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Caldeirão da Bolsa

Jerónimo Martins - Tópico Geral

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por pdcarrico » 23/3/2011 2:19

heidje Escreveu:Todas as críticas que me apontas partem sempre do princípio da "expectativa futuras de crescimento". Como sabes, sigo a metodologia value de Graham que, por sinal, abstém-se dessas expectativas, abstraindo-se, em parte, das growth stocks. É uma análise virada para o passado e nunca para o futuro. Essa discussão já foi feita em posts anteriores pelo que não vou dar continuidade.


O facto é que no passado a empresa tem experimentado ritmos de crescimento expressivos. Com base nesse registo passado é que há essa expectativa.

Encontrei num R&C de uma empresa um valor registado em activo sob a designação "Diferenças de consolidação". Esse valor corresponde a uma unidade fabril comprada e que contabilisticamente valia zero (ou próximo disso). Depois da compra passou a valer contabilmente 200 milhões. Faz sentido? Sim, é que o valor financeiro já lá estava, apesar de em balanço não aparecer.

Agora imagina que a JM vende as lojas pingo doce e Biedronka a outro operador. A compra é lançada no activo pelo valor de aquisição. E aí sem mudar nada na empresa passas automaticamente a ter um rácio de valor de mercado/valor contabilístico completamente diferente. Até Graham ou Buffet entenderiam isso.

Mais importante que o valor de registo das lojas, é o que elas valem em termos de rendimento ou eventualmente de liquidação. Naturalmente que o balanço é uma referência, mas é responsabilidade do investidor verificar uma imparidade financeira ou um valor escondido em cada activo importante.

heidje Escreveu:Neste post apenas comentei o artigo do JN. A minha intervenção prende-se apenas com a qualidade do artigo. Nada mais!

Nota técnica: ..." O excesso de activos correntes sobre os passivos correntes é muitas vezes referido como «activo corrente líquido» ou como «capital circulante» (ou ainda, «fundo de maneio»?)."...
(NIC 13, ponto 3)


Como disse é uma questão de semântica. Repara que o texto diz "...muitas vezes referido...". E por acaso também usa a terminologia que eu usei - "capital circulante negativo".

Para mim activo líquido é um activo bruto deduzido da amortização. Compreenderás então porque prefiro usar a expressão "capital circulante negativo". É que activo (seja líquido ou bruto) é coisa que nunca pode ser negativa.

Apesar disso há quem use essa terminologia que humildemente entendo pouco correcta, apesar de poder ser usada ... aliás tu próprio usaste.
Pedro Carriço
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por heidje » 23/3/2011 1:58

pdcarrico Escreveu:Sobre o artigo não vou falar porque não o li. Sobre a avaliação fundamental da JM, acho que a avalias de uma forma muito ligeira e esquecendo questões importantes.


Todas as críticas que me apontas partem sempre do princípio da "expectativa futuras de crescimento". Como sabes, sigo a metodologia value de Graham que, por sinal, abstém-se dessas expectativas, abstraindo-se, em parte, das growth stocks. É uma análise virada para o passado e nunca para o futuro. Essa discussão já foi feita em posts anteriores pelo que não vou dar continuidade.

Neste post apenas comentei o artigo do JN. A minha intervenção prende-se apenas com a qualidade do artigo. Nada mais!

Nota técnica: ..." O excesso de activos correntes sobre os passivos correntes é muitas vezes referido como «activo corrente líquido» ou como «capital circulante» (ou ainda, «fundo de maneio»?)."...
(NIC 13, ponto 3)
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por pdcarrico » 23/3/2011 1:17

Olá,

heidje Escreveu:Olá.
Algumas considerações:

1º Onde é que no teu discurso há argumentos que indiquem que os factos por mim sublinhados não vão de encontro ao pensamento de Warren Buffett?


Eu não disse que a JM é uma empresa que interesse ao Buffett. O meu post tem que ver com uma ideia tua de que a empresa teria tido uma subida irracional, que do meu ponto de vista é uma ideia que não procede.

