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Caldeirão da Bolsa

Combustiveis: Bem essencial ou luxo?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Mares » 17/1/2011 21:55

MarcoAntonio Escreveu:
Mares Escreveu:Caro JMHP,

um autocarro com 40 pessoas não gasta tanto como 40 carros como uma pessoa.


MarcoAntonio Escreveu:Claro que não, mas olha que a diferença provavelmente não é tão grande quanto estás a supor.

Um autocarro em percurso citadino, tanto quanto sei, chega a consumir na ordem dos 50~60 litros aos 100Km (mesmo em auto-estrada o consumo é da ordem dos 20L/100 mas em circuito citadino sobe consideravelmente).


MarcoAntonio,

Fazendo uma conta simples de 40 carros gastando 7litros/100 Km (circuito citadino), obtêmos 280 litros/100 Km, bem abaixo dos 50-60 litros/100 Km que apontas.

Além do menor consumo de combustíveis, temos uma menor emissão de gases poluentes, revertendo em qualidade de vida de todos.

Menos carros nas cidades, menos trânsito, transportes públicos mais rápidos e eficientes.

"Todos vão mais depressa e com melhor ar"


MarcoAntonio Escreveu:Além disso, quanto a custos por passageiro, tens ainda de distribuir o custo com pessoal pelos passageiros (motorista e não só). As contas não são directas e fáceis de realizar mas começando a olhar para números reais, julgo que a diferença não vai ser aquela que as pessoas supoem antes de olhar para eles.


"Custos com pessoal" significa mais emprego.

MarcoAntonio Escreveu:Não obstante isso, eu sou a favor de um favorecimento e promoção da utilização do transporte público. O português tem uma imagem distorcida (e algo desactualizada) dos transportes públicos, passa o tempo a auto-convencer-se que eles são muito maus para se auto-justificar pela continuada utilização do veículo particular para todo o tipo de utilização não obstante as enormes evidências por vezes de quão má é a escolha. Já me tenho deparado com algumas situações ridiculas como alguém a criticar o que se anda a pé de e para o Metro quando essa mesma pessoa, em média, anda muito mais a pé desde o local de trabalho até ao local onde estaciona o carro. Mas por qualquer razão, ir a pé 1 ou 2Km para o sítio onde se estacionou o "pópó", como chega a acontecer, está tudo bem... agora andar 500m para a estação do Metro isso é que não pode ser.

Assim funciona a mente tuga (está de resto em linha com andar 5Km de carro até ao ginásio, correr 10Km e voltar a percorrer 5Km de carro até casa).

:lol:


De acordo.
- A ganância dos outros poderá gerar-lhe lucros.
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por Elias » 17/1/2011 21:48

MarcoAntonio Escreveu:
Mares Escreveu:Caro JMHP,

um autocarro com 40 pessoas não gasta tanto como 40 carros como uma pessoa.


Claro que não, mas olha que a diferença provavelmente não é tão grande quanto estás a supor.

Um autocarro em percurso citadino, tanto quanto sei, chega a consumir na ordem dos 50~60 litros aos 100Km (mesmo em auto-estrada o consumo é da ordem dos 20L/100 mas em circuito citadino sobe consideravelmente).

Além disso, quanto a custos por passageiro, tens ainda de distribuir o custo com pessoal pelos passageiros (motorista e não só). As contas não são directas e fáceis de realizar mas começando a olhar para números reais, julgo que a diferença não vai ser aquela que as pessoas supoem antes de olhar para eles.


Falta referir que os expressos raramente andam cheios. Efectivamente, com excepção possivelmente das sextas-feiras à tarde e dos domingos, um grande número de expressos e autocarros de médio e longo curso anda a menos de metade ou mesmo de um terço da sua capacidade.

MarcoAntonio Escreveu:O português tem uma imagem distorcida (e algo desactualizada) dos transportes públicos, passa o tempo a auto-convencer-se que eles são muito maus para se auto-justificar pela continuada utilização do veículo particular para todo o tipo de utilização não obstante as enormes evidências por vezes de quão má é a escolha.


