Outros sites Medialivre
Caldeirão da Bolsa

Estranho tempo, este, em que vivemos

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Quico » 12/6/2012 19:04

Como disse, não sei. Presumo que os "combustíveis e lubrificantes" que refere sejam relativos - grosso modo - às importações de petróleo. O seu consumo não se limita à utilização como combustível em veículos.

P.S. - ...e não esquecer o gás natural ("combustível" também muito usado na industria e produção de energia eléctrica).
"People want to be told what to do so badly that they'll listen to anyone." - Don Draper, Mad Men
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 4688
Registado: 12/5/2004 19:52

por MarcoAntonio » 12/6/2012 19:00

Quico Escreveu:
Não sei. Talvez queira mostrar que se está a gastar mesmo o que essencial para o funcionamento da economia - as importações energéticas. O resto das importações está a baixar para o essencial.



Acabei por não entender o que pretendias transmitir.

Em relação à retracção, o consumo de combustíveis também está a baixar, acompanhando a quebra nos restantes items (pelo menos nos combustíveis auto ultrapassa inclusivamente a quebra no resto da economia cifrando-se nos 6%).
Imagem

FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 40920
Registado: 4/11/2002 22:16
Localização: Porto

por Quico » 12/6/2012 18:51

MarcoAntonio Escreveu:A parte de retirarem os combustiveis e lubrificantes - um exercício recorrente, diga-se - chateia-me um bocado. Ao certo o que é que se pretende demonstrar com isso?


Não sei. Talvez queira mostrar que se está a gastar mesmo o que essencial para o funcionamento da economia - as importações energéticas. O resto das importações está a baixar para o essencial.


Concordo em quase tudo excepto nas tiradas - um tanto demagógicas e a colar-se ao discurso de esquerda que tanto critica - relativas à "ganância dos mercados financeiros".

Os mercados financeiros tanto ganham dinheiro com economias em auto-destruição como em economias pujantes. Limitam-se apenas a procurar o lucro onde ele está disponível; se os países ocidentais, durante décadas, passaram a gastar o que não produziam, eles limitam-se a tirar partido desse facto.
"People want to be told what to do so badly that they'll listen to anyone." - Don Draper, Mad Men
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 4688
Registado: 12/5/2004 19:52

por kknd » 12/6/2012 18:19

O défice comercial foi menos mau no 4T2011.
Até houve um tópico criado em que referia pela 1ª vez ter sido inferior a 500 milhões num trimestre (-487.2M concretamente).
Este trimestre foi de -644.2M.

Fonte:
http://www.ine.pt/ngt_server/attachfile ... download=y

Este ficheiro é de arrepiar, nem se percebe como durou tanto tempo este festival...

Mas para ajustar isto, o que foi feito é uma migalha...
 
Mensagens: 231
Registado: 14/8/2009 12:27
Localização: 14

por MarcoAntonio » 12/6/2012 18:00

A parte de retirarem os combustiveis e lubrificantes - um exercício recorrente, diga-se - chateia-me um bocado. Ao certo o que é que se pretende demonstrar com isso?
Imagem

FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 40920
Registado: 4/11/2002 22:16
Localização: Porto

por axman » 12/6/2012 17:46

O articulista simplifica a situação. Até pode ter razão na argumentação "macro", mas o que fazemos enquanto não acontece o "ajustamento"?

O que se está a ver na balança de pagamentos é um sinal preopcupante de asfixia.
Se estiver em dieta, os melhores resultados são obtidos se não comeres de todo. No entanto, eventualmente morrerás.

Agora estamos metidos num sérissimo sarilho:

Não tenho dúvidas que a economia de alguns Países do euro, nomeadamente Portugal, não aguenta mais 3 meses disto. Se não for injectada liquidez com urgência na economia tudo vai rebentar.. e não sei o que vai sobrar depois. As pessoas ficam sem ordenado? Não pagam impostos? Não pagam os créditos?
A gordura já se foi. Agora estamos a ir ao músculo.

Como te propões resolver este problema mais imediato?
Editado pela última vez por axman em 12/6/2012 18:01, num total de 2 vezes.
 
Mensagens: 231
Registado: 1/8/2009 0:16
Localização: 1

por balta » 12/6/2012 17:44

Não posso estar mais em acordo com este artigo, e felicito-o pela excelente forma de expressar tão importantes ideias.
Ontem numa intervenção acerca do tópico "BCP um salto em frente", algumas destas ideias ocorreram-me e a ideia de que grandes orquestrações e segundas intenções se encobrem por detrás de tudo o que vemos nas noticias, e a forma como as opiniões públicas manietam a forma de pensar das pessoas, é no minimo surpreendente. Um exemplo disso é ver pessoas que nem sabiam quem era Angela Merkel, agora referirem-se a ela exactamente nos termos referido no artigo, Nazi, fascista, etc e pior.
É o que eu digo, a Lagarde é que acertou, os europeus têm de unir esforços e colocar os seus politicos fechados numa sala e só sairem com um plano bem delineado e sustentável. Wall Street e a City de perdidos que estão não fazem mais do que deitar gasolina na fogueira.
A. Geraldes.
 
