela troika é de 0,6%. O que significa um aumento de capital na ordem dos 400 a 500 milhões. O valor final vai depender da evolução da actividade até lá (activos ponderados pelo risco e resultados). O Ministro das Finanças já disse que estaria disponível para disponibilizar os meios necessários para a CGD cumprir os novos rácios de capital. O banco estatal está impedido de recorrer à linha de recapitalização da banca.

Nuno Amado - Presidente executivo do BCP
O BCP apresentou um rácio de core capital de 9,4% em Dezembro de 2011, mas este rácio não incorpora nem as imparidades apuradas pelo Programa Especial de Inspecções (SIP) pedido pela troika (no valor de 381 milhões), nem os custos com a transferência do Fundo de Pensões para o Estado (117 milhões) e com o fim do corredor que permitia dilatar no tempo perdas, para o fundo que ainda fica no banco. Pelo que estes impactos negativos consumirão 1% em Junho ao rácio de core capital de Dezembro último, se tudo se mantiver constante. Assim, para os 10% no final do ano o BCP precisa reforçar o capital em 1000 milhões de euros. A isto acresce o ‘buffer' (1,17 mil milhões) para as potenciais perdas com a carteira de dívida soberana europeia, que o BCP precisa de constituir já até Junho. O que significa que precisa de mais 2,2 mil milhões para ter 9% de core capital em Junho e mais mil milhões para ter 10% em Dezembro. O BCP vai recorrer à linha de recapitalização do Estado, apostando em fazê-lo no menor curto de espaço possível. O plano de capitalização apresentado pelo BCP ao Banco de Portugal prevê um ‘mix' entre o recurso a capital privado e financiamento com capitais temporários públicos. Bem como a redução de activos ponderados pelo risco (desalavancagem).

Ricardo Salgado - Presidente do BES
Ao contrário do que acontece com o BCP e o BPI, o grupo BES é o único no qual a meta de core capital de 10% no final do ano, segundo o método do BdP (para ESFG e para BES), é mais exigente que o capital pedido pela EBA para Junho (para a ESFG). Isto acontece porque o BES tem pouca exposição a dívida soberana europeia. O BES também apresentou um rácio de core capital em Dezembro superior a 9% (9,2%), mas que não incorpora custos que vão ser contabilizados em Junho e que diminuem o rácio para menos de 9% (8,8%) e aumenta o gap em relação aos 10% exigidos pela troika para o final do ano. Ou seja, com os impactos da SIP (30 milhões) e dos custos com o Fundo de Pensões o BES precisa de um aumento de capital de entre 750 a 800 milhões. Mas haverá outras operações até Dezembro que abaterão a este valor, como venda das carteiras de crédito que baixam o denominador do rácio de capital. A ESFG (que controla o BES) anunciou um aumento de capital até 500 milhões. A EBA identificou em Setembro do ano passado necessidades de 1,59 mil milhões de euros para a ESFG cumprir a exigência de ‘core Tier I' de 9% em Junho. Mas hoje o montante necessário é substancialmente inferior. Com um aumento de capital de apenas 350 milhões a ESFG fica com 10% de core capital em Dezembro (que no caso do BES cobre a meta da EBA para Junho).

Fernando Ulrich - Presidente executivo do BPI
No o BPI, as necessidades de capital resultam quase exclusivamente da almofada de capital exigida pela EBA para acomodar o mark-to-market da dívida pública europeia. A EBA, em Setembro, identificou que o BPI precisa de 1,35 mil milhões de euro devido ao impacto negativo da dívida soberana. O BPI admite "analisar todas as opções de que dispõe para concretizar este reforço de capital, incluindo a utilização da linha de recapitalização de 12 mil milhões de euros". O BPI fechou o ano com um core capital de 9,5%, mas sem contar com os custos de transferência para o Estado e alteração da contabilidade no Fundo de Pensões. Incluindo estes ficaria com um core capital de 9%. Para atingir os 10% precisa apenas de 200 a 250 milhões de euros. A maior fatia de capital no BPI destina-se ao "buffer" exigido pela EBA. O plano de capitalização do BPI inclui um recurso à linha do Estado, mas também o recurso a privados, eventualmente através da subscrição de instrumentos híbridos que contem para ‘core tier one'. O La Caixa, accionista com 30%, mostrou-se disponível para ajudar o BPI a reforçar o rácio de ‘core tier one'. O montante de necessidades de capital total deverá rondar os 1,4 a 1,5 mil milhões de euros.

