Afinsa/Fórum: Artigo do Financial Times
Leitura importante em http://www.filateliadigital.com/actual.htm#
Enero de 2005 - LA FALSA INVERSIÓN FILATÉLICA
e
Febrero de 2005 - INVERSIÓN FILATELICA
Enero de 2005 - LA FALSA INVERSIÓN FILATÉLICA
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Febrero de 2005 - INVERSIÓN FILATELICA
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein
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Dado o interesse para o público espanhol deste artigo, gostaria de pedir a que se alguém aqui se prestasse a traduzi-lo em Espanhol, eu ficaria imensamente agradecido.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein
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Artigo que resume a história e conclusões:
http://www.******.com/artigo.php?id=303
http://www.******.com/artigo.php?id=303
E se algo que está a ser apresentado aos investidores em geral como um investimento alternativo, em Bens Tangíveis, fosse algo de mais sinistro?
E se esse algo já tivesse captado mais de 5000 milhões de Euros, e no entanto existissem razões para duvidar da legalidade ou sustentabilidade do esquema?
É essa a dúvida que já andava no ar, e que agora encontrou mais força ainda num artigo recente publicado no Financial Times de 27 de Setembro de 2005, cujo texto se pode consultar no link seguinte:
http://www.******.com/forum/viewtopic.php?t=2727
A Suspeita Inicial
Já há alguns anos que ouvimos falar em Portugal das propostas de investimento da Afinsa e da Fórum Filatélico. Essas propostas consistem num negócio em que o investidor compra um pacote de selos, com a garantia de este lhe ser re-comprado num ponto do futuro com uma taxa de rendibilidade pré-estabelecida. Taxa essa altamente atractiva no ambiente actual de baixas taxas de juro (cerca de 7% líquidos).
É aqui que começam a surgir as suspeitas. Esta taxa de rendibilidade garantida está acima da taxa a que estas empresas se poderiam financiar junto da banca se fossem tão lucrativas quanto dizem ser. Não faria portanto sentido terem todo o custo de estrutura e comissionamento para obterem uma taxa superior à que poderiam também obter junto de uma só entidade, sem estrutura nem comissões.
Além disso, outra duvida surgiu. O principal argumento de venda é a taxa de juro líquida garantida, e no entanto na publicidade isso raramente é referido, só se sabendo da mesma nos prospectos e em contacto pessoal. Isto mesmo podem constatar visitando os sites www.afinsa.es e www.forum-filatelico.es. Muitos argumentos, mas falta o principal ... a taxa de juro líquida garantida. Ora, é óbvio que esse é o principal ponto de venda. Porque o escondem?
Sem Regulador
A resposta começa a desenhar-se. A taxa de juro líquida garantida é escondida e só revelada pessoalmente, porque não querem ser vistos como um negócio financeiro (apesar de objectivamente a grande maioria dos investidores ali aplicar o dinheiro precisamente na mira de obter essa taxa de rendibilidade “sem risco”). E porque não querem ser vistos como um negócio financeiro?
Porque, tal como a CNMV explica no seu site, estes negócios presentemente não são regulados por ninguém! E, diga-se, não parece que queiram ser. (para ver esta advertência, ir a www.cnmv.es, e escolher “Advertências”, “Bienes Tangibles”).
Valorização
Mas, o que o artigo do Financial Times vem introduzir de novo, é que as suspeitas não se ficam apenas por aqueles pontos leves... não, o Financial Times parece ter descoberto algo mais. Especificamente, o Financial Times descobriu que a valorização do conjunto de selos atribuído por estas entidades aquando do investimento é fortemente díspar da valorização dos mesmos selos no mercado real, ou na generalidade dos catálogos filatélicos.
E o mesmo foi confirmado pela OCU (organização de defesa dos direitos do consumidor espanhola), e o mesmo foi ainda confirmado por inúmeros filatelistas nos mais variados sites de filatelia na Internet, como se pode constatar nas discussões para as quais ligamos abaixo:
http://www.ciao.es/Comentarios-sobre-Op ... ico_899939
http://www.agoradefilatelia.net/viewtop ... sc&start=0 (discussão do Tema Europa, onde a Fórum Filatélico faz os seus “investimentos”. Notar particularmente a discussão a partir do final da 9ª página)
Ora, o que é que isto implica? Bem, implica que a principal garantia que estas empresas entregam ao investidor, os selos que supostamente valorizariam os aproximadamente 7% ao ano por contrato, na realidade valem muito menos. O que tem 2 consequências:
Se o esquema estoirar, o investidor perde 90% ou mais do seu investimento;
Por outro lado, a rendibilidade prometida é completamente impossível, pois para os selos atribuídos passarem do seu valor real ao valor “teórico”+7%, teriam que em alguns casos subir mais de 1000%!
