Para onde Portugal?
Caro mais-um :
O amigo hoje aplicou-se bem no trabalho de casa.
Os portugueses, quando emigrava antes de 25, não era pelo subsidio de emprego,porque a maioria ainda estava ilegal, e nem tinha direitos.
E os que emigram actualmente , também não , querem é trabalho, porque aqui já não existe.
A maioria dos novos emigrantes que conheço são pessoas que estiveram razoávelmente bem na vida, e por força das circunstâncias (quase pobreza) , tem de emigrar.
Já analisou , como está parque industrial, o que irá acontecer.
Quando desaparece uma empresa industrial, existe um efeito dominó em diversos sentidos,em que empresas e particulares vão ser afectados.
Houve a teoria de que Portugal seria um País de serviços e turismo, e a industria não era indispensável, e agora acordaram, que é indispensável, para corrigir, os desequilibrios da balança comerçial!
Os politicos deixaram engordar estado , para niveis , insuportáveis, como consequencia ,aumentos sucessivos de impostos, chegamos a uma situação , em que está a causar graves problemas a economia.
A Nova Zelandia , passou, por um problema semelhante.
O estado providencia poderá entrar em colapso, a médio prazo ( 2030 reforma só para 52% salário - ainda está optimista e dúvida do empobrecimento !).
Portugal está numa luta pela sobrevivencia , e precisa rápidamente ser competitivo, e o estado não está a ajudar.
O grande segredo das descobertas e de Portugal se ter transformado potencia lider mundial, foi a boa liderança , coesão social ( mas com um erro capital que foi a expulsão dos Judeus), uma nobreza preparada para a guerra ,bom planeamento, e aproveitar todas oportunidades,e a informação ( foi um dos poucos momentos da nossa história ) e uma diplomacia forte, mas demorou quase 100 anos, também era uma luta pela sovrevivencia.
O problema é que o desemprego , é um fenómeno estrutural, e de dificil resolução, embora uma parte seja conjuntural devido á crise, mas a globalização , e endividamento interno crescente está a retirar , a margem de manobra, e só agora é que os politicos acordaram.
O problema é que os politicos de muitos países, são tão maus como os nossos, cuidado, que existem sempre muitos interesses em órbita.
O circo Português, não difere muito de outros europeus, só que somos e estamos mais fracos, e sem uma liderança e estratégia.
Continuo.
O amigo hoje aplicou-se bem no trabalho de casa.
Os portugueses, quando emigrava antes de 25, não era pelo subsidio de emprego,porque a maioria ainda estava ilegal, e nem tinha direitos.
E os que emigram actualmente , também não , querem é trabalho, porque aqui já não existe.
A maioria dos novos emigrantes que conheço são pessoas que estiveram razoávelmente bem na vida, e por força das circunstâncias (quase pobreza) , tem de emigrar.
Já analisou , como está parque industrial, o que irá acontecer.
Quando desaparece uma empresa industrial, existe um efeito dominó em diversos sentidos,em que empresas e particulares vão ser afectados.
Houve a teoria de que Portugal seria um País de serviços e turismo, e a industria não era indispensável, e agora acordaram, que é indispensável, para corrigir, os desequilibrios da balança comerçial!
Os politicos deixaram engordar estado , para niveis , insuportáveis, como consequencia ,aumentos sucessivos de impostos, chegamos a uma situação , em que está a causar graves problemas a economia.
A Nova Zelandia , passou, por um problema semelhante.
O estado providencia poderá entrar em colapso, a médio prazo ( 2030 reforma só para 52% salário - ainda está optimista e dúvida do empobrecimento !).
Portugal está numa luta pela sobrevivencia , e precisa rápidamente ser competitivo, e o estado não está a ajudar.
O grande segredo das descobertas e de Portugal se ter transformado potencia lider mundial, foi a boa liderança , coesão social ( mas com um erro capital que foi a expulsão dos Judeus), uma nobreza preparada para a guerra ,bom planeamento, e aproveitar todas oportunidades,e a informação ( foi um dos poucos momentos da nossa história ) e uma diplomacia forte, mas demorou quase 100 anos, também era uma luta pela sovrevivencia.
O problema é que o desemprego , é um fenómeno estrutural, e de dificil resolução, embora uma parte seja conjuntural devido á crise, mas a globalização , e endividamento interno crescente está a retirar , a margem de manobra, e só agora é que os politicos acordaram.
O problema é que os politicos de muitos países, são tão maus como os nossos, cuidado, que existem sempre muitos interesses em órbita.
O circo Português, não difere muito de outros europeus, só que somos e estamos mais fracos, e sem uma liderança e estratégia.
Continuo.
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- Registado: 22/5/2008 21:52
Caro Petronio,
Certamente, terá sido esse o motivo que levou tantos Portugueses a emigrar antes do 25 de Abril é que na altura não existia subsidio de desemprego…..
Quer conversar ou desconversar? Tenho mais exemplos de amigos que foram trabalhar para fora de Portugal e?
Muito bem então se na sua opinião os políticos são responsáveis pelo aumento do desemprego, explique o que foi que eles fizeram mal?
Já agora, explique-me como se eu fosse muito burro, porque é que o desemprego está a aumentar por esse mundo fora? Ahh, já sei, são os políticos portugueses que estão a governar todos os países do mundo, fantástico! Inclusive há paises em que somos mais incompetentes do que em Portugal, por exemplo na vizinha Espanha ou França ou a Irlanda!
Então porque diz mal? É só por ser português?
Você é mesmo teimoso, o INE diz que o desemprego em 1974 foi de 4,9%. Alem de ser teimoso é demagogo, em 1974 só cerca de 35% das mulheres é que trabalhavam, agora, ultrapassa os 60%, quer comparar realidades diferentes?
Já expliquei, os governos não criam empregos por decreto, isso era no antigo bloco de leste, podem tomar medidas para criar condições, como os países da Europa tem feito, dando benefícios fiscais, incentivos, patrocinar estágios, etc, etc… Mas o mais importante é o que cada um de nós pode fazer, se abrem por ano cerca de 10000 vagas nas universidades portuguesas para advogado, quer milagres? As pessoas querem é ser tratadas por Dr. depois logo se vê. Não conheço nenhum eng informático ou de redes desempregado, ou médico ou veterinários, agora licenciados nos cursos de papel há aos montes, a culpa é do estado? Se as pessoas optam pelo mais fácil esperam milagres? Quem se inscreve num curso de sociologia, geografia, etc..espera o quê?
Alem disso as pessoas devem habituar-se a considerar TODA a UE como o seu mercado de trabalho natural. Tenho amigos a trabalhar em Itália, Inglaterra, Bélgica, Alemanha e França, tudo profissões bem remuneradas, cientistas, investigadores, engenharias, etc
Compete a nós como pais explicar aos nossos filhos as consequências das suas escolhas, foi isso que o meu pai fez e eu vou fazer aos meus filhos.
Não deve ser pior da que nós temos da geração anterior, pelo menos não deixamos uns milhares de mortos e deficientes.
Gostava de ler o artigo todo se puder deixar o link para aceder
Pelos vistos não é a opinião da maioria…
"Uma sondagem divulgada pela "Visão" apresenta um resultado surpreendente: os portugueses consideram-se felizes. E não é uma felicidade qualquer: 73,5% dizem que são felizes e apenas 3,2% que são infelizes! Além disso, não há saudades do passado (68,6% dizem que os portugueses são agora mais ou muito mais felizes que há 50 anos) e há muita esperança no futuro (64,1% consideram que dentro de 10 anos serão mais ou muito mais felizes).
A verdade é que, entre 190 países, Portugal está entre os 30 mais ricos. Quando olhamos para 1974, constatamos que demos um enorme pulo em 35 anos. Que passámos de uma sociedade rural (30% da população activa na agricultura), pobre (metade do rendimento europeu), analfabeta (a taxa de analfabetismo era a da Inglaterra do séc. XIX), machista (só 15% das mulheres tinham vida activa) e desconfortável (metade das habitações não tinham água, esgotos e luz eléctrica) para uma sociedade muitíssimo melhor.
Passámos de uma das piores taxas de mortalidade infantil para a quarta mais baixa a nível mundial. E somos líderes mundiais na tecnologia de transformadores de energia, nas máquinas de corte por jacto de água, nos painéis derivados de madeira, no papel de escritório de alta qualidade, no sector de cortiça e transformados, na tecnologia para calçado, no software para contact centers, nos feltros para chapéus (3º produtor mundial), nos têxteis-lar (3º exportador mundial), nas embalagens de plástico (5º a nível mundial), nas energias renováveis (4º produtor mundial)...
Chega para sermos felizes? Não. Mas ajuda. E mostra que os portugueses têm algumas boas razões para ter orgulho no país em que vivem.
Nicolau Santos"
Nota: É uma perda de tempo tentar defender o passado, preocupe-se com o futuro.
Cumprimentos,
Alexandre Santos
.
Mas voltando á emigração , quando acabarem ( em alguns casos já acabaram) os subsidios de desemprego, ás centenas de milhares de pessoas o , o que irão fazer?
Roubar,ir para a rua ou emigrar.
Certamente, terá sido esse o motivo que levou tantos Portugueses a emigrar antes do 25 de Abril é que na altura não existia subsidio de desemprego…..
A única opção viável é emigrar, como vê vai chegar rápidamente a números assustadores.
Qual é a solução para essas pessoas , para além da emigração?
Porque você não vive no país real.
O país real , é este :
Um casal ( idade média 50 ) que está no desemprego, emigra para o norte do Canadá , em que a temperatura deve estar nos 40 graus negativos.
Um rapaz que se divorciou, e desempregado, está a trabalhar em Cabinda.
A filha ( 25 anos) de um amigo, foi para um hospital perto de Paris , trabalhar como fisoterapeuta.
Um rapaz casado ( 55 anos ) , desempregado, emigrou , trabalha em França como ferrageiro.
Outro amigo , em que
a firma faliu, partiu , para Luanda.
Mas quer mais exemplos ?
Quer conversar ou desconversar? Tenho mais exemplos de amigos que foram trabalhar para fora de Portugal e?
A solução do problema do emprego, tem de ser encontrada , pela mentes brilhantes dos politicos ( e não só) , que conduziram o país para esta situação.
Muito bem então se na sua opinião os políticos são responsáveis pelo aumento do desemprego, explique o que foi que eles fizeram mal?
Já agora, explique-me como se eu fosse muito burro, porque é que o desemprego está a aumentar por esse mundo fora? Ahh, já sei, são os políticos portugueses que estão a governar todos os países do mundo, fantástico! Inclusive há paises em que somos mais incompetentes do que em Portugal, por exemplo na vizinha Espanha ou França ou a Irlanda!
Tem de perguntar a Eles , não a nós meros participantes deste forum.
Então porque diz mal? É só por ser português?
Porque em 1974 , o desemprego estava nos 2 %, e horizonte nãO era tão sombrio, como o actual,
Você é mesmo teimoso, o INE diz que o desemprego em 1974 foi de 4,9%. Alem de ser teimoso é demagogo, em 1974 só cerca de 35% das mulheres é que trabalhavam, agora, ultrapassa os 60%, quer comparar realidades diferentes?
você é que tem de explicar , qual é saída e as soluções.
Já expliquei, os governos não criam empregos por decreto, isso era no antigo bloco de leste, podem tomar medidas para criar condições, como os países da Europa tem feito, dando benefícios fiscais, incentivos, patrocinar estágios, etc, etc… Mas o mais importante é o que cada um de nós pode fazer, se abrem por ano cerca de 10000 vagas nas universidades portuguesas para advogado, quer milagres? As pessoas querem é ser tratadas por Dr. depois logo se vê. Não conheço nenhum eng informático ou de redes desempregado, ou médico ou veterinários, agora licenciados nos cursos de papel há aos montes, a culpa é do estado? Se as pessoas optam pelo mais fácil esperam milagres? Quem se inscreve num curso de sociologia, geografia, etc..espera o quê?
Alem disso as pessoas devem habituar-se a considerar TODA a UE como o seu mercado de trabalho natural. Tenho amigos a trabalhar em Itália, Inglaterra, Bélgica, Alemanha e França, tudo profissões bem remuneradas, cientistas, investigadores, engenharias, etc
Compete a nós como pais explicar aos nossos filhos as consequências das suas escolhas, foi isso que o meu pai fez e eu vou fazer aos meus filhos.
Uma geração que está hipotecar o futuro dos filhos e netos, e dá-lhes como horizonte o empobrecimento e o desemprego.
Atenção que os nossos filhos , netos , vão olhar de uma forma muito negativa , para este periodo da história, e vão culpar os seus antepassados pela pesada herança, e irresponsabilidade.
Não deve ser pior da que nós temos da geração anterior, pelo menos não deixamos uns milhares de mortos e deficientes.
É curioso que o António Barreto, num artigo escrito , disse que a qualidade dos politicos , do antigo regime era muito superior aos actuais.
Gostava de ler o artigo todo se puder deixar o link para aceder
Nota : As pessoas estão actualmente crispadas, tristes, negativas , e sem esperança , esta é realidade para muitos neste País.
Pelos vistos não é a opinião da maioria…
"Uma sondagem divulgada pela "Visão" apresenta um resultado surpreendente: os portugueses consideram-se felizes. E não é uma felicidade qualquer: 73,5% dizem que são felizes e apenas 3,2% que são infelizes! Além disso, não há saudades do passado (68,6% dizem que os portugueses são agora mais ou muito mais felizes que há 50 anos) e há muita esperança no futuro (64,1% consideram que dentro de 10 anos serão mais ou muito mais felizes).
A verdade é que, entre 190 países, Portugal está entre os 30 mais ricos. Quando olhamos para 1974, constatamos que demos um enorme pulo em 35 anos. Que passámos de uma sociedade rural (30% da população activa na agricultura), pobre (metade do rendimento europeu), analfabeta (a taxa de analfabetismo era a da Inglaterra do séc. XIX), machista (só 15% das mulheres tinham vida activa) e desconfortável (metade das habitações não tinham água, esgotos e luz eléctrica) para uma sociedade muitíssimo melhor.
