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Caldeirão da Bolsa

Isto é Muito Grave - Bancos querem que o Estado entre no cap

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por artista_ » 14/11/2011 17:11

Comentador Escreveu:Excelente artigo!

Uma lição de bom senso e de capacidade de análise. Vamos ver se ainda vão a tempo de evitar que os maiores bancos se tornem, embora por motivos diferentes, "novos BPNs".

Cumprimentos


Concordo inteiramente... se reparares ele não diz nada que entre em conflito com o que escrevi anterioremente, a posição dele é sobretudo que banqueiros e governantes têm obrigação de cooperar uns com os outros, só assim teremos algumas hipóteses (mesmo assim acho que não são muitas) de isto correr bem!
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por Comentador » 14/11/2011 16:47

Excelente artigo!

Uma lição de bom senso e de capacidade de análise. Vamos ver se ainda vão a tempo de evitar que os maiores bancos se tornem, embora por motivos diferentes, "novos BPNs".

Cumprimentos
 
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por Trisquel » 14/11/2011 16:23

A guerra civil entre o Governo e a banca
13 Novembro2011 | 20:58
Pedro Santos Guerreiro - psg@negocios.pt

Quem lê o diário da colisão entre o Governo e a banca pensará que anda muita gente alucinada a dar gritos de cabeça perdida. Há uma boa razão para pensar isso: anda muita gente alucinada a dar gritos de cabeça perdida. O confronto está a ser colocado de forma errada, como uma guerra civil – e querem vestir-nos o uniforme de uns ou o dos outros.

É uma ilusão crer que estamos ou contra o Governo ou contra a banca. Essa bipolaridade é manipulada e manipuladora, perante uma tensão social que se enche como gás propano num edifício – se raspamos em fósforo, explodimos; se fechamos as janelas, asfixiamos. Se os políticos insistirem em usar a banca como diversão para a contestação social, acabarão trancados num quarto escuro. Pode haver vitrinas partidas mas é a escadaria da Assembleia da República que a revolta subirá.

Quem está a bipolarizar o debate são, precisamente, os políticos e os banqueiros. Preocupados com sondagens ou com cotações, estão a fazer tudo mal. O Governo preparou uma lei invasora, dando meia dúzia de horas aos bancos para comentar, o que é pior que ignorar porque é provocador; os bancos fizeram queixinhas à Comissão Europeia, numa carta em tom bárbaro. Este confronto dinamitou pontes de entendimento, deixando o Banco de Portugal no meio e a troika à distância. Isto pode correr mal. Não é a eles, é a nós.

Correr mal é nacionalizar à bruta, incluindo fundos de pensões, e tudo justificar como se se fizesse justiça. A economia não é lugar para ajustes de contas de poder. Aceitar o projecto do Governo de nacionalização da banca apenas porque “eles merecem” é não só moralista e justiceiro como sobretudo errado. É um processo de destruição, não de regeneração.

Como a Helena Garrido aqui escreveu, nos últimos anos a banca capturou a política. Essa captura foi feita inclusive com a incorporação de políticos, como se viu na Caixa e no BCP, os dois maiores bancos portugueses. Mas também o BES e o BPI passaram a ter discurso político no último Governo, o primeiro apoiando, o segundo opondo-se. Mas todos, no fundo, disputando. Agora, a banca perdeu o poder, desviado pela “troika” para as mãos dos políticos. Essa requalificação tem de servir para tudo menos para uma vingança. Se no passado a banca capturou a política, o erro histórico acontecerá quando os políticos (e não a política) capturarem a banca.

Esta coluna de editorial foi a primeira onde se defendeu a necessidade de aumentar capitais que levaria ao recurso do dinheiro do Estado. As razões foram muitas vezes explicadas. A capitalização do Estado é, ademais, inevitável. Ela foi precipitada pelas dívidas soberanas mas acontecerá também por outras razões, que conheceremos nas próximas seis semanas: a transferência dos fundos de pensões vai descobrir insuficiências (como o Negócios aqui explicou na sexta, os bancos terão de injectar em entre quase mil e mais de dois mil milhões de euros nos seus fundos); a reavaliação pela troika das carteiras de crédito tornará visíveis casos mais ou menos famosos de financiamentos perdidos (o que a banca está a antecipar com largos volumes de provisões); o cálculo, também pela troika, do valor futuro dos activos revelará o “spread squeeze” dos créditos à habitação (a inviabilidade de emprestar a 30 anos com margens inferiores a 1%). Tudo isto vai exigir capital. Muito capital.

A guerra hoje já não é se o Estado entra, mas sim como entra. O que foi dito pelo primeiro-ministro e pelo governador do Banco de Portugal não foi cumprido na proposta de lei do Governo. Carlos Costa propusera que a entrada fosse por acções preferenciais sem direito de voto, o que não se confirma; Passos Coelho falara do Estado como um parceiro silencioso, com suspensão de prémios de gestão e de dividendos, o que também não se confirma.

A proposta do Governo deixa demasiadas coisas em aberto, como a definição do preço de entrada e preço de saída, e deixa muitos poderes discricionários para mais tarde. Tem aspectos positivos, como forçar mais percentagem de crédito às PME (o que vai obrigar que as grandes empresas, que têm mais poder de lóbi, não sejam sempre as preferidas). E devia cancelar os dividendos, mesmo que isso cause a ruína de vários accionistas privados. Mas, como diz a banca, o Estado passa, ao fim de três anos, a poder de facto nacionalizar. É esse o erro histórico. Que Passos Coelho prometera não fazer.

A proposta de lei vai mudar, como se percebe pelas últimas notícias. Se banqueiros e políticos pensam arregimentar a opinião pública, podem desenganar-se: ela está e vai estar contra ambos. Por isso, ambos vão ter de embainhar as espadas e retirar as canetas para iniciar um processo de cooperação. Dependem demasiado uns dos outros para matarem sem morrer. Afinal, quando anda muita gente alucinada a dar gritos de cabeça perdida, só há uma maneira de ser ouvido: falar baixinho.
Cumpts.
Trisquel

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por artista_ » 14/11/2011 11:46

Josytoc Escreveu:Entretanto o mundo muda, os eleitorados chatearam-se a sério, começaram a pedir transparência, ficaram fartos, e os poderes políticos entenderam que se insistissem no compadrio do costume poderiam ter graves problemas.
Esta sim foi a parte que os nossos banqueiros não previram e que se recusam a aceitar.