António Vieira Monteiro - Presidente executivo do Santander Totta
O Totta é o que está mais confortável nesse campo do capital, pois o rácio de core tier I no final de 2011 terá superado largamente os 10%, de modo a aguentar o embate da desvalorização da sua carteira de dívida soberana portuguesa e espanhola (composta por 1,6 mil milhões de cada uma). O rácio de core capital foi de 11,2% e já incorpora, segundo o banco, os custos de 24 milhões de euros com a transferência do Fundo de Pensões. Pelo que este rácio já é superior à meta dos 10% exigidos pela troika. O Santander Totta, pelo facto de ser uma subsidiária do espanhol Santander, não tem que responder às exigências da troika. Cabe assim à casa mãe - Banco Santander - constituir a almofada para acomodar o mark-to-market da dívida soberana europeia em carteira.

Tomás Correia - Presidente executivo do Montepio
O Montepio Geral, instituição liderada por Tomás Correia, cumpre já as metas da ‘troika', tendo chegado ao fim de 2011 com um ‘core tier 1' de 10,3%. Para além de estar a investir na redução do ‘gap' entre depósitos e crédito, e tem já um rácio de transformação de depósitos em crédito de 124,05% (os bancos devem atingir os 120% em 2014). O Montepio Geral tem também a registar no capita os custos de 14,1 milhões com a transferência do Fundo de Pensões para a Segurança Social (carteira total de responsabilidades com pensões no valor de 184 milhões). O próprio banco fez questão de anunciar que os resultados das avaliações da troika às suas carteiras de crédito (SIP) foram satisfatórios, "na medida em que as imparidades globalmente constituídas se revelaram adequadas e o nível de solvabilidade está correctamente apurado e acima do exigido". O Montepio Geral não está abrangido pelas exigências da EBA.

Costa Pinto - Presidente executivo da Caixa de Crédito Agrícola
O Grupo Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo já cumpre as metas da troika de 10% de core capital para o final do ano. E não está abrangido pelas exigências da EBA (Autoridade Bancária Europeia). Em termos de core capital, no final do ano 2011 tinha um rácio de, pelo menos, 12,5% de ‘core tier 1'. O grupo CA, que inclui a Caixa Central e as 84 caixas agrícolas, fechou as contas de 2011 com um rácio de transformação (crédito/depósitos) de 86,9%, muito abaixo dos 120% pedidos aos oito maiores grupos bancários nacionais pela troika, para 2014.

Jorge Tomé - Presidente executivo do Banif
O presidente recém eleito do Banif, Jorge Tomé, admite pôr o banco a recorrer à linha de recapitalização do Estado de 12 mil milhões de euros para cumprir a meta de capital de 10% de core tier I até ao fim do ano. O recurso aos 12 mil milhões de euros de ajuda estatal para a capitalização da banca só poderá ser feito directamente pelos bancos, deixando de fora as holdings que detêm algumas das instituições, e que também têm rácios para cumprir. É o caso da Banif SGPS. Pelo que será através do Banif SA que o grupo financeiro poderá recorrer à linha financeira do dinheiro da troika. Até agora, não se conhecem as necessidades de capital nem do Banif SGPS nem do Banif SA, porque as última contas que são públicas são de Setembro. Mas é claro que o rácio de core capital no final do ano terá sido de 9%, pois tal era exigido pela troika. No que se refere à holding Banif SGPS, o rácio de Tier 1 no final do 3.º Trimestre de 2011 era de 8,59% (contra 7,87% no ano anterior). O Banif foi dos bancos que sofreu com a análise da troika às carteiras de crédito (reconheceu 90 milhões de imparidades por registar). Mas o banco disse que até 30 de Setembro de 2011, tinham já sido reforçadas extraordinariamente as imparidades em cerca de 20 milhões. Esses custos serão levados a capital em Junho, aumentando o diferencial do rácio de core tier I face aos 10% exigidos.

http://mobile.economico.pt/noticias/ban ... 41118.html



Pata-Hari Escreveu:O que seria se um dia, se tiveres o azar de ser perder a tua fonte de rendimento, os teus credores te dissessem: "meu amigo, agora és obrigado a só teres um endividamento de X face aos teus rendimentos. E tens 1 ano para te desembrulhar." Como tu sabes, foi isso que se fez à banca: no auge da crise e da shortage de capitais, exigiu-se novas métricas e novos rácios de capital.


