MarcoAntonio Escreveu:Bom, depende do que definimos como valor intrínseco.
Na minha óptica, tem valor intrínseco (ainda que este possa não coincidir com o valor de mercado) pela simples razão que tem uma ampla gama de aplicações devido às suas características/propriedades (maleabilidade, resistência à corrusão, conductividade, etc). A título de exemplo, a generalidade dos telemóveis contêm ouro, na ordem dos miligramas por dispositivo, para além de outras aplicações e não é posto lá por capricho. Isto é, ele serve para alguma coisa e é utilizado/procurado para várias aplicações práticas, logo, na minha óptica, tem valor intrínseco (se o ouro não tem valor intrínseco, então nada tem valor intrínseco; e eu até sou capaz de concordar com isso também, depende é do que consideramos valor intrínseco e no limite podemos sempre dizer que nada tem valor intrínseco).
Isto, como é óbvio e sabido, representa apenas uma parcela do ouro extraído. Grande parte é utilizado para investimento/especulação e também em joalharia (que podemos dizer que é meramente decorativa). O meu ponto é, essencialmente, que mesmo que tiremos isso tudo, o ouro continua a ter procura e aplicação prática por razões bem diferentes.
Tenho 8 gr de ouro 99,9% em pó que retirei eu mesmo de telemoveis, computadores e placas de circuitos integrados apenas por mera curiosidade. Também se retira prata, platina e paládio além de outros metais mais pobres. O Ouro é usado nos contatos electrónicos devido à sua propriedade de não oxidar sendo usado por norma um banho de ouro de 14 quilates. Em placas de circuitos militares e Telecom mais antigas tem melhor ouro.
O processo é bastante interessante mas perigoso pois envolve ácidos muito fortes, muriático, nítrico e água régia que geram no processo fumos tóxicos mortais.
As utilizações práticas do ouro são muito recentes, não porque não tivesse características que permitissem o seu uso mas porque o Homem sempre o valorizou ao ponto de ser incomportável o seu uso prático. O Ouro sempre valeu principalmente por brilhar e não oxidar, é por isso um investimento de refúgio por ser seguro que não perde nunca todo o seu valor.
Não tenho qualquer dúvida que se retirarmos o valor intrínseco (aplicabilidade prática) ao Ouro ele ficaria a valer praticamente o mesmo, já se lhe retirarmos o investimento/especulação/valorização Histórica que o Homem lhe atribui, ele valeria apenas uma pequena parcela do que hoje vale.
Nem a raridade justifica o valor que o Homem atribui ao ouro já que é um metal bastante comum na Natureza.