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Caldeirão da Bolsa

Falência da Republica Portuguesa iminente?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por djovarius » 23/1/2009 18:39

Pois bem, questão complicada...

É preciso ver uma coisa: nem défices zero, nem exagerados. É uma solução melhor.

É necessário um pacto da classe política, em vez de guerras do tipo I Republica !!

Para quê? Para que se aceite a necessidade de défices maiores agora a serem corrigidos quando voltar a estabilidade na esfera financeira global, talvez daqui a 3 ou 4 anos.
Depois, aí sim, teremos que ir para um superavit primário (que não conta com o serviço da dívida), que na prática dá um défice pequeno.
Junte-se a isto um novo programa de privatizações, inclusivé daquilo que for agora nacionalizado.
Essa poupança e esses novos recursos servem para recolocar o "ratio" dívida/PIB em valores razoáveis, abaixo de 65%. O que não vale é aumentar a dívida em tempos de bonança (Guterres deveria ter ido para o défice zero entre 1998 e 2000) para alimentar um pseudo Estado social, como não vale cortar a direito em tempos maus como agora.
E para atacar o défice externo, substituição de importações, nomeadamente na área energética, um cancro deste país, quando se fala em dívida externa. Aposta em áreas onde possamos competir, quais têxteis, qual carapuça.
Produzir aquilo que possamos exportar, mesmo que nem sempre sejam produtos de maior valor acrescentado, ou aquilo em que possamos ser competitivos e que teríamos de importar.
Turismo de excelência a baixo custo: hoje é possível. Vender a ideia de que o nosso artigo não só é bom como é barato. Isto pode ser feito. Não aumentar salários de ninguém por "default". Isto é importante para a competitividade externa. Gánhamos pior que os outros, sim, mas recomeçamos a crescer naturalmente. Isso é que garante futuras melhorias de vida.
Baixar contribuição para a SS, complementando-a com outro tipo de plano de aposentadoria e de protecção. Isto terá de ser feito um dia.
Maior liberdade económica, fim de leis duras como a lei anti-tabaco nos bares, etc... sim à liberdade dos individuos e dos grupos que comungam dos mesmos interesses.
Se a mulher necessitar de abortar qual é o problema? Se o gay se quer casar, qual é o problema?

Deixem as pessoas viver, verão como a crise é atacada de uma forma mais célere !!!

Abraço e bom fds

djovarius
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por nunofaustino » 23/1/2009 18:06

djovarius Escreveu:Um texto do Dr. Arroja que não é bem esclarecedor, vendo bem a coisa...

O escudo era uma moeda forte, como qualquer outra que fosse ancorada ao Ouro, pois isso obriga a uma forte disciplina quer fiscal, quer das contas externas, sob pena do Ouro desaparecer dos cofres. Ponto final. Salazar nem precisava de nenhum Bretton Woods para impor tal disciplina. Os cambios, por outro lado, eram quase-fixos entre si, por via do acordo, entre o fim da 2ª Guerra e o início da década de setenta.
O problema é que essa política, mesmo não sendo recessiva, é um travão a qualquer programa de aceleração do crescimento, para não falar do desenvolvimento necessário num país muito atrasado. Tivessem aderido ao Plano Marshall por inteiro e essa questão nunca se poria.
Os portugueses viviam dentro das possibilidades porque ninguém tinha acesso a créditos loucos, aliás, não existiam créditos loucos, independentemente da taxa de juro. Por exemplo, na minha terra, só o meu pai e mais uns dois ou três comerciantes tinham acesso a crédito. Inicialmente, sob reservas e depois, ganha a confiança do Banco, em boas condições. Era assim em Portugal e em todo o lado. Ou pensam que nas Alemanhas e quejandos a vida era fácil nesses tempos !?
Sabem como era um negócio à antiga portuguesa. Ainda hoje existe um Café na minha terra, que só começou porque todo aquele que tinha poupado alguma coisa foi convidado a ser accionista do mesmo. Era assim nos anos 50 e neste caso envolveu mais de 50 pessoas e nada de crédito.
Os portugueses passaram a viver acima das possibilidades porque alguém adoptou essa política desde os anos setenta (pão e circo) nada tendo a ver com o escudo ou o euro e com a capacidade de depreciar a moeda, ou mesmo desvalorizá-la.
O acesso ao crédito cada vez mais fácil começou em 1986, controlada a inflação e com juros mais baixos. Não faltavam poupanças, na época. Um dos grandes exemplos foi a brutal compra de automóveis entre 1987 e 1989 (e a brutal euforia na antiga BVL em 87, lembram-se???) e depois de imóveis entre 1990 e 1992.