Não foi bem isso que aconteceu, mas situações dessas tem acontecido com outras áreas de negocio. Desde a pecuária à restauração, novas exigências que aumentam os custos e implicam investimentos, os melhores sobrevivem, os fracos fecham portas.
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por pepe7 » 5/2/2013 22:43

MarcoAntonio Escreveu:Tenho-me tentando manter à margem desta discussão mas francamente, os Bancos são corresponsáveis pela actual crise. Foram sofregos durante o período de alta, fomentaram o consumismo, tentaram lucrar com os clientes de toda e qualquer maneira, passando isto por uma má gestão do risco (sua e a que permitiram aos clientes, sejam eles o Estado ou particulares).

Não são naturalmente os culpados de tudo, não há aqui culpas exclusivas. Mas são muito claramente corresponsáveis contudo!

Como é que alguém pode argumentar o contrário é coisa que me escapa completamente...




As palavras do Ulrich são lamentáveis a uma série de níveis, por mais desculpas que ele tente proferir e por mais que tente mascarar as suas declarações. São pseudo-moralismo e são uma tentativa hipócrita de "educar" o resto da população, ao estilo de quem fala para a "ralé"...

Talvez pudesse aprender um pouco (ou muito) com o Warren Buffet em lugar de passar tanto tempo a falar do que os outros podem ou devem ou conseguem fazer para superar este momento, passasse a falar antes mais do que ele pode ou deve ou consegue fazer para cooperar nesta recuperação económica que todos almejamos que ocorra.


Totalmente de acordo...
Boa Noite
Abraço,
Pepe

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por Opcard » 5/2/2013 22:40

Como falam de culpados da actual situação e condenam inocentes , quem tem gasto sem contar nos últimos 30 anos , quem foi? Esses sim são os culpados :


"Paris, Mardi 05 février 2013


Cette crise mondiale n'est pas celle des capitalistes !

En effet, elle est essentiellement due à des hauts fonctionnaires de nombreuses nations.

Prenez le cas du surendettement des Etats. Il est le fait de ministres et de dirigeants politiques de nombreux pays qui dépensent sans compter depuis plus de 30 ans sans se soucier réellement du niveau des recettes.

Tout chef d'entreprise qui aurait eu cet état d'esprit aurait fait faillite depuis longtemps, mais lorsque ce n'est pas son propre argent, où est le problème ? Et tant pis si cela dégénère en crise mondiale...

Sans compter qu'aux dépenses légitimes se joignent celles du gaspillage et de la corruption qu'il faut bien financer. Naturellement, l'Etat, "ce monstre qui est le plus froid des monstres froids", prône la vertu pour justifier un racket fiscal particulièrement immoral.

Il faut bien qu'il se finance, aussi tout chef d'entreprise travaillant 60 heures par semaine, investissant en risquant son propre argent et créant des emplois, se verra systématiquement traiter d'égoïste s'il conteste un niveau de prélèvements fiscaux malhonnête et injuste.

Naturellement, les patrons voyous et les exploiteurs du peuple existent et existeront toujours. Mais ce n'est pas la fiscalité qu'il faut leur opposer car elle pénalise tout le monde.

____________________________
Au contraire, mieux vaut leur prévoir des peines de prison et une confiscation de leurs biens après une procédure juridique.

Charles de Gaulle, qui avait un amour de la France et de l'Etat, maintenait que la fiscalité est envisageable jusqu'au taux maximal de 30% et qu'ensuite, "ce n'est plus possible".

On ferait bien de l'écouter !

Les subprime, une crise publique là aussi
Après le "surendettement des Etats", la deuxième origine de cette crise est celle des subprime aux Etats-Unis. Comme nous allons le voir là encore, l'origine de cette crise mondiale est d'origine publique, pas privée.

En effet, s'il est vrai que des banquiers véreux ont fait n'importe quoi, que des particuliers irresponsables voulaient rembourser des crédits maison de 4 000 $ par mois alors même que leurs salaires ne dépassaient pas les 2 500, qui leur a permis de réaliser toutes ces erreurs si ce n'est Alan Greenspan, haut fonctionnaire d'Etat à la tête de la Réserve fédérale américaine ?

