O foco da origem da crise do Euro!!
gorgol Escreveu:A crise está nos défices e nas dívidas públicas dos Estados sejam eles quais forem. O rastilho (origem) nem interessa, pois palha para arder não falta. A procura da razão do problema só interessa para se evitar os mesmos erros no futuro. Os humanos gastam tempo a negar os problemas, a acusar os outros, quando deviam individualmente se focar nas soluções e respetiva mudança.
Isso passa por deixar de muita gente ser ganaciosa, mafiosa e corrupta.
Por isso é impossivel de acabar com crises no futuro e evitar os mesmos erros, a menos que se acabe com o Homem.

Esta "crise" tem um principal culpado : A Alemanha. Quando em 2008 se disse: emprestem o que for preciso para salvar a banca e os mercado, foi a gota de agua. E depois em 2010 disseram: paguem o que pediram emprestado e ponham os deficits a 3% . Foi o fim , a implosão.
Claro antes foi a liberalização dos mercados para agradar as mega empresas e a banca. Isso foi o inicio.
Claro antes foi a liberalização dos mercados para agradar as mega empresas e a banca. Isso foi o inicio.
" Richard's prowess and courage in battle earned him the nickname Coeur De Lion ("heart of the lion")"
Lion_Heart
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Re: O foco da origem da crise do Euro!!
Berluscony Escreveu:Todos os dias somos confrontados com títulos como "Ataque ao euro", "Ataque dos mercados", etc, nunca identificando os impulsionadores nem os motivos da sua origem.
A crise da dívida soberana na Europa sempre me pareceu muito artificial, e com contornos muito pouco claros, transparecendo sempre premeditação, com alvos identificados e uma estratégia perfeitamente delineada. É para mim claro, que existe um objectivo por detrás destas movimentações, e o objectivo é descredibilizar o Euro e destruir a reduzida sustentabilidade política. A OPEP, tem vindo a considerar a possibilidade de negociar o petróleo em Euros, o que provocaria o colapso financeiro dos EUA.
Well, I hate to break it to you, but there is no big lie.

http://youtu.be/_z6vsYELcjw?t=2m
"People want to be told what to do so badly that they'll listen to anyone." - Don Draper, Mad Men
A crise está nos défices e nas dívidas públicas dos Estados sejam eles quais forem. O rastilho (origem) nem interessa, pois palha para arder não falta. A procura da razão do problema só interessa para se evitar os mesmos erros no futuro. Os humanos gastam tempo a negar os problemas, a acusar os outros, quando deviam individualmente se focar nas soluções e respetiva mudança.
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Os mercados accionistas entram em bear quando eur/usd está acima de 1,4 e abaixo de 1,1.
Acima de 1,4 é péssimo porque desequilibra a balança comercial para deficitária tornando as exportações mais caras e importações mais fáceis.
Abaixo de 1,1 atinge-se uma tal confiança em dólares que é impossivel manter investimento que acompanhem a inflação em outras moedas como caso do Euro.
No gráfico semanal do eur/usd dará para visualizar calmamente a figura que o par está a transmitir-nos para o futuro.
has not a problem!
Acima de 1,4 é péssimo porque desequilibra a balança comercial para deficitária tornando as exportações mais caras e importações mais fáceis.
Abaixo de 1,1 atinge-se uma tal confiança em dólares que é impossivel manter investimento que acompanhem a inflação em outras moedas como caso do Euro.
No gráfico semanal do eur/usd dará para visualizar calmamente a figura que o par está a transmitir-nos para o futuro.
has not a problem!
Os grandes impérios como o Império Romano ou Britânico, . prosperavam porque o valor dos recursos e riquezas extraídas de terras conquistadas era superior ao custo da guerra .
O império americano tem pervertido o a maxima romana "Veni, vidi, vici" pelo lema estranho ,Nós viemos, nós vimos e pedimos emprestado
Um exemplo: o leilão do petróleo iraquiano em 2009, ministro do Petróleo iraquiano não concedeu qualquer contrato a empresas norte-americanas.
O império americano tem pervertido o a maxima romana "Veni, vidi, vici" pelo lema estranho ,Nós viemos, nós vimos e pedimos emprestado
Um exemplo: o leilão do petróleo iraquiano em 2009, ministro do Petróleo iraquiano não concedeu qualquer contrato a empresas norte-americanas.