Ainda havia o Escudo nos anos oitenta. A partir de 85 valorizou-se face ao USD e manteve-se estável face às europeias. E o tal endividamento já era galopante face ao exterior, quer pelo Estado, depois pelos particulares. Mas o Governo ainda disfarçou bem a coisa com as ajudas da então CEE e com a privatização das Estatais, que sempre representavam entrada de muito capital externo.
A necessidade de acelerar o desenvolvimento de um país atrasado mais de 30 anos justificou a opção política tomada: o "viver" acima das possibilidades é uma consequência dessa política. Repito: isto dá no mesmo seja com euro, escudo ou conchas de praia como moeda.

Se não querem que isso continue, então, vamos para défice zero, quer fiscal, quer externo e a Economia estagnará por muitos anos, voltamos a ter só dois ou três Bancos, as casas serão muito baratas, mas ninguém obtém crédito para comprá-las, muitos automóveis com 15 a 20 anos de idade, e por aí fora...
É só optar politicamente. Quem tem coragem !!??

Abraço

dj


E se fosses tu a decidir, o que é que decidias? Quais eram as tuas prioridades no curto prazo e objectivos a médio prazo e o que é que fazias para que isso fosse atingido?

Um abr
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por djovarius » 23/1/2009 17:57

Um texto do Dr. Arroja que não é bem esclarecedor, vendo bem a coisa...

O escudo era uma moeda forte, como qualquer outra que fosse ancorada ao Ouro, pois isso obriga a uma forte disciplina quer fiscal, quer das contas externas, sob pena do Ouro desaparecer dos cofres. Ponto final. Salazar nem precisava de nenhum Bretton Woods para impor tal disciplina. Os cambios, por outro lado, eram quase-fixos entre si, por via do acordo, entre o fim da 2ª Guerra e o início da década de setenta.
O problema é que essa política, mesmo não sendo recessiva, é um travão a qualquer programa de aceleração do crescimento, para não falar do desenvolvimento necessário num país muito atrasado. Tivessem aderido ao Plano Marshall por inteiro e essa questão nunca se poria.
Os portugueses viviam dentro das possibilidades porque ninguém tinha acesso a créditos loucos, aliás, não existiam créditos loucos, independentemente da taxa de juro. Por exemplo, na minha terra, só o meu pai e mais uns dois ou três comerciantes tinham acesso a crédito. Inicialmente, sob reservas e depois, ganha a confiança do Banco, em boas condições. Era assim em Portugal e em todo o lado. Ou pensam que nas Alemanhas e quejandos a vida era fácil nesses tempos !?
Sabem como era um negócio à antiga portuguesa. Ainda hoje existe um Café na minha terra, que só começou porque todo aquele que tinha poupado alguma coisa foi convidado a ser accionista do mesmo. Era assim nos anos 50 e neste caso envolveu mais de 50 pessoas e nada de crédito.
Os portugueses passaram a viver acima das possibilidades porque alguém adoptou essa política desde os anos setenta (pão e circo) nada tendo a ver com o escudo ou o euro e com a capacidade de depreciar a moeda, ou mesmo desvalorizá-la.
O acesso ao crédito cada vez mais fácil começou em 1986, controlada a inflação e com juros mais baixos. Não faltavam poupanças, na época. Um dos grandes exemplos foi a brutal compra de automóveis entre 1987 e 1989 (e a brutal euforia na antiga BVL em 87, lembram-se???) e depois de imóveis entre 1990 e 1992.

Ainda havia o Escudo nos anos oitenta. A partir de 85 valorizou-se face ao USD e manteve-se estável face às europeias. E o tal endividamento já era galopante face ao exterior, quer pelo Estado, depois pelos particulares. Mas o Governo ainda disfarçou bem a coisa com as ajudas da então CEE e com a privatização das Estatais, que sempre representavam entrada de muito capital externo.
A necessidade de acelerar o desenvolvimento de um país atrasado mais de 30 anos justificou a opção política tomada: o "viver" acima das possibilidades é uma consequência dessa política. Repito: isto dá no mesmo seja com euro, escudo ou conchas de praia como moeda.

Se não querem que isso continue, então, vamos para défice zero, quer fiscal, quer externo e a Economia estagnará por muitos anos, voltamos a ter só dois ou três Bancos, as casas serão muito baratas, mas ninguém obtém crédito para comprá-las, muitos automóveis com 15 a 20 anos de idade, e por aí fora...
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por fosgass » 23/1/2009 16:14

[quote=Bloomberg]
European Yield Spread at Widest Since 2004 on Drive for Safety

Jan. 23 (Bloomberg) -- European two-year government notes jumped, sending the difference in yield with 10-year bunds to the widest in 4 1/2 years, as the economic slump drove investors to the shortest-maturity assets.

The gains sent the two-year note on course for a sixth straight weekly gain. A report showed euro-area manufacturing and service industries contracted for an eighth month in January as the global recession hurt export demand and curbed spending.

“Data continues to be weak, but I think that takes second stage to the driving forces that are propelling markets at the moment,” said Alan Wilde, head of fixed-income and currencies in London at Baring Investment Services Ltd. These are “risk aversion and, within Europe, the sovereign-spread trading.”