Esta frase resume forma brilhante a mentalidade portuguesa relativamente ao uso do carro :clap:
 
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por MarcoAntonio » 17/1/2011 21:41

Mares Escreveu:Caro JMHP,

um autocarro com 40 pessoas não gasta tanto como 40 carros como uma pessoa.


Claro que não, mas olha que a diferença provavelmente não é tão grande quanto estás a supor.

Um autocarro em percurso citadino, tanto quanto sei, chega a consumir na ordem dos 50~60 litros aos 100Km (mesmo em auto-estrada o consumo é da ordem dos 20L/100 mas em circuito citadino sobe consideravelmente).

Além disso, quanto a custos por passageiro, tens ainda de distribuir o custo com pessoal pelos passageiros (motorista e não só). As contas não são directas e fáceis de realizar mas começando a olhar para números reais, julgo que a diferença não vai ser aquela que as pessoas supoem antes de olhar para eles.




Não obstante isso, eu sou a favor de um favorecimento e promoção da utilização do transporte público. O português tem uma imagem distorcida (e algo desactualizada) dos transportes públicos, passa o tempo a auto-convencer-se que eles são muito maus para se auto-justificar pela continuada utilização do veículo particular para todo o tipo de utilização não obstante as enormes evidências por vezes de quão má é a escolha. Já me tenho deparado com algumas situações ridiculas como alguém a criticar o que se anda a pé de e para o Metro quando essa mesma pessoa, em média, anda muito mais a pé desde o local de trabalho até ao local onde estaciona o carro. Mas por qualquer razão, ir a pé 1 ou 2Km para o sítio onde se estacionou o "pópó", como chega a acontecer, está tudo bem... agora andar 500m para a estação do Metro isso é que não pode ser.

Assim funciona a mente tuga (está de resto em linha com andar 5Km de carro até ao ginásio, correr 10Km e voltar a percorrer 5Km de carro até casa).

:lol:
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
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3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por Elias » 17/1/2011 21:37

Pemides Escreveu:E se é mesmo para incentivar o uso do transporte público, uma solução do género era muito mais eficaz: todos os habitantes da cidade pagam uma taxa mensal para uso dos transportes públicos (podia vir incorporada na factura da água, por exemplo, junto com as outras taxas todas do lixo e o que eles mais conseguem inventar), e têm direito a usá-los gratuitamente. Quem quiser usar usa, quem quiser ir de carro vai (mas paga na mesma os transportes públicos). Dividindo por todos os habitantes da cidade, o valor por pessoa (ou família) seria bastante mais baixo do que o valor actual dos passes, e o custo marginal para o utilizador passa a ser 0. E fica o problema resolvido, com fortes incentivos para a utilização dos transportes públicos, e sem mexer na carteira de quem não tem nada a ver com isso (aka, quem vive fora dessas grandes cidades)


Achas que sim?

E já pensaste na injustiça dessa medida?

Terias os habitantes de Lisboa a serem taxados para os utilizadores que todas as manhãs chegam à capital vindos de Oeiras, Cascais, Sintra, Amadora, Loures, Vila Franca de Xira e margem sul os usarem gratuitamente. :roll:
 
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por Mares » 17/1/2011 21:22

JMHP Escreveu:
AutoMech Escreveu:Eu não concordo coma gratuitidade. Penso que os passes, a preço acessível, são uma ajuda para as empresas e não será desmotivador para quem os usa.

O meu filho, por exemplo, tem o passe de metro estudante e paga, salvo erro, perto de 10 euros por mês. Acho que é um valor bastante razoável para poder usar o metro ilimitadamente durante um mês. Se acrescentar a Carris penso que são mais 5 euros ou algo assim.

Onde penso que não se dá a devida atenção é nos parques dissuasores à entrada das cidades, junto ás estações de metro, por exemplo.


Eu acho esses 10€ mensais ridiculamente baixos tendo em conta os preços dos combustíveis hoje, dai que não admira a dimensão dos buracos financeiros das empresas publicas de transportes.