Passámos de uma das piores taxas de mortalidade infantil para a quarta mais baixa a nível mundial. E somos líderes mundiais na tecnologia de transformadores de energia, nas máquinas de corte por jacto de água, nos painéis derivados de madeira, no papel de escritório de alta qualidade, no sector de cortiça e transformados, na tecnologia para calçado, no software para contact centers, nos feltros para chapéus (3º produtor mundial), nos têxteis-lar (3º exportador mundial), nas embalagens de plástico (5º a nível mundial), nas energias renováveis (4º produtor mundial)...
Chega para sermos felizes? Não. Mas ajuda. E mostra que os portugueses têm algumas boas razões para ter orgulho no país em que vivem.
Nicolau Santos"
Nota: É uma perda de tempo tentar defender o passado, preocupe-se com o futuro.
Cumprimentos,
Alexandre Santos
Caro Tava:
Você tem razão , o governo de Aznar teve uma falta de habilidade, para lidar com o acontecimento, porque inicialmente atribuiam á ETA, e os Espanhois não gostaram, foi muito polemico.
Também ao falhanço da intelligence.
Mas o que interessa são os efeitos provocados na opinião pública , em que pensava, que a guerra estava a milhares de quilometros.
Tenho uma amiga que trabalha numa empresa, que tem muitas relações comerciais com Londres, e duas colegas, foram visitar um cliente , no dia do atentado, e passaram na estação minutos antes do atentado, e quando chegaram á empresa e souberam , ficaram brancas.
Um funcionário da empresa, que vinha muitas vezes a Portugal, e era suposto ter uma reunião , nesse dia , não apareceu, não atendia telemóvel.
No dia seguinte, souberam que tinha morrido.
Elas , segundo me disseram, andaram brancas , e com pouca vontade de comer.
Esta estória , é um exemplo veridico, da guerra levada aos civis.
Você tem razão , o governo de Aznar teve uma falta de habilidade, para lidar com o acontecimento, porque inicialmente atribuiam á ETA, e os Espanhois não gostaram, foi muito polemico.
Também ao falhanço da intelligence.
Mas o que interessa são os efeitos provocados na opinião pública , em que pensava, que a guerra estava a milhares de quilometros.
Tenho uma amiga que trabalha numa empresa, que tem muitas relações comerciais com Londres, e duas colegas, foram visitar um cliente , no dia do atentado, e passaram na estação minutos antes do atentado, e quando chegaram á empresa e souberam , ficaram brancas.
Um funcionário da empresa, que vinha muitas vezes a Portugal, e era suposto ter uma reunião , nesse dia , não apareceu, não atendia telemóvel.
No dia seguinte, souberam que tinha morrido.
Elas , segundo me disseram, andaram brancas , e com pouca vontade de comer.
Esta estória , é um exemplo veridico, da guerra levada aos civis.
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- Registado: 22/5/2008 21:52
O problema em Portugal é que a cultura nasceu no molde Católico em que se diz às pessoas que não podem pensar nas coisas porque é perigoso, que tenta minar através do medo a consciência individual e é por isso que existe um grupo de pessoas que está encarregado de pensar e interpretar as coisas para os outros. Isto foi decalcado para a sociedade. Não é por acaso que foi nos países protestantes que as coisas começaram a mudar, porque o precedente da dissidência com o pensamento instituido tinha sido aberto.
Quando as pesssoas começam a perceber que podem pensar pela própria cabeça, que podem auto disciplinar-se, começa a mudança.
Quando as pesssoas começam a perceber que podem pensar pela própria cabeça, que podem auto disciplinar-se, começa a mudança.
"There are three faithful friends - an old wife, an old dog, and ready money." - Benjamin Franklin
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- Registado: 16/6/2007 12:05
- Localização: 24
esta de arranjar soluções...
Como podem aqueles que ficaram embrutecidos pela deformação dada após 74, conseguir pensar noutra coisa que não futebol, cimento, centro comercial (no principio de mes, claro)...
Ainda não viram que quem tem de arranjar as soluções como disse e bem o Petronio, são os políticos que nos levaram a esta situação?
Por mim, continuo a achar que o primeiro passo, era restringir a entrada de estrangeiros para ocuparem postos de trabalho que podiam ser ocupados por mão-de-obra nacional.
Mas o problema não se resume só ao desemprego caro amigo!...
O problema é que não somos produtivos e muito menos competitivos.
O problema é de mentalidades, porque como já referi, estão a deformar e não a formar as novas gerações.
O problema é que na mente de qualquer empresário está o lucro imediato sem pensar no crescimento sólido da empresa.
Já me constou, (não podendo no entanto confirmar tal como sendo verdade) que Felgueiras é das cidades da europa com o maior indice de ferraris por habitante.
Creio que poderá ser exagero, no entanto, demonstra bem a mentalidade que existe aqui pelo burgo.
Não, não é inveja, nem tão pouco estou a queixar-me da destribuição de riqueza. Acho até que quem tem a coragem de investir merece e muito a riqueza que usufrui. A questão é no entanto mais complexa, na medida em que numa economia cada vez mais global, seria bem mais util investir na modernização das empresas a fim de torná-las mais competitivas em detrimento da riqueza pessoal.
Não me parece que seja a melhor forma de garantir o futuro ter meia-duzia de menores, ou bsasileiros, ou ucranianos a fazer sapatos de forma artesanal, esbanjando o dinheiro em ferraris etc.
É só um exemplo do que não deve ser feito.
Assim como o investimento em obras publicas não me parece que seja a melhor forma de estimular uma economia.
As obras quando acabam deixam tudo na mesma, a unica coisa que muda é que o loby do cimento fica um pouco mais rico.
Vamos continuar a ter mega-empresas ligadas à construção e em contra-partida vamos continuar a importar...importar...importar porque não produzimos nada e o pouco que produzimos é caro.
Assesti ao fecho da GM de perto, e podem crer que as culpas são repartidas, entre a administração, e os trabalhadores que foram sempre manipulados pelos sindicatos que ajudaram a destruir a empresa.
Pelo que ouvi (não posso confirmar)relativamente às culpas da administração, passa pelo não investimento numa máquina para prensagem de chassis tendo os mesmos de vir de Saragoça, o que derivado aos custos (transporte incluido) faziam com que uma viatura em Portugal, ficasse cerca de 500 € mais cara do que em Espanha.
Não sei, mas creio que tambem os administradores da GM andariam de topo de gama, claro, isto aliado a trabalhadores que só ouviam a vós dos sindicatos deu no que deu.
É o País que temos.
Como podem aqueles que ficaram embrutecidos pela deformação dada após 74, conseguir pensar noutra coisa que não futebol, cimento, centro comercial (no principio de mes, claro)...
Ainda não viram que quem tem de arranjar as soluções como disse e bem o Petronio, são os políticos que nos levaram a esta situação?
Por mim, continuo a achar que o primeiro passo, era restringir a entrada de estrangeiros para ocuparem postos de trabalho que podiam ser ocupados por mão-de-obra nacional.
Mas o problema não se resume só ao desemprego caro amigo!...
O problema é que não somos produtivos e muito menos competitivos.
O problema é de mentalidades, porque como já referi, estão a deformar e não a formar as novas gerações.
O problema é que na mente de qualquer empresário está o lucro imediato sem pensar no crescimento sólido da empresa.
Já me constou, (não podendo no entanto confirmar tal como sendo verdade) que Felgueiras é das cidades da europa com o maior indice de ferraris por habitante.
Creio que poderá ser exagero, no entanto, demonstra bem a mentalidade que existe aqui pelo burgo.
Não, não é inveja, nem tão pouco estou a queixar-me da destribuição de riqueza. Acho até que quem tem a coragem de investir merece e muito a riqueza que usufrui. A questão é no entanto mais complexa, na medida em que numa economia cada vez mais global, seria bem mais util investir na modernização das empresas a fim de torná-las mais competitivas em detrimento da riqueza pessoal.
Não me parece que seja a melhor forma de garantir o futuro ter meia-duzia de menores, ou bsasileiros, ou ucranianos a fazer sapatos de forma artesanal, esbanjando o dinheiro em ferraris etc.
É só um exemplo do que não deve ser feito.
Assim como o investimento em obras publicas não me parece que seja a melhor forma de estimular uma economia.
As obras quando acabam deixam tudo na mesma, a unica coisa que muda é que o loby do cimento fica um pouco mais rico.
Vamos continuar a ter mega-empresas ligadas à construção e em contra-partida vamos continuar a importar...importar...importar porque não produzimos nada e o pouco que produzimos é caro.
Assesti ao fecho da GM de perto, e podem crer que as culpas são repartidas, entre a administração, e os trabalhadores que foram sempre manipulados pelos sindicatos que ajudaram a destruir a empresa.
Pelo que ouvi (não posso confirmar)relativamente às culpas da administração, passa pelo não investimento numa máquina para prensagem de chassis tendo os mesmos de vir de Saragoça, o que derivado aos custos (transporte incluido) faziam com que uma viatura em Portugal, ficasse cerca de 500 € mais cara do que em Espanha.
Não sei, mas creio que tambem os administradores da GM andariam de topo de gama, claro, isto aliado a trabalhadores que só ouviam a vós dos sindicatos deu no que deu.
É o País que temos.
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Ah pois ee !
Woodhare Escreveu:A solução para o desemprego é aumentar a flexibilidade laboral, baixar impostos e baixar subsídio de desemprego. Acabar com o salário mínimo também ajudava. Tão simples como isso.
Mas como dizia o outro é tão simples que até uma criança pode entender mas nem um adulto pode fazer.
A solucao para a Morte ee acabar com a Doenca, melhorar a eficacia das Vacinas, aumentar o horario de trabalho dos medicos e diminuir o lucro das funerarias. Acabar com a Vida tambem ajudava (nalguns casos...).
Mas que coisa tao simples !


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A solução para o desemprego é aumentar a flexibilidade laboral, baixar impostos e baixar subsídio de desemprego. Acabar com o salário mínimo também ajudava. Tão simples como isso.
Mas como dizia o outro é tão simples que até uma criança pode entender mas nem um adulto pode fazer.
Mas como dizia o outro é tão simples que até uma criança pode entender mas nem um adulto pode fazer.
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Caro mais-um :
Como resolvem o problema do emprego ?
Bom , se fizesse essa pergunta a amigos meus ,que actualmente estão no desemprego, eles soltavam-lhe os cães.
O amigo deve viver numa ilha paradisica, em que vive alheado completamente da realidade em Portugal.
Estou a brincar.
Mas voltando á emigração , quando acabarem ( em alguns casos já acabaram) os subsidios de desemprego, ás centenas de milhares de pessoas o , o que irão fazer?
Roubar,ir para a rua ou emigrar.
A única opção viável é emigrar, como vê vai chegar rápidamente a números assustadores.
Qual é a solução para essas pessoas , para além da emigração?
Porque você não vive no país real.
O país real , é este :
Um casal ( idade média 50 ) que está no desemprego, emigra para o norte do Canadá , em que a temperatura deve estar nos 40 graus negativos.
Um rapaz que se divorciou, e desempregado, está a trabalhar em Cabinda.
A filha ( 25 anos) de um amigo, foi para um hospital perto de Paris , trabalhar como fisoterapeuta.
Um rapaz casado ( 55 anos ) , desempregado, emigrou , trabalha em França como ferrageiro.
Outro amigo , em que
a firma faliu, partiu , para Luanda.
Mas quer mais exemplos ?
A solução do problema do emprego, tem de ser encontrada , pela mentes brilhantes dos politicos ( e não só) , que conduziram o país para esta situação.
A Eles , é que Lhes compete encontrar a solução.
Tem de perguntar a Eles , não a nós meros participantes deste forum .
Porque em 1974 , o desemprego estava nos 2 %, e horizonte nãO era tão sombrio, como o actual, e repto é no sentido contrário, você é que tem de explicar , qual é saída e as soluções.
Uma geração que está hipotecar o futuro dos filhos e netos, e dá-lhes como horizonte o empobrecimento e o desemprego.
Atenção que os nossos filhos , netos , vão olhar de uma forma muito negativa , para este periodo da história, e vão culpar os seus antepassados pela pesada herança, e irresponsabilidade.
É curioso que o António Barreto, num artigo escrito , disse que a qualidade dos politicos , do antigo regime era muito superior aos actuais.
Bom, já é tarde, vou dormir.
Nota : As pessoas estão actualmente crispadas, tristes, negativas , e sem esperança , esta é realidade para muitos neste País .
Como resolvem o problema do emprego ?
Bom , se fizesse essa pergunta a amigos meus ,que actualmente estão no desemprego, eles soltavam-lhe os cães.
O amigo deve viver numa ilha paradisica, em que vive alheado completamente da realidade em Portugal.
Estou a brincar.
Mas voltando á emigração , quando acabarem ( em alguns casos já acabaram) os subsidios de desemprego, ás centenas de milhares de pessoas o , o que irão fazer?
Roubar,ir para a rua ou emigrar.
A única opção viável é emigrar, como vê vai chegar rápidamente a números assustadores.
Qual é a solução para essas pessoas , para além da emigração?
Porque você não vive no país real.
O país real , é este :
Um casal ( idade média 50 ) que está no desemprego, emigra para o norte do Canadá , em que a temperatura deve estar nos 40 graus negativos.
Um rapaz que se divorciou, e desempregado, está a trabalhar em Cabinda.
A filha ( 25 anos) de um amigo, foi para um hospital perto de Paris , trabalhar como fisoterapeuta.
Um rapaz casado ( 55 anos ) , desempregado, emigrou , trabalha em França como ferrageiro.
Outro amigo , em que
a firma faliu, partiu , para Luanda.
Mas quer mais exemplos ?