Isto, leva-nos a outro ponto ...
A Contabilização
Pelo que o Financial Times conseguiu apurar, estas entidades não registam os montantes em dívida aos investidores no seu balanço como Passivo. E obviamente, também não registarão como Activo o valor dos selos. Assim, as responsabilidades para com os investidores são Passivo fora do balanço, e os selos destes são Activo fora do balanço.
Ora, como já vimos, os selos valem muito menos no mercado real, pelo que este Activo fora do balanço pode chegar a valer apenas 5-10% do seu valor teórico. No entanto, as responsabilidades fora do balanço mantêm o seu valor nominal. Ora segundo o Financial Times os valores das responsabilidades fora do balanço seriam de cerca de 1.2 Bilhões de Euros na Afinsa e 3.8 Bilhões no Fórum Filatélico. Se o activo fora do balanço representar 50% disso na Afinsa e 10% na Fórum (nos sites de filatelia discute-se que as tabelas da Fórum são muito mais exageradas), isso representaria responsabilidades fora do balanço líquidas de 600 milhões de Euros na Afinsa, e 3.4 Bilhões no Fórum Filatélico. (Estimativas).
O problema, claro, é que de situação líquida, em 2003 a Afinsa tinha apenas 40 milhões de Euros, e a Fórum Filatélico em 2004 tinha 288 milhões de Euros.
Ou seja, a fazer fé nestes números apurados pelo Financial Times, ambas estas empresas poderão já estar insolventes. Só falta a crise de liquidez que demonstraria esta teoria. O chamado “Bank Run”.
Diga-se que é comum (o CEO da Fórum Filatélico assim fez no artigo do FT) dizer que estas empresas estariam insolventes se os clientes todos quisessem levantar o seu dinheiro ao mesmo tempo, mas que os bancos também estariam na mesma situação. Ora, isto tem um quê de verdade, pois o activo de um Banco que suporta o seu Passivo (depósitos de clientes) não é realizável tão rapidamente quanto esses depósitos podem ser pedidos pelos clientes. Mas por outro lado, tal opinião obscurece um facto muito importante: SE for dado tempo a um banco para realizar o seu Activo, ele teoricamente consegue fazer face a todo o seu Passivo, porque o banco tem uma Situação Líquida positiva (um Activo superior ao seu Passivo).
Ora, isso NÃO acontece nestes esquemas filatélicos, porque como vimos, as responsabilidades fora do balanço EXCEDEM a soma dos activos fora do balanço com a Situação Líquida destas empresas. Ou seja, estas empresas nem que lhes seja dado tempo conseguem satisfazer a totalidade das suas responsabilidades. Elas falham “by design”, e estão dependentes de entradas de capital constantes de novos investidores. Exactamente como Charles Ponzi ou a Dona Branca (embora estes pagassem taxas de rendibilidade muito mais elevadas).
Dimensão do Mercado
Algo inevitável dada a natureza destes investimentos, é que as duas empresas citadas venderam 1.1 bilhões de Euros de selos nestes esquemas no último ano, as responsabilidades totais ascendem já a 5 Bilhões de Euros, e no entanto estima-se que um mercado filatélico desenvolvido como o do Reino Unido só tenha cerca de 52 milhões de Euros de transacções por ano. Obviamente, isso faria do esquema de investimento O MERCADO. Não existiria um mercado exterior para absorver os selos em caso de necessidade de venda.
Solvabilidade
Uma coisa interessante deste esquema, é que dado que as taxas prometidas são baixas em termos absolutos (cerca de 7%/ano), é que seria possível que mesmo se tratando de Ponzis lentos, estes esquemas fossem viáveis.
Para tal, bastaria que o dinheiro que é captado na venda do produto de investimento fosse aplicado em outros activos que gerassem uma rendibilidade superior à prometida acrescida de custos de distribuição e comissionamento.