Sa politique :

Prêter sans discontinuer des centaines de milliards de dollars à des banques corrompues qui reprêtaient ensuite ce même argent, avec une marge confortable, à des particuliers déjà surendettés pour acquérir de l'immobilier déjà surévalué -- et ce sans aucun contrôle.

Le résultat à terme : l'effondrement du château de cartes et une accentuation de la crise internationale.

Dès lors, que faire pour éviter que le secteur public soit à l'origine de nouvelles crises dont profitent beaucoup dans certains secteurs privés ?

Tout simplement une politique véritablement libérale, désengageant l'Etat au maximum de l'économie, prônant une fiscalité faible favorable à la création de richesses et où ceux qui prennent les décisions avec l'argent sont ceux qui le possèdent réellement. Ils feront ainsi beaucoup plus attention .
 
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por Ulrich » 5/2/2013 22:29

Ouvir o Galamba no parlamento, só esta visão nos dá uma ideia da mediocridade do nosso sistema político em geral, é o próprio negar de todo o argumentário.

Como eu gosto das comissões parlamentares em que todos os deputados que se encontram na oposição, porque todos o fazem, fazem julgamentos sumários de carácter e apontam falhas de moral.Quando se fala em discutir reformas de mudança, fogem logo porque não têm espírito constructivo.

Apontar o dedo aos erros dos outros faz parte da nossa essência, mesmo quando nunca seremos melhores...
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por MarcoAntonio » 5/2/2013 22:23

E para depois me remeter novamente ao silêncio... food for thought:

Factual e objectivamente, os sem-abrigo aguentam o que aguentam, os que aguentam, enquanto aguentam.


"Homelessness is a problem in developed as well as in developing countries. In London, for example, life expectancy among homeless people is more than 25 years lower than the national average".



in

Global Report on Human Settlements
United Nations Centre for Human Settlements
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por Opcard » 5/2/2013 22:18

Este esta ao nível dos melhores , igual ,só o líder de um grupo,com 300 OOO empregados quando questionado sobre o salário da 2 murros na mesa .
De mim dependem 300 000 famílias , ganho menos que muitos desportistas ou cantores e parte o resto da mobília , gostei!


"Não sei porque se preocupa com o meu salário e não com o do treinador do Benfica"
Margarida Vaqueiro


O presidente do BPI afirmou que trabalha numa empresa privada e que não admite que questionem o seu salário.

Durante a sua audição na Comissão de Orçamento e Finanças, o tema principal tem sido, sem surpresa, a declaração feita pelo banqueiro na semana passada, sobre os sem-abrigo. A deputada Ana Drago, que voltou a dizer a Ulrich que deveria pedir desculpas ao povo português, afirmou ainda que "o senhor, que tem um salário mensal de 60 mil euros", não sabe como vivem as pessoas. E que as suas declarações são uma ofensa a "todos os que lutaram" para que " houvesse a liberdade de cada um dizer o que pretende".

O banqueiro reagiu, afirmando que "estou grato a quem lutou para que eu pudesse dizer aquilo que digo, mas pela sua idade também não deve ter lutado muito. Mas beneficia, como eu, com aquilo que todos antes de mim fizeram". E voltou a negar qualquer pedido de desculpas pelas suas declarações.

"Não lhe reconheço a si nem a ninguém o monopólio da sensibilidade social ou da propriedade da verdade. Isso revela da sua parte um espirito da Inquisição em que as pessoas eram condenadas por crime de opinião. E portanto eu vou continuar a usufruir da liberdade de que beneficio e a sra. Deputada também".

Sobre o salário, Ulrich afirmou que "Aquilo que tenho ou não tenho foi feito com a vida numa empresa privada. Tenho os meus impostos em ordem e se um dia alguém me quiser julgar desse ponto de vista, mais importante do que ver aquilo que eu ganho é ver como gasto". E concluiu em jeito de contra-ataque: "mas digo lhe que não recebo lições desse ponto de vista. E não sei porque se emociona tanto com a minha remuneração e não com a de um treinador do Benfica que ganha não sei quantas vezes mais do que eu? Se calhar porque isso afectaria os seus votos. Mas eu, como não sou de nenhum partido, sou um alvo fácil".