A solução do problema do emprego, tem de ser encontrada , pela mentes brilhantes dos politicos ( e não só) , que conduziram o país para esta situação.
A Eles , é que Lhes compete encontrar a solução.
Tem de perguntar a Eles , não a nós meros participantes deste forum .
Porque em 1974 , o desemprego estava nos 2 %, e horizonte nãO era tão sombrio, como o actual, e repto é no sentido contrário, você é que tem de explicar , qual é saída e as soluções.
Uma geração que está hipotecar o futuro dos filhos e netos, e dá-lhes como horizonte o empobrecimento e o desemprego.
Atenção que os nossos filhos , netos , vão olhar de uma forma muito negativa , para este periodo da história, e vão culpar os seus antepassados pela pesada herança, e irresponsabilidade.
É curioso que o António Barreto, num artigo escrito , disse que a qualidade dos politicos , do antigo regime era muito superior aos actuais.
Bom, já é tarde, vou dormir.
Nota : As pessoas estão actualmente crispadas, tristes, negativas , e sem esperança , esta é realidade para muitos neste País .
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comentário
Caros
Vale a pena o esforço de leitura......
uma conferência de José Adelino Maltez....
PELO ATLÂNTICO, A CAMINHO DO SUL
“...quanto mais ao povo a alma falta, mais minha alma atlântica se exalta...”
Confesso que não me apetecia fazer conferência formal, dessas em que, com muitos conceitos de assexuada epistemologia, nos costumamos a palavrar e palavrar sem nada dizermos, mas em cujas conclusões o discursante, especialmente quando aborda questões de política internacional, acaba sempre por candidatar-se a prémio Nobel da Paz, decretando mais uma das teorias da salvação de um mundo, onde nenhum ouvinte se quer mesmo salvar e onde os que querem a salvação não têm poder para nos salvar.
Porque as frases que ainda salvar a humanidade já estão todas escritas e haverá sempre que continuar a procura de salvação mesmo da humanidade.
Nenhum ministro dos estrangeiros tem a humildade de reconhecer que devemos voltar ao universalismo da esfera armilar e convencer o Brasil de Lula a não se esquecer do sonho lusíada, fazendo com que a República dos Portugueses que restam não tenha como objectivo nacional a facturação de uma empresa de construção civil afectada pelos cortes orçamentais de Manuela Ferreira Leite.
Não me preocupa o anti-americanismo epidérmico que se tem manifestado, preocupa-se alguns laivos de anti-portuguesismo que têm ressaltado entre certas pretensas elites. Porque, para os portugueses velhos crentes, que se consideram herdeiros daquelas, saudades de futuro que marcam o nosso universalismo, sermos adeptos de uma visão transatlântica sempre implicou uma perspectiva lusíada de um Atlântico a caminho do Sul, de oceano moreno que nos deu liberdade, sonho e esfera armilar. Por isso, é que, em vez de uma cimeira das Lajes, talvez fosse mais útil e realista, a aventura e o pragmatismo de uma cimeira lusófona, talvez em Cabo Verde, capaz de secundar os esforços de um João Paulo II, para um grande encontro de culturas.
E agora, bem gostaria de poder seguir a ideologia internacionalista expressa por João Paulo II e assumir, como aliado dos norte-americanos e dos britânicos, uma neutralidade activa, mantendo a minha reserva de valores universais e de ponte entre a política transatlântica e o mundo islâmico
Temo que, esta semana, a falsa ordem internacional se tenha convertido numa anarquia bem organizada através de um neo-feudalismo predador, onde os pequenos e médios Estados deixaram de ter, como seu principal aliado, o necessário direito universal, mesmo que aquele que se exprimia pelo hipócrita Conselho de Segurança da ONU. Temo que o futuro direito internacional público volte a ser o direito da paz dos vencedores, onde poderá vencer quem não tem razão, transformando o mesmo no exacto contrário do Estado de Direito Universal, no tal direito que não é direito, como o direito interno dos Estados, que não é internacional, porque dependente dos ditames da pretensa superpotência, e que nem sequer é público, porque a cadeia fica em Guantanamo, o polícia são os “cowboys” e o tribunal não é o Tribunal Internacional.
Infelizmente, os nossos amigos norte-americanos têm o grave defeito de nunca terem aprendido com uma derrota, como acontece com os da velha Europa, onde nos incluímos, e onde poderíamos estar orgulhosamente acompanhados. A elite no poder em Washington, filha do complexo militar-industrial e dos universitários e opinion makers por ele subsidiados, é marcada por um falso gnosticismo.
Eles pensam que tudo o que ingenuamente fazem representa o bem, o progresso e o desenvolvimento da humanidade. Porque, quantitativamente, produzem cerca do que 90% é o labor científico das relações internacionais e da politologia, levam com eles todos os que mentalmente colonizaram e que, por aqui, os continuam a traduzir em calão e a actuar inquisitorialmente....
Por tudo isto apetece mais, aqui e agora, fazer uma declaração pública de amor ao Brasil, desse meu Brasil das muitas peregrinações interiores ainda por fazer, porque quanto mais o visito, mais vontade tenho de o desbravar, para saber um pouco mais daquilo que eu mesmo, como português, efectivamente, sou, nessa procura das memórias e da identidade que as autênticas raízes da autonomia cultural das pátrias que tendem a ser escolas da super-nação futuro, onde todos os homens serão cidadãos do mundo.
Meu Brasil a quem os políticos do mundo deixaram que te fizessem tão grande quanto a fome de terras com que os portugueses que aí chegavam transportavam. Tão grande quanto a vontade que nossos antanhos tinham de baraçar todo o mundo, quando queriam ser, por dentro deles próprios, o tamanho de todo o mundo.
Agora apenas somos pálida imagem do sonho que fomos. Agora, já sem sertão para desbravar e sem um pedaço de terra para demarcarmos, talvez já não sejamos quem fomos. Já não temos sítios para construirmos as igrejinhas que levávamos na suadade. Sem tempo sequer para termos tempo, perdemos tempo.
Direi que quanto mais fundo tento chegar à alma do Brasil, mais portuguesmente me prendo ao mundo, redescobrindo os pequenos recantos de da criatividade reprodutiva daquele brasileiro a quem Manuel bandeira, muito carinhosamente chamou um português a solta.
Nada de institucional permanece, se não for reinventado, recriado. Porque a ideia, repensada pela comunidade, precisa sempre de sucessivas adesões comunitárias.
Assim, as línguas e as pátrias, para que possam continuar vivendo.
Assim a irmandade entre Portugal e o Brasil.
Primeiro, porque há brasileiridade. Que tendo raiz no modo português de estar no mundo, solta do controlo do centro, nos deu a todos quantos falam português, mais universalidade, quando, no novo mundo, nos deu e vai dando, mais mundos.
Em segundo lugar, a língua portuguesa, que seria língua morta, se não tivesse o sal, o sol e o sonho da tropicalidade.
Porque, entre nós, as quinas se fizeram o azul e amarelo desta procura armilar, e a armilar do reino unido, a trouxemos nós para símbola desta república, dos portugueses que por cá ficaram.
Apenas continua a dor que os contactos culturais entre portugueses e brasileiros se continuem a fazer segundo os antiquados manuais do politicamente correcto.
Que todos sejam afunilados pela procura dos novos dogmáticos pretensamente antidogmáticos e que comece a perder-se o antigo diálogo das heterodoxias. Como a correspondência que ligou o catolicíssimo Sardinha com o jovem estudante protestante do Recife, Guilberto Freyre,. Só porque ambos estudavam o espanhol George Santayana.
E ainda está por descobrir quanto o pernambucano criador do lusotropicalismo bebeu no conceito integrador de hispanidade, como bem o demonstrou o nosso amigo Vamireh Chacon nessa procura de teorização do humanismo ibérico que, indo mais além, nos conseguirá mobilizar para um valor ainda mais universal.
Por isso soa a ridículo que alguns intelectuários lusitanos ainda continuem alinhar no diapasão dos que integram o lusotropiclaismo como mero capítulo do fascismo, só porque alguns papas da pós-modernidade como Wallerstein ou Perry Anderson escreveram manifestos sobre o hiper-colonialismo sem que tivessem conhecido a realidade.
O crivo que muitos continuam a usar e a busar não conseguirá nunca captar as significações partilhadas da nossa comunidade de afectos, dessq que nunca foi resultado de um planejamento estratétigico e que constitui um mero e glorioso efeito emergente de uma certa peregrinação pelo mundo à procura do paraíso.
Importa termos a humildade de esquecermos o sectarismo. Importa descobrir, como Joaquim Barradas de Carvalho, que a cultura é mais importante do que as ideologias, mesmo que sejam ideologias científicas.
Importa entender, dos navegantes e bandeirantes, que navegar é preciso, mesmo que sobreviver não seja preciso.
Sei do Brasil que ele permanece oculto para todos aqueles que se deixam seduzir pela poeirada dos milhentos pequenos e médios intelectuais com que se disfarça. Desses que se diluem no rebanho mimético dos que se enfileiram na fotocópicas que trazem de distantes mestres-pensadores, depois de muitas viagens de turismo científico, onde o Brasil continua a existir como mero espelho acríticos de ciências exógenas. Para esse dependencismo hipocritamente dependencista, à procura de um exótico de brumosas teorias do Norte.
Onde alguns intelectuais do norte fazem discurso sobre o que o sul deve ser e onde, nesse ilusionismo da utopia, se vai desfocando a realidade com teorias sem práticas, quando a teoria da prática devia nascer das circunstâncias do aqui e agora, desde que estas pudessem ser fecundas pelos princípio.
Importa ir além das vulgatas das ideologias vencidas pela história que aqui e além se vão reproduzindo em imbecilidades sebenteiras e em muitos artigos ditos científicos, cheios de citações de conveniência que que infleizmente vão esmagando a força da verdadeira observação da realidade.
Porque Portugal continua a ser mais do que a pequena casa lusitana, com os arquipélagos dos Açores e da Madeira. Portugal também são as comunidades portuguesas espalhadas pelos vários cantos do mundo e as relações especiais que o Estado português e os cidadãos portugueses podem estabelecer com os outros Estados de expressão oficial portuguesa e com todos os homens que têm o português como língua materna.
Este património moral, que faz parte da essência da nação portuguesa, ainda hoje constitui uma espécie de sguro contra a nossa eventual diluição no seio de um grande espaço europeu e, muito especialmente, no contexto da Península Ibérica.
Reavivar esta memória e lançar os caboucos para uma mais intensa cooperação futura deveriam constituir uma das prioridades do Estado e da Sociedade Civil em Portugal.
reforçou-se a minha visão armilar da comunidade lusíada, o nosso seguro de vida universal, sem o qual seremos mais um dos búlgaros da Europa, com eventual direito à categoria dos bons alunos.
O meu renovado contacto com os problemas brasileiros confirma que os desafios da democracia representativa face à globalização são idênticos nas duas margens do oceano moreno, dado que em todo o lado a tal democracia parece sitiada pelo indiferentismo e pela corrupção, enquanto fenómeno de compra do poder.
Retomando a referência ao Brasil, confesso que o meu amor a este Novo Mundo vai além da mera romagem ditirambica aos Estados Unidos da Saudade de que falava António Ferro. Tenho de amar o Brasil porque amo Portugal e o quero capaz de vencer os balanços de uma balança da Europa onde corremos o risco de ser manejados pelas teias do novo directório.
Ora, face a uma globalização, marcada pelas regras do jogo das potências dominantes, de marca anglo-saxónica, importa resistirmos num espaço mais amplo de uma comunidade de afectos que tanto passa pela comunidade lusíada como pela confraria dos hispânicos, como propuseram Gilberto Freyre e Agostinho da Silva, na senda da profecia de Joaquim Pedro de Oliveira Martins.
Na América do Sul, uma multidão imensa, em luta pela sobrevivência, talvez não tenha tempo para pensar nas raízes da identidade.
No Brasil, nós, portugueses, e nós, brasileiros, comungamos do mesmo sentido de revolta contra certos ventos da história dos vencedores. Mas, a revolta dos Canudos ainda resiste e talvez venha a florir num mundo melhor, com mais justiça e mais solidariedade. Talvez não esteja longe o dia em que o império dos afectos volte a ter consigo a força da razão.
O pequeno-grande povo português que, nos fins da Idade Média, se lançou, com pragmatismo, na aventura dos descobrimentos, da expansão e do diálogo de culturas, não só deu novos mundos ao mundo, desenhando o mapa da terra como planeta unidimensional, como também semeou o diálogo universal do abraço armilar, essa circum-navegação pelo ius communicationis que redescobriu o homem como animal de trocas, tanto de bens económicos como de bens espirituais.
Uma das consequências do processo foi a emergência do mundo que o português ajudou a criar, esse espaço plural e policêntrico de povos, culturas, Estados, Igrejas e comunidades.
Ora, um dos vectores desse tal mundo foi, sem dúvida, a tentativa de criação de sucessivos espaços políticos sujeitos ao domínio do aparelho de poder português. Aquilo que podemos qualificar como a procura de vários impérios, ou, como na modernidade vai dizer-se, de várias áreas de soberania, acrescentadas ao inicial reino dos séculos XII, XIII e XIV.
Portugal e o Algarve, o compósito núcleo inicial do reino, é aumentado, logo no século XV, pelos senhorios conquistados no Algarve de além-mar, em África e na Guiné, até que, com D. Manuel I, passam a visualizar-se os acrescentos de forma já sistemática, falando-se em senhorios de conquista, de navegação e de comércio.
É este o pluralismo do império primeiro, onde há um reino no d’aquém e um senhorio no d’além, tanto à maneira dos antigos Imperadores - pela conquista -, como pelos novos métodos da navegação e do comércio - onde as coisas novas são algo de fluído, sem a rigidez territorialista da quadrícula fronteirizada.