Na realidade todos pagamos esses custos, sejam utilizadores ou não utilizadores, tudo isso paga-se via impostos e que muito contribui para o aumento destes cada vez mais insuportáveis.

Infelizmente o descontrolo e a irracionalidade da subsidiaridade foi tão grande ao longo de 36 anos de democracia, que conseguimos transformar os bens essências e de necessidade como bens de luxos.


Caro JMHP,

um autocarro com 40 pessoas não gasta tanto como 40 carros como uma pessoa.

Os buracos financeiros nas contas das empresas públicas de transportes poderá ter outros motivos, que não propriamente no preço dos passes sociais.

É preferível o Estado financiar o transporte público, que desonerar a gasolina que coloca no seu carro.

A compra de carros ao exterior (ou do combustível), desequilíbra a balança comercial, elevando a suspeita do País cumprir as suas metas fiscais. Consequentemente, todos os portuguêses pagam para que nos dêmos ao luxo de ter tantos carros.

Andar de transporte público não é luxo e está acessível a todos.

Caso esteja interessado, é só deixar o carro em casa e utilizar aquilo que é um bem de todos e para todos.

Boa viagem.

Mares.
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por JMHP » 17/1/2011 20:58

AutoMech Escreveu:
JMHP Escreveu:
Eu acho esses 10€ mensais ridiculamente baixos tendo em conta os preços dos combustíveis hoje, dai que não admira a dimensão dos buracos financeiros das empresas publicas de transportes.


Sim, JHMP, são ridiculamente baixos nessa perspectiva.

Tal como muitas outras áreas do estado. O custo de uma consulta num centro de saúde, o custo de uma cirurgia, ter parques e jardins gratuitos, etc.

A questão será, portanto, em que áreas é que consideramos que o estado deve gastar o dinheiro que retirou aos cidadãos sob a forma de impostos.

Eu penso que os transportes públicos são uma área que o estado deve financiar, ainda que deficitária (mas não gratuitamente).

Já, por exemplo, televisões ou companhias áreas sai completamente fora do que é acção social ou obrigação do estado.


Totalmente de acordo!
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por Automech » 17/1/2011 20:44

Pemides, achas que 54.75€ é um preço miserável para um passe de comboio, metro e carris para quem viva em Rio de Mouro e trabalhe em Lisboa ?

http://www.cp.pt/cp/displayPage.do?vgne ... 01a8c0RCRD

É só para balizar o teu conceito de miserável...
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por Pemides » 17/1/2011 20:37

Elias Escreveu:
Pemides Escreveu:E espero que quem os pague sejam os habitantes dessas cidades... que a situação actual em que os habitantes de todo o resto do país andam a subsidiar o pessoal de lisboa e do porto para andarem de metro e de autocarro a preços ridículos, não tem jeito nenhum


exacto, tal como os habitantes de Lisboa e Porto pagam para subsidiar todos os transportes públicos do resto do país.


Desculpa? Eu na minha terra pagava por um passe mensal, para andar 6 km, num único percurso, com autocarros de hora a hora, mais do que se paga o passe para a coroa L em Lisboa (onde eu até tenho estado desde há uns anos para cá, e beneficiado desses subsídios, não deixando de discordar com eles). É uma empresa privada, e duvido muito que tenha subsídios do estado (pelo menos ao nível do que se passa em Lisboa e no Porto). Os habitantes de Lisboa e do Porto beneficiam de uma óptima rede de transportes, a preços miseráveis, à custa dos habitantes de todo o país, que têm redes de transportes em muitos casos miseráveis, a preços altos.

Se é para desincentivar o uso do carro em Lisboa e no Porto tudo bem, mas que apenas os habitantes destas cidades paguem a factura.