The yield on the two-year note fell seven basis points to 1.36 percent by 1:53 p.m. in London. The 2.25 percent security due December 2010 gained 0.13, or 1.3 euros per 1,000-euro ($1,280) face amount, to 101.62.

The yield on the German bund, Europe’s benchmark government security, increased four basis points to 3.14 percent. Yields move inversely to bond prices.

The spread between German two- and 10-year notes widened 11 basis points to 180 basis points, the most since May 2004.

Shrinking Industry

The composite index of European manufacturing and service industries was at 38.5 compared with 38.2 in December, which was the lowest reading since the survey began in 1998, according to a measure based on a survey of purchasing managers by Markit Economics. The median estimate of 15 economists surveyed by Bloomberg was for a drop to 37.4. A reading below 50 indicates contraction.

Confidence among French manufacturers stayed at a record low in January, according to a separate report from Insee, the Paris- based national statistics office. The reading was the lowest since the index started in 1976.

The spread between Greek 10-year bonds and bunds widened eight basis points to 299 basis points, its fourth daily increase. The spread widened 73 basis points since Standard & Poor’s put Greece’s credit rating on “negative watch” on Jan. 9. S&P lowered the country’s rating one level to A- on Jan. 14, citing the government’s ballooning budget deficit.

S&P cut Spain’s rating one step to AA+ on Jan. 19, and Portugal’s rating was reduced to A+ from AA- on Jan. 21.

Germany is the “main beneficiary” of the downgrades as investors bet the gaps between yields of so-called peripheral European countries and those of Germany will keep widening, Wilde said. This is “pushing at an open envelope,” he said.

Italian government bonds may be hurt by “supply-induced pressure” next week as the Treasury sells as much as 8.4 billion euros of securities, Commerzbank AG analysts including Peter Mueller in Frankfurt wrote in a client note today.

To contact the reporters on this story: Matthew Brown in London at Mbrown42@bloomberg.net; Lukanyo Mnyanda in London at lmnyanda@bloomberg.net
[/quote]

Quero destacar o seguinte promenor:

Italian government bonds may be hurt by “supply-induced pressure” next week as the Treasury sells as much as 8.4 billion euros of securities


E os States ainda não começaram a despejar...
 
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por fosgass » 23/1/2009 16:12

Dei uma vista de olhos pelas OTs de 10 anos que praí andam e cheguei aos seguintes valores:

Japan - 1.235
Swiss - 2.161
US - 2.552
China - 2.628
Canada - 2.755
Germany - 3.086
UK - 3.480
Danmark - 3.517
France - 3.658
Netherlands - 3.922

Australia - 4.104
Italy - 4.253
Nw Zlnd - 4.279
Spain - 4.299
Belgium - 4.463
Portugal - 4.653

Mexico - 5.345
Brasil - 5.835

A bold os países da zona Euro.

O que quer dizer que estamos bem mais perto do risco do México ou Brasil que da Alemanha...[/b]
 
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por trial » 23/1/2009 13:28

No "Publico" de hoje


Rei morto
23.01.2009, Luís Campos e Cunha


A baixa do rating pela S&P implica duas coisas: o crédito ficará mais caro e haverá menos crédito para Portugal




Rei posto, rei morto. O novo orçamento foi apresentado de manhã e chumbado à tardinha.
A Standard & Poor's (S&P) já tinha alertado que a situação financeira do Estado português lhe levantava dúvidas.

O Ministro foi a Londres tentar convencer a agência de rating da bondade das suas políticas mas apenas conseguiu que eles esperassem pelo novo orçamento. Este foi apresentado quarta-feira de manhã e, pela tarde, baixaram formalmente o rating da República. O que é muito mais grave do que se pensa. Senão vejamos.

A Crise foi iniciada pelo crédito fácil, durante dez anos, e implicou perdas inimagináveis para os bancos que conduziram a que os bancos não possam, hoje, conceder o crédito que noutras situações estariam a fazer. No nosso caso, o importante é ter a ideia de que mais um milhão de euros de crédito à economia implica mais um milhão de empréstimos ao exterior.
Por outro lado, neste momento só o Estado tem crédito, no exterior, em montantes relevantes.

Mesmo os bancos que recentemente recorreram ao crédito externo - CGD, BES e BCP - só o conseguiram porque tinham comprado ao Estado português uma garantia. Hoje os investidores internacionais estão, basicamente, indiferentes à situação do banco em causa. O que interessa, para esses investidores, é saber que o Estado está por detrás, é ao Estado que estão a emprestar.

Daqui decorre que a baixa do rating pela S&P implica duas coisas: o crédito ficará mais caro e, pior ainda, haverá menos crédito para Portugal.
Quanto ao custo do crédito, basta pensar que a Grécia, que acabou de fazer um empréstimo a prazo, teve de pagar 3,15 pontos percentuais acima dos títulos de referência (ou seja, bunds alemães a 5 anos).