Na mesma ocasião, Ulrich respondeu também a algumas acusações feitas pelos deputados, sobre as declarações proferidas há uns meses, em que disse que o BPI estaria disponível para acolher desempregados que, continuando a receber subsídios do Estado, quisessem trabalhar no banco. Uma atitude que, para as bancadas de esquerda, é contrária aos "princípios" que o banqueiro diz defender.

"Ao contrário da senhora deputada [Ana Drago], eu tenho alguma experiência na criação de postos de trabalho[...] Não pense que é só com medidas macro económicas que vamos conseguir reduzir o desemprego. Não são só as PME que vão reduzir desemprego. Para criar emprego não é preciso ter só dinheiro: é preciso ter organização e capacidade para criar projectos para as pessoas. E o BPI tem essa capacidade. Tal como a PT, ou a Zon ou tantas outras grandes empresas".

"Com as suas declarações, aquilo para que a senhora deputada esta a contribuir é para uma sociedade mais egoísta. É que ao contrario da senhora deputada, eu consigo criar postos de trabalho e a senhora não".
 
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por Quimporta » 5/2/2013 21:50

quimporta Escreveu:As empresas a defenderem interesses privados surpreende alguém?
A ser como dizes parece que sao os banqueiros que sao eleitos pelos portugueses.


Olha... Afinal supreende
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por tava3 » 5/2/2013 21:36

Lion_Heart Escreveu:Noticia TVI : TGV avança

:shock:


A obra só era má para esta malta enquanto estavam na oposição, agora chamam-lhe um figo. Cambada de aldrabões, estão-se nas tintas se estas trapalhadas atrasam ou prejudicam o país.
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por MarcoAntonio » 5/2/2013 21:32

Tenho-me tentando manter à margem desta discussão mas francamente, os Bancos são corresponsáveis pela actual crise. Foram sofregos durante o período de alta, fomentaram o consumismo, tentaram lucrar com os clientes de toda e qualquer maneira, passando isto por uma má gestão do risco (sua e a que permitiram aos clientes, sejam eles o Estado ou particulares).

Não são naturalmente os culpados de tudo, não há aqui culpas exclusivas. Mas são muito claramente corresponsáveis contudo!

Como é que alguém pode argumentar o contrário é coisa que me escapa completamente...




As palavras do Ulrich são lamentáveis a uma série de níveis, por mais desculpas que ele tente proferir e por mais que tente mascarar as suas declarações. São pseudo-moralismo e são uma tentativa hipócrita de "educar" o resto da população, ao estilo de quem fala para a "ralé"...

Talvez pudesse aprender um pouco (ou muito) com o Warren Buffet em lugar de passar tanto tempo a falar do que os outros podem ou devem ou conseguem fazer para superar este momento, passasse a falar antes mais do que ele pode ou deve ou consegue fazer para cooperar nesta recuperação económica que todos almejamos que ocorra.
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por Storgoff » 5/2/2013 21:22

QuimPorta Escreveu:O ponto é este: em países como a Irlanda e a Islândia foi a banca que afundou o Estado. Em Portugal foi o Estado que afundou os Bancos. (as excepções são conhecidas).


Visão maniqueísta.
Foram os bancos que se afundaram a si próprios.
O trabalho deles é a gestão do risco .
Se o não fazem como deve ser não é por ignorância mas sim por ganância

Os bancos alimentam o credito e tiram proveito disso .
Compraram fortemente divida publica ao longo de muitos anos, financiaram fortemente as PPP´s ,alimentaram em foça o crédito imobiliário sustentando esse mercado tanto do lado da procura como da oferta, bombardearam os privados com crédito ao consumo e tudo isto deu muito dinheiro a ganhar.
Alimentaram aquilo que eles hoje designam como uma situação insustentável.
Um país a viver acima das suas possibilidades.
Pelos vistos sabiam que a coisa ía estoirar.
Quando começou a correr mal os activos sofreram desvalorização.
Nada de novo para os banqueiros.
Foi preciso capital mas não estava lá.
Os accionistas durante muitos anos foram se apoderando dele e agora não estavam dispostos abarcar com os problemas.
Só resta então o estado


QuimPorta Escreveu:É demagógico aqui dizer-se que o "Estado ajudou os Bancos com o nosso dinheiro", quando o que se tratou foi de desenrascar algo útil para toda a economia, onde os Bancos ainda eram os que se estavam a aguentar menos mal.