Existem razões fundamentais e não técnicas que suportam essa subida. Se a expectativa de crescimento de negócio não se confirmar então sim a uma subida pode suceder uma queda.

heidje Escreveu:
2º Com capital circulante negativo deves querer dizer activo corrente líquido negativo, certo? Dizes que "tem a ver com os prazos"? Não te esqueças que esses prazos, de acordo com o SNC, vencem-se num prazo inferior a um ano. E, caso haja uma descida na facturação, a empresa é levada a contrair juros pelos empréstimos de curto prazo, por forma a saldar as dívidas dos credores. Falamos de Warren Buffett... alguma vez ouviste Warren falar bem do activo corrente liquido negativo? Nem Warren, nem Graham. O desejável é ter uma boa situação corrente de modo a que a empresa possa saldar as suas dívidas de curto prazo caso haja problemas nas vendas ou no custo das vendas. O teu discurso parte do princípio de que a facturação será sempre estável e em crescimento.


Com capital circulante negativo quero dizer capital circulante negativo. Activo corrente líquido negativo é coisa que desconheço. Um activo por definição não é negativo. Pode é o activo corrente ser inferior ao passivo corrente e então o capital circulante ser negativo. É uma questão de semântica, mas julgo que a minha estará mais correcta.

Vamos por partes. Tens razão em temer uma queda na facturação e isso induzir a uma necessidade de financiamento. Mas o mercado assume uma perspectiva de crescimento. Se a facturação continuar a subir, a JM pode libertar mais financiamento grátis de fornecedores que contribuem para o capex ou diminuem a dívida líquida. No limite é sempre bom ter capital a mais quanto mais não seja porque a empresa pode deixar de vender e deixar de facturar. Agora na pior das hipóteses a empresa tem uma quebra de ... digamos 10% ... e aí precisaria de se financiar em 150 milhões (assumindo que manteria os mesmos 16,5% da facturação em cap. circulante negativo), e não necessariamente todo o montante de 1500 que têm de capital circulante negativo.

Não sei se Buffet investe por exemplo na Wall-Mart, mas se o faz então investe numa empresa com margens pequenas mas com gestão similar do capital circulante diminuindo a necessidade de capital próprio para uma mesma quantidade de investimento. Acontece que as empresas de retalho têm modelo de investimento assim - já o mesmo fazia a Sonae nos seus continentes.


heidje Escreveu:3º Concordo contigo quando dizes que a margem é estreita, algo típico do sector. Porque é que tu achas que Warren foge de sectores altamente competitivos e com baixas margens financeiras tais como empresas automóveis, aviação, software, etc?


Volto a dizer que não disse que o Buffet investiria nesta empresa. Disse é que há razão fundamentalista para a cotação e que a subida não foi irracional.

heidje Escreveu:4º Sou agarrado ao activo contabilístico? Dá-me um exemplo de uma empresa que Warren Buffett tenha adquirido por 8x o capital próprio. É de Warren Buffett que falamos. O artigo não fala do que eu penso ou deixo de pensar.


Bem, eu não conheço o portfolio do Buffet. Mas admitindo que é verdade (o que duvido), e que apenas usa critérios contabilísticos avaliados cegamente, então está a ser tão inflexível como tu estás agora. Já te passou pela cabeça haver um activo registado em balanço por 100 mas que vale 1000 e rende um valor financeiro concordante com esses 1000. Nesse caso o valor de balanço não seria enganador?

Duvido que um investidor sério não vá além de um relatório e queira saber ao certo o que são os activos, quanto rendem e quanto podem render.

heidje Escreveu:5º Já viste o peso do CAPEX na JM? Já viste o peso do CAPEX nas actividades operacionais da empresa? Mais de 50% parece-te pouco?


Já pensaste que o capex só faz sentido numa lógica de expansão. O capex é exigente mas curiosamente numa nota de research que já li, consegue ser satisfeito em 40% pelo aumento do financiamento grátis dado no cap. circulante. Na pior das hipóteses não cresce mas tb não terá essa necessidade de capex.

heidje Escreveu:Continuo a não perceber a tua intervenção. Gostaria de saber em que elemento é que a minha intervenção vai contra os princípios que Warren Buffett vem defendendo nas cartas aos accionistas. E se consideras esse artigo digno de ser chamado de bom jornalismo financeiro. Se sim, qual a razão.