--edit--

E se é mesmo para incentivar o uso do transporte público, uma solução do género era muito mais eficaz: todos os habitantes da cidade pagam uma taxa mensal para uso dos transportes públicos (podia vir incorporada na factura da água, por exemplo, junto com as outras taxas todas do lixo e o que eles mais conseguem inventar), e têm direito a usá-los gratuitamente. Quem quiser usar usa, quem quiser ir de carro vai (mas paga na mesma os transportes públicos). Dividindo por todos os habitantes da cidade, o valor por pessoa (ou família) seria bastante mais baixo do que o valor actual dos passes, e o custo marginal para o utilizador passa a ser 0. E fica o problema resolvido, com fortes incentivos para a utilização dos transportes públicos, e sem mexer na carteira de quem não tem nada a ver com isso (aka, quem vive fora dessas grandes cidades)
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por Automech » 17/1/2011 20:16

JMHP Escreveu:
Eu acho esses 10€ mensais ridiculamente baixos tendo em conta os preços dos combustíveis hoje, dai que não admira a dimensão dos buracos financeiros das empresas publicas de transportes.


Sim, JHMP, são ridiculamente baixos nessa perspectiva.

Tal como muitas outras áreas do estado. O custo de uma consulta num centro de saúde, o custo de uma cirurgia, ter parques e jardins gratuitos, etc.

A questão será, portanto, em que áreas é que consideramos que o estado deve gastar o dinheiro que retirou aos cidadãos sob a forma de impostos.

Eu penso que os transportes públicos são uma área que o estado deve financiar, ainda que deficitária (mas não gratuitamente).

Já, por exemplo, televisões ou companhias áreas sai completamente fora do que é acção social ou obrigação do estado.
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por JMHP » 17/1/2011 19:39

AutoMech Escreveu:Eu não concordo coma gratuitidade. Penso que os passes, a preço acessível, são uma ajuda para as empresas e não será desmotivador para quem os usa.

O meu filho, por exemplo, tem o passe de metro estudante e paga, salvo erro, perto de 10 euros por mês. Acho que é um valor bastante razoável para poder usar o metro ilimitadamente durante um mês. Se acrescentar a Carris penso que são mais 5 euros ou algo assim.

Onde penso que não se dá a devida atenção é nos parques dissuasores à entrada das cidades, junto ás estações de metro, por exemplo.


Eu acho esses 10€ mensais ridiculamente baixos tendo em conta os preços dos combustíveis hoje, dai que não admira a dimensão dos buracos financeiros das empresas publicas de transportes.

Na realidade todos pagamos esses custos, sejam utilizadores ou não utilizadores, tudo isso paga-se via impostos e que muito contribui para o aumento destes cada vez mais insuportáveis.

Infelizmente o descontrolo e a irracionalidade da subsidiaridade foi tão grande ao longo de 36 anos de democracia, que conseguimos transformar os bens essências e de necessidade como bens de luxos.
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por Mares » 17/1/2011 19:34

Xitonhane Escreveu:Existe um livro de economia dos transportes, que explica a maior parte do assunto aqui debatido, é de um professor da faculdade de economia da universidade de coimbra, Daniel Murta...chama-se "Quilómetros, Euros e pouca terra. Manual de Economia dos Transportes"...muito bom mesmo, e de linguagem simples...


Olá Xitonhane,

poderías colocar a tua interpretação, baseado no que está no livro, sobre este assunto?

Abraço,

Mares.
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por Elias » 17/1/2011 19:25

Mares Escreveu:ps- Elias, comparares autocarros com metro chama-se "manipulação de amostra"? :wink:


Então não é óbvio que sim? :wink:
 
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por Mares » 17/1/2011 19:14

MarcoAntonio Escreveu:
Mares Escreveu:Elias,

Rede Nacional de Expressos permite-te deslocares para a maioria de lugares em Portugal (http://www.rede-expressos.pt/default.aspx).

Simulando uma viagem de Lisboa a Faro pagarei €19,0, para viajar 270 Km (€0,07 / Km).

Utilizando um transorte urbano pago ~ €1,50 por uma dúzia de quilometros.

No segundo caso pago o dobro por Km, a empresa dá prejuízo, tendo os bilhetes de serem subsídiados.

Como explicar isto?

Abraço,

Mares.