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O foco da origem da crise do Euro!!
Todos os dias somos confrontados com títulos como "Ataque ao euro", "Ataque dos mercados", etc, nunca identificando os impulsionadores nem os motivos da sua origem.
A crise da dívida soberana na Europa sempre me pareceu muito artificial, e com contornos muito pouco claros, transparecendo sempre premeditação, com alvos identificados e uma estratégia perfeitamente delineada. É para mim claro, que existe um objectivo por detrás destas movimentações, e o objectivo é descredibilizar o Euro e destruir a reduzida sustentabilidade política. A OPEP, tem vindo a considerar a possibilidade de negociar o petróleo em Euros, o que provocaria o colapso financeiro dos EUA.
Transcrevo os seguintes artigos, já com uns anos, mas a sua actualidade é indiscutível, e gostaria de receber os vossos comentários.
Tradução http://resistir.info/energia/dolar_petroleo_guerra.html
Original http://www.feasta.org/documents/papers/oil1.htm
Original http://www.feasta.org/documents/review2/nunan.htm
O petróleo, a moeda divisa e a guerra ao Iraque
por Cóilín Nunan [*]
Não é novidade para ninguém que os EUA dominam o mundo economicamente e militarmente. Mas os mecanismos exactos pelos quais foi estabelecida e mantida a hegemonia americana talvez sejam menos bem entendidos do que poderiam sê-lo. Uma ferramenta utilizada para este efeito tem sido o dólar, mas a sua eficácia recentemente ficou ameaçada quando a Europa introduziu o euro.
O dólar é de facto a divisa de reserva do mundo: a divisa americana representa aproximadamente dois terços de todas as reservas de câmbio oficiais. Mais de quatro quintos de todas as transacções estrangeiras e metade de todas as exportações mundiais são denominados em dólares. Além disso, todos os empréstimos do FMI são denominados em dólares.
Mas quanto mais dólares existem a circular fora dos EUA, ou investidos por possuidores estrangeiros em activos americanos, mais o resto do mundo tem de fornecer aos EUA bens e serviços em troca destes dólares. Para os EUA, produzir dólares não custa quase nada. Assim, o facto de que o mundo utiliza a divisa desta forma significa que os EUA estão a importar vastas quantidades de bens e serviços virtualmente gratuitos.
Uma vez que muitos dólares possuídos por estrangeiros não são gastos com bens e serviços americanos, os EUA são capazes de manter um enorme défice comercial ano após ano sem aparentemente quaisquer consequências económicas maiores. Os números publicados mais recentes mostram, por exemplo, que em Novembro de 2002 as importações americanas foram de um valor 48% superior às importações [1] . Nenhum outro país pode manter um défice comercial tão grande impunemente. Os media financeiros informam-nos que os EUA estão a actuar como o 'consumidor de última instância' e a implicação disto é que nós lhe deveríamos ficar gratos. Mas uma descrição mais esclarecedora deste estado de coisas seria dizer que está a obter um empréstimo maciço e sem juros do resto do mundo.
Se a posição dos EUA pode parecer invulnerável, dever-se-ia recordar que quanto mais se tem mais se tem a perder. E recentemente tem havido sinais de como, pela primeira vez desde há muito, os EUA podem estar começando a perder.
Um dos objectivos declarados, e talvez o objectivo primário, ao estabelecer o euro era converte-lo numa divisa de reserva a fim de desafiar o dólar de modo a que a Europa também pudesse obter alguma coisa em troca de nada.
Isto, contudo, seria um desastre para os EUA. Não só eles perderiam uma grande parte do seu subsídio anual de bens e serviços efectivamente gratuitos, como a mutação dos países das reservas dólar para reservas euros deitaria abaixo o valor da divisa americana. As importações começariam a custar aos americanos um bocado mais e na medida em que um número cada vez maior de possuidores de dólares começasse a gastá-los, os EUA teriam de começar a pagar as suas dívidas com o fornecimento de bens e serviços a países estrangeiros, reduzindo assim os padrões de vida americanos. Na medida em que os países e os negócios convertessem os seus activos em dólares para activos em euros, a propriedade americana e a bolha do mercado de acções sem dúvida arrebentaria. A Reserva Federal não poderia mais imprimir dinheiro para reinflar a bolha, como está actualmente considerando fazer, porque, sem montes de estrangeiros ávidos desejosos de absorve-los, isto resultaria numa inflação séria a qual, por sua vez, tornaria os estrangeiros ainda mais relutantes em possuírem a divisas americana e assim agravar-se-ia a crise.
