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Caldeirão da Bolsa

GALP/combustiveis - Desmontando o mito (analise semanal)

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Martins_Braz » 19/9/2008 0:53

Elias Escreveu:
Martins_Braz Escreveu:Existem... mas lá fora funcionam.


Explica lá em que é que lá fora funcionam e cá não.

Martins_Braz Escreveu:P.S.: Moras na cidade de Lisboa ou na periferia?


Moro na periferia.


Explico as duas numa só. Eu também já morei na periferia (Carnaxide). Morava a 8 km das Amoreiras (pela A5). Carnaxide tem cerca de 25.000 pessoas.

E com tudo isto sabes quantos autocarros existiam por hora entre as 9h e as 18h?

1.

Agora imagina que moras fora de Lisboa/Porto/Coimbra... imagina que moras no Redondo ou em Montemor e trabalhas em Évora. Imagina que ao invés de Évora trabalhas numa qualquer terra lá perto (10 km).

Agora imagina ainda que moras na Amadora... podes sempre vir de comboio... e se fores assaltado 1, 2 ou 3 vezes, será que voltas a lá entrar? Podes sempre apanhar o autocarro para Carnaxide e depois andar 20 minutos até à próxima paragem e depois esperas mais meia-hora pelo próximo autocarro e depois demoras mais 50 minutos até chegares ao Parque Eduardo VII e depois apanhas o metro até ao Oriente e depois esperas mais 20 minutos pelo autocarro que te vai levar ao final da Expo. E depois no final do dia, fazes tudo ao contrário, chegas a casa e vais para a caminha porque amanhã tens mais do mesmo.


É tão fácil falar no país NÃO real.
 
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por EALM » 19/9/2008 0:52

Mesmo que tudo o resto estivesse resolvido... último comboio do dia ás 18.32 ? Em que país é que voces trabalham ??
 
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por Elias » 19/9/2008 0:51

Martins_Braz Escreveu:Presumo que a estação de Agueda fique à porta de casa e que a estação de Aveiro fique à porta do emprego... ou então que existem ligações de autocarro. Porque senão... não vejo do que possa servir o comboio. Por isso agora soma lá 4 bilhetes de autocarro (se houver) por dia e depois vê o custo diário.


Oh Martins Braz agora depois dessa é que vais ter de me explicar MESMO em que te baseias para afirmar que "lá fora" os transportes públicos funcionam. Tens uma estação à porta de todas as casas?
 
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por Martins_Braz » 19/9/2008 0:43

Elias Escreveu:
EALM Escreveu:Agora tentem descobrir transportes colectivos para estar em Águeda entre as 8.30 - 9.00 H da manhã. Não se tem alternativa. Tenho mesmo que ir no meu "popó" como lhe chamas.


Assim de repente, ocorre-me esta opção: comboio.
Tens um comboio diário que sai de Aveiro às 8h15 e chega a Águeda às 8h53 - penso que é o horário que te interessa.

E o bilhete custa €1,40 (de carro não te sai certamente mais barato).

(sugestão adicional: se tiveres portátil com acesso à net ainda vais consultando o Caldeirão pelo caminho)



Presumo que a estação de Agueda fique à porta de casa e que a estação de Aveiro fique à porta do emprego... ou então que existem ligações de autocarro. Porque senão... não vejo do que possa servir o comboio. Por isso agora soma lá 4 bilhetes de autocarro (se houver) por dia e depois vê o custo diário.
 
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por EALM » 19/9/2008 0:41

Mas tu partes do princípio que vivo perto da estação, que talvez possa ir a pé até à estação. Não, vivo já no limiar do concelho de Ílhavo (considera Quintãs), e preciso usar o automóvel para chegar à Estação. Mais 15 minutos. Também podia ir de autocarro. Verifica neste link os meus horários:

http://www.moveaveiro.pt/03horarios/mov ... inha1h.htm

Tudo somado, precisava de duas horas para fazer os 20 km que me separam actualmente de Águeda. Não obrigado. 45 minutos é o que demoro actualmente para 20 km. Se não houver trãnsito, quando saio mais tarde do trabalho, consigo fazer em 25 min.