Os eleitorados não se chatearam, ou melhor para isso estão-se eles a marimbar, o que fez as coisas mudarem realmente foi o facto de o estado ficar sem dinheiro, se não fosse isso taparia os buracos... com a falência dos estados é que eles não contavam, se contassem não se tinham enchido de dívida...
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por Josytoc » 14/11/2011 3:40

Claro que os banqueiros avaliam os riscos e os conheciam bem, mas contaram que quando a bomba estoirasse haveriam uma, ou várias mãos que suportariam todos os potenciais danos, culpava-se a politica e os políticos, que até têm imenso para culpar, culpava-se a situação conjuntural e haveriam de sair numa situação airosa.

Os argumentos eram e são os mesmos de sempre, o estado não iria deixar cair nenhum banco, somos demasiado importantes e fundamentais no crédito á economia, temos por detrás uma UE e um BCE, que não vão fazer maldades aos bancos até porque na Europa dominam governos de centro direita somos todos neo-liberais, existe a solidariedade europeia;
Somos os special ones ;
“a banca não pode ser tratada como os outros sectores pela simples razão de que um sistema que recebe depósitos com reservas fraccionárias só pode subsistir com a confiança e a garantia do governo e do Estado” e isso justifica tudo, riscos excessivos, alavancagem até á exaustão numa corrida louca por conceder conceder condeder crédito.

Vá lá confessem,… contaram com o ovo no cu da galinha não foi?

Entretanto o mundo muda, os eleitorados chatearam-se a sério, começaram a pedir transparência, ficaram fartos, e os poderes políticos entenderam que se insistissem no compadrio do costume poderiam ter graves problemas.
Esta sim foi a parte que os nossos banqueiros não previram e que se recusam a aceitar.
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Noticia JE

por Josytoc » 14/11/2011 2:59

Transferência
Bancos querem levar desvio dos fundos de pensões a prejuízos
Maria Teixeira Alves
14/11/11 00:05

Bancos negoceiam com o Estado a transferência dos fundos de pensões sem afectar o capital.

Os bancos preferem que os desvios actuariais que terão de reconhecer no âmbito da transferência dos fundos de pensões para o Estado, sejam levados a resultados e não ao rácio de solvabilidade. Isto porque os bancos já têm de reconhecer as menos valias resultantes da reavaliação da dívida soberana a preços de mercado e, por isso, não podem sofrer no capital também os impactos dos desvios dos fundos de pensões. E a factura para os bancos não será nada leve.

Tendo em conta os números divulgados a 30 de Junho (desde então a situação dos mercados piorou), o BCP tinha um desvio actuarial negativo de 1,913 mil milhões de euros, dos quais 525 milhões estavam dentro do corredor. O BES tinha em Junho um desvio actuarial na ordem dos 903 milhões, dos quais 212 milhões estavam dentro do corredor. E o BPI tinha um défice do fundo de pensões de 274 milhões de euros dos quais 230 milhões estavam dentro do corredor. O Banco de Portugal admite um corredor de 10% para o diferencial entre o valor dos activos que constituem os fundos e os compromissos futuros assumidos pela banca. Este corredor não precisa de ser contabilizado nem em resultados nem em capital. Só o desvio que ultrapassa os 10% tem de ser abatido aos capitais próprios e contabilizado ao longo de 20 anos nos resultados.

Bancos com prejuízos nos próximos trimestres
A transferência desses fundos de pensões para a Segurança Social, até ao fim do ano, obriga a que os bancos tenham de reconhecer também os desvios actuariais que estavam dentro do corredor. Ora o normal seria que esse reconhecimento fosse feito através de um abate aos capitais próprios, o que diminuiria o rácio de capital. Mas os bancos estão a negociar, com os reguladores e o Governo, uma forma de levar esse impacto à conta de resultados sob a forma de um custo, o que levará os bancos a apresentarem prejuízos nos próximos trimestres.

Só nestes três bancos, as perdas dentro do corredor somam 967 milhões de euros. Se se confirmar que isto será contabilizado como um custo, os prejuízos serão uma certeza.
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por artista_ » 14/11/2011 1:31

Comentador Escreveu:Artista,

já vi que estás sempre do contra, é uma característica, mas já agora tenta perceber o que eu quis dizer com a garantia do sistema financeiro. É tão simples e vem em qualquer livro de economia do 1º ano. Não tem directamente a ver com a garantia dos depósitos até um determinado limite (que é o legislado) mas sim com a confiança mais geral que o Estado confere ao sistema financeiro e que evita perturbações e corridas aos bancos.

Nunca tinhas ouvido falar disso?


Tudo depende da perspectiva, para mim tu é que és do contra! :)

Quanto ao resto não sei se percebo, o estado tem o dever de dar confiança ao sistema financeiro, mas não tem o dever de salvar uma empresa (de qualquer sector) que está falida porque foi mal gerida... o problema da banca até está longe de estar relacionado apenas com as dívidas soberanas, elas são sobretudo o golpe de mesericórdia...

Explica-me lá bem o que é que queres que o estado faça agora? Se a banca precisar de 12 mil milhões de euros o estado empresta, e depois? Se eles não conseguirem devolver o dinheiro?! Se os bancos estiverem cheios de buracos como estava o BPN?! Estás a ver o que são 12 mil milhões de euros?! É pouco menos (se calhar com os cortes até chega) do que aquilo que o país vai gastar em 2012 na saúde e educação! :shock: :shock:
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Re: Artigo do JN

por alexandre7ias » 14/11/2011 1:11

Comentador Escreveu:
Josytoc Escreveu:Li agora e chamo particular atenção para as partes a negrito:


A banca pobre e mal-agradecida


E não, isto não é demagogia nem populismo. A banca tem de se habituar a ser tratada como todos os outros sectores, sem mais nem menos poderes. Se quer ser tratada de forma diferente, teremos de repensar todo o regime em que temos vivido.



Como é que esta jornalista, que julgo ser professora, pode dizer uma enormidade destas. A banca não pode ser tratada como os outros sectores pela simples razão de que um sistema que recebe depósitos com reservas fraccionárias só pode subsitir com a confiança e a garantia do governo e do Estado. Os depositantes não vão em fila indiana (ou desordenada) buscar àmanhã todo o seu dinheiro em notas ao banco porque sabem que o Estado garante o sistema financeiro.