Porém, e tendo em conta os números públicos citados pelo Financial Times, tal parece não estar a acontecer, pois as responsabilidades extra-balanço para com os investidores excedem largamente a soma dos activos extra-balanço (selos) a preços de mercado com a situação líquida destas empresas.
Conclusão
Todos estes dados apontam para que estas empresas sejam segundo a minha opinião, com elevada probabilidade, Ponzis (Donas Brancas) lentos e infelizmente, não regulados. Os números publicamente disponíveis, tal como apresentados no artigo do Financial Times, apontam para que os esquemas estejam já vastamente insolventes, sobrevivendo no entanto porque ainda não se produziu uma crise de liquidez.
No entanto, a minha estimativa é de que assim que se produza essa crise de liquidez, eventualmente motivada pela apresentação do esquema num jornal espanhol de grande circulação, estes esquemas finalmente estoirem. Tal como, de resto, já aconteceu a vários esquemas similares em Espanha, tais como a Gsell ou a Banfisa.
Além destas duas empresas, uma terceira embora não filatélica levanta também dúvidas equivalentes: a Arte y Natureza (que não sei se estará presente em Portugal).
Comentários
Existe no fórum o seguinte tópico destinado a comentar este artigo:
http://www.******.com/forum/viewtopic.php?t=2715
Até à próxima. O meu Mail é incognitus@******.com. Agradeço informações e perguntas interessantes. Nunca se esqueçam de ler os artigos que estão no histórico, não olhem só para o último.
Disclaimer: Este comentário é um artigo de opinião e nunca uma recomendação de compra ou venda. Alerta-se ainda que a compra ou venda é da responsabilidade do investidor bem como o lucro ou perda daí existente. O Autor pode ter, e provavelmente tem, posições nos títulos referidos neste artigo. Em caso de dúvidas, deverá o investidor procurar um intermediário financeiro, a Euronext, ou a CMVM.
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"Optical Character Recognition". Permite fazer um scan (que é intrinsecamente gráfico) e depois transformar a imagem em texto tal como o postado aqui.
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Afinsa/Fórum: Artigo do Financial Times
Aqui está o artigo do Financial Times, se tiver pequenos erros vem do facto de que foi capturado com um scanner e OCR.
Cheque is in the post in stamp scheme
>By Leslie Crawford
>Published: September 27 2005 03:00 | Last updated: September 27 2005 03:00
»
High property prices, low interest rates and a bumpy stock market have driven hundreds of thousands of Spanish investors to place their savings in stamps.
With 10-year government bonds yielding just 3.3 per cent, Spaniards have invested more than €5bn ($6bn) in unregulated stamp-investing schemes that offer annual returns of up to 8 per cent.
Financial chat rooms on the internet are abuzz with the high returns offered by Afinsa - the world's largest stamp dealer and. after Sotheby's and Christie's, the third-largest player in all collectables - and Forum Filatelico, although little is said about the stamps supposed to be underpinning the schemes.
Consumer groups are concerned that the two companies are attracting investors who know little, if anything, about stamps.
"We are talking about totally unregulated financial investments," says Enrique Garcia of OCU, a Spanish consumer defence organization. "If these companies were to go bust, investors would only have their stamps to fall back on. That is why it is paramount to know the true value of the stamps on the open market."
Afinsa has sold €1.2bn worth of stamps to 143,000 clients, who have the right to sell them back to Afinsa at the end of the investment period. The company reported €40m in capital and reserves in 2003.
Forum Filatelico, for its part, estimates it has €3.8bn in outstanding repurchase contracts with its 200,000 clients spread over the next 15 years, compared with capital and reserves of €288m at the end of 2004.
"If all our clients wanted their money back at the same time, we would go bankrupt. But so would a bank," Francisco Briones, chairman of Forum Filatelico, said in an interview. "We have capitalised the company to make it as solvent as possible."
Afinsa says it is not obliged to record the total value of savings schemes sold to investors as a liability, as a bank would, because investors can choose to keep their stamps, or sell them on the open market. The repurchase contract, Afinsa says, is a "residual question".
But OCU, the consumer defence group, says it was unable to find a buyer on the open market for a set of Afinsa stamps it acquired for €600.