Essa linha, que está em estado de abandono completo, em que o proprio maquinista pára o comboio para manipular as passagens de nível, quase não é usada por ninguém, devido a muitos factores. Os principais são a baixa velocidade média, a falta de horários compatíveis e a falta de ligações coordenadas com outros modos de transporte. Verifica quantos ligações existem por dia... Se eu precisar de ficar até tarde no trabalho, como é frequente, como vou para casa ?

Convido-vos a passear nesta linha. É sem dúvida muito bonita paisagem. É bom para fazer em turismo, nao para quem trabalha. Tem-se falado na transformação num metro de superfície, em que a ligação parassaria dos actuais 40 min para 15 min. Com boas ligações à estação certamente seria utilizador.
Só para voces não acharem que nao uso transportes públicos digo-vos que já trabalhei 3 anos em Lisboa e não precisei de automóvel...
 
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por Martins_Braz » 19/9/2008 0:33

Elias Escreveu:
EALM Escreveu:O suficiente para pagar as infraestruturas e todos os custos directos e indirectos causados pela circulação automóvel. Não aplicava ISP maior do que estes custos de modo a não desvirtuar o sistema, pois actualmente os automobilistas estão a contribuir para o OE dum modo que não compreendo. Estão a financiar coisas que nada têm a ver com estradas nem auto-estradas. O total pago por automobilistas relacionado com impostos sobre o automóvel ultrapassa em muitas vezes o total gasto pelo Estado em infra-estruturas para a circulação automóvel.


Partes do princípio que o dinheiro do ISP deve reverter para a construção de infra-estruturas rodoviárias.

Essa abordagem é utópica. Mas vamos por um momento aceitar que de facto o dinheiro do ISP revertia para estradas e auto-estradas. Ou, escrevendo ao contrário, que a construção de estradas era feita com o dinheiro do ISP.


E são. Não te esqueças que o IA e o ISP não são impostos. Mas também não são taxas. Na realidade são contribuições especiais. O mesmo é dizer que são impostos com fim determinado (supostamente o ISP ou o IA nunca poderiam pagar a construção de uma barragem)
 
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por Elias » 19/9/2008 0:30

Martins_Braz Escreveu:Existem... mas lá fora funcionam.


Explica lá em que é que lá fora funcionam e cá não.

Martins_Braz Escreveu:P.S.: Moras na cidade de Lisboa ou na periferia?


Moro na periferia.
 
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por Martins_Braz » 19/9/2008 0:29

EALM Escreveu:
Elias Escreveu:
Onelife se fosses tu a decidir quanto é que aplicavas de IVA e de ISP?


O suficiente para pagar as infraestruturas e todos os custos directos e indirectos causados pela circulação automóvel. Não aplicava ISP maior do que estes custos de modo a não desvirtuar o sistema, pois actualmente os automobilistas estão a contribuir para o OE dum modo que não compreendo. Estão a financiar coisas que nada têm a ver com estradas nem auto-estradas. O total pago por automobilistas relacionado com impostos sobre o automóvel ultrapassa em muitas vezes o total gasto pelo Estado em infra-estruturas para a circulação automóvel. O automóvel tornou-se a galinha dos ovos de ouro do Estado. Nunca compreendi porquê. Se tivesse boas estradas e auto-estradas sem portagem (pois ja pago que chegue no ISP) ainda compreendia...

O que sobra dos impostos cobrados aos automobilistas, onde é aplicado ? Não me venham falar do principio do pagador-utilizador...

O único argumento que posso aceitar é tentarmos diminuir a dependência do petróleo, e fomentar o uso do transporte colectivo. Mas quando ouço falar de portagens, eu como automobilista fortemente fustigado com impostos, sinto uma enorme revolta.


Eu fumo... logo estou a pagar as tuas radiografias, a escola do teu filho e o quilo de tomates que compraste no mercado e que apenas se mantém naquele preço porque o agricultor recebeu um subsídio.
 