Nós (ainda) estamos longe. Mas eles também estavam longe: no início do ano pagavam 2,5 pontos de spread. E nós, em três semanas, passámos de 1,2 pontos para perto dos 1,7 pontos percentuais de spread.

Significa que mais nenhum banco se vai financiar às taxas de juro do CGD/BES/BCP. Quem for agora ao mercado vai pagar spreads mais altos. Mas isto são pequenos problemas, o custo do crédito é o menor deles, por mais incrível que pareça.
Quando a S&P diz que o risco de crédito passa da notação de AA- para A+, reduz o número de instituições que está disposta a emprestar a
Portugal e reduz o volume de exposição das remanescentes. Como países com notação AAA estão a lançar empréstimos em larga escala, a restrição quantitativa ao crédito para Portugal torna-se muito preocupante.

Por outras palavras, o crédito caro é o menor dos problemas, o mais grave é que haverá menos crédito para Portugal. E a política de despesa orçamental apenas agudiza a nossa crise de acesso ao crédito. Como salientei, o crédito aos bancos é, de facto, crédito ao Estado, embora formalmente seja crédito aos bancos portugueses, e é assim que os investidores internacionais o veêm.

Como estamos a viver nos limites da nossa capacidade de endividamento, mais crédito directo ao Estado será menos crédito para os bancos nacionais e, por consequência, para as empresas e as famílias.
Por tudo isto é que a política de grandes défices orçamentais será autodestrutiva. A política do Governo é simples mas errada: o investimento e as exportações caíram, logo o Estado faz uns programas de investimento e de subsídios públicos. É keynesianismo simplificado daquele que ensinamos numa cadeira de introdução à macroeconomia.
Na situação actual, mais investimento público implica que o Estado vai precisar de mais financiamento (i.e., crédito) porque o défice orçamental aumenta. Mais financiamento directo ao Estado vai reduzir, a breve prazo, o financiamento (aquilo que sobra) para os bancos.

Menos financiamento aos bancos será menos crédito às famílias e empresas; logo, teremos mais falências, mais desemprego e, também, problemas acrescidos para os bancos. O Governo volta a reagir com mais investimento ou subsídios públicos conduzindo a maiores défices orçamentais, mais endividamento, novamente, mais problemas para financiamento dos bancos e para o crédito à economia,... e assim por diante. Vivemos uma situação de restrição quantitativa ao crédito e mais crédito ao Estado requer, para a política ser eficaz, mais endividamento internacional e tal não é possível.

A política pública anunciada só poderia ter (algum) sucesso se o Governo, simultaneamente, cortasse nos grandes investimentos. Daria o sinal de que não aumentaria as suas necessidades de financiamento para além de um limite razoável, seria apenas reorientação do investimento e o aumento do défice orçamental corresponderia aos estabilizadores automáticos (ou seja, mais despesa em subsídios de desemprego e apoios sociais e menos receitas de impostos).

Mas nada disto aconteceu até agora. Pode ser que a cimeira ibérica ponha um ponto final no TGV para Madrid; de Espanha pode vir bom pensamento (e não comento quanto ao bom casamento ou ao bom vento).
O Estado pode, e deve, ajudar os bancos a captar crédito mas abster-se de o usar consigo próprio. Fazê-lo levará à espiral auto-sustentada que descrevi, que todos pagaremos, durante muitos anos, com menor crescimento e mais probreza.
O chumbo do novo orçamento pela S&P deveria corresponder a um chumbo na Assembleia da República.

Atirar dinheiro aos problemas, na situação actual, não os afoga, fá-los crescer e com juros altos. A política trapalhona de apoio à economia tem em si o gene da sua própria destruição, como a S&P mostrou ao mundo e eu tentei explicar. Professor universitário
 
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por Camisa Roxa » 23/1/2009 13:24

Pedro Arroja novamente:

Neste gráfico, está a evolução dos CUT [custos unitários em trabalho] para a Alemanha e para Portugal desde a criação do euro. Na Alemanha mantiveram-se constantes, na realidade até cairam ligeiramente; em Portugal subiram 25%. Por outras palavras, o custo de produzir uma cadeira na Alemanha manteve-se constante desde a introdução do euro; o custo de produzir uma cadeira semelhante em Portugal aumentou 25% no mesmo período.

Onde é que os portugueses vão comprar cadeiras? Na Alemanha. O que acontece às fábricas de cadeiras em Portugal? Vão à falência. E aos trabalhadores portugueses? Vão para o desemprego.

E se, em lugar do euro, existissem o marco e o escudo? O escudo desvalorizava 25% face ao marco, e os portugueses continuariam a comprar cadeiras em Portugal, a manter as suas fábricas em actividade, e os seus trabalhadores ocupados.