Mares, não só os consumos médios são obviamente claramente diferentes como a estrutura de custos de um expresso é completamente diferente de outros transportes que andam no meio das cidades e requerem outros investimentos. Até a manutenção dos equipamentos deve ser mais elevada. Mas ainda tens de considerar investimentos em estações/paragens, etc, etc.

Obviamente o preço/custo por kilometro não é, expectavelmente, o mesmo nem pouco mais ou menos...

Acredito perfeitamente que existam desperdícios e dinheiro mal gasto (mais do que acreditar, estou convencido que acontece) mas o que escreveste, só por si, não é algo de "inexplicável"...


MarcoAntonio,

classifico os transportes urbanos como razoáveis, com um preço acessível para a maioría da população.

Concordo até mesmo com um subsídio "aceitável", desde que o Estado encontre meios de cobrir essas perdas de receita (tarifas de estacionamento, cobranças para entrar nas cidades, etc, etc).

Discordo com a completa gratuitidade (como proposta pelo Elias), ou que o subsídio seja tal que contradiga o razoável determinado pelo mercado.
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por Xitonhane » 17/1/2011 19:11

Existe um livro de economia dos transportes, que explica a maior parte do assunto aqui debatido, é de um professor da faculdade de economia da universidade de coimbra, Daniel Murta...chama-se "Quilómetros, Euros e pouca terra. Manual de Economia dos Transportes"...muito bom mesmo, e de linguagem simples...
 
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por Mares » 17/1/2011 19:08

Elias Escreveu:
Mares Escreveu:Rede Nacional de Expressos permite-te deslocares para a maioria de lugares em Portugal (http://www.rede-expressos.pt/default.aspx).

Simulando uma viagem de Lisboa a Faro pagarei €19,0, para viajar 270 Km (€0,07 / Km).

Utilizando um transorte urbano pago ~ €1,50 por uma dúzia de quilometros.

No segundo caso pago o dobro por Km, a empresa dá prejuízo, tendo os bilhetes de serem subsídiados.

Como explicar isto?


Explica-se pelo facto de as tuas contas serem "manhosas" :lol:

Pegas num exemplo de longo curso, comparas coisas que não são comparáveis.

Se tomares como exemplo o expresso Lisboa-Évora que são 130 km o preço e de 12 euros pelo que o preço por km sobe para mais de 9 cêntimos em vez dos 7 que dás de exemplo. Se for Lisboa-Caldas da Rainha que são 85 km o preço de 7,90 euros é igualmente superior a 9 cêntimos por km.

Por outro lado o transporte urbano não é 1,50. Cada bilhete de metro custa 85 cêntimos e se fizeres um percurso de 10 km fica-te a 8,5 cêntimos por km (mais barato que o Expresso de Lisboa para Évora ou para as Caldas).

Isto de escolher os exemplos que nos dão jeito para chegar às conclusões pretendidas tem um nome - chama-se "manipulação de amostra".8-)

Abraço,
Elias


Nada disso Elias :)

Não tento manipular nada para criar nada...

Questiono-me sim pelos preços (e quais custos envolvídos), para tentar entender as virtudes/falhas em cada caso.

Abraço,

Mares.

ps- Elias, comparares autocarros com metro chama-se "manipulação de amostra"? :wink:
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por MarcoAntonio » 17/1/2011 18:54

Mares Escreveu:Elias,

Rede Nacional de Expressos permite-te deslocares para a maioria de lugares em Portugal (http://www.rede-expressos.pt/default.aspx).

Simulando uma viagem de Lisboa a Faro pagarei €19,0, para viajar 270 Km (€0,07 / Km).

Utilizando um transorte urbano pago ~ €1,50 por uma dúzia de quilometros.

No segundo caso pago o dobro por Km, a empresa dá prejuízo, tendo os bilhetes de serem subsídiados.

Como explicar isto?

Abraço,

Mares.


Mares, não só os consumos médios são obviamente claramente diferentes como a estrutura de custos de um expresso é completamente diferente de outros transportes que andam no meio das cidades e requerem outros investimentos. Até a manutenção dos equipamentos deve ser mais elevada. Mas ainda tens de considerar investimentos em estações/paragens, etc, etc.