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por Martins_Braz » 19/9/2008 0:27

Elias Escreveu:
Martins_Braz Escreveu:É que lá fora tens transportes públicos a sério...


Explica lá o que é que os transportes públicos lá de fora têm queos nossos não têm.


Existem... mas lá fora funcionam.

P.S.: Moras na cidade de Lisboa ou na periferia?
 
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por Crómio » 19/9/2008 0:15

Oh Elias,

Não estragues a festa ao homem!

Daqui a pouco já não há desculpas para andar de carro!

EALM: Não leves a mal, só me estou a meter com o Elias que te quer desgovernar...

:mrgreen:

Abraço
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por Elias » 19/9/2008 0:05

faltava o detalhe dos preços da viagem.

(fonte: www.cp.pt)
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por Elias » 18/9/2008 23:56

EALM Escreveu:Agora tentem descobrir transportes colectivos para estar em Águeda entre as 8.30 - 9.00 H da manhã. Não se tem alternativa. Tenho mesmo que ir no meu "popó" como lhe chamas.


Assim de repente, ocorre-me esta opção: comboio.
Tens um comboio diário que sai de Aveiro às 8h15 e chega a Águeda às 8h53 - penso que é o horário que te interessa.

E o bilhete custa €1,40 (de carro não te sai certamente mais barato).

(sugestão adicional: se tiveres portátil com acesso à net ainda vais consultando o Caldeirão pelo caminho)
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por Flying Turtle » 18/9/2008 23:51

EALM Escreveu:Eu estou a por em causa é o principio de o automóvel financiar tantas outras coisas! Estou a perguntar porquê! Apenas isso. Por que não outra coisa qualquer ? Por que não taxar fortemente a visualização de TV ? Pronto, passa a ser isso o sustento do Estado! Porque nao ? Porquê o automóvel ?


Não deves ser espectador de televisão... Porque, se o fosses, amanhã virias aqui reclamar contra a excessiva taxação dos espectadores de TV. Tipo:

EALM (na minha imaginação) Escreveu:Eu estou a por em causa é o principio de a visualização de TV financiar tantas outras coisas! Estou a perguntar porquê! Apenas isso. Por que não outra coisa qualquer ? Por que não taxar fortemente o automóvel ? Pronto, passa a ser isso o sustento do Estado! Porque nao ? Porquê a visualização de TV ?

Epá, o automóvel não, já reclamei contra isso... Talvez as vacas leiteiras?...


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por ptmasters » 18/9/2008 23:51

...e para os licenciados e mestrados não pára de subir o desemprego...
O que é um cínico? É aquele que sabe o preço de tudo, mas que não sabe o valor de nada.
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por MarcoAntonio » 18/9/2008 23:48

Hoje falou mais um (ANTRAM) e atirou com três pérolas...


ANTRAM pede a Governo que regule preços das gasolineiras

A Associação Nacional dos Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias alertou, esta quinta-feira, para as diferenças de preços praticados pelas gasolineiras face às cotações do petróleo e pede ao Governo que regule os preços.


«Pelas contas que fizemos, se a descida do preço de venda ao público tem acompanhado a descida de custo do barril de petróleo, neste momento seguramente o preço do gasóleo estaria sete cêntimos mais barato», disse o presidente da ANTRAM, António Mouzinho.


Senhor António Mouzinho, pode explicar as contas por favor? Era interessante saber que contas fez para chegar aos 7 centimos, não é só atirar números ao ar a ver se cola...


Ah, espera o senhor ainda não acabou de falar, vamos ouvir o resto.

Segundo as contas da ANTRAM, o preço do gasóleo rodoviário, sem IVA, aumentou 62 por cento desde a liberalização em Janeiro de 2004 até 12 de Setembro de 2008.


Sim? A sério? E isso pretende dizer exactamente o quê?

Entre 2004 e 2008 o crude aumentou 145% sensivelmente (mais do dobro do valor que falou).

Só entre 2005 e 2008 o gasóleo (cotação internacional em euros) subiu cerca de 140%. Metemos agora o ISP e vai para os valores que fala...