Como o próprio Francisco de Vitória então reconhecia, a novidade portuguesa estava no comércio com as gentes exóticas, as quais não subjugaram e com grande vantagem, ao contrário do modelo madrileno de Carlos V, que persistia na serôdia ideia de monarquia universal e de imperium mundi, enquanto o nosso modelo assumia a modéstia de se constituir como simples intermediário da respublica universalis.
Na prática, podemos assinalar vários impulsos nesse movimento expansivo de acrescentamento. O primeiro, inaugurado pela (re)conquista de Ceuta em 1415, gerou o império marroquino, que teve o seu ponto de regresso com Alcácer-Quibir, em 1578.
O segundo impulso, a partir da viagem de Vasco da Gama, em 1498, levou ao império português do Oriente, muito especialmente ao mundo indo-português, cujo ciclo, depois da queda de Goa, em 18 de Dezembro de 1961, e da invasão de Timor pela Indonésia, em Dezembro de 1975, terminou com a entrega de Macau à China em 20 de Dezembro de 1999.
O terceiro impulso, desencadeado a partir da descoberta oficial do Brasil, em 1500, terminou com a revolta do Ipiranga, curiosamente liderada pelo próprio herdeiro do trono de Portugal, insurgindo-se contra a secura do geometrismo jacobino e mercantil que comandava o revolucionarismo político-militar instalado em Lisboa.
O vintismo português era vítima da balança da Europa de então e das domésticas questiúnculas tanto dos corporativismos militares, que queriam expulsar a tutela britânica e acelerar as promoções, como do interesseirismo dos comerciantes de grosso trato, prejudicados com o fim do monopólio comercial com o Brasil, essa forma de pagamento do frete da viagem da capital para o Rio de Janeiro.
A nova elite dirigente, pouco conhecedora de matérias de política mundial, e nada entusiasmada com a perspectiva armilar do novo Reino Unido, instituído em 1816, quando efectivamente se deu a real independência da América Portuguesa, tratou de pensar nesse Portugal à solta como se ele fosse uma mera quintarola do interior, não ouvindo os avisados conselhos de um Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846).
Com efeito, no Brasil, o modelo imperial português, começando pelo estabelecimento do senhorio, através de uma pluralidade de capitanias, consistiu fundamentalmente num processo multiplicador orgânico que instaurou, nesse novo mundo, um novo reino, à imagem e semelhança do ponto de partida. Um processo que atingiu o clímax depois da capital da monarquia ter sido transferida para o Rio de Janeiro e da criação do Reino Unido de Portugal e do Brasil.
O impulso mais tardio foi o desencadeado através das feitorias africanas, quando largámos a costa e a mera exploração das companhias majestáticas e nos lançámos nas campanhas de ocupação e no povoamento, sobretudo a partir do último quartel do século XIX, depois da Conferência de Berlim.
O quinto e derradeiro impulso de partida, mas já não de acrescentamento, proveio da emigração dos séculos XIX e XX, principalmente a que, a caminho da Europa central, foi protagonizada, nas décadas de cinquenta e sessenta deste século, pela geração da mala de cartão.
De todas estas viagens levadas a cabo por uma entidade já qualificada como n
nação peregrina, ficaram misturas, memórias, diásporas e, sobretudo, novas sínteses e novas emergências: novos povos, novas unidades políticas e novas culturas miscigenadas, gerando-se um arquipélago de cruzamentos, onde a memória de história comum e da prática de um modo de estar no mundo fez nascer uma civitas amoris.
Uma comunhão promovida tanto pelos parcos agentes oficiais e oficiosos do aparelho de poder central, como também, e principalmente, pelo chamado império sombra, por essa massa de gentes da comunidade à solta, em acção livre de directivas hierárquicas, dos navegantes aos comerciantes, dos missionários aos simples aventureiros, todos eles sempre à procura de um lugar onde, que a mãe-pátria não podia, não queria, ou não sabia propiciar, provocando, em cada um dos que partiam, o paradoxo de uma revolta plena de saudade.
Desse complexo, gerou-se um arquipélago de comunidades. Não apenas portuguesas, não apenas lusíadas e lusófonas, mas também de luso-descendentes, pelo sangue, pela língua, pela cultura, ou então pela memória de um encontro, ou de um sonho, de futuro, através da procura de uma construção conjunta.
Uma comunidade feita em torno das coisas que se amam, um patamar a caminho do mais belo de todos os ideais políticos: a construção de uma república universal, de uma paz pelo direito, marcadas pela afectividade das emoções.
O Portugal persistente ficou simples Europa do Sudoeste, só podendo ser verdadeiramente europeu se assumir uma certa maneira portuguesa de entender a Europa. Dessa Europa que desbravou o mar oceano, para Ocidente e para Sul. Que descobriu a América e o Brasil, que transformou as tormentas em boa esperança e que peregrinou o caminho marítimo para a Índia, a China e o Japão. A Europa que circum-navegou a terra inteira num abraço armilar, como gostava de sublinhar outro dos nossos permanentes mestres, Almerindo Lessa.
Por nós, apenas queremos reconhecer que valeu a pena esse investimento luso-tropical de cinco séculos e que a própria Europa necessita desta visão portuguesa do universo. Porque, como dizia Fernando Pessoa, foi por Portugal, pelos Descobrimentos que se deu a conversão da civilização europeia em civilização mundial.
Voltando a Agostinho da Silva talvez importe proclamar que falta uma realidade mais alta, aquela que nos permite efectivamente fazer do mar, o mar sem fim, aquela que se comporia do que melhor tiveram Ocidente e Oriente, uniria Cristo e Lao-Tseu e nos daria, num eterno sendo e vir a ser, aquele Espírito Santo que á a fusão perfeita do Todo e do seu Nada (1967, p. 48).
Porque, utilizando agora palavras de Fernando Pessoa, só pode conseguir tal intento a nação que for pequena, e em que, portanto, nenhuma tentativa de absorção territorial pode nascer, com o crescimento do ideal nacional, vindo por fim a desvirtuar e desviar do seu destino espiritual o original imperialismo psíquico, o imperialismo dos poetas dura e domina; o dos políticos passa e esquece (1978, p. 164).
Pertencemos àquele grupo de portugueses que continua a considerar como missão a nossa ancestral tendência para nacionalizarmos tendências estrangeiras com a consequente vocação para a simbiose e o hibridismo.
Porque somos mais propensos para a heresia para o dogma, para a heterodoxia do que para a ortodoxia, para a poesia do que para a filosofia. Mais crentes do que especulativos, mais homens de aventura do que calculistas, mais pragmáticos do que empiristas.
Jorge Dias (n. 1907) dizia que o português é um misto de sonhador e homem de acção, ou melhor, é um sonhador activo, a que não falta certo fundo prático e realista ... Mais idealista, emotivo e imaginativo do que homem de acção ... individualista ... possui grande fundo de solidariedade humana e, sobretudo, a saudade, essa mistura de opostos, esse humor nosso merancórico.
Fernando Namora, no discurso do 10 de Junho, de 1978, vem falar na dualidade ou na dialéctica do nosso modo de ser consistindo nessa capacidade de sonho e por assim dizer de desmesura e ao mesmo tempo de reduzir o sonho a coisas bem terrenas como o comércio, o oiro, a conquista lucrativa, essa estranha e inextricável coabitação da generosidade e da cobiça, do desprendimento e do sabor da coisa possuída, da impetuosidade arrojada com o súbito desencanto, da crença que não mede obstáculos com a ressaca derrotista, esse ter asas e, por fim, se bastar com o mísero chão.
Também Agustina Bessa Luís , no discurso de 10 de Junho de 1981, fala no português como poeta, soldado, aventureiro; intelectual e mundano; vítima e herói; experiente e desprecavido. Boa alma e cidadão discutível. Sentimental e capaz de frio juízo sobre todas as coisas. A sua liberdade é interior e não feita à imagem das circunstâncias. Como salienta a mesma ficcionista: nós temos uma cultura afectiva...Somos um povo que sempre quis viver aproximado do estado de natureza, e sempre quis evitar o estado de guerra. Aquele estado de natureza que permite aos homens viverem em comum conforme a razão, sem consentir um superior a quem se outorgue competência além da que as leis conferem (in Camões e a Identidade Nacional, Lisboa, Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 1983, com a recolha dos discursos do 10 de Junho, durante a presidência de Ramalho Eanes).
Eis-nos, mais de um quarto de século volvido sobre a descolonização africana, de novo, no começo, por sobre as ruínas daquilo que muitos vaticinaram ser um Portugal dos tempos do fim. Aliás, muitos portugueses parecem esquecidos daquilo que Gilberto Freyre disse: que o português se tem perpetuado, dissolvendo-se sempre noutro povo a ponto de parecer ir perder-se nos sangues e culturas estranhas. Mas comunica-lhes sempre tantos dos seus motivos essenciais de vida... Ganhou a vida perdendo-a.
Assim, podemos dizer, como Agostinho da Silva, que esta nossa Pátria se realiza quando se abrasa na comunhão do universo, quando se dissolve no que os outros são. Logo, Portugal só o será quando for o mundo inteiro, é que a República Universal nós a poderíamos propugnar melhor que ninguém porque sabemos unir, também nos tempos nossos, de concelho a concelho, a diversidade do mundo (1988, pp. 255 e 267).
A citada frase de Fernando Pessoa, da minha pátria ser a língua portuguesa, implica algumas anotações, como o próprio poeta logo acrescentou, ao salientar que a base da pátria é o idioma, porque o idioma é o pensamento em acção, e o homem é um animal pensante, e acção é a essência da vida. O idioma, por isso mesmo que é uma tradição verdadeiramente viva, concentra em si, instintiva e naturalmente, um conjunto de tradiçöes, de maneiras de ser e de pensar, uma história e uma lembrança, um passado morto que só nele pode reviver, acrescentando que estamos neste mundo, divididos por natureza em sociedades secretas diferentes, em que somos iniciados à nascença; e cada uma tem, no idioma que é o seu, a sua própria palavra de passe (1982, p. 17).
Aliás, a frase serviu de mote para aquilo que o português e cidadãos brasileiro Agostinho da Silva chegou a proclamar: agora Portugal é todo o território de língua portuguesa. Os brasileiros lhe poderão chamar Brasil e os moçambicanos lhe poderão chamar Moçambique. É uma Pátria estendida a todos os homens, aquilo que Fernando Pessoa julgou ser a sua Pátria: a língua portuguesa. Agora é essa a Pátria de todos nós (1988, p. 127).
Diga-se, a este respeito, que se uma nação na Idade Média, era antes de mais, uma língua, eis que nestes últimos anos do século XX, tal asserção pode voltar a ser mobilizadora da Comunidade Lusíada, onde, ao lado do ius soli e do ius sanguinis, tradicionais elementos determinadores de uma nacionalidade, se pode sobrepor um ius linguae, o ser-se natural da língua, como já referia Fernão de Oliveira na sua Gramática.
Mas também não nos esqueçamos do avisado conselho deste mesmo autor: os homens fazem a língua e não a língua os homens. É que qualquer linguagem, especialmente a linguagem poética, ao criar imaginariamente uma nova realidade, gera um significante comunitário de afectos, susceptível de tradução política, se para tanto houver engenho e arte.
O pretexto para tão grandioso sonho radica na circunstância de, no dobrar do milénio, deverem existir cerca de duzentos milhões de seres humanos que terão a língua portuguesa como língua oficial.
Dizemos sonho e não utopia ou acronia. Com efeito, não é utopia porque há lugar e gente para o concretizar; não é ucronia porque a semente já existe. Poderemos qualificar tal projecto como um ideal histórico concreto, conforme a definição de Jacques Maritain, como uma imagem prospectiva, significando o tipo específico de civilização para o qual tende certa idade histórica; não é como as utopias, um ser de razão, mas uma essência de ideal realizável (mais ou menos dificilmente... não como obra feita mas como obra a fazer-se), uma essência capaz de existência e chamando à existência para um dado clima histórico, respondendo seguidamente a um máximo relativo (relativo a esse clima histórico) de perfeição social e política e apresentando somente, - precisamente porque implica uma ordem efectiva para a existência concreta, - as linhas de força e os esboços ulteriormente determináveis de uma realidade futura (1936, p. 140).
Um espaço de lusofonia abrangendo Portugal e as comunidades portuguesas emigradas, com direito a voto no Estado da República Portuguesa, o Brasil, os PALOP, os territórios do antigo Estado da Índia, Timor Loro Sae e todo esse arquipélago de pequenas minorias portuguesas, descendentes de portugueses ou filiadas na cultura portuguesa, que falam ou, pelo papiamento, ainda têm a memória, e saudades de futuro, do palavrar em português.
Resta saber se, entre todos esses lusofalantes, há a hipótese de construir, reconstruir ou consolidar uma comunidade de significações partilhadas (Karl Deutsch, ou um contexto de afinidades, onde muitas identidades podem confluir: não apenas as eurolusitanas, as afrolusitanas e as brasileiras, mas também a de outros luso-partilhantes, como os indo-portugueses, os sino-portugueses, os timorenses, os luso-descendentes de outras diásporas pelo Sul e pelo Oriente, bem como os que, também lusiadamente, se revêem nas terras frias da Europa central ou nas brumas atlânticas.
Com efeito, a possibilidade da Comunidade Lusíada, ou de uma Confederação dos Povos de Língua Portuguesa, abarca um espaço mais amplo que o do lusotropicalismo ou que o do saudosismo lusitano. E não deixa de poder ser a tal partilha, mesmo quando as regras dos prontuários linguísticos não são canonicamente observadas, na língua maternal ou na língua escolar.
Ela tem sobretudo uma dimensão metapolítica, à semelhança do mar sem fim de que falava Fernando Pessoa, constituindo mais uma entidade espiritual que uma organização política, ao revestir a forma de um povo não realizado, a florescer, sem aquele peso da terra e do poder estadual, mas com o sem fim do poder dos sem poder que, no fundo, é a suprema forma de poder, porque a mais metafísica.