Sobre o artigo não vou falar porque não o li. Sobre a avaliação fundamental da JM, acho que a avalias de uma forma muito ligeira e esquecendo questões importantes.

E o mais importante para mim é entender que a graça e o interesse na análise fundamental é perceber as características de cada negócio.

Eu intervi porque o fórum é público e porque sinceramente gosto de discutir análise fundamental. Mas se feriu alguma susceptibilidade peço sinceramente desculpa.
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por heidje » 23/3/2011 0:39

pdcarrico Escreveu:
heidje Escreveu:
É preciso dizer que cumpre "alguns" critérios para entrar no radar. Ninguém compra um automóvel mercedes por €50000 apenas porque considera as jantes bonitas. Falando no concreto, a margem operacional de 4,97%, o valor contabilístico de €1,34, o activo corrente líquido negativo e a divida e passivos elevados são factores que levariam Warren Buffett a eliminar automáticamente a Jerónimo Martins do seu radar. Além disso a rentabilidade das acções da Jerónimo Martins é bem inferior ao Yield da dívida soberana.

Muito cuidado com este tipo de notícias que induzem a formação do raciocínio por artigos que falam meias verdades e fazem da "parte" o "todo".

Quem sabe não há aqui uma mãozinha corporativa nesta notícia...


Este é o teu problema heidje - tens uma visão muito pouco flexível que não te permite perceber o que dá valor fundamental a cada empresa em particular. Avaliar fundamentalmente a JM tem pressupostos diferentes de uma PT, uma EDP, ou outra.

Para que conste também acho que a empresa está cara. Mas a subida é tudo menos irracional e algumas coisas que consideras más, são coisas que outros investidores gostam.

Por exemplo o capital circulante negativo tem que ver com a gestão dos prazos de pagamento e de recebimento, que numa perspectiva de aumento da facturação até beneficia a própria empresa. A JM tem cerca de 16,5% da facturação anual em capital circulante negativo. Isso é como pegar em 1500 milhões (16,5% da facturação anual) de dinheiro de outros mas que não é remunerado e financiar o crescimento ou abater dívida. E a questão é que esse passivo a empresa nem tem que o devolver, porque vai sendo substituído pela novos fornecimentos que são pagos a prazo, sendo que o recebimento é imediato.

Se a facturação subir, acredite que esse valor negativo vai ainda subir mais, o que significa que a empresa recebe um cash para usar no que quer sem que no entanto seja dela. Mas efectivamente nem precisa de o remunerar.

Depois vc tem uma visão muito agarrada ao activo contabilístico. Esqueça isso, essa valorização é muito indicativa. Uma fábrica já amortizada mas que não precise de capex é tão útil quanto outra em início de vida. O mesmo se passa com uma loja ou um hipermercado.

A margem é estreita mas é a típica do segmento. Mas a alavancagem é grande e com capital alheio que em grande parte nem é remunerado (o tal capital circulante negativo), ou seja o ROE é melhor, mesmo que a margem seja estreita.

Volto a dizer que acho que a acção me parece cotada para que tudo corra bem num futuro próximo, mas seria o primeiro a querer comprar se a acção caisse um pedaço (bem acima dos 2 euros).

;)


Olá.
Algumas considerações:

1º Onde é que no teu discurso há argumentos que indiquem que os factos por mim sublinhados não vão de encontro ao pensamento de Warren Buffett?

2º Com capital circulante negativo deves querer dizer activo corrente líquido negativo, certo? Dizes que "tem a ver com os prazos"? Não te esqueças que esses prazos, de acordo com o SNC, vencem-se num prazo inferior a um ano. E, caso haja uma descida na facturação, a empresa é levada a contrair juros pelos empréstimos de curto prazo, por forma a saldar as dívidas dos credores. Falamos de Warren Buffett... alguma vez ouviste Warren falar bem do activo corrente liquido negativo? Nem Warren, nem Graham. O desejável é ter uma boa situação corrente de modo a que a empresa possa saldar as suas dívidas de curto prazo caso haja problemas nas vendas ou no custo das vendas. O teu discurso parte do princípio de que a facturação será sempre estável e em crescimento.

3º Concordo contigo quando dizes que a margem é estreita, algo típico do sector. Porque é que tu achas que Warren foge de sectores altamente competitivos e com baixas margens financeiras tais como empresas automóveis, aviação, software, etc?