Há no entanto um grande obstáculo para que isto aconteça: petróleo. O petróleo não é apenas de longe a mais importante mercadoria (commodity) comerciada internacionalmente, é o sangue de todas as modernas economias industrializadas. Quando não se tem petróleo, há que comprá-lo. Até recentemente todos os países da OPEP concordavam em vender o seu petróleo apenas por dólares. Enquanto isto assim aconteceu, era improvável que o euro se tornasse a principal divisa de reserva: não há interesse em acumular euros se todas as vezes em que for preciso comprar petróleo for preciso trocá-los por dólares. Esta disposição também significava que os EUA efectivamente controlavam todo o mercado mundial do petróleo: só se pode comprar petróleo se se tiver dólares, e só um país tem o direito de imprimir dólares — os EUA.
Se, por outro lado, a OPEP decidissem aceitar somente euros pelo seu petróleo (assumindo por um momento que lhe fosse permitida tomar esta decisão), então a dominação económica americana estaria ultrapassada. Não só a Europa não necessitaria mais de tantos dólares, como o Japão, que importa 80% do seu petróleo do Médio Oriente, pensaria que seria sábio converter uma grande porção dos seus activos em dólares em activos em euros (o Japão é o maior subsidiador dos EUA porque possui muitos investimentos em dólar). Os EUA, por outro lado, sendo o maior importador do mundo de petróleo teria, para manter um excedente comercial, de adquirir euros. A conversão do défice comercial para o excedente comercial teria de ser alcançada num momento em que os preços das suas propriedades e das acções no mercado estariam em colapso e os seus abastecimentos internos de petróleo e gás estariam a contrair-se. Seria uma penosa conversão.
Os argumentos puramente económicos para a OPEP converter-se ao euro, pelo menos por algum tempo, parecem muito fortes. A Zona euro não mantém um enorme défice comercial nem está pesadamente endividada para como o resto do mundo como os EUA e as taxas de juro na Zona euro também são significativamente mais elevadas. A Zona euro tem uma fatia maior do que os EUA no comércio mundial e é o principal parceiro comercial do Médio Oriente. E quase tudo o que se possa comprar com dólares pode-se comprar também com euros — excepto, naturalmente, o petróleo. Além disto, se a OPEP fosse converter os seus activos em dólares para activos em euros e a seguir exige-se o pagamento pelo petróleo em euros, os seus activos imediatamente aumentariam de valor, pois os países importadores de petróleo também seriam forçados a converterem parte dos seus activos, levando os preços para cima. Para a OPEP, apoiar o euro seria uma profecia auto-cumprida. Eles poderiam então em algum momento posterior mover-se para alguma outra divisa, talvez novamente para o dólar, e obter mais uma vez enormes lucros.
Mas naturalmente isto não é uma decisão puramente económica.
Até agora apenas um país da OPEP ousou mudar para o euro: o Iraque, em Novembro de 2000 [2, 3] . Há pouca dúvida de que isto foi uma tentativa deliberada de Saddam para responder ao golpe dos EUA, mas em termos económicos verificou-se que isto também foi um enorme êxito: no momento da conversão do Iraque o euro valia cerca de 83 centavos de dólar e agora vale mais de US$ 1,05. Entretanto, pode haver outras consequências quanto a esta decisão.
Um outro país da OPEP desde 1999 tem estado a falar publicamente acerca da possível conversão para o euro: o Irão [2, 4] , um país que desde então foi incluído no 'eixo do mal' de George W. Bush.