Caso isto não estivesse acautelado é fácil adivinhar o que aconteceria.

Agora uma coisa dferente é a possível falência de um grande banco em Portugal, mas que sinceramente só vejo acontecer em situação de força maior e num contexto extremo, que obviamente está fora dos nossos interesses nacionais.

Voltando ao assunto principal, vejo a liderança europeia a patinar, a zona euro a desagregar-se potencialmente e a serem causados reflexos negativos aos bancos que já têm problemas de sobra.

Uma das razões principais para esta desgraça na zona euro é o papel desempenhado pelo BCE que nunca foi um Lender of Last Resort. Se o tivesse dito com força aos mercados, que estaria sempre a contrariar qualquer venda agressiva de dívida soberana comprando tudo, teria gasto menos dinheiro do que já gastou até agora a remendar, mas só que agora é tarde, para além de ser feiro a contra gosto por causa da Alemanha.

Por tudo isto o MF Vítor Gaspar tem que ser muito cuidadoso no tal diploma, pois a confiança que já é pouca nos bancos da zona euro pode degradar-se ainda mais.


O Estado garante o que??? Queria ver o BCP a falir e o Estado a garantir o que dizem.

No máximo o estado diz que garante...como dizia aos mercados que podia pagar a divida que eles compravam...Agora é simples de ver que afinal o Estado não garante é nada.
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por Comentador » 14/11/2011 0:51

Artista,

já vi que estás sempre do contra, é uma característica, mas já agora tenta perceber o que eu quis dizer com a garantia do sistema financeiro. É tão simples e vem em qualquer livro de economia do 1º ano. Não tem directamente a ver com a garantia dos depósitos até um determinado limite (que é o legislado) mas sim com a confiança mais geral que o Estado confere ao sistema financeiro e que evita perturbações e corridas aos bancos.

Nunca tinhas ouvido falar disso?
 
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Re: Artigo do JN

por artista_ » 14/11/2011 0:29

Comentador Escreveu:Como é que esta jornalista, que julgo ser professora, pode dizer uma enormidade destas. A banca não pode ser tratada como os outros sectores pela simples razão de que um sistema que recebe depósitos com reservas fraccionárias só pode subsitir com a confiança e a garantia do governo e do Estado. Os depositantes não vão em fila indiana (ou desordenada) buscar àmanhã todo o seu dinheiro em notas ao banco porque sabem que o Estado garante o sistema financeiro.

Caso isto não estivesse acautelado é fácil adivinhar o que aconteceria.


O estado garante depósitos até um certo montante, não garante aplicações com risco! E garante aos depositantes, não garante nada ao banco, que tem um negócio para gerir...

Comentador Escreveu:Agora uma coisa dferente é a possível falência de um grande banco em Portugal, mas que sinceramente só vejo acontecer em situação de força maior e num contexto extremo, que obviamente está fora dos nossos interesses nacionais..


Não fosse o dinheiro do estado e provavlmente alguns estariam falidos...

Comentador Escreveu:Voltando ao assunto principal, vejo a liderança europeia a patinar, a zona euro a desagregar-se potencialmente e a serem causados reflexos negativos aos bancos que já têm problemas de sobra.

Uma das razões principais para esta desgraça na zona euro é o papel desempenhado pelo BCE que nunca foi um Lender of Last Resort. Se o tivesse dito com força aos mercados, que estaria sempre a contrariar qualquer venda agressiva de dívida soberana comprando tudo, teria gasto menos dinheiro do que já gastou até agora a remendar, mas só que agora é tarde, para além de ser feiro a contra gosto por causa da Alemanha.

Por tudo isto o MF Vítor Gaspar tem que ser muito cuidadoso no tal diploma, pois a confiança que já é pouca nos bancos da zona euro pode degradar-se ainda mais.


Pois, muita coisa correu mal, cometeram-se muitos erros e excessos e agora temos de pagar todos a factura. Em princípio os mais cautelosos terão condições para absorver melhor a correcção... ou então estaremos todos "entregues à bicharada"! :(
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Re: Artigo do JN

por Comentador » 13/11/2011 23:25

Josytoc Escreveu:Li agora e chamo particular atenção para as partes a negrito:


A banca pobre e mal-agradecida


E não, isto não é demagogia nem populismo. A banca tem de se habituar a ser tratada como todos os outros sectores, sem mais nem menos poderes. Se quer ser tratada de forma diferente, teremos de repensar todo o regime em que temos vivido.



Como é que esta jornalista, que julgo ser professora, pode dizer uma enormidade destas. A banca não pode ser tratada como os outros sectores pela simples razão de que um sistema que recebe depósitos com reservas fraccionárias só pode subsitir com a confiança e a garantia do governo e do Estado. Os depositantes não vão em fila indiana (ou desordenada) buscar àmanhã todo o seu dinheiro em notas ao banco porque sabem que o Estado garante o sistema financeiro.

Caso isto não estivesse acautelado é fácil adivinhar o que aconteceria.

Agora uma coisa dferente é a possível falência de um grande banco em Portugal, mas que sinceramente só vejo acontecer em situação de força maior e num contexto extremo, que obviamente está fora dos nossos interesses nacionais.

Voltando ao assunto principal, vejo a liderança europeia a patinar, a zona euro a desagregar-se potencialmente e a serem causados reflexos negativos aos bancos que já têm problemas de sobra.

Uma das razões principais para esta desgraça na zona euro é o papel desempenhado pelo BCE que nunca foi um Lender of Last Resort. Se o tivesse dito com força aos mercados, que estaria sempre a contrariar qualquer venda agressiva de dívida soberana comprando tudo, teria gasto menos dinheiro do que já gastou até agora a remendar, mas só que agora é tarde, para além de ser feiro a contra gosto por causa da Alemanha.

Por tudo isto o MF Vítor Gaspar tem que ser muito cuidadoso no tal diploma, pois a confiança que já é pouca nos bancos da zona euro pode degradar-se ainda mais.
 
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por ajpr3392 » 13/11/2011 23:15

Meu Caro Artista,

Enfim, não vale a pena continuar a debater consigo.
Veremos como este tema vai ser resolvido e quem terá razão. Nas condições actualmente divulgadas não vai ser com toda a certeza, os primeiros sinais serão dados já esta semana.
 