4º Sou agarrado ao activo contabilístico? Dá-me um exemplo de uma empresa que Warren Buffett tenha adquirido por 8x o capital próprio. É de Warren Buffett que falamos. O artigo não fala do que eu penso ou deixo de pensar.

5º Já viste o peso do CAPEX na JM? Já viste o peso do CAPEX nas actividades operacionais da empresa? Mais de 50% parece-te pouco?

Continuo a não perceber a tua intervenção. Gostaria de saber em que elemento é que a minha intervenção vai contra os princípios que Warren Buffett vem defendendo nas cartas aos accionistas. E se consideras esse artigo digno de ser chamado de bom jornalismo financeiro. Se sim, qual a razão.
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por mfsr1980 » 22/3/2011 22:37

O maior problema da Jeronimo Martins é ela disparar com uma velocidade que não dá tempo a entrar.
 
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por pdcarrico » 22/3/2011 20:05

heidje Escreveu:
É preciso dizer que cumpre "alguns" critérios para entrar no radar. Ninguém compra um automóvel mercedes por €50000 apenas porque considera as jantes bonitas. Falando no concreto, a margem operacional de 4,97%, o valor contabilístico de €1,34, o activo corrente líquido negativo e a divida e passivos elevados são factores que levariam Warren Buffett a eliminar automáticamente a Jerónimo Martins do seu radar. Além disso a rentabilidade das acções da Jerónimo Martins é bem inferior ao Yield da dívida soberana.

Muito cuidado com este tipo de notícias que induzem a formação do raciocínio por artigos que falam meias verdades e fazem da "parte" o "todo".

Quem sabe não há aqui uma mãozinha corporativa nesta notícia...


Este é o teu problema heidje - tens uma visão muito pouco flexível que não te permite perceber o que dá valor fundamental a cada empresa em particular. Avaliar fundamentalmente a JM tem pressupostos diferentes de uma PT, uma EDP, ou outra.

Para que conste também acho que a empresa está cara. Mas a subida é tudo menos irracional e algumas coisas que consideras más, são coisas que outros investidores gostam.

Por exemplo o capital circulante negativo tem que ver com a gestão dos prazos de pagamento e de recebimento, que numa perspectiva de aumento da facturação até beneficia a própria empresa. A JM tem cerca de 16,5% da facturação anual em capital circulante negativo. Isso é como pegar em 1500 milhões (16,5% da facturação anual) de dinheiro de outros mas que não é remunerado e financiar o crescimento ou abater dívida. E a questão é que esse passivo a empresa nem tem que o devolver, porque vai sendo substituído pela novos fornecimentos que são pagos a prazo, sendo que o recebimento é imediato.

Se a facturação subir, acredite que esse valor negativo vai ainda subir mais, o que significa que a empresa recebe um cash para usar no que quer sem que no entanto seja dela. Mas efectivamente nem precisa de o remunerar.

Depois vc tem uma visão muito agarrada ao activo contabilístico. Esqueça isso, essa valorização é muito indicativa. Uma fábrica já amortizada mas que não precise de capex é tão útil quanto outra em início de vida. O mesmo se passa com uma loja ou um hipermercado.

A margem é estreita mas é a típica do segmento. Mas a alavancagem é grande e com capital alheio que em grande parte nem é remunerado (o tal capital circulante negativo), ou seja o ROE é melhor, mesmo que a margem seja estreita.

Volto a dizer que acho que a acção me parece cotada para que tudo corra bem num futuro próximo, mas seria o primeiro a querer comprar se a acção caisse um pedaço (bem acima dos 2 euros).

;)
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por heidje » 22/3/2011 19:22

Ulisses Pereira Escreveu:heidje, Repara que se alguém chegar aqui e disser que a JM vale 40, é impossível perceber qual dos dois tem razão, pelo simples facto que só faz sentido analisar-se fundamentalmente uma empresa se se apresentarem números. Coisa que aqui não vi fazer.

Um abraço,
Ulisses


Eu não disse que a JM valia 2 euros!