Se era para "chocar" alguém, só "choca" os mais distraídos. Se era suposto ser um argumento qualquer, convinha explicar melhor qual era porque fiquei sem entender qual era a questão dos 62% de aumento quando o gasóleo e o crude subiram o dobro disso.

Se era para encher tempo de antena e dizer qualquer coisa, então está explicado.


A associação chamou também a atenção para o «fosso enorme» entre os preços praticados em Portugal e Espanha, considerando que o mesmo impede as empresas portuguesas de concorrerem com as espanholas.


Então o que deve pedir ao Governo não é que regule o preço dos combustíveis mas que equipare os impostos sobre os combustíveis aos de Espanha.

O fosso desaparece logo...

Mas esta gente sabe minimamente do que fala?

E têm todos direito a tempo de antena?


Num encontro com o Governo em Julho, para negociar o protocolo de entendimento que pôs fim à paralisação dos camionistas, a associação demonstrou «grande preocupação» com este assunto.


Essa greve é que foi boa para o país.
:roll:



A entrevista foi retirada da TSF.
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por Flying Turtle » 18/9/2008 23:44

AC Investor Blog Escreveu:
Flying Turtle Escreveu:Apesar de a notícia pecar pelas mesmas, e grosseiras, falhas de análise a que já estamos infelizmente habituados, mas para que vejam que não é só na GALP que devem bater...

Copiado de Página 1 (Grupo Rádio Renascença): http://mediaserver.rr.pt/rr/others/14937102182e4a6.pdf

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== EDITADO ==
Gralha ortográfica


Creio não tenho a certeza, que a GALP também faz parte do leque que esta autoridade vai anailsar. Eu nesta matéria só tenho um comentário : Cego é aquele que não quer ver.


Presumo - e espero - que sim. Mas não estás a querer dizer que a GALP é determinante nos preços médios pagos em Espanha pelos combustíveis, pois não?

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por AC Investor Blog » 18/9/2008 23:41

Flying Turtle Escreveu:Apesar de a notícia pecar pelas mesmas, e grosseiras, falhas de análise a que já estamos infelizmente habituados, mas para que vejam que não é só na GALP que devem bater...

Copiado de Página 1 (Grupo Rádio Renascença): http://mediaserver.rr.pt/rr/others/14937102182e4a6.pdf

FT

== EDITADO ==
Gralha ortográfica


Creio não tenho a certeza, que a GALP também faz parte do leque que esta autoridade vai anailsar. Eu nesta matéria só tenho um comentário : Cego é aquele que não quer ver.
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por EALM » 18/9/2008 23:38

Flying Turtle Escreveu:Acabaste por não responder à minha argumentação: À custa de quê baixarias os impostos sobre os automóveis? (Ok, há dupla tributação por o IVA ser calculado sobre o ISP e sobre o ISV e isso é tecnicamente incorrecto e provavelmente ilegal, mas nem por um momento te convenças de que quando o Estado for obrigado a corrigir essas aberrações não vai encontrar forma de as compensar, por exemplo aumentando as taxas do ISP e do ISV).

Por exemplo, se não pagasses portagens (às concessionárias, como o Elias realçou) ou não tinhas auto-estradas ou teríamos de as financiar através de mais impostos - ou será que alguém ainda acredita naquela história da carochinha das SCUT?

Como disse antes, sou o primeiro a concordar que há muitíssima ineficiência na Administração Pública Portuguesa e que ganhos nesse domínio redundariam num melhor rácio custo/benefício para os impostos. Sem dúvida! Mas deixa que te diga umas coisas sobre o tema:

FT


Eu não estou a discutir à custa de que é baixaria os impostos sobre o automóvel! Eu estou a por em causa é o principio de o automóvel financiar tantas outras coisas! Estou a perguntar porquê! Apenas isso. Por que não outra coisa qualquer ? Por que não taxar fortemente a visualização de TV ? Pronto, passa a ser isso o sustento do Estado! Porque nao ? Porquê o automóvel ? Eu só quero perceber este modelo!
Eu estou a pedir é que me justifiquem! O principio de utilizador-pagador não é, pelo que já foi dito acima...
 