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por artista_ » 13/11/2011 22:41

ajpr3392 Escreveu:1º Relativo à divida pública interna eu não sei e o Sr. também não sabe se os Bancos foram persuadidos ou não, pelo menos nos dois últimos anos e em que condições. Se o foram deveriam ter recusado mas...


Como tu próprio afirmas este ponto nem devias falar dele. Primeiro porque eles devem defender os interesses dos accionistas logo não devem ser persuadidos por ninguém além destes... depois porque, presuadidos ou não, tinham elevados ganhos com o negócio da compra da dívida, há aquela máxima, "quando a esmola é grande de mais o cego desconfia"!

ajpr3392 Escreveu:2º Relativo à divida pública externa adquirida no passado noutro contexto, estamos a falar de Estados com rating máximo, validado pelas “todas poderosas” agências de rating. Qual foi o controlo passado das instituições europeias? Prevenir que é bom...ZERO. Só reagir...


Mas o que é que isto interessa para o caso?! Os accionistas da Enron também ficaram sem nada, os negócios têm riscos, o grande problema da banca portuguesa é que alavancou esses riscos, se corresse bem tinham lucros brutais, correu mal... há muitas outras empresas em dificuldades por causa desta crise, muitas vão à falência, a banca é uma previligiada neste aspecto, e não o contrário!

ajpr3392 Escreveu:3º A aplicação em divida soberana é uma área de negócio, tal como outras. Se os Banco em Portugal vierem a assumir rácios de crédito vencido 50% no sector empresarial acha sustentável? A negociação do hair cut foi aceite porque não havia outra solução. Este é o problema da Europa. União só na moeda e na legislação estapafúrdia..


Então qual é tua sugestão? Os contribuintes portugueses pagarem o que os gregos não são capazes de pagar?! Já agora, os contribuintes portugueses também deveriam pagar todos os compromissos assumidos e não cumpridos para com todas as empresas em Portugal?! ou é só a banca que tem direito?! É que a grande maioria das empresas está a falir porque muitos não lhes pagam o que devem...

ajpr3392 Escreveu:4º As dificuldades da Banca (para já) decorrem das alterações da regra do jogo e, na minha opinião, bem. Segundo sei as medidas e a decisão de ajudar o Estado pressupõem a recapitalização da Banca, ou não? Não foi o Estado mas sim a Troika que o exigiu. Errados são os prazos impostos pelo Estado. Atendendo à conjuntura económica prevista para os próximos anos, à contabilização da divida soberana ao preços de mercado, entre outros, acha razoável que o empréstimo seja devolvido em três anos?.


Pressupõem porque a banca não tem dinheiro, está falida... mas concordo contigo, para mim deixavam-se falir, recapitalizava-se apenas o banco estatal e definiam-se as condições em que o estado capitalizaria os bancos privados, quem não estivesse interessado que se recapitaliza-se através de privados... ah pois, os privados não estão interessado!! :roll:

Já agora, a maioria das regras não mudou, os bancos é que se estão a fazer de esquecidos, "ah e tal aquele tipo deve-me mil milhões! Mas ele já morreu e não deixou nada!? Pois mas deve-me por isso não tenho nenhum prejuizo ali" é um bocado como o Berardo, só perde quando vender... o problema é que o dinheiro falta lá e não há forma do recuperar, por isso terá de aparecer nas contas!

ajpr3392 Escreveu:5º Está a fazer mal as contas, ou melhor não está a fazer, quando diz que os 12 biliões dariam para fazer um Banco “colossal”. A questão a colocar deverá ser: quanto custa ao Estado, aos contribuintes/clientes e à economia em geral a falência de um dos três maiores bancos portugueses? Se souber diga-me. Depois formar um Banco, para si, deve ser como abrir um supermercado. Constroi-se “uma nave” e mete-se lá o arroz e a massa e já está. É ver o marasmo do sector bancário nos anos pós 25 Abril e por inerência da economia em geral..


Obviamente que eu não estava a sugerir que o estado criasse um novo banco, até porque já tem a CGD. O que quis tentar dizer é que é muito dinheiro que não pode ser usado de ânimo leve, é o dinheiro de todos nós! Isto quer dizer que o estado tem de definir muito bem as condições em que empresta o dinheiro para não termos mais uma série de BPN's...

ajpr3392 Escreveu:6º Relativo à EDPR concordaria se as contas públicas não fossem a miséria que são. Neste caso o Estado defendeu os interesses de quem? Eu sei que o Sr sabe... Como sabe compra que tem dinheiro, quem confia mas nem sempre quem tem maior conhecimento? Nesta caso não houve publicidade agressiva? Deve o estado faze-la?


Se calhar não mas os negócios da bolsa envolvem riscos e quem se mete na bolsa deve conhecê-los... quem perdeu dinheiro na EDPr perdeu o que tinha de perder, se não fosse nessa empresa provavelmente perderia noutra! O estado aparentemente defendeu os interesses dos contribuintes, aliás acho que estás a ver a coisa completamente ao contrário. Se uma empresa vai para a bolsa em Bull market e vende "caro" está a ser inteligente, se o estado o fizer parece que está a ser oportunista?! Ou seja, o estado tem de assumir os riscos de todos e dar sempre bons negócios?! isso é ridículo, os negócios envolvem riscos, ninguém sabe o futuro, compra quem quer...

ajpr3392 Escreveu:Em resumo, acho muito bem que o estado empreste com garantias de pagamento e mais, deve ponderar/avaliar que será ressarcido da divida.


O problema está aqui, o estado não sabe?! Por isso é que os privados não estão interessados!

ajpr3392 Escreveu: Quem empresta tem sempre risco, há que mitigar o máximo possivel. Deve até prever que, em condições mais favoráveis, o empréstimo possa ser reembolsado/exigido antecipadamente. Não deve é emprestar sabendo desde já que vai accionar a garantia. Assim, nacionalize-se já. Problema resolvido.