Eu não fiz uma avaliação extensiva à JM, pelo que não posso afirmar quanto é que ela vale. Mas posso dizer quanto é que ela não vale.
Tal como afirmei no meu blogue, do ponto de vista value (dessa metodologia) a JM está muito cara - http://valueinvestingportugal.blogspot. ... -cara.html (estão aqui as contas)
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por Ulisses Pereira » 22/3/2011 19:12

heidje, Repara que se alguém chegar aqui e disser que a JM vale 40, é impossível perceber qual dos dois tem razão, pelo simples facto que só faz sentido analisar-se fundamentalmente uma empresa se se apresentarem números. Coisa que aqui não vi fazer.

Trisquel, para a análise técnica, os fundamentais da empresa não interessam nada.

Um abraço,
Ulisses
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por heidje » 22/3/2011 19:08

FilRib Escreveu:Heidje, se amanhã a JM fizesse um stock split e cotasse a 5,5 €? E se para o ano seguinte fizesse mais um ou dois e cotasse a 2 e 1€ respectivamente, isso mudava alguma coisa?

Do ponto de vista racionalidade do valor da acção... claro...


Claro que ocorrendo um "split" na cotação terá de haver um "split" na avaliação.
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por heidje » 22/3/2011 19:05

Ulisses Pereira Escreveu:heidje, obviamente que eu sei que há acções sub-valorizadas e outras sobrevalorizadas. É essa a essência do mercado.

Agora quando se afirma isso, tem que se mostrar algumas contas que suportem essa ideia. É por isso que nunca me viste dizer isso. :)

Um abraço,
Ulisses


Como bem sabes, eu invisto "à la Graham". E não invisto em Growth Stocks. Apenas olho para o passado e não para expectativas de crescimento. Graham, em Security Analisys, apesar de não recomendar a compra de Growth Stocks, estabeleceu critérios value que tinham em conta as expectativas de crescimento. Eu prefiro seguir a recomendação primária de não comprar growth stocks.
Quanto aos €2, não é um valor que tem em conta as expectativas de crescimento, mas sim a ideia de que os lucros não vão aumentar mais do que a média dos 5 últimos anos. Claro que a exposição da JM a mercados emergentes trazem uma boa dose de possibilidade de crescimentos. Se tivermos em conta essa possibilidade, teria de colocar um preço de compra acima dos 2€, mas abaixo dos 6€ (sem grande rigor na afirmação).
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por Trisquel » 22/3/2011 19:02

Ulisses Pereira Escreveu:heidje, obviamente que eu sei que há acções sub-valorizadas e outras sobrevalorizadas. É essa a essência do mercado.

Agora quando se afirma isso, tem que se mostrar algumas contas que suportem essa ideia. É por isso que nunca me viste dizer isso. :)

Um abraço,
Ulisses


Ulisses,

Na análise técnica que importância têm o valor da acção em função da empresa?

Eu cada vez dou menos importância ao valor, só faço contas para saber quantas compro com o capital que tenho disponivel para aquela "aposta", claro que as permissas de entrada são outras. estarei certo ou errado?
Cumpts.
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por FilRib » 22/3/2011 18:55

Heidje, se amanhã a JM fizesse um stock split e cotasse a 5,5 €? E se para o ano seguinte fizesse mais um ou dois e cotasse a 2 e 1€ respectivamente, isso mudava alguma coisa?

Do ponto de vista racionalidade do valor da acção... claro...
 
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por heidje » 22/3/2011 18:53

joaoventura Escreveu:
heidje Escreveu:
Ulisses Pereira Escreveu:Não davas mais de 2 euros? Que contas são essas?


Eu não disse que ela valia 2€! Eu disse que não dava mais de 2€ por ela. Se tivesses de manter esta empresa por 10 anos comprarias a 11€? Há 2 anos vendia-se a 3€... está a 11€! Apesar de estar em crescimento os lucros em 3 anos nem chegaram a duplicar. O melhor trimestre que a JM teve foi de 0,15€.


Atenção a um pormenor persistente: Esta bolsa é uma bolsa secundária, logo não tem de ter uma relação directa com o valor da empresa. E nós vemos isto acontecer com qualquer cotada, que (de vez em quando) mesmo com noticias boas os preços da acção baixam, e sobem com noticias más.. Pode-se dizer que haverá uma correlação (mais ou menos frouxa) mas nunca uma relação directa..