Um terceiro país OPEP que recentemente teve atritos com o governo dos EUA é a Venezuela e ela também tem estado a mostrar deslealdade para com o dólar. Sob o governo de Hugo Chavez, a Venezuela estabeleceu acordos de permuta (barter) para comercializar o seu petróleo com 12 países latino-americanos inclusive Cuba. Isto significa que os EUA está perdendo o seu subsídio habitual e pode ajudar a explicar o desejo americano de derrubar Chavez. Na cimeira da OPEP em Setembro de 2000, Chavez leu aos chefes de Estado da OPEP o relatório do "Seminário internacional sobre o futuro da energia", uma conferência convocada anteriormente por Chavez naquele ano para examinar tanto a futura oferta de energias fósseis como de renováveis. Uma das duas recomendações chave do relatório era que a 'OPEP aproveitasse a permuta electrónica de alta tecnologia e as trocas bilaterais do seu petróleo com os seus clientes dos países em desenvolvimento' [5] , isto é, a OPEP deveria evitar a utilização tanto do dólar como do euro para muitas transacções.
Em Abril de 2002 um alto representante da OPEP pronunciou um discurso público na Espanha durante da presidência espanhola da UE no qual tornou claro que a OPEP ainda não tem planos para tornar o petróleo disponível por euros, era uma opção que estava a ser considerada e que poderia bem trazer benefício económico a muitos países OPEP, particularmente aqueles do Médio Oriente [6] .
Como a produção de petróleo agora está em declínio na maior parte dos países produtores de petróleo, a importância dos grandes produtores remanescentes, particularmente aqueles do Médio Oriente, está destinada a tornar-se cada vez maior nos próximos anos [7] .
O Iraque, cuja produção de petróleo foi severamente reduzida pelas sanções, é um dos poucos países que podem ajudar a acalmar esta escassez ameaçadora de petróleo. A Europa, como a maior parte do resto do mundo, quer ver uma resolução pacífica das actuais tensões americano-iraquianas e um levantamento gradual das sanções — isto certamente serviria melhor aos seus interesses. Mas como o petróleo do Iraque está denominado em euros, permitir que isto se tornasse generalizado neste momento poderia aliviar o estrangulamento do dólar e possivelmente fazer mais dano do que bem para a saúde da economia americana.
Tudo isto são más notícias para a economia americana e para o dólar. O medo de Washington será não só que o preço futuro do petróleo não seja o correcto como também que a divisa possa não ser a correcta. O que talvez explique porque os EUA estão a voltar-se cada vez mais para a sua segunda grande ferramenta de dominação dos negócios mundiais: a força militar.
A crise da dívida soberana na Europa sempre me pareceu muito artificial, e com contornos muito pouco claros, transparecendo sempre premeditação, com alvos identificados e uma estratégia perfeitamente delineada. É para mim claro, que existe um objectivo por detrás destas movimentações, e o objectivo é descredibilizar o Euro e destruir a reduzida sustentabilidade política. A OPEP, tem vindo a considerar a possibilidade de negociar o petróleo em Euros, o que provocaria o colapso financeiro dos EUA.
Transcrevo os seguintes artigos, já com uns anos, mas a sua actualidade é indiscutível, e gostaria de receber os vossos comentários.
Tradução http://resistir.info/energia/dolar_petroleo_guerra.html
Original http://www.feasta.org/documents/papers/oil1.htm
Original http://www.feasta.org/documents/review2/nunan.htm
O petróleo, a moeda divisa e a guerra ao Iraque
por Cóilín Nunan [*]
Não é novidade para ninguém que os EUA dominam o mundo economicamente e militarmente. Mas os mecanismos exactos pelos quais foi estabelecida e mantida a hegemonia americana talvez sejam menos bem entendidos do que poderiam sê-lo. Uma ferramenta utilizada para este efeito tem sido o dólar, mas a sua eficácia recentemente ficou ameaçada quando a Europa introduziu o euro.
O dólar é de facto a divisa de reserva do mundo: a divisa americana representa aproximadamente dois terços de todas as reservas de câmbio oficiais. Mais de quatro quintos de todas as transacções estrangeiras e metade de todas as exportações mundiais são denominados em dólares. Além disso, todos os empréstimos do FMI são denominados em dólares.
Mas quanto mais dólares existem a circular fora dos EUA, ou investidos por possuidores estrangeiros em activos americanos, mais o resto do mundo tem de fornecer aos EUA bens e serviços em troca destes dólares. Para os EUA, produzir dólares não custa quase nada. Assim, o facto de que o mundo utiliza a divisa desta forma significa que os EUA estão a importar vastas quantidades de bens e serviços virtualmente gratuitos.