Mensagens: 305
Registado: 6/4/2005 10:39
Localização: Castelo Branco

por nunoand99 » 12/6/2012 17:43

Boas,

Obrigado por trazeres este artigo até aqui ao forum.

Tem uma qualidade muito melhor ao que estou habituado do jornalismo português.

Gostei particularmente desta parte:

"...um sector que têm um objectivo nobre – disponibilizar às empresas dinheiro para desenvolverem negócios sustentáveis, que foi poupado por quem não sabe aplicá-lo em larga escala noutras actividades – mas que perdeu esse objectivo de vista e se transformou em financiador de ineficiências públicas e privadas para seu próprio benefício.
..."


E como é que isto se resolve, alguém diz?

Nacionalizações?

É que de facto este problema não pode continuar...

Há empresas a crescer mais de 100% ano que não tem crédito porque é preciso renovar (ou alimentar o sistema pinguinhas) de empresas sem qualquer futuro, mas das quais é preciso evitar provisões a todo o custo!

E depois queixam-se que não há emprego?

Estão à espera que essas empresas, praticamente falidas, onde está metido a massa quase toda, andem a contratar?

Ainda por cima a banca anda a fomentar, para as pequenas empresas, créditos de curto prazo (via contas caucionadas), para investimentos de médio/longo prazo.

Mal seja necessáro, é a estas que vão retirar os plafonds, e se for preciso para usarem esta liquidez a financiar coisas ineficientes.

Ai ai

(suspiro)

Saudações & Bons Investimentos
 
Mensagens: 1344
Registado: 16/5/2005 21:38

Estranho tempo, este, em que vivemos

por JMHP » 12/6/2012 17:26

Nunca esperei viver num tempo em que Wall Street e a City tivessem poder suficiente para orientar a opinião pública do mundo ocidental, desenvolvido, a seu favor, depois de terem inquinado o mundo com uma desregulação quase completa da finança. Mas é o que está acontecer.

Milhões de cidadãos na Europa e nos Estados Unidos estão a ser levados a tomar posições que favorecem objectivamente os mercados financeiros e, em particular, os agentes mais gananciosos da especulação, que em lugar de serem punidos pelos graves erros que cometeram estão a ser beneficiados, em prejuízo do cidadão trabalhador e contribuinte. Em especial, alguma esquerda, a área política que sempre defendeu o trabalho honesto como modo de vida e a solidariedade do estado para quem realmente precisa, está a contribuir para o contrário do que apregoa.

A influente revista The Economist, publicação com sede em Londres, crítica declarada do projecto do Euro desde o seu início, volta esta semana à carga contra a senhora Merkel, com uma capa muito sugestiva. Um desenho de um navio de mercadorias com o nome de Economia Mundial afunda-se em pleno oceano enquanto alguém grita da torre de comando – Podemos ligar agora os motores, senhora Merkel?

No artigo que resume o tema de capa, o articulista que nunca assina é muito claro – apenas a chanceler alemã tem a chave para recuperar a economia mundial e não está a querer usá-la.

A tese é a mesma de sempre – Berlim tem de mudar o foco da austeridade para o crescimento económico. A mesma conversa da Administração Americana e de todos os investidores, jornalistas e analistas que, do outro lado do Atlântico ou do Canal da Mancha criticam a Europa do Euro. Os mesmos que nunca viram a crise do sub-prime a aproximar-se e a financeirização da economia ocidental a dar cabo dessa mesma economia, a empurrar as empresas industriais para outras zonas do globo e a deixar um rasto de dívida insustentável em todos os recantos da nossa civilização.

Sejamos claros.

Defender mais gastos orçamentais para estimular a economia é defender a aposta na continuidade de uma procura interna baseada em dinheiro que o países não têm, que a economia não gera, que tem pouca ou nenhuma utilidade económica porque não é investimento orientado para uma procura espontânea mas sim induzida, logo insustentável e que, em rigor, vai aumentar ainda mais a dívida externa. Vai aumentar ainda mais o risco da banca, do Estado, das empresas em geral. Vai aumentar as taxas, e o montante absoluto de juros efectivamente pagos a quem nos empresta o dinheiro.

Esta formulação é válida para Portugal, para Espanha, para tália, para a França, para A Bélgica, para a Holanda – sim para a aparentemente rica Holanda, também altamente endividada – para o reino Unido e para os Estados Unidos.

O que Angela Merkel está a querer fazer, em larga escala, é cortar a dependência viciosa e fatal das economias em que vivemos em relação aos grandes bancos que nos intoxicaram de crédito. (Sim, os banqueiros fizeram o que os políticos lhes permitiram, ou lhes pediram, e por isso foram recompensados. Aliás, a recompensa surge muito frequentemente sob a forma de cargos nos governos, na banca internacional, nos governos outra vez, na banca… etc. Neste dossier, o expoente máximo é mesmo Washington).