Logo, os preços aqui tratados são o que as pessoas estão dispostos a dar pela acção. Se a malta está disposta a dar 11,0€ por uma acção da JM e amanhã estará disposta a dar 11,1€, então eu comprarei hoje para vender amanhã (Procura/Oferta)..

Agora, para comprar e manter, obviamente que é melhor comprar por um valor baixo que nunca mais seja atingido no futuro, para se ter um ganho. Mas é melhor ter cuidado com o buy-and-hold..


Mas esta discussão começou com esta fraca notícia sobre Waren Buffett, que não é um especulador de curto prazo - http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=474693

O
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por Ulisses Pereira » 22/3/2011 18:52

heidje, obviamente que eu sei que há acções sub-valorizadas e outras sobrevalorizadas. É essa a essência do mercado.

Agora quando se afirma isso, tem que se mostrar algumas contas que suportem essa ideia. É por isso que nunca me viste dizer isso. :)

Um abraço,
Ulisses
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por joaoventura » 22/3/2011 18:47

heidje Escreveu:
Ulisses Pereira Escreveu:Não davas mais de 2 euros? Que contas são essas?


Eu não disse que ela valia 2€! Eu disse que não dava mais de 2€ por ela. Se tivesses de manter esta empresa por 10 anos comprarias a 11€? Há 2 anos vendia-se a 3€... está a 11€! Apesar de estar em crescimento os lucros em 3 anos nem chegaram a duplicar. O melhor trimestre que a JM teve foi de 0,15€.


Atenção a um pormenor persistente: Esta bolsa é uma bolsa secundária, logo não tem de ter uma relação directa com o valor da empresa. E nós vemos isto acontecer com qualquer cotada, que (de vez em quando) mesmo com noticias boas os preços da acção baixam, e sobem com noticias más.. Pode-se dizer que haverá uma correlação (mais ou menos frouxa) mas nunca uma relação directa..

Logo, os preços aqui tratados são o que as pessoas estão dispostos a dar pela acção. Se a malta está disposta a dar 11,0€ por uma acção da JM e amanhã estará disposta a dar 11,1€, então eu comprarei hoje para vender amanhã (Procura/Oferta)..

Agora, para comprar e manter, obviamente que é melhor comprar por um valor baixo que nunca mais seja atingido no futuro, para se ter um ganho. Mas é melhor ter cuidado com o buy-and-hold..
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por heidje » 22/3/2011 18:42

Ulisses Pereira Escreveu:Há 2 anos valia 3 e tu dizes que não davas 2 euros. E queria perceber porque é que os 3 euros é que estavam certos e os 11 errados. Eu só queria perceber quais as tuas contas, mais nada...


Nunca disse que os 3 euros estavam certos!
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por heidje » 22/3/2011 18:40

Ulisses Pereira Escreveu:Há 2 anos valia 3 e tu dizes que não davas 2 euros. E queria perceber porque é que os 3 euros é que estavam certos e os 11 errados. Eu só queria perceber quais as tuas contas, mais nada...


Porque é que o Warren Buffet não comprou a JM a 3€?

Há subidas racionais e subidas irracionais. A Jerónimo Martins é uma subida irracional.
Queres uma subida racional?
No dia 7 de julho 2010 perguntei aqui no caldeirão o que achavam da FRD - Friedman Industries. Estava a €5,5. Ultrapassou, este ano os 10€. Isto porque os 5,5€ eram valores irracionais. A especulação tanto pode levar as acções a preços ridiculamente baixos como a preços ridiculamente altos. O que não significa que os preços ridiculamente altos não possam subir mais. Veja-se o exemplo da VALinux em 2000.
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por Ulisses Pereira » 22/3/2011 18:26

Há 2 anos valia 3 e tu dizes que não davas 2 euros. E queria perceber porque é que os 3 euros é que estavam certos e os 11 errados. Eu só queria perceber quais as tuas contas, mais nada...
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por heidje » 22/3/2011 18:25

Ulisses Pereira Escreveu:Não davas mais de 2 euros? Que contas são essas?