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por EALM » 18/9/2008 23:29

Elias Escreveu:
Agora pergunto eu: e os hospitais eram construídos com quê? Com as taxas moderadoras?
E as escolas? Seriam construídas com o valor das propinas?
E já agora o investimento em forças de segurança? Seria com o dinheiro das multas?

E voltando a colocar as coisas da forma inicial: o IVA devia ser aplicado em quê?
E o IRS? E o IA?
E o imposto de selo?

Eu não percebo nada sobre a forma como são geridos os dinheiros públicos, mas estou convicto que não existe uma correspondência directa entre a origem de uma dada receita e a forma como ela é aplicada.

Percebo a lógica de querer estabelecer uma correspondência directa entre a receita e a forma como ela é aplicada (como algumas pessoas defendem a propósito das portagens que agora são aplicadas no Parque Nacional da Peneda-Gerês), mas na práticas é preciso juntar o bolo todo e ver como é que ele deve ser dividido.



EALM Escreveu:O automóvel tornou-se a galinha dos ovos de ouro do Estado. Nunca compreendi porquê.


Não é óbvio? É porque as pessoas estão dispostas a pagar - e muito - para andarem no seu popó.

EALM Escreveu:Se tivesse boas estradas e auto-estradas sem portagem (pois ja pago que chegue no ISP) ainda compreendia...

achas que nós não temos boas estradas? por favor explica porque achas que as nossas estradas são más.

EALM Escreveu:O único argumento que posso aceitar é tentarmos diminuir a dependência do petróleo, e fomentar o uso do transporte colectivo. Mas quando ouço falar de portagens, eu como automobilista fortemente fustigado com impostos, sinto uma enorme revolta.


As portagens não são para o Estado, são para financiar empresas privadas. É bom que isto seja lembrado (embora o estado arrecade 20%).

1 abraço,
Elias


Elias, experimenta fazer Aveiro - Águeda às 9 da manhã. Tu deves ter noção que Águeda é um dos concelhos mais industrializados do país. E que o Porto de Aveiro é um dos principais do país. Certo ? E se calhar que existem várias zonas industriais entre ambas cidades. Num país onde os impostos são bem aplicados, há muito que existiria uma estrada a ligar estas 2 cidades importantes. Mas não, não existe. Eu, e por exemplo todos os camiões TIR (pois existe muita indústria que recorre ao porto marítimo), passamos por lugarejos inimagináveis. Mistura-se transportes internacionais (TIR) com pastores a levar vacas - fora de gozo.

Ha dias estava a chegar a Águeda pelas 8.50 e ia atras dum trsnporte especial de grandes dimensões. Sabia que mais a frente havia uma subida de 2 km de traço contínuo e que se não passasse o camião iria passar esses 2 km a 20 ou 30 km/h. Não o consegui passar. E lá fui eu, a 25 km /h atás do camião. Tive que me conformar. Ma so mais incrível é que passados alguns minutos, uma pessoa de carroça locomovida a burro (literalmente) se colocou à frente do TIR de tarsporte especial. E a velocidade caiu dos estonteantes 25 km/h para 10 km/h. Garanto-vos que não estou a exagerar, os valores são estes. E isto fez rapidamente uma fila de muitos, mesmo muitos automóveis com pessoas que iam para o trabalho aquela hora da manhã.

Podem pensar que isto só acontece de vez em quando, mas não. É constante ir atrás de tractores em plena estrada nacional EN 333. Existem muitas, mas muitas lacunas no sistema rodoviário português.

Agora tentem descobrir transportes colectivos para estar em Águeda entre as 8.30 - 9.00 H da manhã. Não se tem alternativa. Tenho mesmo que ir no meu "popó" como lhe chamas.
 