Deixem-me acrescentar que, tal como pela etimologia semítica, Ibéria quererá significar passagem, passagem entre a Europa e a África, assim Portugal, onde a terra acaba e o mar começa, sempre foi um cais de partida para o Mar Oceano, o sítio onde as ondas lhe batem nos muros, sempre sensível àquela visão do poder que considera dependendo todo o manejo da monarquia da navegação de frotas e armadas, e dos ventos que se mudam por instantes, como dizia o Padre António Vieira no Sermão de Acção de Graças de 1695.
Conforme Jaime Cortesão, Portugal é o resultado de uma convergência atlântica, dado que tudo impelia a gente portuguesa para o mar... A actividade marítima estava não só nas raízes da nacionalidade, donde sobe como seiva para o tronco, mas é como que a linha medular que dá vigor e unidade a toda a sua história.
Por seu lado, Jorge Dias acentuava que Portugal não teria sobrevivido até hoje, como nação independente, se não tivesse ligado o seu destino ao mar, estabelecendo amarras tão fortes com outras terras e outras gentes (1968, p. 236).
Consideramos, com efeito, que a Comunidade Lusíada é apenas um passo para a recriação do espaço maior, exigindo uma nova leitura da respublica christiana com a Ibéria, a América de Língua Portuguesa, a América de Língua Castelhana e a África dos PALOP e, portanto, pela criação de uma comunidade onde a união ibérica se extinguiria como fantasma, porque é muito mais aquilo que, pelo futuro, nos une, do que aquilo que, no passado, nos dividiu.
O regresso ao futuro de um Mar-Oceano, neste Atlântico a caminho do Sul, talvez deva continuar a senda daquela antiquíssima rota da Índia que, pela Volta da Mina e pela Volta do Sargaço, circundava os Açores e a Madeira, no caminho da Guiné, do Brasil e de Angola. Daquela rota que, depois de varar a Boa Esperança e de refrescar-se no Rio dos Bons Sinais, navegava pelos mares da Índia, da China, da Indochina, do Japão e de Timor. Até porque o Pacífico tende a ser o Atlântico e este, o Mediterrâneo dos próximos tempos...
A viagem que durante cinco séculos encetámos pelos mares, além do mar, e, depois, como bandeirantes, através das selvas e sertões, tornou-nos cidadãos do mundo, vagabundos de um sonho universal. Basta, tão só, que não se perca o pragmatismo da Aventura e o realismo do Sonho. O que levou e continua a levar os Homens aos Descobrimentos é essa ideia eterna de ser o Homem a fazer a História e não a História a fazer o Homem, mesmo sem saber que História vai fazendo. Porque o Homem, dizia Pascal, supera infinitamente o Homem. Porque, como Paul Claudel pôs na boca de Cristóvão Colombo: quanto mais além, mais além ainda.
Meu Atlântico é um Atlântico inteiro, a caminho do Sul, nesse outro lado do mundo, onde há quem queira dar novos mundos ao mundo. Nessa vaigem pela Atântico, a caminho do Sul, os portugueses quiseram ser homens livre. Porque tendo uma visão do paraíso, foram portugueses à solta e ousaram dar novos mundos ao mundo.
Dessa viagem pela liberdade viva ficou pelo menos a mais unida de todas as comunidades de significações partiulhadas actualmente existentes. Aquela que, fiel ao destino bandeirante, tem espaço de terra, espaço de mar e espaço de sonho, para continuar à procura e vivificar a esperança.
A crise deste mundo tem mais a ver como os que temem o abraço armilar. Com os que nnão querem a avanetura. Com procuras sem esperança. Com revoltas sem insolência e que, perdendo o sentido, vão vivendo aos encontrões, alinhando com um sentido da história que outras mãos vão escrevendo.
Por isso recordo um velho mestre de Santo António de Apipucos, uma casa grande não assombrada, onde muitos de despedem da vida que julgam perdida, abraçando uma a uma, todas as palmeiras que nos separam da sanzala. Me apetece voltar sempre a um mar de branca espuma, de corais e recifes. Por mais que o Brasil não queira saber. Por mais que certas eleites não queiram querer, o o Brasil é um Portugal à solta, mas um Portugal que já não há, porque este que hoje somos, é apenas um nome refeito em forma de Europa. Por isso Precisamos do Atlântico a caminho do Sul, para retomarmos o sentido universal, desse que nos levou a diluirmo-nos em todos os outros, onde novos corpos de pátria, podem ganhar alento na mesma alma mãe.
Ser Atântico é viajar no sonho daquela que foi a nossa mátria, dessa memória e dessa identidade, que deu dois corpos, duas pátrias, dois Estados,
Vale a pena o esforço de leitura......
uma conferência de José Adelino Maltez....
PELO ATLÂNTICO, A CAMINHO DO SUL
“...quanto mais ao povo a alma falta, mais minha alma atlântica se exalta...”
Confesso que não me apetecia fazer conferência formal, dessas em que, com muitos conceitos de assexuada epistemologia, nos costumamos a palavrar e palavrar sem nada dizermos, mas em cujas conclusões o discursante, especialmente quando aborda questões de política internacional, acaba sempre por candidatar-se a prémio Nobel da Paz, decretando mais uma das teorias da salvação de um mundo, onde nenhum ouvinte se quer mesmo salvar e onde os que querem a salvação não têm poder para nos salvar.
Porque as frases que ainda salvar a humanidade já estão todas escritas e haverá sempre que continuar a procura de salvação mesmo da humanidade.
Nenhum ministro dos estrangeiros tem a humildade de reconhecer que devemos voltar ao universalismo da esfera armilar e convencer o Brasil de Lula a não se esquecer do sonho lusíada, fazendo com que a República dos Portugueses que restam não tenha como objectivo nacional a facturação de uma empresa de construção civil afectada pelos cortes orçamentais de Manuela Ferreira Leite.
Não me preocupa o anti-americanismo epidérmico que se tem manifestado, preocupa-se alguns laivos de anti-portuguesismo que têm ressaltado entre certas pretensas elites. Porque, para os portugueses velhos crentes, que se consideram herdeiros daquelas, saudades de futuro que marcam o nosso universalismo, sermos adeptos de uma visão transatlântica sempre implicou uma perspectiva lusíada de um Atlântico a caminho do Sul, de oceano moreno que nos deu liberdade, sonho e esfera armilar. Por isso, é que, em vez de uma cimeira das Lajes, talvez fosse mais útil e realista, a aventura e o pragmatismo de uma cimeira lusófona, talvez em Cabo Verde, capaz de secundar os esforços de um João Paulo II, para um grande encontro de culturas.
E agora, bem gostaria de poder seguir a ideologia internacionalista expressa por João Paulo II e assumir, como aliado dos norte-americanos e dos britânicos, uma neutralidade activa, mantendo a minha reserva de valores universais e de ponte entre a política transatlântica e o mundo islâmico
Temo que, esta semana, a falsa ordem internacional se tenha convertido numa anarquia bem organizada através de um neo-feudalismo predador, onde os pequenos e médios Estados deixaram de ter, como seu principal aliado, o necessário direito universal, mesmo que aquele que se exprimia pelo hipócrita Conselho de Segurança da ONU. Temo que o futuro direito internacional público volte a ser o direito da paz dos vencedores, onde poderá vencer quem não tem razão, transformando o mesmo no exacto contrário do Estado de Direito Universal, no tal direito que não é direito, como o direito interno dos Estados, que não é internacional, porque dependente dos ditames da pretensa superpotência, e que nem sequer é público, porque a cadeia fica em Guantanamo, o polícia são os “cowboys” e o tribunal não é o Tribunal Internacional.
Infelizmente, os nossos amigos norte-americanos têm o grave defeito de nunca terem aprendido com uma derrota, como acontece com os da velha Europa, onde nos incluímos, e onde poderíamos estar orgulhosamente acompanhados. A elite no poder em Washington, filha do complexo militar-industrial e dos universitários e opinion makers por ele subsidiados, é marcada por um falso gnosticismo.
Eles pensam que tudo o que ingenuamente fazem representa o bem, o progresso e o desenvolvimento da humanidade. Porque, quantitativamente, produzem cerca do que 90% é o labor científico das relações internacionais e da politologia, levam com eles todos os que mentalmente colonizaram e que, por aqui, os continuam a traduzir em calão e a actuar inquisitorialmente....
Por tudo isto apetece mais, aqui e agora, fazer uma declaração pública de amor ao Brasil, desse meu Brasil das muitas peregrinações interiores ainda por fazer, porque quanto mais o visito, mais vontade tenho de o desbravar, para saber um pouco mais daquilo que eu mesmo, como português, efectivamente, sou, nessa procura das memórias e da identidade que as autênticas raízes da autonomia cultural das pátrias que tendem a ser escolas da super-nação futuro, onde todos os homens serão cidadãos do mundo.
Meu Brasil a quem os políticos do mundo deixaram que te fizessem tão grande quanto a fome de terras com que os portugueses que aí chegavam transportavam. Tão grande quanto a vontade que nossos antanhos tinham de baraçar todo o mundo, quando queriam ser, por dentro deles próprios, o tamanho de todo o mundo.
Agora apenas somos pálida imagem do sonho que fomos. Agora, já sem sertão para desbravar e sem um pedaço de terra para demarcarmos, talvez já não sejamos quem fomos. Já não temos sítios para construirmos as igrejinhas que levávamos na suadade. Sem tempo sequer para termos tempo, perdemos tempo.
Direi que quanto mais fundo tento chegar à alma do Brasil, mais portuguesmente me prendo ao mundo, redescobrindo os pequenos recantos de da criatividade reprodutiva daquele brasileiro a quem Manuel bandeira, muito carinhosamente chamou um português a solta.
Nada de institucional permanece, se não for reinventado, recriado. Porque a ideia, repensada pela comunidade, precisa sempre de sucessivas adesões comunitárias.
Assim, as línguas e as pátrias, para que possam continuar vivendo.
Assim a irmandade entre Portugal e o Brasil.
Primeiro, porque há brasileiridade. Que tendo raiz no modo português de estar no mundo, solta do controlo do centro, nos deu a todos quantos falam português, mais universalidade, quando, no novo mundo, nos deu e vai dando, mais mundos.
Em segundo lugar, a língua portuguesa, que seria língua morta, se não tivesse o sal, o sol e o sonho da tropicalidade.
Porque, entre nós, as quinas se fizeram o azul e amarelo desta procura armilar, e a armilar do reino unido, a trouxemos nós para símbola desta república, dos portugueses que por cá ficaram.
Apenas continua a dor que os contactos culturais entre portugueses e brasileiros se continuem a fazer segundo os antiquados manuais do politicamente correcto.
Que todos sejam afunilados pela procura dos novos dogmáticos pretensamente antidogmáticos e que comece a perder-se o antigo diálogo das heterodoxias. Como a correspondência que ligou o catolicíssimo Sardinha com o jovem estudante protestante do Recife, Guilberto Freyre,. Só porque ambos estudavam o espanhol George Santayana.
E ainda está por descobrir quanto o pernambucano criador do lusotropicalismo bebeu no conceito integrador de hispanidade, como bem o demonstrou o nosso amigo Vamireh Chacon nessa procura de teorização do humanismo ibérico que, indo mais além, nos conseguirá mobilizar para um valor ainda mais universal.
Por isso soa a ridículo que alguns intelectuários lusitanos ainda continuem alinhar no diapasão dos que integram o lusotropiclaismo como mero capítulo do fascismo, só porque alguns papas da pós-modernidade como Wallerstein ou Perry Anderson escreveram manifestos sobre o hiper-colonialismo sem que tivessem conhecido a realidade.
O crivo que muitos continuam a usar e a busar não conseguirá nunca captar as significações partilhadas da nossa comunidade de afectos, dessq que nunca foi resultado de um planejamento estratétigico e que constitui um mero e glorioso efeito emergente de uma certa peregrinação pelo mundo à procura do paraíso.
Importa termos a humildade de esquecermos o sectarismo. Importa descobrir, como Joaquim Barradas de Carvalho, que a cultura é mais importante do que as ideologias, mesmo que sejam ideologias científicas.
Importa entender, dos navegantes e bandeirantes, que navegar é preciso, mesmo que sobreviver não seja preciso.
Sei do Brasil que ele permanece oculto para todos aqueles que se deixam seduzir pela poeirada dos milhentos pequenos e médios intelectuais com que se disfarça. Desses que se diluem no rebanho mimético dos que se enfileiram na fotocópicas que trazem de distantes mestres-pensadores, depois de muitas viagens de turismo científico, onde o Brasil continua a existir como mero espelho acríticos de ciências exógenas. Para esse dependencismo hipocritamente dependencista, à procura de um exótico de brumosas teorias do Norte.
Onde alguns intelectuais do norte fazem discurso sobre o que o sul deve ser e onde, nesse ilusionismo da utopia, se vai desfocando a realidade com teorias sem práticas, quando a teoria da prática devia nascer das circunstâncias do aqui e agora, desde que estas pudessem ser fecundas pelos princípio.
Importa ir além das vulgatas das ideologias vencidas pela história que aqui e além se vão reproduzindo em imbecilidades sebenteiras e em muitos artigos ditos científicos, cheios de citações de conveniência que que infleizmente vão esmagando a força da verdadeira observação da realidade.
Porque Portugal continua a ser mais do que a pequena casa lusitana, com os arquipélagos dos Açores e da Madeira. Portugal também são as comunidades portuguesas espalhadas pelos vários cantos do mundo e as relações especiais que o Estado português e os cidadãos portugueses podem estabelecer com os outros Estados de expressão oficial portuguesa e com todos os homens que têm o português como língua materna.
Este património moral, que faz parte da essência da nação portuguesa, ainda hoje constitui uma espécie de sguro contra a nossa eventual diluição no seio de um grande espaço europeu e, muito especialmente, no contexto da Península Ibérica.