Pois eu não quero a nacionalização, quer é que o estado garanta que não vai nacionalizar "buracos"!! Eu sou contribuinte, quero que defendam os meus interesses...
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Artigo do JN

por Josytoc » 13/11/2011 20:49

Li agora e chamo particular atenção para as partes a negrito:


A banca pobre e mal-agradecida


O mundo também mudou para a banca em Portugal. Pode ainda não ter mudado na Europa, mas a falta de dinheiro ou a presença de uma nova atitude do Governo ditaram, finalmente, novos tempos para o sector financeiro. Esperemos que os políticos europeus sigam o mesmo caminho.
Em Portugal, Pedro Passos Coelho e o seu ministro das Finanças, Vítor Gaspar, passaram, num ápice, de ultraliberais ortodoxos para perigosos comunistas da era do Período de Revolução em Curso (PREC) dos idos de 1975. É esta a imagem que os banqueiros passaram para Bruxelas na carta que enviaram ao comissário europeu, o finlandês Olli Rehn. Por aqui, um país em que o Estado não tem dinheiro e o Governo quer nacionalizar a banca, também ela em dificuldades, como é visível na travagem que fez na concessão de crédito e nos juros que anda a oferecer para captar depósitos.

A banca não quer o Estado como accionista. Óptimo. Tem dinheiro? Pois que os seus accionistas capitalizem os bancos de acordo com as regras que os próprios mercados estão a exigir. Não tem dinheiro? Pois tem de se sujeitar às regras de quem o tem e que, em nome dos contribuintes, o vai emprestar. Nenhum sector, sem ser a banca, tem em Portugal o privilégio de dispor de 12 mil milhões de euros para garantir a sua solidez e liquidez. Quantas empresas economicamente viáveis não precisam neste momento de meia dúzia de milhares para garantir que não são varridas para a falência pela falta de crédito?

E não, isto não é demagogia nem populismo. A banca tem de se habituar a ser tratada como todos os outros sectores, sem mais nem menos poderes. Se quer ser tratada de forma diferente, teremos de repensar todo o regime em que temos vivido. Com certeza que ninguém quer retirar as consequências para o regime capitalista de empresas que não têm sobre si a ameaça de falência. Todos sabemos que é a ameaça de ir à falência que impede o talho, a peixaria, a mercearia, uma qualquer empresa, de correr riscos excessivos.

Percebemos hoje melhor ainda do que no passado por que é que nunca se fez nada em Portugal para impedir o "boom" de crédito, a manutenção da iliteracia financeira ou o financiamento de compra de acções. Em Espanha, por exemplo, o banco central conseguiu consagrar em 2000 as provisões anticíiclicas. Em Portugal falou-se disso mas nada se fez. Porquê? Porque os bancos não quiseram.
Durante demasiado tempo, o poder foi cúmplice do sector financeiro - aqui, como no resto da Europa - e esteve totalmente capturado por ele. Esteve ou está? A resolução efectiva da crise financeira em que mergulhou o mundo ocidental depende, de forma determinante, da capacidade que os Estados tiverem de recuperar o poder sobre o sistema financeiro. Se não o fizerem, outra crise chegará.

Os banqueiros portugueses sabem bem que o Estado, e especialmente este Governo, quer tudo menos nacionalizar os bancos. Ironia das ironias, esta acusação cair sobre Pedro Passos Coelho, que até já defendeu a privatização da CGD.

Acusar o Governo de intenções que são absurdas apenas nos faz suspeitar de que a banca portuguesa estava muito mal habituada, que viveu num regime de "quero, posso e mando". Hoje é diferente. Não há dinheiro. E quem é pobre não pode ser mal-agradecido.


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por ajpr3392 » 13/11/2011 20:32

=
Quem ganha sempre são os funcionários da banca que mantêm os empregos e nem têm de contribuir muito para a resolução da crise!

quote]

=================
Alto, eu pelo que vinha a ler noutros "posts" e mesmo noutros foruns já andava a desconfiar. Agora eir que o seu problema é outro. E o Sr também sabe. Dinheiro dos contribuintes....Tretas.
:P
 
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por ajpr3392 » 13/11/2011 20:23

Meu Caro Artista,
A confusão é toda sua dado que eu nunca disse que alguém foi obrigado a alguma coisa.
1º Relativo à divida pública interna eu não sei e o Sr. também não sabe se os Bancos foram persuadidos ou não, pelo menos nos dois últimos anos e em que condições. Se o foram deveriam ter recusado mas...
2º Relativo à divida pública externa adquirida no passado noutro contexto, estamos a falar de Estados com rating máximo, validado pelas “todas poderosas” agências de rating. Qual foi o controlo passado das instituições europeias? Prevenir que é bom...ZERO. Só reagir.
3º A aplicação em divida soberana é uma área de negócio, tal como outras. Se os Banco em Portugal vierem a assumir rácios de crédito vencido 50% no sector empresarial acha sustentável? A negociação do hair cut foi aceite porque não havia outra solução. Este é o problema da Europa. União só na moeda e na legislação estapafúrdia.
4º As dificuldades da Banca (para já) decorrem das alterações da regra do jogo e, na minha opinião, bem. Segundo sei as medidas e a decisão de ajudar o Estado pressupõem a recapitalização da Banca, ou não? Não foi o Estado mas sim a Troika que o exigiu. Errados são os prazos impostos pelo Estado. Atendendo à conjuntura económica prevista para os próximos anos, à contabilização da divida soberana ao preços de mercado, entre outros, acha razoável que o empréstimo seja devolvido em três anos?
5º Está a fazer mal as contas, ou melhor não está a fazer, quando diz que os 12 biliões dariam para fazer um Banco “colossal”. A questão a colocar deverá ser: quanto custa ao Estado, aos contribuintes/clientes e à economia em geral a falência de um dos três maiores bancos portugueses? Se souber diga-me. Depois formar um Banco, para si, deve ser como abrir um supermercado. Constroi-se “uma nave” e mete-se lá o arroz e a massa e já está. É ver o marasmo do sector bancário nos anos pós 25 Abril e por inerência da economia em geral.
6º Relativo à EDPR concordaria se as contas públicas não fossem a miséria que são. Neste caso o Estado defendeu os interesses de quem? Eu sei que o Sr sabe... Como sabe compra que tem dinheiro, quem confia mas nem sempre quem tem maior conhecimento? Nesta caso não houve publicidade agressiva? Deve o estado faze-la?
Em resumo, acho muito bem que o estado empreste com garantias de pagamento e mais, deve ponderar/avaliar que será ressarcido da divida. Quem empresta tem sempre risco, há que mitigar o máximo possivel. Deve até prever que, em condições mais favoráveis, o empréstimo possa ser reembolsado/exigido antecipadamente. Não deve é emprestar sabendo desde já que vai accionar a garantia. Assim, nacionalize-se já. Problema resolvido.
 