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por Flying Turtle » 18/9/2008 23:26

Flying Turtle Escreveu:O nível de fiscalidade em Portugal, não sendo baixo, não me parece que de modo algum seja dos mais elevados da UE (o que não quer dizer que tenha o melhor, ou sequer equivalente, rácio custo/benefício)


Para sustentar esta afirmação, ver abaixo. O gráfico já é antigo, daí a tabela.

Fontes:

http://www.euractiv.com/en/taxation/fla ... cle-136190 (tabela)

http://www.oecdobserver.org/news/fullst ... y_pay.html (gráfico)

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por Flying Turtle » 18/9/2008 23:02

EALM Escreveu:Eu sei muito bem para que servem os impostos e não me estou a insurgir por causa de ter que os pagar! A questão não é essa! A questão é que também pago XX % de IRS, também pago 20% de IVA em tudo o que compro, também pago contribuição autárquica, etc, etc etc...

A questão está na argumentação que nos é vendida. Vêm-nos dizer que há que pagar as portagens por causa do principio utilizador pagador, mas depois descobrimos que os utilizadores - automobilistas - já pagam que chegue e sobra para essas mesmas auto-estradas... há que ser coerente!!

Assim como a dupla tributação, IVA sobre outros impostos... é óbvio que começa a cansar. Por muito patriota que seja, isto cansa. Cansa andar a pagar e não ver, ou ver poucos frutos.


Acabaste por não responder à minha argumentação: À custa de quê baixarias os impostos sobre os automóveis? (Ok, há dupla tributação por o IVA ser calculado sobre o ISP e sobre o ISV e isso é tecnicamente incorrecto e provavelmente ilegal, mas nem por um momento te convenças de que quando o Estado for obrigado a corrigir essas aberrações não vai encontrar forma de as compensar, por exemplo aumentando as taxas do ISP e do ISV).

Por exemplo, se não pagasses portagens (às concessionárias, como o Elias realçou) ou não tinhas auto-estradas ou teríamos de as financiar através de mais impostos - ou será que alguém ainda acredita naquela história da carochinha das SCUT?

Como disse antes, sou o primeiro a concordar que há muitíssima ineficiência na Administração Pública Portuguesa e que ganhos nesse domínio redundariam num melhor rácio custo/benefício para os impostos. Sem dúvida! Mas deixa que te diga umas coisas sobre o tema:

- O nível de fiscalidade em Portugal, não sendo baixo, não me parece que de modo algum seja dos mais elevados da UE (o que não quer dizer que tenha o melhor, ou sequer equivalente, rácio custo/benefício);

- Por conversas que tenho frequentemente com colegas de outras nacionalidades da Europa, chego à conclusão de que o nível de queixa deles é semelhante ao nosso;

- Apesar de tudo, noto (é uma impressão pessoal apenas) mais eficiência na Administração Pública, pelo menos ao nível do atendimento e da desmaterialização dos serviços. Suficiente? De modo algum. Mas pelo menos o caminho faz-se caminhando...

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por carcanhol » 18/9/2008 22:41

Boa noite!

Nesta problemática dos preços do combustível versus preço do crude, acho que há um pequeno pormenor que ainda ninguém abordou, a saber.

Nos últimos meses as petroliferas refugiaram-se na subida do preço do petróleo, para aumentar o preço do produto refinado, uma é consequência da outra e até ai nada de novo ainda que nos custe está correcto!

Portanto criou-se esta dinâmica de causa efeito da "súbida dos ovos para aumentar o preço da omolete" Ficando o consumidor encostado ao conforto moral de que se o preço do petróleo desce o preço do produto refinado também devia descer! Sequência lógica!

Mas eu pergunto onde é que está escrito, que as gasolineiras têm de baixar o preço? só porque a matéria prima baixou? Estão se a esquecer de que o preço foi liberalizado? Essse pequeno "grande" pormenor dá carta branca para o detentor do produto dizer:

-Desculpe não me apetece baixar por isso não baixo. O petróleo desceu? Azar assim ganho mais.

De outro modo sendo o mercado livre pode a GALP ter a gasolina a 1,45€ e a BP apetecer-lhe vender a 2€, é claro que ninguém comprava á BP mas a BP pode cobrar o preço que lhe apetecer deixando ao mercado a decisão de lhe comprar ou não!