Uma vez que muitos dólares possuídos por estrangeiros não são gastos com bens e serviços americanos, os EUA são capazes de manter um enorme défice comercial ano após ano sem aparentemente quaisquer consequências económicas maiores. Os números publicados mais recentes mostram, por exemplo, que em Novembro de 2002 as importações americanas foram de um valor 48% superior às importações [1] . Nenhum outro país pode manter um défice comercial tão grande impunemente. Os media financeiros informam-nos que os EUA estão a actuar como o 'consumidor de última instância' e a implicação disto é que nós lhe deveríamos ficar gratos. Mas uma descrição mais esclarecedora deste estado de coisas seria dizer que está a obter um empréstimo maciço e sem juros do resto do mundo.
Se a posição dos EUA pode parecer invulnerável, dever-se-ia recordar que quanto mais se tem mais se tem a perder. E recentemente tem havido sinais de como, pela primeira vez desde há muito, os EUA podem estar começando a perder.
Um dos objectivos declarados, e talvez o objectivo primário, ao estabelecer o euro era converte-lo numa divisa de reserva a fim de desafiar o dólar de modo a que a Europa também pudesse obter alguma coisa em troca de nada.
Isto, contudo, seria um desastre para os EUA. Não só eles perderiam uma grande parte do seu subsídio anual de bens e serviços efectivamente gratuitos, como a mutação dos países das reservas dólar para reservas euros deitaria abaixo o valor da divisa americana. As importações começariam a custar aos americanos um bocado mais e na medida em que um número cada vez maior de possuidores de dólares começasse a gastá-los, os EUA teriam de começar a pagar as suas dívidas com o fornecimento de bens e serviços a países estrangeiros, reduzindo assim os padrões de vida americanos. Na medida em que os países e os negócios convertessem os seus activos em dólares para activos em euros, a propriedade americana e a bolha do mercado de acções sem dúvida arrebentaria. A Reserva Federal não poderia mais imprimir dinheiro para reinflar a bolha, como está actualmente considerando fazer, porque, sem montes de estrangeiros ávidos desejosos de absorve-los, isto resultaria numa inflação séria a qual, por sua vez, tornaria os estrangeiros ainda mais relutantes em possuírem a divisas americana e assim agravar-se-ia a crise.
Há no entanto um grande obstáculo para que isto aconteça: petróleo. O petróleo não é apenas de longe a mais importante mercadoria (commodity) comerciada internacionalmente, é o sangue de todas as modernas economias industrializadas. Quando não se tem petróleo, há que comprá-lo. Até recentemente todos os países da OPEP concordavam em vender o seu petróleo apenas por dólares. Enquanto isto assim aconteceu, era improvável que o euro se tornasse a principal divisa de reserva: não há interesse em acumular euros se todas as vezes em que for preciso comprar petróleo for preciso trocá-los por dólares. Esta disposição também significava que os EUA efectivamente controlavam todo o mercado mundial do petróleo: só se pode comprar petróleo se se tiver dólares, e só um país tem o direito de imprimir dólares — os EUA.
Se, por outro lado, a OPEP decidissem aceitar somente euros pelo seu petróleo (assumindo por um momento que lhe fosse permitida tomar esta decisão), então a dominação económica americana estaria ultrapassada. Não só a Europa não necessitaria mais de tantos dólares, como o Japão, que importa 80% do seu petróleo do Médio Oriente, pensaria que seria sábio converter uma grande porção dos seus activos em dólares em activos em euros (o Japão é o maior subsidiador dos EUA porque possui muitos investimentos em dólar). Os EUA, por outro lado, sendo o maior importador do mundo de petróleo teria, para manter um excedente comercial, de adquirir euros. A conversão do défice comercial para o excedente comercial teria de ser alcançada num momento em que os preços das suas propriedades e das acções no mercado estariam em colapso e os seus abastecimentos internos de petróleo e gás estariam a contrair-se. Seria uma penosa conversão.
