Possibilidade de conflito no Irão mantém petróleo em níveis recorde
Os preços do petróleo têm estado a ser sustentados ao longo de toda a sessão pelo intensificar de receios de um potencial conflito entre o Irão e Israel, pela desvalorização do dólar e pela revisão em baixa, por parte da Agência Internacional de Energia (AIE), da oferta de petróleo no mercado.
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Carla Pedro
cpedro@mediafin.pt
Os preços do petróleo têm estado a ser sustentados ao longo de toda a sessão pelo intensificar de receios de um potencial conflito entre o Irão e Israel, pela desvalorização do dólar e pela revisão em baixa, por parte da Agência Internacional de Energia (AIE), da oferta de petróleo no mercado.
As cotações do West Texas Intermediate, crude de referência dos EUA, seguiam em alta de 1,51% no mercado nova-iorquino para 142,11 dólares por barril, depois de na véspera terem atingido um recorde de 143,67 dólares.
Em Londres, o Brent do Mar do Norte, “benchmark” para a Europa, subia 1,58% para 142,04 dólares. Na véspera, atingiu um novo máximo histórico, ao fixar-se nos 143,91 dólares por barril.
Desde o início do ano, o petróleo já subiu cerca de 51% em Londres e 48% em Nova Iorque.
O ABC News noticiou que é cada vez mais provável que Israel ataque o Irão este ano, dando início a um conflito que poderá ameaçar a oferta proveniente do Médio Oriente.
Israel poderá bombardear o Irão se o segundo maior produtor da OPEP adquirir urânio enriquecido em quantidade suficiente para fabricar uma arma nuclear, revelou o ABC News, citando fonte oficial do Pentágono, que preferiu o anonimato.
Se o Irão fechar o Estreito de Ormuz, por onde passa 40% do petróleo do Médio Oriente, a pressão no mercado petrolífero será ainda maior.
“Não vejo muita resistência até aos 150 dólares por barril, nível que pode ser atingido nas próximas semanas”, comentou à Associated Press um analista da Purvin & Gertz, Victor Shum.
Por outro lado, no seu relatório sobre o mercado petrolífero, divulgado hoje, a AIE diz que a procura vai aumentar mais nos países em desenvolvimento, com a Ásia, Médio Oriente e América Latina a representarem cerca de 90% do crescimento da procura nos próximos cinco anos. Além disso, reviu em baixa a quantidade de oferta no mercado, referindo que a capacidade extra de produção da OPEP vai diminuir até 2013.
“A capacidade extra efectiva da OPEP vai aumentar de 2,5 milhões por dia em 2008 para mais de 4 milhões diários em 2010, antes de cair para níveis negligenciáveis, de cerca de um milhão de barris por dia, em 2013”, refere a Agência.
Segundo Nobuo Tanaka, director executivo da AIE, os preços recorde do petróleo nos últimos meses tornaram-se uma ameaça para a economia global. “Estamos claramente num terceiro choque petrolífero”, afirmou.
O petróleo está também a ser impulsionado pela expectativa de o Banco Central Europeu poder subir juros amanhã, o que contribuiria para valorizar ainda mais o euro face ao dólar. A queda do dólar tem estado por detrás do aumento da atractividade das matérias-primas para os investidores.
Um outro dado que está a ajudar ao intensificar de tensões na sessão de hoje é o facto de a BP ter referido que poderá ter que sair da Rússia no final do mês, uma vez que as autoridades de Moscovo recusaram passar licenças de trabalho.