Obviamente o preço/custo por kilometro não é, expectavelmente, o mesmo nem pouco mais ou menos...

Acredito perfeitamente que existam desperdícios e dinheiro mal gasto (mais do que acreditar, estou convencido que acontece) mas o que escreveste, só por si, não é algo de "inexplicável"...
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por Elias » 17/1/2011 18:54

Mares Escreveu:Rede Nacional de Expressos permite-te deslocares para a maioria de lugares em Portugal (http://www.rede-expressos.pt/default.aspx).

Simulando uma viagem de Lisboa a Faro pagarei €19,0, para viajar 270 Km (€0,07 / Km).

Utilizando um transorte urbano pago ~ €1,50 por uma dúzia de quilometros.

No segundo caso pago o dobro por Km, a empresa dá prejuízo, tendo os bilhetes de serem subsídiados.

Como explicar isto?


Explica-se pelo facto de as tuas contas serem "manhosas" :lol:

Pegas num exemplo de longo curso, comparas coisas que não são comparáveis.

Se tomares como exemplo o expresso Lisboa-Évora que são 130 km o preço e de 12 euros pelo que o preço por km sobe para mais de 9 cêntimos em vez dos 7 que dás de exemplo. Se for Lisboa-Caldas da Rainha que são 85 km o preço de 7,90 euros é igualmente superior a 9 cêntimos por km.

Por outro lado o transporte urbano não é 1,50. Cada bilhete de metro custa 85 cêntimos e se fizeres um percurso de 10 km fica-te a 8,5 cêntimos por km (mais barato que o Expresso de Lisboa para Évora ou para as Caldas).

Isto de escolher os exemplos que nos dão jeito para chegar às conclusões pretendidas tem um nome - chama-se "manipulação de amostra".8-)

Abraço,
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por MarcoAntonio » 17/1/2011 18:34

Naisabel Escreveu:Quando um individuo leva o seu carro para o trabalho e demora desde a saída de casa ao trabalho 30min e se fosse de autocarro/metro, desde a saída de casa (sair mais cedo, deslocar à paragem, andar no próprio transporte publico (este não anda a 100km/h), deslocar-se da saída para o local de trabalho, sim porque o autocarro não pára á porta de casa nem do trabalho) ao trabalho demoraria umas 2h e meia, pra la e pra ca


A minha esposa vai de carro até à Estação e daí para a frente de comboio/metro até ao local de trabalho.

Demora menos com este trajecto do que indo directamente para o local de trabalho com a viatura particular.

Aliás, chega sistematicamente mais cedo ao local de trabalho que colegas que vão de carro... e ficaram perdidos no meio do transito ou à procura de lugar.

As pessoas constroem esta imagem de que nos transportes públicos perdem mais tempo e não compensa para se auto-convencerem que o correcto é ir de automóvel, coisa que já decidiram à priori e por outros motivos que não esse.

Não invalida que nalguns casos seja verdade.
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por Mares » 17/1/2011 18:34

Elias Escreveu:
Mares Escreveu:Também não estou certo que por exemplo "Rede de Expressos" seja altamente subsídiado e que não seja uma empresa rentável.


Bem, eu não sei o que é que a Rede Expressos tem a ver o que eu escrevi acima. Só defendi a gratuitidade para os transportes urbanos.

Mares Escreveu:Além disso, numa lógica de mercado, o transporte público terá de cobrar pelos seus custos e deverá ser rentável. Ser completamente gratuito, fica fora desse conceito e por isso mesmo difícil de vêr qualquer sustentabilidade.


Pois é. Mas se acabares com todo e qualquer subsídio a empresas de transportes, serão provavelmente muito poucas as que se aguentam.

Mares Escreveu:ps- quanto aos transportes públicos andarem vazios por é considerado para pobre e imigrantes, tem mais a vêr com um problema cultural.


Claro que é um problema cultural.
Daí eu ter questionado se faz sentido manter os transportes públicos.