Por exemplo os fabricantes de carros podem aumentar o preço dos automóveis num aumento do preço do aço para o dobro (é um exemplo) se mais tarde o aço baixar para metade, os fabricantes podem ter a atenção com o consumidor de ajustar o preço dos automóveis mas podem muito bem manter os preços.

Estão a ver a ideia? Não disse ninhuma asneira pois não?
"I love the semel of Dax in the morning,...semel´s like victory" frase famosa da autoria de um militar americano no Vietenam :mrgreen:
 
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por Elias » 18/9/2008 22:40

EALM Escreveu:O suficiente para pagar as infraestruturas e todos os custos directos e indirectos causados pela circulação automóvel. Não aplicava ISP maior do que estes custos de modo a não desvirtuar o sistema, pois actualmente os automobilistas estão a contribuir para o OE dum modo que não compreendo. Estão a financiar coisas que nada têm a ver com estradas nem auto-estradas. O total pago por automobilistas relacionado com impostos sobre o automóvel ultrapassa em muitas vezes o total gasto pelo Estado em infra-estruturas para a circulação automóvel.


Partes do princípio que o dinheiro do ISP deve reverter para a construção de infra-estruturas rodoviárias.

Essa abordagem é utópica. Mas vamos por um momento aceitar que de facto o dinheiro do ISP revertia para estradas e auto-estradas. Ou, escrevendo ao contrário, que a construção de estradas era feita com o dinheiro do ISP.

Agora pergunto eu: e os hospitais eram construídos com quê? Com as taxas moderadoras?
E as escolas? Seriam construídas com o valor das propinas?
E já agora o investimento em forças de segurança? Seria com o dinheiro das multas?

E voltando a colocar as coisas da forma inicial: o IVA devia ser aplicado em quê?
E o IRS? E o IA?
E o imposto de selo?

Eu não percebo nada sobre a forma como são geridos os dinheiros públicos, mas estou convicto que não existe uma correspondência directa entre a origem de uma dada receita e a forma como ela é aplicada.

Percebo a lógica de querer estabelecer uma correspondência directa entre a receita e a forma como ela é aplicada (como algumas pessoas defendem a propósito das portagens que agora são aplicadas no Parque Nacional da Peneda-Gerês), mas na práticas é preciso juntar o bolo todo e ver como é que ele deve ser dividido.



EALM Escreveu:O automóvel tornou-se a galinha dos ovos de ouro do Estado. Nunca compreendi porquê.


Não é óbvio? É porque as pessoas estão dispostas a pagar - e muito - para andarem no seu popó.

EALM Escreveu:Se tivesse boas estradas e auto-estradas sem portagem (pois ja pago que chegue no ISP) ainda compreendia...

achas que nós não temos boas estradas? por favor explica porque achas que as nossas estradas são más.

EALM Escreveu:O único argumento que posso aceitar é tentarmos diminuir a dependência do petróleo, e fomentar o uso do transporte colectivo. Mas quando ouço falar de portagens, eu como automobilista fortemente fustigado com impostos, sinto uma enorme revolta.


As portagens não são para o Estado, são para financiar empresas privadas. É bom que isto seja lembrado (embora o estado arrecade 20%).

1 abraço,
Elias
 
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por EALM » 18/9/2008 22:30

Eu sei muito bem para que servem os impostos e não me estou a insurgir por causa de ter que os pagar! A questão não é essa! A questão é que também pago XX % de IRS, também pago 20% de IVA em tudo o que compro, também pago contribuição autárquica, etc, etc etc...

A questão está na argumentação que nos é vendida. Vêm-nos dizer que há que pagar as portagens por causa do principio utilizador pagador, mas depois descobrimos que os utilizadores - automobilistas - já pagam que chegue e sobra para essas mesmas auto-estradas... há que ser coerente!!

Assim como a dupla tributação, IVA sobre outros impostos... é óbvio que começa a cansar. Por muito patriota que seja, isto cansa. Cansa andar a pagar e não ver, ou ver poucos frutos.
 