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por Lion_Heart » 13/11/2011 20:21

ajpr3392 e HU voces estão a ver o filme todo ao contrário.

Primeiro pq a banca so emprestou a quem quis e a quem lhe deu garantias. Se agora nao lhe pagam façam como fazem aos privados, executem as garantias. Assim como dizem que a banca nao obrigou os privados a endividarem-se também ninguem obrigou a banca a emprestar feita louca ao estado.

Depois a banca emprestou com grandes beneficios (todas as PPP sao deles , grandes juros nas negociatas, rendas garantidas para 30,40 ou 50anos) e etc.)


Depois temos o velho ditado muito na moda hoje em dia: quem paga , manda!

E se o Estado pagar tem que mandar(alias se alguns bancos estao nesta situação foi pq foram muito mal geridos).
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por artista_ » 13/11/2011 20:16

HU Escreveu:Se bem entendi, o Estado (Arbitro), determina as condições que os bancos (um dos jogadores) devem ter para resistirem à eventualidade de o Estado (o outro Jogador) não vir a pagar ou a pagar só parcialmente aquilo que os bancos lhe emprestaram. Para cumprimento dessas regras (Core Tier One ) o estado (arbitro) constitui-se novamente em jogador (3º Jogador)) e entra no capital dos bancos para os ajudar a resistir à eventualidade do Estado (1º Jogador) não pagar.


Não, não é o estado que define isso, é o BCE... se quiseres chamar-lhe isso, é o BCE que é o árbritro!

A equipa dos bancos ficou com poucos jogadores (uns lesionaram-e, outros estão excluídos por indisciplina, outros abandonaram a actividade, etc) e o árbitro disse que não podem jogar com tão poucos jogadores. A equipa do estado também não tem muitos jogadores e até tem alguns emprestados pela equipa dos bancos tendo o compromisso de os devolver daqui a algumas épocas. Mas tem crédito para ir buscar novos jogadores podendo emprestá-los à equipa dos bancos. Se a coisa correr bem a equipa dos bancos voltará a ganhar jogos e não será despromovida, mas pode correr mal, o campo da equipa dos bancos está "minado" e o balneário é uma desgraça, pode muisto bem suceder que mais jogadores se lesionem ou abandonem a equipa. Se assim for a equipa do estado terá enormes perdas pois terá de pagar os compromissos assiumidos para trazer novos jogadores para a equipa dos bancos...

Não esquecer que a equipa dos bancos facultaram, por alguma épocas, jogadores à equipa do estado a troco de compensações financeiras! Não pensavam era ficar nesta situação, sem jogadores :)

HU Escreveu:Discute-se assim, em que condições o Estado (3º Jogador) deve adquirir capital dos bancos. Esse problema está resolvido, uma vez que há um árbitro que vai decidir imparcialmente... !


Se fosse tudo entre privados era muito simples, a lei da oferta e da procura faria o negócio. Se os bancos precisam de capital teriam de encontrar quem estivesse disposto a entrar com o capital ao preço que estivesse disposto a fazê-lo... como é o estado todos pensam que deve ser benevolente, que deve funcionar como Santa casa da Misericórdia, se correr mal assume os riscos, se correr bem os bancos assumem os lucros! Ou seja, se correr mal todos pagamos, se correr bem ganham os accionistas dos bancos... Quem ganha sempre são os funcionários da banca que mantêm os empregos e nem têm de contribuir muito para a resolução da crise!

HU Escreveu:Na minha humilde opinião, tudo seria mais fácil, sério e transparente, se o Estado adquirisse Obrigações perpétuas, com um juro igual ao que vai pagar sobre o empréstimo internacional acrescido de um prémio, com call option a exercer nas datas em que o Estado deve reembolsar a Banca dos empréstimos que esta lhe concedeu. Assim, e só assim, demonstraria que a sua intenção não é nacionalizar (ou instrumentalizar) os bancos e em simultâneo salvaguardaria o interesse público (o empréstimo seria remunerado e pago no calendário dos reembolsos da divida pública detida pelos bancos).

É claro que assim, não haveria possibilidade de colocar mais uns Boys nos CA dos bancos, o que seria uma Chatice...!

:( :( :(


O problema é que aquilo que os bancos precisam é muito mais do que aquilo que eles têm em dívida da república portuguesa! Penso que é, mas se não for até posso concordar... e ainda assim penso que haveria mais problemas a resolver!
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por Laribau » 13/11/2011 18:59

Se bem entendi, o Estado (Arbitro), determina as condições que os bancos (um dos jogadores) devem ter para resistirem à eventualidade de o Estado (o outro Jogador) não vir a pagar ou a pagar só parcialmente aquilo que os bancos lhe emprestaram. Para cumprimento dessas regras (Core Tier One ) o estado (arbitro) constitui-se novamente em jogador (3º Jogador)) e entra no capital dos bancos para os ajudar a resistir à eventualidade do Estado (1º Jogador) não pagar.
Discute-se assim, em que condições o Estado (3º Jogador) deve adquirir capital dos bancos. Esse problema está resolvido, uma vez que há um árbitro que vai decidir imparcialmente... !

Na minha humilde opinião, tudo seria mais fácil, sério e transparente, se o Estado adquirisse Obrigações perpétuas, com um juro igual ao que vai pagar sobre o empréstimo internacional acrescido de um prémio, com call option a exercer nas datas em que o Estado deve reembolsar a Banca dos empréstimos que esta lhe concedeu. Assim, e só assim, demonstraria que a sua intenção não é nacionalizar (ou instrumentalizar) os bancos e em simultâneo salvaguardaria o interesse público (o empréstimo seria remunerado e pago no calendário dos reembolsos da divida pública detida pelos bancos).

É claro que assim, não haveria possibilidade de colocar mais uns Boys nos CA dos bancos, o que seria uma Chatice...!

:( :( :(
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por artista_ » 13/11/2011 17:58

ajpr3392 Escreveu:Meu Caro "Artista",
O problema reside no facto dos estados endividarem-se a estes niveis, a Banca comprar esta divida e depois aprovar haircut de 50%; obrigar a reforços de cor tier 1; obrigar a desalavacagem e ainda indicar que o sector deve continuar a apoiar a economia. Tudo insto com prazos perfeitamente irrealistas. Milagres? Repare que não há conhecimento (pelo menos meu) de que aplicações composta parcialmente por divida soberana grega e outras não tenha sido reembolsa a 100% aos clientes.