Quem acreditou - e, temos de admitir, foram quase todos os portugueses - que, a prazo, era possível manter dois países como Portugal e a Alemanha com uma moeda única - o euro -, não estava bom da cabeça. Vão-se desenganar. Portugal vai saír do euro. É necessário tempo. Mas tempo é tudo o que é necessário. Por isso, haveria conveniência que nós começássemos a especular acerca de como vamos reorganizar a nossa vida económica fora do euro. Fonte


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por fosgass » 23/1/2009 13:21

Gostei do ultimo post...

Mais uma aposta para a mesa... o Sócrates vai pedir a demissão, não tarda nada!

Que ninguém se esqueça:
"Em 1985 a agitação no PSD leva Mota Pinto a demitir-se da presidência do partido. Mário Soares e Rui Machete, novo líder do PSD, são forçados a preparar uma remodelação governamental. Os novos membros do Governo tomam posse a 15 de Fevereiro de 1985. No entanto, em inícios de Junho, a nova direcção do PSD presidida pelo recém-eleito Cavaco Silva, põe fim à coligação e propõe a realização de eleições gerais antecipadas. Pouco depois a 12 de Junho, realiza-se a assinatura do Tratado de Adesão de Portugal à CEE. No dia seguinte Mário Soares apresenta a sua demissão."

"António Guterres demite-se após as eleições autárquicas de Dezembro de 2001, em que o PS sofre uma derrota muito significativa. No acto inesperado da demissão declara demitir-se para evitar que o país caia num pântano democrático, devido à falta de apoio ao governo que os resultados eleitorais indicavam."
 
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por Camisa Roxa » 23/1/2009 12:09

um texto do Pedro Arroja que é bem esclarecedor:

Porque é que o escudo era uma moeda forte durante o Estado Novo? Porque os portugueses viviam dentro das suas possibilidades (balança de transacções correntes equilibrada).

E porque é que o escudo passou a desvalorizar a partir de 1974? Porque os portugueses passaram a viver acima das suas possibilidades (e a desvalorização do escudo representava o travão a essa irresponsabilidade).

Em 1993 Portugal aderiu ao Mecanismo das Taxas de Câmbio do Sistema Monetário Europeu, um estádio preparatório do euro, e, em 1999, aderiu ao euro. Os portugueses, a partir dessa data, passaram a viver permanente e cronicamente acima das suas possibilidades (cf., a partir daí, os défices crónicos da balança de transacções correntes). Se existisse o escudo, ele tinha desvalorizado e tinha-se posto um travão a essa loucura. Como existia o euro, nada os parou.

E como é que conseguiram isso, viver por tantos anos acima das suas possibilidades? Endividando-se perante o estrangeiro permanente e cronicamente.

Os credores estão agora a bater à porta a pedir contas.


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por Camisa Roxa » 23/1/2009 12:05

1. quando estas empresas de rating davam ratings artificialmente elevados todos se vieram queixar; agora que dao ratings mais realistas todos se queixam á mesma?

2. o rating não é a causa mas uma consequência! se o nosso país não tivesse entrado numa espiral de défices públicos nos últimos 30 anos acompanhados por 1 cada vez maior desequilíbrio da balança de transacções correntes, não era preciso estarmos a emitir cada vez mais dívida pública

É que chega a um ponto que começa a ser insustentável a manutenção desta situação e as agências de rating topam e alertam os credores que, como é óbvio, para um maior risco exigem um maior retorno

Aliás, o melhor que pode acontecer a Portugal é não nos emprestarem mais dinheiro!
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por fosgass » 23/1/2009 9:54

Desculpem voltar ao assunto... o maior exportador nacional vai "com os frangos".

Ainda há muitas dúvidas?


"A unidade fabril da multinacional alemã sedeada em Vila do Conde foi responsável por exportações que alcançaram os 1,6 mil milhões de euros"

Ora, 1,6 mil milhões de euros = 0,1% do PIB...

Notícia DE
A Qimonda deverá entrar hoje em processo de falência, soube o Económico. Ainda assim, a fábrica que a empresa alemã tem em Portugal vai continuar para já a operar.

A empresa tecnológica está a ter dificuldades em cumprir as suas obrigações financeiras, pelo que deverá ser obrigada a solicitar a abertura do processo de falência, apurou o Económico.

A Qimonda fabrica 'chips' para os computadores e é o maior exportador nacional. As dificuldades financeiras já eram conhecidas. Esteve previsto que os bancos portugueses - Caixa, BES e BCP - estivessem envolvidos num financiamento para tentar salvar a Qimonda, que envolvia também a acção de entidades alemãs. Mas, segundo soube também o Económico, o financiamento não se concretizou devido a problemas com as autoridades germânicas.