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por Flying Turtle » 18/9/2008 22:22

EALM Escreveu:
Elias Escreveu:
Onelife se fosses tu a decidir quanto é que aplicavas de IVA e de ISP?


O suficiente para pagar as infraestruturas e todos os custos directos e indirectos causados pela circulação automóvel. Não aplicava ISP maior do que estes custos de modo a não desvirtuar o sistema, pois actualmente os automobilistas estão a contribuir para o OE dum modo que não compreendo. Estão a financiar coisas que nada têm a ver com estradas nem auto-estradas. O total pago por automobilistas relacionado com impostos sobre o automóvel ultrapassa em muitas vezes o total gasto pelo Estado em infra-estruturas para a circulação automóvel. O automóvel tornou-se a galinha dos ovos de ouro do Estado. Nunca compreendi porquê. Se tivesse boas estradas e auto-estradas sem portagem (pois ja pago que chegue no ISP) ainda compreendia...

O que sobra dos impostos cobrados aos automobilistas, onde é aplicado ? Não me venham falar do principio do pagador-utilizador...

O único argumento que posso aceitar é tentarmos diminuir a dependência do petróleo, e fomentar o uso do transporte colectivo. Mas quando ouço falar de portagens, eu como automobilista fortemente fustigado com impostos, sinto uma enorme revolta.


EALM, tu não gostas de pagar, designadamente (tantos) impostos, tanto quanto 99,99999999999% da população. O problema não está exactamente aí, mas antes em:

- Os impostos constituírem a única receita de um Estado de direito;

- Os impostos serem um dos muito poucos instrumentos que o Estado tem para implementarem políticas de redistribuição e de desenvolvimento inclusivo;

- Os impostos servirem também para fazer, ou não, reflectir nos preços finais todas as externalidades de cada produto ou actividade, designadamente a nível ambiental;

- A menos que haja ganhos de eficiência na Administração Pública (e não serei eu a defender que não os haja e/ou que a máquina administrativa pública é hoje suficientemente, ou mesmo razoavelmente sequer, eficiente), reduzir impostos num lado implica uma de duas coisas (ou parte de cada uma em simultâneo): Reduzir despesas ou aumentar impostos noutro lado qualquer;

- Claro que podem reduzir-se impostos por contrapartida de aumento do défice e da dívida públicos, mas isso representa invariavelmente pagar mais impostos - com juros - no futuro.

Repara: Não estou a dizer se o nível de impostos sobre o sector automóvel é ou não adequado em Portugal. Pessoalmente, por muito que me custe pagá-los, a minha única resposta honeste é "não sei". Estou isso sim a dizer que falar em baixar este ou aquele imposto - qualquer que ele seja - sem explicar à custa de quê isso se faz não passa de conversa sem qualquer base de sustentação. E isso é demagogia, populismo, ignorância ou má fé.

Entretanto, arrepio-me todo com estas súbitas febres intervencionistas que oiço de gente como o ministro da economia (não é a primeira, nem sequer a pior, das suas gaffes de discurso), do Francisco Louçã (outro que fala de cátedra sem nunca ter de assumir as consequências do que diz), do Paulo Portas (em desespero de protagonismo a ver se consegue aguentar a boca fora de água) e - aqui confesso que pasmei - do Mira Amaral. Já o presidente da ANAREC apenas resolveu ser honesto pela primeira vez, e aquela nóvel associação dos camionistas está ao seu nível habitual.

Deus nos livre de tal perspectiva, seria recuarmos vários anos e deitarmos a perder todos os sacrifícios que andámos a fazer nos últimos anos para recuperarmos das barbaridades cometidas pelos Governos do Cavaco (últimos tempos pelo menos), Guterres, Durão Barroso e Santana Lopes!!

Enfim, resumindo e concluindo: De uma maneira ou de outra, pagar teremos sempre de o fazer. Com agravamento de preço... veremos, mas não fiquei lá muito tranquilo...

FT
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