Reavivar esta memória e lançar os caboucos para uma mais intensa cooperação futura deveriam constituir uma das prioridades do Estado e da Sociedade Civil em Portugal.
reforçou-se a minha visão armilar da comunidade lusíada, o nosso seguro de vida universal, sem o qual seremos mais um dos búlgaros da Europa, com eventual direito à categoria dos bons alunos.
O meu renovado contacto com os problemas brasileiros confirma que os desafios da democracia representativa face à globalização são idênticos nas duas margens do oceano moreno, dado que em todo o lado a tal democracia parece sitiada pelo indiferentismo e pela corrupção, enquanto fenómeno de compra do poder.
Retomando a referência ao Brasil, confesso que o meu amor a este Novo Mundo vai além da mera romagem ditirambica aos Estados Unidos da Saudade de que falava António Ferro. Tenho de amar o Brasil porque amo Portugal e o quero capaz de vencer os balanços de uma balança da Europa onde corremos o risco de ser manejados pelas teias do novo directório.
Ora, face a uma globalização, marcada pelas regras do jogo das potências dominantes, de marca anglo-saxónica, importa resistirmos num espaço mais amplo de uma comunidade de afectos que tanto passa pela comunidade lusíada como pela confraria dos hispânicos, como propuseram Gilberto Freyre e Agostinho da Silva, na senda da profecia de Joaquim Pedro de Oliveira Martins.
Na América do Sul, uma multidão imensa, em luta pela sobrevivência, talvez não tenha tempo para pensar nas raízes da identidade.
No Brasil, nós, portugueses, e nós, brasileiros, comungamos do mesmo sentido de revolta contra certos ventos da história dos vencedores. Mas, a revolta dos Canudos ainda resiste e talvez venha a florir num mundo melhor, com mais justiça e mais solidariedade. Talvez não esteja longe o dia em que o império dos afectos volte a ter consigo a força da razão.
O pequeno-grande povo português que, nos fins da Idade Média, se lançou, com pragmatismo, na aventura dos descobrimentos, da expansão e do diálogo de culturas, não só deu novos mundos ao mundo, desenhando o mapa da terra como planeta unidimensional, como também semeou o diálogo universal do abraço armilar, essa circum-navegação pelo ius communicationis que redescobriu o homem como animal de trocas, tanto de bens económicos como de bens espirituais.
Uma das consequências do processo foi a emergência do mundo que o português ajudou a criar, esse espaço plural e policêntrico de povos, culturas, Estados, Igrejas e comunidades.
Ora, um dos vectores desse tal mundo foi, sem dúvida, a tentativa de criação de sucessivos espaços políticos sujeitos ao domínio do aparelho de poder português. Aquilo que podemos qualificar como a procura de vários impérios, ou, como na modernidade vai dizer-se, de várias áreas de soberania, acrescentadas ao inicial reino dos séculos XII, XIII e XIV.
Portugal e o Algarve, o compósito núcleo inicial do reino, é aumentado, logo no século XV, pelos senhorios conquistados no Algarve de além-mar, em África e na Guiné, até que, com D. Manuel I, passam a visualizar-se os acrescentos de forma já sistemática, falando-se em senhorios de conquista, de navegação e de comércio.
É este o pluralismo do império primeiro, onde há um reino no d’aquém e um senhorio no d’além, tanto à maneira dos antigos Imperadores - pela conquista -, como pelos novos métodos da navegação e do comércio - onde as coisas novas são algo de fluído, sem a rigidez territorialista da quadrícula fronteirizada.
Como o próprio Francisco de Vitória então reconhecia, a novidade portuguesa estava no comércio com as gentes exóticas, as quais não subjugaram e com grande vantagem, ao contrário do modelo madrileno de Carlos V, que persistia na serôdia ideia de monarquia universal e de imperium mundi, enquanto o nosso modelo assumia a modéstia de se constituir como simples intermediário da respublica universalis.
Na prática, podemos assinalar vários impulsos nesse movimento expansivo de acrescentamento. O primeiro, inaugurado pela (re)conquista de Ceuta em 1415, gerou o império marroquino, que teve o seu ponto de regresso com Alcácer-Quibir, em 1578.
O segundo impulso, a partir da viagem de Vasco da Gama, em 1498, levou ao império português do Oriente, muito especialmente ao mundo indo-português, cujo ciclo, depois da queda de Goa, em 18 de Dezembro de 1961, e da invasão de Timor pela Indonésia, em Dezembro de 1975, terminou com a entrega de Macau à China em 20 de Dezembro de 1999.
O terceiro impulso, desencadeado a partir da descoberta oficial do Brasil, em 1500, terminou com a revolta do Ipiranga, curiosamente liderada pelo próprio herdeiro do trono de Portugal, insurgindo-se contra a secura do geometrismo jacobino e mercantil que comandava o revolucionarismo político-militar instalado em Lisboa.
O vintismo português era vítima da balança da Europa de então e das domésticas questiúnculas tanto dos corporativismos militares, que queriam expulsar a tutela britânica e acelerar as promoções, como do interesseirismo dos comerciantes de grosso trato, prejudicados com o fim do monopólio comercial com o Brasil, essa forma de pagamento do frete da viagem da capital para o Rio de Janeiro.
A nova elite dirigente, pouco conhecedora de matérias de política mundial, e nada entusiasmada com a perspectiva armilar do novo Reino Unido, instituído em 1816, quando efectivamente se deu a real independência da América Portuguesa, tratou de pensar nesse Portugal à solta como se ele fosse uma mera quintarola do interior, não ouvindo os avisados conselhos de um Silvestre Pinheiro Ferreira (1769-1846).
Com efeito, no Brasil, o modelo imperial português, começando pelo estabelecimento do senhorio, através de uma pluralidade de capitanias, consistiu fundamentalmente num processo multiplicador orgânico que instaurou, nesse novo mundo, um novo reino, à imagem e semelhança do ponto de partida. Um processo que atingiu o clímax depois da capital da monarquia ter sido transferida para o Rio de Janeiro e da criação do Reino Unido de Portugal e do Brasil.
O impulso mais tardio foi o desencadeado através das feitorias africanas, quando largámos a costa e a mera exploração das companhias majestáticas e nos lançámos nas campanhas de ocupação e no povoamento, sobretudo a partir do último quartel do século XIX, depois da Conferência de Berlim.
O quinto e derradeiro impulso de partida, mas já não de acrescentamento, proveio da emigração dos séculos XIX e XX, principalmente a que, a caminho da Europa central, foi protagonizada, nas décadas de cinquenta e sessenta deste século, pela geração da mala de cartão.
De todas estas viagens levadas a cabo por uma entidade já qualificada como n
nação peregrina, ficaram misturas, memórias, diásporas e, sobretudo, novas sínteses e novas emergências: novos povos, novas unidades políticas e novas culturas miscigenadas, gerando-se um arquipélago de cruzamentos, onde a memória de história comum e da prática de um modo de estar no mundo fez nascer uma civitas amoris.
Uma comunhão promovida tanto pelos parcos agentes oficiais e oficiosos do aparelho de poder central, como também, e principalmente, pelo chamado império sombra, por essa massa de gentes da comunidade à solta, em acção livre de directivas hierárquicas, dos navegantes aos comerciantes, dos missionários aos simples aventureiros, todos eles sempre à procura de um lugar onde, que a mãe-pátria não podia, não queria, ou não sabia propiciar, provocando, em cada um dos que partiam, o paradoxo de uma revolta plena de saudade.
Desse complexo, gerou-se um arquipélago de comunidades. Não apenas portuguesas, não apenas lusíadas e lusófonas, mas também de luso-descendentes, pelo sangue, pela língua, pela cultura, ou então pela memória de um encontro, ou de um sonho, de futuro, através da procura de uma construção conjunta.
Uma comunidade feita em torno das coisas que se amam, um patamar a caminho do mais belo de todos os ideais políticos: a construção de uma república universal, de uma paz pelo direito, marcadas pela afectividade das emoções.
O Portugal persistente ficou simples Europa do Sudoeste, só podendo ser verdadeiramente europeu se assumir uma certa maneira portuguesa de entender a Europa. Dessa Europa que desbravou o mar oceano, para Ocidente e para Sul. Que descobriu a América e o Brasil, que transformou as tormentas em boa esperança e que peregrinou o caminho marítimo para a Índia, a China e o Japão. A Europa que circum-navegou a terra inteira num abraço armilar, como gostava de sublinhar outro dos nossos permanentes mestres, Almerindo Lessa.
Por nós, apenas queremos reconhecer que valeu a pena esse investimento luso-tropical de cinco séculos e que a própria Europa necessita desta visão portuguesa do universo. Porque, como dizia Fernando Pessoa, foi por Portugal, pelos Descobrimentos que se deu a conversão da civilização europeia em civilização mundial.
Voltando a Agostinho da Silva talvez importe proclamar que falta uma realidade mais alta, aquela que nos permite efectivamente fazer do mar, o mar sem fim, aquela que se comporia do que melhor tiveram Ocidente e Oriente, uniria Cristo e Lao-Tseu e nos daria, num eterno sendo e vir a ser, aquele Espírito Santo que á a fusão perfeita do Todo e do seu Nada (1967, p. 48).
Porque, utilizando agora palavras de Fernando Pessoa, só pode conseguir tal intento a nação que for pequena, e em que, portanto, nenhuma tentativa de absorção territorial pode nascer, com o crescimento do ideal nacional, vindo por fim a desvirtuar e desviar do seu destino espiritual o original imperialismo psíquico, o imperialismo dos poetas dura e domina; o dos políticos passa e esquece (1978, p. 164).
Pertencemos àquele grupo de portugueses que continua a considerar como missão a nossa ancestral tendência para nacionalizarmos tendências estrangeiras com a consequente vocação para a simbiose e o hibridismo.
Porque somos mais propensos para a heresia para o dogma, para a heterodoxia do que para a ortodoxia, para a poesia do que para a filosofia. Mais crentes do que especulativos, mais homens de aventura do que calculistas, mais pragmáticos do que empiristas.
Jorge Dias (n. 1907) dizia que o português é um misto de sonhador e homem de acção, ou melhor, é um sonhador activo, a que não falta certo fundo prático e realista ... Mais idealista, emotivo e imaginativo do que homem de acção ... individualista ... possui grande fundo de solidariedade humana e, sobretudo, a saudade, essa mistura de opostos, esse humor nosso merancórico.
Fernando Namora, no discurso do 10 de Junho, de 1978, vem falar na dualidade ou na dialéctica do nosso modo de ser consistindo nessa capacidade de sonho e por assim dizer de desmesura e ao mesmo tempo de reduzir o sonho a coisas bem terrenas como o comércio, o oiro, a conquista lucrativa, essa estranha e inextricável coabitação da generosidade e da cobiça, do desprendimento e do sabor da coisa possuída, da impetuosidade arrojada com o súbito desencanto, da crença que não mede obstáculos com a ressaca derrotista, esse ter asas e, por fim, se bastar com o mísero chão.
Também Agustina Bessa Luís , no discurso de 10 de Junho de 1981, fala no português como poeta, soldado, aventureiro; intelectual e mundano; vítima e herói; experiente e desprecavido. Boa alma e cidadão discutível. Sentimental e capaz de frio juízo sobre todas as coisas. A sua liberdade é interior e não feita à imagem das circunstâncias. Como salienta a mesma ficcionista: nós temos uma cultura afectiva...Somos um povo que sempre quis viver aproximado do estado de natureza, e sempre quis evitar o estado de guerra. Aquele estado de natureza que permite aos homens viverem em comum conforme a razão, sem consentir um superior a quem se outorgue competência além da que as leis conferem (in Camões e a Identidade Nacional, Lisboa, Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 1983, com a recolha dos discursos do 10 de Junho, durante a presidência de Ramalho Eanes).
Eis-nos, mais de um quarto de século volvido sobre a descolonização africana, de novo, no começo, por sobre as ruínas daquilo que muitos vaticinaram ser um Portugal dos tempos do fim. Aliás, muitos portugueses parecem esquecidos daquilo que Gilberto Freyre disse: que o português se tem perpetuado, dissolvendo-se sempre noutro povo a ponto de parecer ir perder-se nos sangues e culturas estranhas. Mas comunica-lhes sempre tantos dos seus motivos essenciais de vida... Ganhou a vida perdendo-a.
Assim, podemos dizer, como Agostinho da Silva, que esta nossa Pátria se realiza quando se abrasa na comunhão do universo, quando se dissolve no que os outros são. Logo, Portugal só o será quando for o mundo inteiro, é que a República Universal nós a poderíamos propugnar melhor que ninguém porque sabemos unir, também nos tempos nossos, de concelho a concelho, a diversidade do mundo (1988, pp. 255 e 267).
A citada frase de Fernando Pessoa, da minha pátria ser a língua portuguesa, implica algumas anotações, como o próprio poeta logo acrescentou, ao salientar que a base da pátria é o idioma, porque o idioma é o pensamento em acção, e o homem é um animal pensante, e acção é a essência da vida. O idioma, por isso mesmo que é uma tradição verdadeiramente viva, concentra em si, instintiva e naturalmente, um conjunto de tradiçöes, de maneiras de ser e de pensar, uma história e uma lembrança, um passado morto que só nele pode reviver, acrescentando que estamos neste mundo, divididos por natureza em sociedades secretas diferentes, em que somos iniciados à nascença; e cada uma tem, no idioma que é o seu, a sua própria palavra de passe (1982, p. 17).
Aliás, a frase serviu de mote para aquilo que o português e cidadãos brasileiro Agostinho da Silva chegou a proclamar: agora Portugal é todo o território de língua portuguesa. Os brasileiros lhe poderão chamar Brasil e os moçambicanos lhe poderão chamar Moçambique. É uma Pátria estendida a todos os homens, aquilo que Fernando Pessoa julgou ser a sua Pátria: a língua portuguesa. Agora é essa a Pátria de todos nós (1988, p. 127).