Qimonda Files for Insolvency, Munich Court Says
Email | Print | A A A

By Mike Gavin

Jan. 23 (Bloomberg) -- Qimonda AG, a unit of Infineon Technologies AG, filed for insolvency this morning, spokeswoman Ingrid Kaps of the Munich district court said. A Qimonda spokesman, Ralph Heinrich, declined to comment.
Last Updated: January 23, 2009 04:21 EST
 
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por fosgass » 23/1/2009 9:08

Rating" da República
Risco da dívida em alta "custa" pelo menos mais 32 euros por pessoa

O Estado vai pagar pelo menos mais 324 milhões de euros pelo aumento da taxa de juro do seu financiamento. Um reflexo de ser agora visto pelos investidores como um devedor mais arriscado.
Helena Garrido
Helenagarrido@mediafin.pt

O Estado vai pagar pelo menos mais 324 milhões de euros pelo aumento da taxa de juro do seu financiamento. Um reflexo de ser agora visto pelos investidores como um devedor mais arriscado.

Já em 2008, ainda não se tinha degradado o 'rating' da República, Portugal pagou juros visivelmente mais elevados do que a taxa de referência para a Área do Euro. O que nunca tinha acontecido desde a adesão à moeda única.

No conjunto de 2008 e 2009, o agravamento dos encargos com juros por efeito de uma maior segmentação do risco por parte dos investidores, pode custar aos cofres do Tesouro, 550 milhões de euros.
 
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por nunofaustino » 22/1/2009 16:01

Pata-Hari Escreveu:
.,,

Nuno, dá para explicares melhor a tua ideia? :mrgreen:


escrevi algo, depois reli e quis apagar e o fórum só deixa editar, pelo que editei o texto e coloquei qquer coisa para o fórum aceitar a mensagem :).

jocas
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por djovarius » 22/1/2009 15:52

Claro está que o regresso ao passado não pressupõe o fim dos avanços entretanto ocorridos, exactamente ao nível que descreveste.

Voltar atrás, neste caso, tem outro significado, mais socio-económico, digamos.

É que não vai mesmo faltar investidores, aqui e no exterior, para financiar o Estado. Como já disse a Patinha, paga-se um juro maior. Aliás, o mercado já havia descontado a queda no "rating" soberano. Já "pagamos" 150 pontos base acima da Alemanha pelo título do Tesouro a 10 anos. Isto dá cerca de 200 pontos base acima do título equivalente dos EUA. Se medissem o nosso risco país pelo padrão JP Morgan para os emergentes (especulando), isso equivaleria igualmente a 200 pontos-risco, ou seja, nada, mas mesmo nada de especial.

A questão é que, chegará o momento, em que o Estado terá de fazer novamente cortes e aperto de cinto, mesmo sem que a crise esteja debelada. Isto para que aquilo que não é hoje grave problema (risco 200), se torne um enorme buraco.

É nesse aspecto que vamos voltar para trás: nem o sector público nem o privado darão respostas.
Resultado: recomeçaremos a crescer a partir de patamares mais baixos.

Abraço

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Re: Falência da Republica Portuguesa iminente?

por fosgass » 22/1/2009 15:41

nunofaustino Escreveu:
Eu concordo contigo, mas digo que não vale a pena matar o mensageiro quando trás más notícias...

Devíamos era questionar o que faziam estas agências quando tudo eram flores e coisas bonitas.

É muito provável que Portugal agora vá pagar juros mais elevados, mas a verdade é que Portugal tem um risco de default superior ao da Alemanha, pelo que é justo que pague esses juros superiores.

Um abr
Nuno


Penso que o que o Nuno quer dizer é que o spread entre a dívida Portuguesa e Alemã ia em 140 pontos ontem e hoje já vai assim:

Germany OT 10A - 2.999%
Portugal OT 10A - 4.547%

Ou seja, 154,8 pontos and rising.

Pata-Hari Escreveu:
A ideia é mesmo essa, com a descida do rating, o estado terá que emitir pagando mais para ser atractivo e para compensar o risco tal como é avaliado neste momento.


Chega a um ponto em que a taxa torna-se insustentável...

Meus caros... isto é o básico. É a dívida que manda em tudo o resto!
 
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por MikeCorp » 22/1/2009 15:41

Pata-Hari Escreveu:
.,,

Nuno, dá para explicares melhor a tua ideia? :mrgreen:


Eu explico Pata. Enquanto que ele não vir o Mr. Pontes a descer o rating de portugal não vale a pena entrarmos em crise :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: . Quem é que quer saber das agências de rating quando temos o Mr. Pontes on fire?

Abraço
 
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por Pata-Hari » 22/1/2009 15:30

.,,

Nuno, dá para explicares melhor a tua ideia? :mrgreen:
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por nunofaustino » 22/1/2009 15:26

.,,
Pluricanal... não obrigado. Serviço péssimo e enganador!!!
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por Pata-Hari » 22/1/2009 15:25

se tens AAA com juro alto vais querer o A- para quê?