O que Angela Merkel quer fazer é proteger o chefe de família trabalhador, cumpridor, pagador de impostos, sóbrio solidário e pouco endividado – o mesmo que as esquerdas juram defender.

Como escrevemos no artigo anterior (A Tragédia a acontecer e quase ninguém a ver…de novo), os mesmos financeiros que agora se guiam por algoritmos para continuar a ganhar com a queda dos devedores, depois de terem ganho biliões com a sua subida vertiginosa e alavancada, os mesmos que pulavam de conferência em conferência para denegrir o papel do Estado e exigir a sua saída da economia, são os mesmos que chamam o estado para resolver os problemas dos seus bancos quando a concessão irresponsável de crédito corre mal.

A reacção em forte alta dos mercados financeiros, esta segunda-feira de manhã na primeira sessão após o resgate público anunciado no Sábado aos bancos espanhóis é bem a prova desta hipocrisia. Num ápice, um problema de 100 mil milhões de euros que estava nos balanços dos bancos espanhóis passou para os bolsos dos contribuintes de Espanha. E passará para os bolsos dos alemães se o país vizinho não puder pagar, situação que não é improvável. Mas os mercados financeiros aplaudiram – têm o problema dos senhor que neles mandam – os sacrossantos accionistas – resolvido.

Mas como dissemos, o problema apenas transitou de uns protagonistas para outros, mantém-se em Espanha e em, última instância, na Zona Euro. E por isso, os juros da dívida pública espanhola, que inicialmente desceram levados pela mesma euforia, já estão de novo a subir.

Parar com a alavancagem insustentável dos Estados, da banca, das empresas e das famílias é o objectivo de Berlim. Devia ser o objectivo de todos nós. Devíamos deixar de ser reféns de um sector que têm um objectivo nobre – disponibilizar às empresas dinheiro para desenvolverem negócios sustentáveis, que foi poupado por quem não sabe aplicá-lo em larga escala noutras actividades – mas que perdeu esse objectivo de vista e se transformou em financiador de ineficiências públicas e privadas para seu próprio benefício.

Continuar com programas de estímulo orçamental com recurso a crédito para financiar actividades que não têm procura natural nem são sustentáveis; deixar de fazer a mudança estrutural da economia de serviços de ficção em que nos transformámos; impedir que nos viremos para a indústria, para a produção de bens concretos mas que dão menos lucro a curto prazo; isso sim, é continuar o desastre económico em que temos vivido.

Mas é o que quer Wall Street e a City: que os contribuintes europeus paguem os desmandos dos bancos em risco; que os contribuintes europeus paguem as dívidas dos países que por culpa própria se endividaram; e que os governos europeus dos países que ainda não se endividaram perigosamente, como a Alemanha, gastem mais e se endividem ainda mais.

Assim se manteria o nível de rendimentos da City e de Wall Street. E assim se evitaria que a armadilha sobre a qual os maiores bancos de investimento do mundo estão sentados, o mercado OTC – Over the counter – ou mercado não regulamentado de derivados, fosse desactivada. Pois essa armadilha vai ter de ser desactivada. É um brinquedo demasiado caro e perigoso para o Mundo.

E aqui está como uma inocente defesa de mais investimento pelos Governos para evitar o agravamento da crise e dos despedimentos, uma simples crítica à austeridade e aos seus efeitos, se está a transformar na mais forte estratégia de defesa dos especuladores dos mercados financeiros.

Para quem pensa que não há esperança na austeridade, leia bem o boletim desta segunda-feira do Instituto Nacional de Estatística sobre o Comércio Internacional de Portugal:

Nos primeiros quatro meses do ano, a taxa de cobertura das importações pelas exportações já vai em 81,8 por cento! Há quantas décadas não acontecia isto?

E se retirarmos os combustíveis e lubrificantes da conta – a dependência do petróleo, o saldo da balança comercial já é positivo em 150 milhões de euros só nestes meses!


De facto, o que estava a matar a nossa economia não era só o défice público – eram também os centros comerciais!

É para acabar com esta notável mudança da nossa economia que os críticos da Austeridade lutam? É para continuar com a irresponsável aplicação de dinheiro e favorecimento injustificado de quem o empresta?

Estranhos tempos estes em que vivemos… em que a líder de um país que trabalhou e poupou enquanto todos os outros gastavam e se divertiam é acusada de estar a afundar a economia mundial!

Estranhos tempos estes em que Angela Merkel age seguindo os princípios da esquerda para defender os interesses das populações e é apontada como fascista, enquanto as esquerdas acabam por defender os ilegítimos interesses do neo-liberalismo que comanda a alta finança e criou a sociedade mais desigual de que há memória, concentrando a riqueza em um por cento e deixando as dívidas nas mãos de 99 por cento dos cidadãos!


José Gomes Ferreira

http://sicnoticias.sapo.pt/opinionMaker ... ue-vivemos
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 1659
Registado: 19/5/2009 18:26
Localização: 12

Anterior

Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: Andre.pt, Bing [Bot], CORTIÇA, PAULOJOAO, peterteam2, PXYC, yggy e 335 visitantes