Elias,

Rede Nacional de Expressos permite-te deslocares para a maioria de lugares em Portugal (http://www.rede-expressos.pt/default.aspx).

Simulando uma viagem de Lisboa a Faro pagarei €19,0, para viajar 270 Km (€0,07 / Km).

Utilizando um transorte urbano pago ~ €1,50 por uma dúzia de quilometros.

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Como explicar isto?

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por Naisabel » 17/1/2011 18:28

Têm alguns pontos de razão quando falam no uso de transportes públicos, mas:

Quando um individuo leva o seu carro para o trabalho e demora desde a saída de casa ao trabalho 30min e se fosse de autocarro/metro, desde a saída de casa (sair mais cedo, deslocar à paragem, andar no próprio transporte publico (este não anda a 100km/h), deslocar-se da saída para o local de trabalho, sim porque o autocarro não pára á porta de casa nem do trabalho) ao trabalho demoraria umas 2h e meia, pra la e pra ca

em média 3h despendidas em transportes públicos da vida pessoal tem o seu custo, eu por mim prefiro pagar mais 2 ou 3€, que era o que poupava por dia, e levar o meu carro em vez se andasse de autocarro.

Ou será que estou errado? em 3 horas no dia a dia dá pra fazer muita coisa, nem que seja para estar atento á bolsa, levar os filhos á escola ou acompanhar á paragem, tratar de coisas para a casa, ir tirar uma formação, visitar um familiar, ou mesmo o tempinho a sós que faz mt bem, etc... etc...

Por isso, os transportes públicos são para mim um ponto e virgula.


Para mim qual o preço da gasolina? Ironicamente falando: Deveria ser proporcional ao tempo que ficas à espera para uma operação no hospital, ou ao pagamento do reembolso do estado.

Aqui paga-se e não bufa...
 
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por Elias » 17/1/2011 18:09

Mares Escreveu:Também não estou certo que por exemplo "Rede de Expressos" seja altamente subsídiado e que não seja uma empresa rentável.


Bem, eu não sei o que é que a Rede Expressos tem a ver o que eu escrevi acima. Só defendi a gratuitidade para os transportes urbanos.

Mares Escreveu:Além disso, numa lógica de mercado, o transporte público terá de cobrar pelos seus custos e deverá ser rentável. Ser completamente gratuito, fica fora desse conceito e por isso mesmo difícil de vêr qualquer sustentabilidade.


Pois é. Mas se acabares com todo e qualquer subsídio a empresas de transportes, serão provavelmente muito poucas as que se aguentam.

Mares Escreveu:ps- quanto aos transportes públicos andarem vazios por é considerado para pobre e imigrantes, tem mais a vêr com um problema cultural.


Claro que é um problema cultural.
Daí eu ter questionado se faz sentido manter os transportes públicos.
 
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por MarcoAntonio » 17/1/2011 18:08

Já agora, o texto completo da citação que fizeste, é este:

MarcoAntonio Escreveu:No consumo não tem o que devia: o consumo de combustíveis continua a crescer mesmo em anos de retração económico como foi 2009 e Portugal tem uma das mais elevadas taxas de veículos per capita.

A goludisse dos tugas por automóveis (e por arrasto pelo consumo de combustíveis) rasa o absurdo...

Já pensei diferente. Hoje nada tenho contra a elevada taxa de imposto sobre os combustíveis em Portugal nem tão pouco sobre o ISP pois constata-se claramente que está perfeitamente ajustada ao comportamento dos tugas. Errado seria baixar estas taxas e alimentar ainda mais a extravagância gastadora tuga, o que penalizaria ainda mais a balança comercial!

Apenas "introduzo" a nuance de talvez justificar-se uma medida qualquer que evite a penalização de quem produz (ou por outra, de quem consome para produzir). Mas isso também não é de fácil aplicação, muito especialmente em Portugal onde qualquer medida tem de prever todo o tipo de chica-espertisse!