Há aqui muita confusão... ninguémn obrigou banco nenhum a comprar dívida, da mesma forma que ninguém os obriga a emprestar dinheiro a ninguém, sobretudo se entenderem que as garantias não são suficientes! Sabemos todos que a banca fez exactamente o contrário, alavancou o que pode, tanto na compra de dívida como no crédito a empresas e particulares. Ninguém lhes disse para alavancarem, eles fizeram-no para terem mais lucros, esqueceram-se foi que também tinham mais riscos!

O "hair cut" não foi aprovado pelo estado, foi aprovado pelas entidades reguladoras com a aceitação dos privados! E aceitaram porquê? Porque não têm outra hipótese se não assumir que os gregos não vão conseguir pagar, assumindo também que foram negligentes na forma como concederam crédito aos gregos...

Os reforços do Tier serão exactamente para poderem sobreviver, embora aqui também tenha dúvidas se é a melhor altura para o apertar tanto, já devia era ter sido feito antes, agora estão apenas a tentar emendar a mão e não correr tantos riscos...

Quanto a mim, a única coisa que faz ter algum sentido a banca ajudar os bancos é exactamente por estes financiarem a economia, ainda assim tenho dúvidas que todos os bancos estejam em condições de ser salvos, ou melhor, acho que o estado não os deveria ajudar sem condições!

ajpr3392 Escreveu:Relativo à ausencia de investidores privados na Banca nacional, o que espera também? Está o país com perpectivas positivas? O sector vive um momento atractivo? Não.


Então porque é que o estado tem de correr riscos que o privado não quer correr?! :shock:

Tens noção que se a coisa correr mal (acho que a probabilidade é grande) nunca mais no endireitamos, é que para ajudar a banca o estado vai endividar-se muito mais do que se não ajudasse!

ajpr3392 Escreveu:Então mata-se o "menino". A acontecer só quero ver o "futuro" do meio empresarial português e do emprego. É que uma "coisa" é não conceder apoios "novos" à economica, outra coisa e os apoios que existem desaparecerem.


O dinheiro para ajudar a banca dava para fazer um banco colossal... de qualquer forma eu defendo que a banca é importante, mas os interesses dos contribuintes têm de ser salvaguardados, o estado não pode perder dinheiro como perdeu no BPN, poder pode mas será o fim de muita coisa no país!

ajpr3392 Escreveu:Relativo ao metodo a aplicar numa eventual entrada do estado no capital dos Bancos, concordo que discutiveis. Sempre o foram e até é por isso que são vários, todos eles com pontos forte e com outros nem tanto. Agora contabilizar a entrada unicamente pelo valor da cotação é um perfeito absurdo. Já pensou que a acontecer um movimento especulativo qualquer a banca tiver uma valorização forte, deverá o estado (contribuintes) pagar a preços correntes?
Esta é a minha opinião mas já vi procedimentos do estado no mercado de capitais que me deixam sérias dúvidas. Lembra-se a que preços foi colocada a EDPR aos subscritores/contribuintes? Qual foi o momento de mercado desta operação?


Na minha opinião o estado deve entrar com um prémio, ou seja, abaixo do valor de mercado! Antes aida dar a oportunidade a um qualquer privado o fazer, queres apostar que não aparece ninguém?!

Estás enganado em relação à EDPr, o estado fez um excelente negócios, é isso que se lhes pede, vendeu caro vendeu bem. Os subscritores, contribuintes ou não, compraram porque quiseram, ninguém os obrigou, a mim interessa-me é que o estado defenda os direitos do contribuinte e para isso deve vender ao melhor preço que conseguir!
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por ajpr3392 » 13/11/2011 16:20

Meu Caro "Artista",
Naturalmente que valorizei o comentário de quem citei no "post" e não o meu. Não tenho por hábito avaliar-me a mim próprio, pelo menos em público.
Também defendo que o estado não deve tomar posições nas empresas privadas e por isso tb na Banca. Mas o problema não este. O problema reside no facto dos estados endividarem-se a estes niveis, a Banca comprar esta divida e depois aprovar haircut de 50%; obrigar a reforços de cor tier 1; obrigar a desalavacagem e ainda indicar que o sector deve continuar a apoiar a economia. Tudo insto com prazos perfeitamente irrealistas. Milagres? Repare que não há conhecimento (pelo menos meu) de que aplicações composta parcialmente por divida soberana grega e outras não tenha sido reembolsa a 100% aos clientes.
Relativo à ausencia de investidores privados na Banca nacional, o que espera também? Está o país com perpectivas positivas? O sector vive um momento atractivo? Não. Então mata-se o "menino". A acontecer só quero ver o "futuro" do meio empresarial português e do emprego. É que uma "coisa" é não conceder apoios "novos" à economica, outra coisa e os apoios que existem desaparecerem.
Relativo ao metodo a aplicar numa eventual entrada do estado no capital dos Bancos, concordo que discutiveis. Sempre o foram e até é por isso que são vários, todos eles com pontos forte e com outros nem tanto. Agora contabilizar a entrada unicamente pelo valor da cotação é um perfeito absurdo. Já pensou que a acontecer um movimento especulativo qualquer a banca tiver uma valorização forte, deverá o estado (contribuintes) pagar a preços correntes?
Esta é a minha opinião mas já vi procedimentos do estado no mercado de capitais que me deixam sérias dúvidas. Lembra-se a que preços foi colocada a EDPR aos subscritores/contribuintes? Qual foi o momento de mercado desta operação?

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por artista_ » 13/11/2011 15:13

ajpr3392 Escreveu:Ora aqui está o primeiro comentário de alguém que evidência perceber alguma coisa do assunto. O resto são apenas "tretas" e conversa de café. "Normal..." como diz o nosso Ronaldo.


Humildade...

ajpr3392 Escreveu:Vejamos: sendo a crise da divida pública um dos motores da quebra das cotações da Banca em toda a Europa, nada melhor que a utilização do metodo da cotação para beneficiar o infractor. Ponderei bem a palavra "Infractor" mas poderia utilizar devedor, caloteiro, etc.