Os argumentos puramente económicos para a OPEP converter-se ao euro, pelo menos por algum tempo, parecem muito fortes. A Zona euro não mantém um enorme défice comercial nem está pesadamente endividada para como o resto do mundo como os EUA e as taxas de juro na Zona euro também são significativamente mais elevadas. A Zona euro tem uma fatia maior do que os EUA no comércio mundial e é o principal parceiro comercial do Médio Oriente. E quase tudo o que se possa comprar com dólares pode-se comprar também com euros — excepto, naturalmente, o petróleo. Além disto, se a OPEP fosse converter os seus activos em dólares para activos em euros e a seguir exige-se o pagamento pelo petróleo em euros, os seus activos imediatamente aumentariam de valor, pois os países importadores de petróleo também seriam forçados a converterem parte dos seus activos, levando os preços para cima. Para a OPEP, apoiar o euro seria uma profecia auto-cumprida. Eles poderiam então em algum momento posterior mover-se para alguma outra divisa, talvez novamente para o dólar, e obter mais uma vez enormes lucros.
Mas naturalmente isto não é uma decisão puramente económica.
Até agora apenas um país da OPEP ousou mudar para o euro: o Iraque, em Novembro de 2000 [2, 3] . Há pouca dúvida de que isto foi uma tentativa deliberada de Saddam para responder ao golpe dos EUA, mas em termos económicos verificou-se que isto também foi um enorme êxito: no momento da conversão do Iraque o euro valia cerca de 83 centavos de dólar e agora vale mais de US$ 1,05. Entretanto, pode haver outras consequências quanto a esta decisão.
Um outro país da OPEP desde 1999 tem estado a falar publicamente acerca da possível conversão para o euro: o Irão [2, 4] , um país que desde então foi incluído no 'eixo do mal' de George W. Bush.
Um terceiro país OPEP que recentemente teve atritos com o governo dos EUA é a Venezuela e ela também tem estado a mostrar deslealdade para com o dólar. Sob o governo de Hugo Chavez, a Venezuela estabeleceu acordos de permuta (barter) para comercializar o seu petróleo com 12 países latino-americanos inclusive Cuba. Isto significa que os EUA está perdendo o seu subsídio habitual e pode ajudar a explicar o desejo americano de derrubar Chavez. Na cimeira da OPEP em Setembro de 2000, Chavez leu aos chefes de Estado da OPEP o relatório do "Seminário internacional sobre o futuro da energia", uma conferência convocada anteriormente por Chavez naquele ano para examinar tanto a futura oferta de energias fósseis como de renováveis. Uma das duas recomendações chave do relatório era que a 'OPEP aproveitasse a permuta electrónica de alta tecnologia e as trocas bilaterais do seu petróleo com os seus clientes dos países em desenvolvimento' [5] , isto é, a OPEP deveria evitar a utilização tanto do dólar como do euro para muitas transacções.
Em Abril de 2002 um alto representante da OPEP pronunciou um discurso público na Espanha durante da presidência espanhola da UE no qual tornou claro que a OPEP ainda não tem planos para tornar o petróleo disponível por euros, era uma opção que estava a ser considerada e que poderia bem trazer benefício económico a muitos países OPEP, particularmente aqueles do Médio Oriente [6] .
Como a produção de petróleo agora está em declínio na maior parte dos países produtores de petróleo, a importância dos grandes produtores remanescentes, particularmente aqueles do Médio Oriente, está destinada a tornar-se cada vez maior nos próximos anos [7] .
O Iraque, cuja produção de petróleo foi severamente reduzida pelas sanções, é um dos poucos países que podem ajudar a acalmar esta escassez ameaçadora de petróleo. A Europa, como a maior parte do resto do mundo, quer ver uma resolução pacífica das actuais tensões americano-iraquianas e um levantamento gradual das sanções — isto certamente serviria melhor aos seus interesses. Mas como o petróleo do Iraque está denominado em euros, permitir que isto se tornasse generalizado neste momento poderia aliviar o estrangulamento do dólar e possivelmente fazer mais dano do que bem para a saúde da economia americana.
Tudo isto são más notícias para a economia americana e para o dólar. O medo de Washington será não só que o preço futuro do petróleo não seja o correcto como também que a divisa possa não ser a correcta. O que talvez explique porque os EUA estão a voltar-se cada vez mais para a sua segunda grande ferramenta de dominação dos negócios mundiais: a força militar.
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