A ideia é mesmo essa, com a descida do rating, o estado terá que emitir pagando mais para ser atractivo e para compensar o risco tal como é avaliado neste momento.
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por fosgass » 22/1/2009 15:14

Bem, pelos comentários que recebi a este post penso que o mesmo não ficou muito bem compreendido...

O que eu quis relevar com este post é a enorme dificuldade que o governo vai ter em vender dívida e a venda da dívida é que é fundamental para aguentar o barco nos níveis previstos! É com ela que o governo tenciona pagar os subsídios todos que praí vêm!!

Obviamente que entre a dívida de Portugal, Itália, Grécia, Chipre e Malta, a melhor é de longe a Italiana especialmente devido ao facto de pertencer ao G8 o que, só por si, a coloca numa dimensão completamente diferente da dos outros países citados. Os outros não têm indústria de dimensão global (nem umazinha para dar o exemplo) enuanto que todos os títulos do Mib-30 são globais!

O que quero dizer é que na crise de liquidez em que nos encontramos, com os fundos soberanos já sem fundos para mais investimento (especialmente o chinês e dos países do petróleo), estes vão querer uma grande fatia do bolo da dívida americana que vai encharcar o mercado de papel AAA com uma boa taxa de juro para poder vender...

Se tens AAA com juro alto vais querer o A- para quê?

Só o FMI é que pode talvez estar interessado como o fez nos anos 80, também em relação a Portugal, mas esses compram de tudo!
 
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por artista_ » 22/1/2009 13:39

djovarius Escreveu:Mas não se pode negar que a nossa sociedade terá um nível de vida pior do que o actual. Penso que voltaremos, no mínimo, ao "status" de há 20 anos ou pior ainda.


Acho que isso nunca acontecerá porque os avanços tecnológicos e de infraestruturas/equipamentos serão sempre um dado adquirido, mesmo que o poder de compra diminua há coisas que nunca serão como eram há 20 anos...

Do resto do que aqui se discute não tenho opinião, quase nem percebo do que estão a falar :mrgreen: (estou a exagerar mas...)

abraços

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por The Mechanic » 22/1/2009 13:30

nunofaustino
Devíamos era questionar o que faziam estas agências quando tudo eram flores e coisas bonitas.


O que faziam, não te sêi dizer . Mas digo-te por ex. que :
1 - Não previam a Crise "subprime"
2 - Não previam a falencia de proeminentes instituições bancárias que entretanto cairam
3 - Não previam a Crise Financeira mundial
4 - Não peviam a bancarrota de uma país como a Islandia ( salvo erro , exactamente na véspera da Islandia declarar bancarrota , a S&P ...aumentou o "rating" do país !! )

Por isso...se eles não conseguem ver a microscópio coisas que a malta vê a olho nu...servem praquê !?


Fosgass...falencia da Républica Portuguêsa !? Não exageremos. A malta ( como eu ! ) anda sempre "insolvente" , mas o pais está "benzinho". Uma dor aqui, uma dor ali...mas vái.
A questão que se coloca aqui é a seguinte: uma vez que a mudança de notação de rating geralmente torna-se catastrófica, o que fazer no caso de não haver interessados em financiar o estado português, ou seja, não haver interessados na dívida pública portuguesa?


E o downgrade tambem não foi assim tão "catastrófico" . Está bem que na Zona Euro,pior só Malta e a Grécia ( igualamos a Itália e Chipre ),mas A+ não será assim tão "catastrofico" .Estamos na A+ , até chegarmos ao Z- ...ainda falta muita letra no alfabeto :wink: .*


Um abraço ,

The Mechanic

* - Eu tirei Doutoramento em "Ratings e cenas"...claro que sêi que não há Rating Z- ...só vái até ao ZZZ ( que é quando o pessoal das Finanças e o Governador do Banco de Portugal desatam a dormir ..zzzzzzzzzzzzzzz...até ressonam !)
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Re: Falência da Republica Portuguesa iminente?

por nunofaustino » 22/1/2009 13:07

fosgass Escreveu:A revisão em baixa do rating pela S&P vem na linha daquilo que vem sendo a actuação das empresas de rating desde que se iniciou a crise financeira. Infelizmente ninguém põe mão nestas empresas privadas e, empresa atrás de empresa, todas têm colapsado à custa das revisões dos ratings que, acertadamente ou não, teimam em trazer à baila ainda mais desconfiança para o mercado.


Eu concordo contigo, mas digo que não vale a pena matar o mensageiro quando trás más notícias...

Devíamos era questionar o que faziam estas agências quando tudo eram flores e coisas bonitas.

É muito provável que Portugal agora vá pagar juros mais elevados, mas a verdade é que Portugal tem um risco de default superior ao da Alemanha, pelo que é justo que pague esses juros superiores.