Diga-se, a este respeito, que se uma nação na Idade Média, era antes de mais, uma língua, eis que nestes últimos anos do século XX, tal asserção pode voltar a ser mobilizadora da Comunidade Lusíada, onde, ao lado do ius soli e do ius sanguinis, tradicionais elementos determinadores de uma nacionalidade, se pode sobrepor um ius linguae, o ser-se natural da língua, como já referia Fernão de Oliveira na sua Gramática.
Mas também não nos esqueçamos do avisado conselho deste mesmo autor: os homens fazem a língua e não a língua os homens. É que qualquer linguagem, especialmente a linguagem poética, ao criar imaginariamente uma nova realidade, gera um significante comunitário de afectos, susceptível de tradução política, se para tanto houver engenho e arte.
O pretexto para tão grandioso sonho radica na circunstância de, no dobrar do milénio, deverem existir cerca de duzentos milhões de seres humanos que terão a língua portuguesa como língua oficial.
Dizemos sonho e não utopia ou acronia. Com efeito, não é utopia porque há lugar e gente para o concretizar; não é ucronia porque a semente já existe. Poderemos qualificar tal projecto como um ideal histórico concreto, conforme a definição de Jacques Maritain, como uma imagem prospectiva, significando o tipo específico de civilização para o qual tende certa idade histórica; não é como as utopias, um ser de razão, mas uma essência de ideal realizável (mais ou menos dificilmente... não como obra feita mas como obra a fazer-se), uma essência capaz de existência e chamando à existência para um dado clima histórico, respondendo seguidamente a um máximo relativo (relativo a esse clima histórico) de perfeição social e política e apresentando somente, - precisamente porque implica uma ordem efectiva para a existência concreta, - as linhas de força e os esboços ulteriormente determináveis de uma realidade futura (1936, p. 140).
Um espaço de lusofonia abrangendo Portugal e as comunidades portuguesas emigradas, com direito a voto no Estado da República Portuguesa, o Brasil, os PALOP, os territórios do antigo Estado da Índia, Timor Loro Sae e todo esse arquipélago de pequenas minorias portuguesas, descendentes de portugueses ou filiadas na cultura portuguesa, que falam ou, pelo papiamento, ainda têm a memória, e saudades de futuro, do palavrar em português.
Resta saber se, entre todos esses lusofalantes, há a hipótese de construir, reconstruir ou consolidar uma comunidade de significações partilhadas (Karl Deutsch, ou um contexto de afinidades, onde muitas identidades podem confluir: não apenas as eurolusitanas, as afrolusitanas e as brasileiras, mas também a de outros luso-partilhantes, como os indo-portugueses, os sino-portugueses, os timorenses, os luso-descendentes de outras diásporas pelo Sul e pelo Oriente, bem como os que, também lusiadamente, se revêem nas terras frias da Europa central ou nas brumas atlânticas.
Com efeito, a possibilidade da Comunidade Lusíada, ou de uma Confederação dos Povos de Língua Portuguesa, abarca um espaço mais amplo que o do lusotropicalismo ou que o do saudosismo lusitano. E não deixa de poder ser a tal partilha, mesmo quando as regras dos prontuários linguísticos não são canonicamente observadas, na língua maternal ou na língua escolar.
Ela tem sobretudo uma dimensão metapolítica, à semelhança do mar sem fim de que falava Fernando Pessoa, constituindo mais uma entidade espiritual que uma organização política, ao revestir a forma de um povo não realizado, a florescer, sem aquele peso da terra e do poder estadual, mas com o sem fim do poder dos sem poder que, no fundo, é a suprema forma de poder, porque a mais metafísica.
Deixem-me acrescentar que, tal como pela etimologia semítica, Ibéria quererá significar passagem, passagem entre a Europa e a África, assim Portugal, onde a terra acaba e o mar começa, sempre foi um cais de partida para o Mar Oceano, o sítio onde as ondas lhe batem nos muros, sempre sensível àquela visão do poder que considera dependendo todo o manejo da monarquia da navegação de frotas e armadas, e dos ventos que se mudam por instantes, como dizia o Padre António Vieira no Sermão de Acção de Graças de 1695.
Conforme Jaime Cortesão, Portugal é o resultado de uma convergência atlântica, dado que tudo impelia a gente portuguesa para o mar... A actividade marítima estava não só nas raízes da nacionalidade, donde sobe como seiva para o tronco, mas é como que a linha medular que dá vigor e unidade a toda a sua história.
Por seu lado, Jorge Dias acentuava que Portugal não teria sobrevivido até hoje, como nação independente, se não tivesse ligado o seu destino ao mar, estabelecendo amarras tão fortes com outras terras e outras gentes (1968, p. 236).
Consideramos, com efeito, que a Comunidade Lusíada é apenas um passo para a recriação do espaço maior, exigindo uma nova leitura da respublica christiana com a Ibéria, a América de Língua Portuguesa, a América de Língua Castelhana e a África dos PALOP e, portanto, pela criação de uma comunidade onde a união ibérica se extinguiria como fantasma, porque é muito mais aquilo que, pelo futuro, nos une, do que aquilo que, no passado, nos dividiu.
O regresso ao futuro de um Mar-Oceano, neste Atlântico a caminho do Sul, talvez deva continuar a senda daquela antiquíssima rota da Índia que, pela Volta da Mina e pela Volta do Sargaço, circundava os Açores e a Madeira, no caminho da Guiné, do Brasil e de Angola. Daquela rota que, depois de varar a Boa Esperança e de refrescar-se no Rio dos Bons Sinais, navegava pelos mares da Índia, da China, da Indochina, do Japão e de Timor. Até porque o Pacífico tende a ser o Atlântico e este, o Mediterrâneo dos próximos tempos...
A viagem que durante cinco séculos encetámos pelos mares, além do mar, e, depois, como bandeirantes, através das selvas e sertões, tornou-nos cidadãos do mundo, vagabundos de um sonho universal. Basta, tão só, que não se perca o pragmatismo da Aventura e o realismo do Sonho. O que levou e continua a levar os Homens aos Descobrimentos é essa ideia eterna de ser o Homem a fazer a História e não a História a fazer o Homem, mesmo sem saber que História vai fazendo. Porque o Homem, dizia Pascal, supera infinitamente o Homem. Porque, como Paul Claudel pôs na boca de Cristóvão Colombo: quanto mais além, mais além ainda.
Meu Atlântico é um Atlântico inteiro, a caminho do Sul, nesse outro lado do mundo, onde há quem queira dar novos mundos ao mundo. Nessa vaigem pela Atântico, a caminho do Sul, os portugueses quiseram ser homens livre. Porque tendo uma visão do paraíso, foram portugueses à solta e ousaram dar novos mundos ao mundo.
Dessa viagem pela liberdade viva ficou pelo menos a mais unida de todas as comunidades de significações partiulhadas actualmente existentes. Aquela que, fiel ao destino bandeirante, tem espaço de terra, espaço de mar e espaço de sonho, para continuar à procura e vivificar a esperança.
A crise deste mundo tem mais a ver como os que temem o abraço armilar. Com os que nnão querem a avanetura. Com procuras sem esperança. Com revoltas sem insolência e que, perdendo o sentido, vão vivendo aos encontrões, alinhando com um sentido da história que outras mãos vão escrevendo.
Por isso recordo um velho mestre de Santo António de Apipucos, uma casa grande não assombrada, onde muitos de despedem da vida que julgam perdida, abraçando uma a uma, todas as palmeiras que nos separam da sanzala. Me apetece voltar sempre a um mar de branca espuma, de corais e recifes. Por mais que o Brasil não queira saber. Por mais que certas eleites não queiram querer, o o Brasil é um Portugal à solta, mas um Portugal que já não há, porque este que hoje somos, é apenas um nome refeito em forma de Europa. Por isso Precisamos do Atlântico a caminho do Sul, para retomarmos o sentido universal, desse que nos levou a diluirmo-nos em todos os outros, onde novos corpos de pátria, podem ganhar alento na mesma alma mãe.
Ser Atântico é viajar no sonho daquela que foi a nossa mátria, dessa memória e dessa identidade, que deu dois corpos, duas pátrias, dois Estados,
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Acredito que fomos poupados a um atentado pelo facto de não termos participado na invasão mas, termos ido só policiar o pós guerra, se é que se pode chamar assim, porque a guerra continuou. Talvez o pós capitulação do regime seja mais correto.


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Não foram só as mortes do 11 de Março que influenciaram as eleições mas também a tentativa de manipular os factos do governo de Asnar, devido à sua participação na invasão do Iraque. Se realmente tivesse sido a ETA a provocar os atentados o resultado seria outro com certeza.
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Caro Mais-um :
Não estou a misturar alhos com bugalhos, e só que não tenho culpa de ter compreesão lenta.
A guerra , em que as nossaa tropas estão envolvidas é á escala global, e as baixas podem ocorrer, qualquer cenário, e as vitimas podem ser civis.
É que as mortes , em civis na sociedades europeias têm mais efeito, veja o caso do 11 de Março em Madrid.
Influenciou o resultados das eleições e posteriormente a participação militar espanhola no Iraque.
A guerra é global meu caro.
Não estou a misturar alhos com bugalhos, e só que não tenho culpa de ter compreesão lenta.
A guerra , em que as nossaa tropas estão envolvidas é á escala global, e as baixas podem ocorrer, qualquer cenário, e as vitimas podem ser civis.
É que as mortes , em civis na sociedades europeias têm mais efeito, veja o caso do 11 de Março em Madrid.
Influenciou o resultados das eleições e posteriormente a participação militar espanhola no Iraque.
A guerra é global meu caro.
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comentário
Caros
Tenho acompanhado os comentários deste tópico ....sem conclusão à vista.
É uma conversa indefinida e que nos antolha para podermos ter uma visão clara e concisa sobre para onde devemos caminhar.
Apenas construímos o devir...Salazar....Abril...Prec...este tempo...apenas são passos que não podemos remediar e apenas devemos aceitar, tentando reorientar-nos sobre a luz que nos alumia.
Temos de sonhar e existe um campo enorme para o efeito. Os nossos maiores no pensamento e na sabedoria, desejaram que construíssemos um império de entusiasmos e de vontades.
É não deixarmos de sonhar e desprezar as cobiças dos recolectores de mais valias, que a coberto de mitos de humanidade, nos baralham o querer em sermos grandes....em sermos coerentes com a nossa proximidade do sincero humano que nos privilegia.
Fomos o que fomos e fizemos o que fizemos...porquê recriminarmo-nos nas acções que os outros, nem sequer tiveram a dignidade de fazer?
Estivemos no vento...Caros...estivemos no vento da liberdade que varreu a Europa....e fomos os primeiros a desfraldar com sinceridade a bandeira da liberdade em África. Vão a Angola para observarem o que fomos e fizemos...mesmo com o nauseabundo das nossas "vidinhas"...fomos humanamente dignos....seja pelo olhar de alegria dos povos com quem lidámos...seja pela confiança de sermos Portugueses e não estrangeiros nessas terras.
Uma noite ...fui jogar bridge a uma empresa petrolífera em Luanda....vi franceses ..holandeses....acossados no ar condicionado do santuário...como entendi, depois, o sorriso franco e encantado da mulher que no km 17 da estrada para Cabo Lêdo me devolveu ao perguntar-lhe porque estava a vender lama seca......e ela a meter a lama à boca a dizer-me que era remédio para as bichas...mas num modo confiante e alegre...
Quem somos?...Tudo se necessário for.....mas soubemos levar humanidade....e é esse o nosso trunfo.
Por acaso vivi todo esse tempo que disseram.....guerra, revolução, descolonização....e depois um retornar a essa terra onde vi amizade e muita confiança nos que foram guerrilheiros com responsabilidades no outro lado.
Apenas senti amizade...quase ternura...e um indelével sentido de companheirismo....e depois professor....nada receie nas palavras.....andámos aos tiros...lutámos....mas agora isso passou e está na história....se lhe fugir a palavra para o inconveniente...nada receie ...está connosco e estamos juntos....era uma turma de generais Angolanos...no intervalo sequei a camisa ao ar....o ar condicionado apenas fazia vento e o ar era quente e humído de abafado.
A Europa?..Está ao lado deste nosso ser....Portugal será sempre uma matriz cultural....e há tanto mundo para sermos.
cumps
Tenho acompanhado os comentários deste tópico ....sem conclusão à vista.
É uma conversa indefinida e que nos antolha para podermos ter uma visão clara e concisa sobre para onde devemos caminhar.
Apenas construímos o devir...Salazar....Abril...Prec...este tempo...apenas são passos que não podemos remediar e apenas devemos aceitar, tentando reorientar-nos sobre a luz que nos alumia.
Temos de sonhar e existe um campo enorme para o efeito. Os nossos maiores no pensamento e na sabedoria, desejaram que construíssemos um império de entusiasmos e de vontades.
É não deixarmos de sonhar e desprezar as cobiças dos recolectores de mais valias, que a coberto de mitos de humanidade, nos baralham o querer em sermos grandes....em sermos coerentes com a nossa proximidade do sincero humano que nos privilegia.
Fomos o que fomos e fizemos o que fizemos...porquê recriminarmo-nos nas acções que os outros, nem sequer tiveram a dignidade de fazer?
Estivemos no vento...Caros...estivemos no vento da liberdade que varreu a Europa....e fomos os primeiros a desfraldar com sinceridade a bandeira da liberdade em África. Vão a Angola para observarem o que fomos e fizemos...mesmo com o nauseabundo das nossas "vidinhas"...fomos humanamente dignos....seja pelo olhar de alegria dos povos com quem lidámos...seja pela confiança de sermos Portugueses e não estrangeiros nessas terras.
Uma noite ...fui jogar bridge a uma empresa petrolífera em Luanda....vi franceses ..holandeses....acossados no ar condicionado do santuário...como entendi, depois, o sorriso franco e encantado da mulher que no km 17 da estrada para Cabo Lêdo me devolveu ao perguntar-lhe porque estava a vender lama seca......e ela a meter a lama à boca a dizer-me que era remédio para as bichas...mas num modo confiante e alegre...