Para mim o método correcto seria o de o estado ficar fora dos bancos, pelo menos dos privados, se precisam de se capitalizar porque é que têm de ser os contribuintes a meter lá o dinheiro? Nós todos vamos endividar-nos (ainda mais) para meter dinheiro nos bancos?! :roll: Obviamente que sei que o problema é complexo e não pode ser visto com esta simplicidade, mas daí a ver a posição dos bancos como os coitados da coisa...(isto até pode ser conversa de café para ti mas podes responder, aqui ninguém vai contar a ninguém que também tens conversas deste tipo!)

ajpr3392 Escreveu:Quanto ao metodo de avaliação para efeitos da entrada do estado no capital do bancos, existirão muitos, podem até dar valores inferiores às cotações dos titulos, mas façam-se as contas e apresentem-se aos accionistas e aos contribuintes.


Ah ok, então estás de acordo comigo, o método pode levar a que o estado entre a valores abaixo da cotação actual... o problema é que qualquer método será sempre muito falível porque os riscos envolvidos são colossais, não é por acaso que não aparece um único privado interessado, os brasileiros e chineses já demonstraram aos europeus que a torneira se está a fechar!
ajpr3392 Escreveu:Modelos baseados no balanço patrimonial; Modelos baseados na demonstração do resultado; Modelos baseados no goodwill; Modelos baseados no fluxo
de caixa; Modelos de criação de valor etc.


Embora esteja longe de conhecer estes modelos, palpita-me que devem ter sido os usados no BPN, aqueles que permitiram ao estado avaliar a situação e descobrir depois uma série de buracos escondidos...

ajpr3392 Escreveu:Nota Adicional: O Estado (Local e Central) que pague as dividas aos Bancos pelo menos no seu vencimento, reforço "no seu vencimento". Há autarquias que não pagam facturas vencidas desde 2009, e tomadas pela banca em operações de factoring. Sem a cooperação da banca estas empresas já seriam insolvente e enviado centenas/milhares de pessoas para o desemprego. Mas estes autarcas recebem a confiança e opoio recorrente dos contribuintes locais. Continuem que vão no bom caminho.


Esta é a única situação em que, na minha opinião, podes ter alguma razão... se o estado deve realmente dinheiro aos bancos deverá pagá-lo, mas eu duvido que deva muito dinheiro caso contrário os banqueiros não falariam de outra coisa, e nem faria sentido que se criasse todo este problema! Daí que eu presuma que, ou não é bem assim, ou os montantes envolvidos são insignificantes em relação ao que os bancos precisam!
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por ajpr3392 » 13/11/2011 13:27

Comentador Escreveu:Boa Noite!

Estou a ver que estamos outra vez na senda das nacionalizações da banca. Julguei que essa doença tinha sido fruto do gonçalvismo mas ou as pessoas não têm memória ou o bom senso não está a prevalecer.

Não estou a falar de BPNs mas de bancos normais que são empresas privadas e que naturalmente tentam fazer e fazem todos os negócios que mais lhes convêm. Actualmente estão com problemas especialmente fruto da CRISE da DÍVIDA SOBERANA e da incapacidade que a UE tem para lidar com a grave crise do euro.

Chegados aqui não me parece que os bancos devam dinheiro ao Estado (o contrário é que é verdadeiro) portanto não estou a ver a razão do ódio que observo nas intervenções deste tópico. E notem que eu de banqueiro não tenho nada como certamente saberão muitos dos que visitam há anos este forum.

Continuemos, pois. O bancos têm problemas e como instituições decisivas para a nossa economia (como para qualquer outra), o Estado admite apoiá-los com o "nosso" dinheiro, ficando certamente com dividendos preferenciais que deverão cobrir os juros do dinheiro aplicado. Agora suponhamos que as coisas correm mal e que o Estado deverá manter ou nacionalizar a parte eventualmente maioritária que detiver.

Para os bancos onde isto acontecer, este desfecho é uma opção estratégica e outros anos virão, novo ciclo aparecerá e o Estado fica com um activo bancário que pode gerir bem e vender igualmente bem.

Então voltemos agora à questão de quanto deve o Estado pagar pela sua posição accionista. Poderá ser pelo valor da última cotação reportada a uma determinada data, ou por uma média de cotações, ou pelo valor obtido por uma adequada avaliação do banco.

Pela vossa parte não sei, mas eu já participei como economista em muitas operações de fusões e aquisições que me permitem dizer que será mais provável que o valor a considerar não seja baseado nas últimas cotações mas sim num valor mais elevado tendo em conta a expectativa dos cash flows futuros.

Muito mais haveria para dizer mas agora fico-me por aqui.

Cumprimentos


Ora aqui está o primeiro comentário de alguém que evidência perceber alguma coisa do assunto. O resto são apenas "tretas" e conversa de café. "Normal..." como diz o nosso Ronaldo.
Vejamos: sendo a crise da divida pública um dos motores da quebra das cotações da Banca em toda a Europa, nada melhor que a utilização do metodo da cotação para beneficiar o infractor. Ponderei bem a palavra "Infractor" mas poderia utilizar devedor, caloteiro, etc.
Quanto ao metodo de avaliação para efeitos da entrada do estado no capital do bancos, existirão muitos, podem até dar valores inferiores às cotações dos titulos, mas façam-se as contas e apresentem-se aos accionistas e aos contribuintes.
Modelos baseados no balanço patrimonial; Modelos baseados na demonstração do resultado; Modelos baseados no goodwill; Modelos baseados no fluxo
de caixa; Modelos de criação de valor etc.
Nota Adicional: O Estado (Local e Central) que pague as dividas aos Bancos pelo menos no seu vencimento, reforço "no seu vencimento". Há autarquias que não pagam facturas vencidas desde 2009, e tomadas pela banca em operações de factoring. Sem a cooperação da banca estas empresas já seriam insolvente e enviado centenas/milhares de pessoas para o desemprego. Mas estes autarcas recebem a confiança e opoio recorrente dos contribuintes locais. Continuem que vão no bom caminho.
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por artista_ » 13/11/2011 12:31

Mcmad Escreveu:Desde que sejam os Alemães a pagarem eu não me importo :lol:


Os alemães, e outros, podem vir a ser forçados a pagar a factura no fim, mas até lá já "esfolaram" o contribuinte português até não dar mais. Se chegarmos ao ponto dos Alemães terem de pagar isso isso será tudo menos positivo para nós!
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por Mcmad » 13/11/2011 7:57

Desde que sejam os Alemães a pagarem eu não me importo :lol:
Confira as minhas opiniões

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