Um abr
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por djovarius » 22/1/2009 13:07

Boa tarde,

Bancarrota ? Num país onde o serviço da dívida custa só 3% do PIB (claro que, com as EP, etc, isto até vai a 4% ou mais.

O problema é o défice externo, amigo. Passa de 10% do PIB e significa que todos estamos mais pobres. Não é só o Estado, é toda a sociedade.
É insustentável por mais tempo, pois já vem de longe. Praticamente obriga o Estado a ter um défice maior do que o que seria benéfico, pois assim vai atrair (pedir) os capitais ao exterior, o que compensa parcialmente essa sangria de dinheiro.

Mas não se pode negar que a nossa sociedade terá um nível de vida pior do que o actual. Penso que voltaremos, no mínimo, ao "status" de há 20 anos ou pior ainda.

Abraço

djovarius
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
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Falência da Republica Portuguesa iminente?

por fosgass » 22/1/2009 12:49

Boas,

Não quero alarmar ninguém, mas gostaria de obter os vossos comentários a este post.

A revisão em baixa do rating pela S&P vem na linha daquilo que vem sendo a actuação das empresas de rating desde que se iniciou a crise financeira. Infelizmente ninguém põe mão nestas empresas privadas e, empresa atrás de empresa, todas têm colapsado à custa das revisões dos ratings que, acertadamente ou não, teimam em trazer à baila ainda mais desconfiança para o mercado. A única solução de parar esta hemorragia poderá passar com uma suspensão imediata e temporária das operações por parte destas empresas, antes que o estrago seja irremediável.

Entretanto, deixo as minhas ideias sobre mais este triste evento, não sem antes fazer uma revisão da matéria dada, para que todos percebam do que estamos a falar...

Ora, o crescimento económico assenta, nos dias de hoje, em dois princípios fundamentais - o consumo e o investimento público. Por incrível que possa parecer, ambos dependem dos próprios cidadãos de cada estado. O consumo depende dos recursos que não são utilizados para a poupança e o investimento público depende da poupança que os cidadãos consigam fazer.

Estas relações deixam de ter validade a partir do momento em que os cidadãos passam a querer mais do que aquilo que os seus recursos lhe permitem. O primeiro passo é deixar de poupar e o segundo é endividar-se.

Quando os cidadãos deixam de poupar, deixa de haver margem para que o governo faça os seus investimentos. Assim também o governo, para fazer face aos seus compromissos, terá que se endividar.

Para isso o governo geralmente recorre áquilo que é chamada de emissão de dívida pública, isto é, à emissão de obrigações de dívida pública. Estas obrigações inserem-se na categoria de produtos a que chamamos de "renda fixa", isto é, produtos que pagam, anualmente, uma renda (taxa de juro, neste caso) fixada à partida. Na prática, o governo através da emissão de obrigações, obriga-se a, durante o prazo estipulado de validade (até à maturidade) dessas obrigações a pagar uma taxa de juro ao detentor dessas mesmas obrigações.

É aqui que entram os ratings. Os investidores procuram sempre investimentos cujo risco seja o menor possível. Quer isto dizer que, quando o investidor tem um determinado capital à sua disposição, vai procurar alocá-lo na aplicação que lhe der o melhor retorno possível com o menor risco possível.

Escusado será dizer que esta procura é por comparação, isto é, por exemplo, compara-se o risco das acções com o risco das obrigações - o investimento é feito na que tiver a menor risco.

Ora, se o Governo Português anunciou que para 2009 pretende emitir entre 11 e 14 mil milhões de euros de dívida, necessitará que hajam investidores interessados em adquiri-la. Assim, o Governo terá que definir uma taxa de juro que compense o risco de investir em portugal (e nos portugueses).

E se não haver interesse na dívida Portuguesa? Convém lembrar que o Governo dos Estados Unidos vai efectuar emissões em massa de dívida este ano e, ao mesmo tempo, outros países com uma notação de rating muito superior ao de Portugal irão fazer as suas emissões de dívida - record em maior parte deles, como é o caso de Espanha... Temos que nos lembrar que continuamos em plena crise (de liquidez, de empregos, em suma, da economia) e os capitais disponíveis não são assim muito elevados...

Ora, se o Governo não tiver compradores para a sua dívida, quer dizer que não vai ter possibilidade de se refinanciar, ou seja, de pagar a dívida "antiga" que se vencerá este ano. Ora, se não tiver essa capacidade, também não terá capacidade para pagar os juros da dívida corrente o que quer dizer, na gíria financeira, que irá entrar em "default", ou seja, incapaz de fazer face aos seus compromissos. A partir daqui, a espiral de redução de rating é inevitável e, com ela, a falência do País.

A questão que se coloca aqui é a seguinte: uma vez que a mudança de notação de rating geralmente torna-se catastrófica, o que fazer no caso de não haver interessados em financiar o estado português, ou seja, não haver interessados na dívida pública portuguesa?
 
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