Nota: o texto tem uma gralha que corrigi num post subsequente pois queria dizer "nem tão pouco o ISV".
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
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por MarcoAntonio » 17/1/2011 17:57

Naisabel Escreveu:Oh MarcoAntónio da maneira como falas, e eu faria o mesmo, pareces que tens la o padrinho ou um tio na BP ou GALP, sempre a defendelos, mas percebo porquê e já sei qual a tua opinião sobre os combustíveis, essa extravagância dos tugas:


O que eu defendo não é a GALP ou a BP mas a correcta análise dos números. Mas tu a isso, notavelmente, não respondeste...

:wink:



alvim Escreveu:Marco, efectivamente essas são as explicações que ouvimos constantemente do regulador, mas eu tenho algumas perguntas.

Porque há postos galp e repsol, que conseguem vender combustível 20 a 30 cêntimos mais baratos? ( e não estou a falar de hiperes)


As diferenças entre o preço de referência e o preço mais baixo, na GALP são de 8 centimos na Gasolina, 9 centimos no Gasóleo. No GLP (e convém sublinhar que é do GPL que estamos a falar, que representa para ai 1% do mercado) encontram-se diferenças de 20 centimos.

Na Repsol as diferenças são ainda menores...

Pessoalmente, acho um exagero as diferenças de preço que se encontram no GPL. Mas é um mercado com uma procura muito reduzida e isso deve ser considerado (falar em "combustíveis" de forma genérica quando se está a falar de algo que acontece com o GLP especificamente é inadequado, no mínimo!).


alvim Escreveu:As nossas reservas dao para 3 meses. O que significa que o combustível que usamos hoje, foi comprado há 3 meses. Mas o preço do combustivel, reflecte o preço do pitroil/dia, se for de subida! se for de queda, é a media da semana.


Talvez queiras analisar os preços semanalmente e mostrar que o que dizes tem fundamento.

Eu já fiz a minha, durante dois anos, que está aqui mesmo no Forum e que todos puderam acompanhar, inclusivamente com antecipações de preços para a semana seguinte como muitas vezes fiz.

Fico a aguardar a tua análise semanal...
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por Mares » 17/1/2011 17:53

Elias Escreveu:
Mares Escreveu:Elias,

até sublinhei a tua frase... numa economia de mercado, achas possível existír um serviço de transportes gratuito? Mesmo que seja uma "boa ideia", qual sería a sustentabilidade desse serviço?


Mares,

Os transportes de hoje são altamente subsidiados, se aos utilizadores fosse pedido que pagassem o seu custo real, quase ninguém andava neles. A sustentabilidade resulta de subsídios e não da cobrança de bilhetes.

Dá uma espreitadela aqui: http://en.wikipedia.org/wiki/Free_public_transport

1 abraço,
Elias


Elias,

isso são ações muito localizadas, não a generalidade.

Também não estou certo que por exemplo "Rede de Expressos" seja altamente subsídiado e que não seja uma empresa rentável.

Além disso, numa lógica de mercado, o transporte público terá de cobrar pelos seus custos e deverá ser rentável. Ser completamente gratuito, fica fora desse conceito e por isso mesmo difícil de vêr qualquer sustentabilidade.

Abraço,

Mares.

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- A sua ganância poderá levá-lo à ruína.
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por Automech » 17/1/2011 17:06

Elias Escreveu:Pessoalmente defendo que os transportes urbanos deveriam ser gratuitos, ao mesmo tempo que o estacionamento nas cidades deveria ser mais caro e que deveria haver mão pesada sobre os carros mal estacionados.


Eu não concordo coma gratuitidade. Penso que os passes, a preço acessível, são uma ajuda para as empresas e não será desmotivador para quem os usa.

O meu filho, por exemplo, tem o passe de metro estudante e paga, salvo erro, perto de 10 euros por mês. Acho que é um valor bastante razoável para poder usar o metro ilimitadamente durante um mês. Se acrescentar a Carris penso que são mais 5 euros ou algo assim.

Onde penso que não se dá a devida atenção é nos parques dissuasores à entrada das cidades, junto ás estações de metro, por exemplo.
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