"We were offered only 5 per cent of the original purchase price if we wanted to sell Afinsa's stamps on the open market," OCU says in a special report on investing in collectables, which concludes that these investments are too risky for a non-specialist.
Afinsa says its prices are based on the "most prestigious philatelic catalogues in the world". But philatelic experts in the UK say catalogue prices are a reference only, and that it is the norm for stamp dealers to offer deep discounts on catalogue valuations. "Quality is everything." says Andrew Claridge, a partner at Grosvenor Philatelic Auctions, one of the top auction houses in the UK. "The variation in price is extraordinary. A superb stamp might fetch more than its catalogue value at an auction, whereas one in bad condition may be worth only a fraction of its catalogue price."
Forum Filatelico, which only sells sets of Europa theme stamps - series printed by European post offices each year since 1956 to mark the birth of the Common Market - admits that it charges its clients up to 10 times catalogue value for its stamps. "It is normal to charge our clients 8-10 times catalogue prices because of the services we provide, including the custody and conservation of stamps, the drawing up of contracts and the repurchase guarantees," said Mr Briones.
"We publish lists of prices for our clients, in which the sale and purchase price are the same. Our prices have nothing to do with catalogues, they are only for our clients. You could say it is a closed market."
Stamp dealers say it is only by operating a closed market that Forum Filatelico can sustain such inflated prices for its stamps. "There are huge quantities of Europa theme stamps in the market." says Tristan Brittain, a stamp dealer in the UK. "Anyone can buy them, but I would not recommend them as an investment."
In the UK, the annual trade in rare stamps is estimated at £?0m ($53m). according to Stanley Gibbons, the leading stamp dealer in the UK.
So the sheer volume of alleged investment-grade stamps being sold by Afinsa and Forum Filatelico - totalling more than €l.lbn last year - is raising eyebrows in the stamp collecting world. As a result, insurers at Lloyd's of London have questioned Forum Filatelico and Afinsa on the value they are placing on their stamps, which underpin policies worth about €1.2bn for each company.
Hiscox, a specialist insurer at Lloyd's, cancelled its policies with the two Spanish companies this summer because it became unhappy with "the insurance-to-value mismatch", meaning that the sums insured were much higher than the real, open-market value of the stamps, according to Charles Dupplin at Hiscox.
Mr Dupplin, a member of the Royal Philatelic Society, travelled to Madrid in June to inspect the stamps in Forum Filatelico's vaults.
"They were just pretty bits of paper," Mr Dupplin told the FT. He added that he doubted the investment value of Forum Filatelico's Europa-theme stamps.
It is understood that other insurers at Lloyd's are reviewing their policies with the two Spanish companies.
In an interview, Mr Briones vigorously disputed Mr Dupplin's assertions. "One thing is to be a stamp collector, another thing is to be in the business of stamps. I cannot consent that he should disparage our business," he said.
Afinsa, in written answers to questions submitted by the FT, said: "The fact that one underwriter out of 150 has chosen to withdraw its policy does not worry us in the least."
Unlike Forum Filatelico, Afinsa sells a broader selection of stamps, as well as art and antiques. It has become a big name in the global stamp market after acquiring auction houses in Europe, Asia and the US, where it owns a 70 per cent stake in Nasdaq-listed Greg Manning Auctions (GMAI).
GMAI acts as the exclusive supplier of collectables, primarily stamps and coins, for Afinsa on a worldwide basis. In the financial year ending June 30 2005. according to GMAI's filings to the US Securities and Exchange Commission, Afinsa accounted for 51 per cent of GMAI's total revenues and 72 per cent of its gross profits. GMAI's profit margins on sales to Afinsa are eight times higher than on sales to other clients.
GMAI and Afinsa say the value of their transactions "are substantially equivalent to what would be charged by a clearly independent party".
But a US hedge fund, which is shorting GMAI stock, retorts: "It is peculiar, to say the least, that Afinsa is willing to pay GMAI an enormous premium on its stamp purchases.
"The result, however, is obvious: Afinsa supports strong profits for GMAI and thus a higher share price for its biggest asset."
Consumer groups and insurers are pressing Spain's financial authorities to tighten supervision over Afinsa and Forum Filatelico to safeguard the savings of hundreds of thousands of small Spanish investors.
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