Então foram ajudados com o dinheiro de quem?
Do Pai-Natal?

QuimPorta Escreveu:2. Nos anos que se seguiram assistimos à degradação dos ratings da Republica (primeiro), e por consequência, do rating das empresas portuguesas, que aí sim ficaram - as portuguesas, depois das gregas e irlandesas - sem acesso aos mercados de crédito internacionais, praticamente em absoluto. De novo, essa perda de acesso ao crédito em nada refletia a situação dos bancos, que se mantinham com bons resultados, na até altura considerados por muitos como obscenos. É aqui que se aplica com propriedade dizer-se que em Portugal "foi o Estado que afundou os Bancos".


Fantástico.
E para onde foram esses lucros obscenos?
Não apareceram para fazer face aos prejuízos subsequentes?
O estado que foi o maior cliente da banca e que deu muito a ganhar, agora é o mau da fita.
É o mesmo que dizer que a culpa do problema do sub-prime foi dos cidadãos americanos que pediram crédito à habitação.
Sinceramente!
Haja decoro.
Então mas a virtude da gestão não está no sector privado ao contrário do estado?
Como é que os bancos privados se deixaram levar pela gestão ruinosa do seu maior cliente?
Lirismos.
.


QuimPorta Escreveu:3. A capitalização dos Bancos, com o Estado Português pelo meio, aparece já no decurso do "programa de ajustamento" com a Troika, como bem dizes de 2011. Mas aqui, e como a Pata já referiu, o dinheiro é da Troika e não "dos portugueses".


Mais uma boa piada!
O dinheiro é emprestado pela troika ao estado português.
O estado já está apagar juros sobre os12000M€ reservados para o efeito apesar de só ter usado uma parte.
Estes 12000M€ tem de ser devolvidos nos prazos determinados pela Troika., independentemente do estado conseguir ou não reaver o dinheiro que meteu nos bancos intervencionados
Como é que mesmo assim se pode dizer que não estamos a falar de dinheiro do estado?
Balelas.

QuimPorta Escreveu:
Deixo a título de exemplo o que foi a evolução dos resultados do BCP, para que não haja dúvidas onde apareceram realmente as dificuldades internas dos Bancos Portugueses.


É tudo uma questão de escala.
O BCP simplesmente é o maior banco português e como tal a escala de prejuízos reflecte isso mesmo.
A situação do BPI na devida proporção não é radicalmente diferente.
 
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por Quimporta » 5/2/2013 21:07

Que elegem?!
Percebo onde queres chegar, embora me parece injusto meter o BPI nesse barco.
Mas a responsabilidade pelos eleitos é do povo, amigos.

Nota: estou a ouvir a noticia e o BPI não está no "sindicato de bancos" ligado ao projecto do supositório Lisboa-Madrid
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por Lion_Heart » 5/2/2013 20:59

QuimPorta Escreveu:Lion, isso é uma distorção.
As empresas a defenderem interesses privados surpreende alguém?
A ser como dizes parece que sao os banqueiros que sao eleitos pelos portugueses.


Não mas são os banqueiros que elegem e mandam nos políticos.

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:shock:
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por Quimporta » 5/2/2013 20:55

Lion, isso é uma distorção.
As empresas a defenderem interesses privados surpreende alguém?
A ser como dizes parece que sao os banqueiros que sao eleitos pelos portugueses.
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por Lion_Heart » 5/2/2013 20:23

QuimPorta isso não é assim tão linear.

A relação entre Banca e Estado é muito mais que isso que tu explicas acima , e não começou em 2008.

A banca é que ajudou (ou mandou) fortemente o País a fazer obras , casas , projectos megalómanos , PPP´s e etc. , pois é dinheiro garantido!

A banca esta metida em todos os negócios de vulto no Estado (como financiador e/ou sócio).

Muita coisa poderia ser diferente se a Banca não tivesse mexido os cordelinhos. ex: sermos um país de proprietários sem arrendamento , vender divida publica a privados.

A banca ganhou o que quis e não quis, obviamente que depois tinha que ajudar o monstro (compra divida) , pois como é óbvio é parte dele!
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por Quimporta » 5/2/2013 20:17

Se quiseres...
Só que onde me movimento, não estamos habituados a esse palavreado! :)
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