Quem somos?...Tudo se necessário for.....mas soubemos levar humanidade....e é esse o nosso trunfo.
Por acaso vivi todo esse tempo que disseram.....guerra, revolução, descolonização....e depois um retornar a essa terra onde vi amizade e muita confiança nos que foram guerrilheiros com responsabilidades no outro lado.
Apenas senti amizade...quase ternura...e um indelével sentido de companheirismo....e depois professor....nada receie nas palavras.....andámos aos tiros...lutámos....mas agora isso passou e está na história....se lhe fugir a palavra para o inconveniente...nada receie ...está connosco e estamos juntos....era uma turma de generais Angolanos...no intervalo sequei a camisa ao ar....o ar condicionado apenas fazia vento e o ar era quente e humído de abafado.
A Europa?..Está ao lado deste nosso ser....Portugal será sempre uma matriz cultural....e há tanto mundo para sermos.
cumps
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"Emprestar dinheiro a quem precisa"
Porque não? Eu já vi perdoar dividas a quem não precisa, o Durão com uma divida de angola.
Os processadores nos computadores não têm de ser sempre topo de gama, desde que cumpram a função serve qualquer um.
Sem ofensa também.

Porque não? Eu já vi perdoar dividas a quem não precisa, o Durão com uma divida de angola.
Os processadores nos computadores não têm de ser sempre topo de gama, desde que cumpram a função serve qualquer um.
Sem ofensa também.

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razalas Escreveu:Ok mais_um, vou mudar o meu discurso, você convenceu-me.
Afinal eu vivo num país maravilhoso com uma economia pujante e com um nivel de vida capaz de fazer inveja a qualquer país nórdico.
lamento a minha anterior forma de pensar, afinaleu andava errado ao não ver que portugal é dos países mais produtivos do mundo, com uma competitividade que faz inveja a qualquer um.
Tal como previu socrates a economia Portuguesa vai passar ao lado da crise que só atacou países de baixo nível como os EUA, a Alemanha, a Inglaterra entre outros minorcas.
Agora países desenvolvidos como Portugal, Burkina Faso, Haiti etc. com toda a certeza que ainda vão emprestar dinheiro a quem precisa.
Aproveito tambem para dizer, que casos como o apito dourado, Casa Pia, ou Freeport não passam de cabalas inventadas por gente que tem tiques de direita.
A todos aqueles que vão arriscar a vida em nome de nada o meu obrigado, pois é uma atitude de elevada nobreza, abandonar aquilo que nos pertence para lutar no mesmo local mas por aquilo que pertence aos outros.
Para terminar, gostava ainda de dizer que só não crescemos mais porque ainda não chegou mão-de-obra proveniente dos países mais miseráveis como os EUA.
Técnologicamente, não existe computador nenhum como o nosso magalhães mesmo sendo o processador dos primatas da INTEL.
Boa noite e...
áté amanhã
Sem ofensa, claro.
Foi só uma graçola.
Está a desconversar sem necessidade, nunca afirmei tal coisa, já referi num outro post que nunca convidaria nenhum dos nossos actuais politicos para minha casa, esqueça os politicos, são apenas nomes, diga-me é como conseguimos dar a volta à situação.
Sem ofensa, claro

Ok mais_um, vou mudar o meu discurso, você convenceu-me.
Afinal eu vivo num país maravilhoso com uma economia pujante e com um nivel de vida capaz de fazer inveja a qualquer país nórdico.
lamento a minha anterior forma de pensar, afinaleu andava errado ao não ver que portugal é dos países mais produtivos do mundo, com uma competitividade que faz inveja a qualquer um.
Tal como previu socrates a economia Portuguesa vai passar ao lado da crise que só atacou países de baixo nível como os EUA, a Alemanha, a Inglaterra entre outros minorcas.
Agora países desenvolvidos como Portugal, Burkina Faso, Haiti etc. com toda a certeza que ainda vão emprestar dinheiro a quem precisa.
Aproveito tambem para dizer, que casos como o apito dourado, Casa Pia, ou Freeport não passam de cabalas inventadas por gente que tem tiques de direita.
A todos aqueles que vão arriscar a vida em nome de nada o meu obrigado, pois é uma atitude de elevada nobreza, abandonar aquilo que nos pertence para lutar no mesmo local mas por aquilo que pertence aos outros.
Para terminar, gostava ainda de dizer que só não crescemos mais porque ainda não chegou mão-de-obra proveniente dos países mais miseráveis como os EUA.
Técnologicamente, não existe computador nenhum como o nosso magalhães mesmo sendo o processador dos primatas da INTEL.
Boa noite e...
áté amanhã
Sem ofensa, claro.
Foi só uma graçola.
Afinal eu vivo num país maravilhoso com uma economia pujante e com um nivel de vida capaz de fazer inveja a qualquer país nórdico.
lamento a minha anterior forma de pensar, afinaleu andava errado ao não ver que portugal é dos países mais produtivos do mundo, com uma competitividade que faz inveja a qualquer um.
Tal como previu socrates a economia Portuguesa vai passar ao lado da crise que só atacou países de baixo nível como os EUA, a Alemanha, a Inglaterra entre outros minorcas.
Agora países desenvolvidos como Portugal, Burkina Faso, Haiti etc. com toda a certeza que ainda vão emprestar dinheiro a quem precisa.
Aproveito tambem para dizer, que casos como o apito dourado, Casa Pia, ou Freeport não passam de cabalas inventadas por gente que tem tiques de direita.
A todos aqueles que vão arriscar a vida em nome de nada o meu obrigado, pois é uma atitude de elevada nobreza, abandonar aquilo que nos pertence para lutar no mesmo local mas por aquilo que pertence aos outros.
Para terminar, gostava ainda de dizer que só não crescemos mais porque ainda não chegou mão-de-obra proveniente dos países mais miseráveis como os EUA.
Técnologicamente, não existe computador nenhum como o nosso magalhães mesmo sendo o processador dos primatas da INTEL.
Boa noite e...
áté amanhã
Sem ofensa, claro.
Foi só uma graçola.
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PETRONIO Escreveu:Caro Zenith:
Continuo a afirmar que economia , estava pujante , e a crescer a um ritmo muito acelarado, as estatisticas comprovam , e quem viveu nessa época pode confirmar.
Mas ao mesmo tempo houve uma migração interna , das aldeia para as cidades do litoral e a emigração.
Tal como aconteceu na Espanha , Italia , etc.
Se não tivesse havido o 25 de abril , os país estaria muito melhor, basta ver a vizinha Espanha , que não teve im PREC e mais de um milhão de retornados.
Olhe o meu pai, a minha mae e outros familiares meus, viveram nessa epoca e tem uma opinão contraria à sua, provavelmente porque não eram da classe media....provavelmente se fossem, hoje eu teria a mesma opinão que o senhor tem actualmente
Se o Caetano abrisse o regime à democracia, não tinha existido o 25 de Abril e provavelmente estariamos muito melhor, sem duvida!
razalas Escreveu:Aquilo que defendo é que logo a seguir a 74, entrámos num processo de quase autodestruição.
.
Infelizmente os excessos antes de 74 provocaram outros excessos, é verdade que de uma perspectiva economica perdemos muito a seguir a 74, os culpados foram os que durante o antigo regime não souberam/quiseram evitar que isso acontecesse.
razalas Escreveu:O defender alguns actos do passado (não todos) não quer dizer que seja um ditador.
Assim como o criticar o passado não deveris ser sinónimo de que se esteja de acordo com o presente.
Concordo em absoluto, onde é que assino?

Cumprimentos,
Alexandre Santos
PETRONIO Escreveu:Caro mais-um:
Muito cuidado com estatisticas , por vezes , são muito enganadoras , porque , não sabe quais são critérios utilizados, e mesmo se estão ser bem utilizados, e qual foi o critério da recolha da informação.
Porque as estatisticas , servem por vezes para a propaganda politica. Muito cuidado.
Será que a estatistica, está ter em linha de conta com os portugueses que trabalham na construção civil e se deslocam 15 e 15 dias, ou são considerados residentes em Portugal, olhe que são muitos , será que os 80.000 que estão em Angola são considerados emigrantes ?
A quantidade de portugueses que estão na Inglaterra , França, Irlanda , etc , estão bem contabilizados, ou estão não registados, e a trabalhar de uma forma ilegal.
Existem muitas questões, que nem os senhores que fazem as estatisticas, as sabem responder on ponderar e quantificar.Mas é um problema real.
Mas não se preocupe, quanto aos números , que eles vão subir em exponencial, e as " estatisticas" já estarão largamente ultrapassadas hoje.
No Afeganistão , já houve uns feridos, mas a verdadeira guerra ainda não começou, vai começar, é tudo uma questão de tempo, estou muito péssimista.
O 11 de Março em madrid, e 11 de Setembro, e no atentado em Londres, não houve baixas !!!
Se um dos atentados tivesse ocurrido em Portugal ?
Desculpe, quem falou em atentados? Estou a falar de baixas em combate de tropas portuguesas fora do territorio nacional, não misture alhos com bugalhos!
PETRONIO Escreveu:Caro Zenith:
Continuo a afirmar que economia , estava pujante , e a crescer a um ritmo muito acelarado, as estatisticas comprovam , e quem viveu nessa época pode confirmar.
Mas ao mesmo tempo houve uma migração interna , das aldeia para as cidades do litoral e a emigração.
Tal como aconteceu na Espanha , Italia , etc.
Se não tivesse havido o 25 de abril , os país estaria muito melhor, basta ver a vizinha Espanha , que não teve im PREC e mais de um milhão de retornados.
Então continua por resolver a contradição.
Mas quem tem obsessões em vez de ideias raramaente é incomodado por questões de lógica

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razalas Escreveu:Podia começar por cortar a entrada de mão de obra estrangeira por exemplo.
Não percebo!...como é possivel com a taxa de desemprego que temos actualmente, continuarmos a importar mão-de-obra estrangeira com a unica finalidade de baixar os custos.
Isso não é verdade, nós não importamos mão-de-obra, tendo em conta que os países de Leste fazem parte da UE não podemos proibir a entrada deles, a questão é que eles estão dispostos a trabalhar por menos do que os nossos trabalhadores, algo que acontece também para onde os portugueses vão trabalhar, vejam o caso da construção da refinaria em Inglaterra.
Os Portugueses devem considerar a Europa como o seu espaço natural e onde devem procurar emprego, tenho amigos meus que foram trabalhar para o estrangeiro e não foram trabalhar para as obras, alguns são cientistas, porque há boas oportunidades, é como alguém do interior, tipo Bragança ir trabalhar par ao Porto, deixem de ter vistas curtas!
razalas Escreveu:Claro que isso alimenta só o bolso de meia-duzia de "meninos" que baixam os vencimentos dos seus empregados enchendo o bolso deles.
Quem quer trabalhar por meia-duzia de tostões trabalha e passa fome, quem não quiser está ali um qualquer Brasileiro ou Ucraniano para ocupar a vaga.
Há muitos portugueses a fazer o mesmo por essa Europa fora, principalmente em Espanha, o problema do desemprego não se resolve dessa maneira, pergunte a um licenciado em sociologia se quer ir trabalhar para um restaurante?
razalas Escreveu:Relativamente à produtividade, enquanto continuarmos a ser o país das obras publicas nunca seremos produtivos.
Tem de se investir em meios produtivos e não em cimento, com isso não se resolve o problema, remedeia-se por uns tempos e mais tarde agrava-se.
Defina meios produtivos, não conheço nenhum país onde se crie empregos por decreto, ou melhor até existia, mas levaram o estado à falência, se procurar um pouco na história verifica que um meio de sair da depressão de 1929 utilizado pelos americanos foi as obras publicas.
razalas Escreveu:
O que deu o Euro ao país? Quantos estádios são rentáveis?
O Euro deu algumas coisas positivas ao país, pergunte aos industriais hoteleiros, quanto é que significou para o PIB em 2004? O seu comentário parece o mesmo quando comentam o número de mortos no Carnaval do Rio de Janeiro, mas ninguém fala do numero de nascimentos 9 meses depois....Provavelmente em vez de 10 estádios teriam bastado 6 estádios,.
razalas Escreveu:
E o TGV? como é possivel que se vá entrar neste projecto para se poupar vinte minutos de Lisboa ao Porto?
Eu estou a tentar ter uma troca de ideias séria, parto do principio que saiba fazer contas, veja quanto demora actualmente uma viagem de comboio para o Porto e quanto vai demorar com o TGV, se continuar a dizer que é apenas 20 minutos tem que voltar à escola.


razalas Escreveu:
Pergunto ainda porque não tem a suécia ou a Noruega TGV?
Pelo que eles dizem a dimensão territorial do País não justifica.
Se conhecer a geografia da Noruega percebe porque eles não tem TGV, se nem sequer tem linha de comboio normal do norte para o sul, nem auto estradas, quanto mais ter TGV, os portugueses tem a mania de falarem do que não conhecem, você como bom português que é respeita a regra. Sobre a Suécia é algo semelhante, veja a distribuição geográfica da população, veja que eles para comunicarem com a Europa têm que atravessar o mar Báltico, como disse atrás, a ligação a Madrid parece-me essencial, ao Porto para mim não é prioritário .
razalas Escreveu:
Cimento, cimento cimento...
Loby do cimento e nada mais.
Produtividade zero.
Curiosamente , a vizinha Espanha está mal porque as obras publicas e a construção civil estão de rastos, será que o nosso lobby do cimento também atacou em Espanha???
Eu sugeri medidas para resolver o desemprego, TGV e cimento não o resolvem, diga-me como vai resolver o problema dos desempregados licenciados em sociologia, historia, direito, recursos humanos, geografia, gestão, economia, etc....?
Cumprimentos,
Alexandre Santos
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