Receitas abaixo do esperado e lucro acima do previsto marcam 2013 da Altri
07 Março 2014, 12:23 por Diogo Cavaleiro | diogocavaleiro@negocios.pt
Os analistas elogiam o resultado líquido da empresa mas sublinham o facto de ter ficado aquém das expectativas nas receitas. A redução da dívida também é um foco de atenção das casas de investimento.Os analistas não têm dúvidas: a venda de volumes de pasta e papel da Altri ficou aquém do esperado. Contudo, as notícias são mais positivas no que ao lucro diz respeito. Contudo, as opiniões não são unânimes em todos os aspectos.
As receitas da empresa presidida por Paulo Fernandes (na foto) somaram 6% no último ano, alcançando os 573 milhões de euros. Nos últimos três meses do ano, a queda foi de 5% para 132,9 milhões. Um valor que ficou aquém do esperado pelas casas de investimento do BPI e do BCP. Em causa estiveram as vendas no período.
"O EBITDA caiu 18% em termos homólogos [no quarto trimestre], falhando as nossas estimativas por 1,6 milhões de euros, devido aos volumes vendidos abaixo do previsto", segundo os especialistas do BPI Equity Research. A previsão era, para o trimestre, de 31,4 milhões, sendo que o EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ficou-se pelos 29,8 milhões de euros. No ano, o indicador fixou-se nos 141,4 milhões de euros, com uma margem de EBITDA de 24,7%.
Já o resultado líquido da Altri, que atingiu os 55,3 milhões de euros no total do ano (graças a um ganho de 6,1%), ficou acima da expectativa dos especialistas que fazem a cobertura do grupo industrial.
No trimestre, o lucro foi de 12,2 milhões de euros, “ficando bastante acima da nossa estimativa de 7,6 milhões (previsão de 10 milhões de euros no consenso geral), devido a custos financeiros menores do que o esperado e a alguns créditos fiscais utilizados no trimestre”. O Millennium apontava para 11,3 milhões de euros, também ele superado.
Dívida cai e centra atenções A dívida líquida da companhia de pasta e papel ficou-se, no final de Dezembro passado, pelos 563 milhões de euros, uma redução de 56,5 milhões de euros face ao mesmo período do ano passado. O BPI, com uma recomendação de “comprar” para a acção e um preço-alvo de 2,95 euros, esperava uma redução mais intensa (de 65 milhões).
“Lembramos que a nossa tese de investimento permanece intacta: diminuição de dívida. Com poucas necessidades de investimento e pagamento limitado de dividendos, o caixa gerado pela empresa será quase totalmente traduzido numa diminuição da posição líquida de dívida”, antecipa o analista Carlos Jesus, da casa de investimento da CGD, que recompra “comprar” os títulos da Altri.
Por sua vez, o Millennium IB elogia a geração de caixa da Altri e, embora admita fazer alguns ajustamentos, sente-se confortável com a actual avaliação. Neste momento, o analista António Seladas aponta para uma recomendação de “vender”, com um target de 2,25 euros.
Acções caem depois de quase chegarem aos 3 euros Tendo em conta os preços-alvos atribuídos pelas unidades de investimento, a Altri não tem grande espaço para progresso em bolsa. Neste momento, os títulos negoceiam nos 2,912 euros, ao perderem 0,99% em relação ao fecho de ontem.
Contudo, na manhã desta sexta-feira, as acções chegaram a subir mais de 1,5%, tendo tocado inclusive nos 2,987 euros. É o valor mais elevado desde Setembro de 2007.
Ao preço actual, a Altri vale 597,3 milhões de euros em bolsa. Um valor 30% superior à capitalização bolsista no final do ano passado.
Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de “research” emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de “research” na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.
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