Eu não disse que ela valia 2€! Eu disse que não dava mais de 2€ por ela. Se tivesses de manter esta empresa por 10 anos comprarias a 11€? Há 2 anos vendia-se a 3€... está a 11€! Apesar de estar em crescimento os lucros em 3 anos nem chegaram a duplicar. O melhor trimestre que a JM teve foi de 0,15€.
Editado pela última vez por heidje em 22/3/2011 18:29, num total de 1 vez.
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por Ulisses Pereira » 22/3/2011 18:09

heidje, não respondeste à minha questão: Porquê os 2 euros? Um número absolutamente brutal...
"Acreditar é possuir antes de ter..."

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por heidje » 22/3/2011 17:46

futriber1 Escreveu:
heidje Escreveu:
newtrade Escreveu:Jeronimo cumpre com todos os requesitos de investimento de warren buffet.


http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=474693


É preciso dizer que cumpre "alguns" critérios para entrar no radar. Ninguém compra um automóvel mercedes por €50000 apenas porque considera as jantes bonitas. Falando no concreto, a margem operacional de 4,97%, o valor contabilístico de €1,34, o activo corrente líquido negativo e a divida e passivos elevados são factores que levariam Warren Buffett a eliminar automáticamente a Jerónimo Martins do seu radar. Além disso a rentabilidade das acções da Jerónimo Martins é bem inferior ao Yield da dívida soberana.

Muito cuidado com este tipo de notícias que induzem a formação do raciocínio por artigos que falam meias verdades e fazem da "parte" o "todo".
Quem sabe não há aqui uma mãozinha corporativa nesta notícia...


Boas,
A dívida/passivo da JM é muito baixo, quando comparado com a capitalização bolsista e com as outras empresas do PSI20. (ou então não percebi nd do último relatório).


Falas do rácio "quando comparado" com as empresas do PSI20 (que por sinal estão bastante endividadas) - http://economico.sapo.pt/noticias/cotad ... 87237.html .

Compara a dívida e o passivo com o capital próprio da empresa! Vê como anda o activo e o passivo corrente... muito por causa da margem financeira operacional reduzida do retalho.
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por futriber » 22/3/2011 17:07

heidje Escreveu:
newtrade Escreveu:Jeronimo cumpre com todos os requesitos de investimento de warren buffet.


http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=474693


É preciso dizer que cumpre "alguns" critérios para entrar no radar. Ninguém compra um automóvel mercedes por €50000 apenas porque considera as jantes bonitas. Falando no concreto, a margem operacional de 4,97%, o valor contabilístico de €1,34, o activo corrente líquido negativo e a divida e passivos elevados são factores que levariam Warren Buffett a eliminar automáticamente a Jerónimo Martins do seu radar. Além disso a rentabilidade das acções da Jerónimo Martins é bem inferior ao Yield da dívida soberana.

Muito cuidado com este tipo de notícias que induzem a formação do raciocínio por artigos que falam meias verdades e fazem da "parte" o "todo".
Quem sabe não há aqui uma mãozinha corporativa nesta notícia...


Boas,
A dívida/passivo da JM é muito baixo, quando comparado com a capitalização bolsista e com as outras empresas do PSI20. (ou então não percebi nd do último relatório).
 
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por newtrade » 22/3/2011 16:17

Eu falo por mim ,continuo a acreditar na jerónimo martins,e continuo a acreditar que vai continuar a apresentar optimos resultados e porquê?


Cada vez tem menos exposição ao mercado nacional,e pelo que se sabe portugal este ano a nivel economico vai entrar em recessão.

A maior parte dos lucros já vêm da Polonia, que este ano vai crescer, e esse mesmo crescimento até foi revisto em alta.

Perspectiva de entrar noutro mercado fora de Portugal já anunciado, a curto médio prazo.

Aliado a uma equipa de profissionais muito ambiciosos.

Vejo uma série de ingredientes para esta empresa continuar a ter um futuro muito risonho e acredito que tudo isto se acabará por refletir na evolução do preço das accoes.
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por newtrade » 22/3/2011 16:04

epa fois eur? 8-)

Isso é que era trabalho :lol:
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por Ulisses Pereira » 22/3/2011 15:44

Não davas mais de 2 euros? Que contas são essas?
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