Eu, especulador, me confesso
pdcarrico Escreveu:
Eu acrescentaria que mais perigoso que o mega-investidor que influencia e manipula, é a noção (para mim errada) de que o mercado, quando composto por muitos pequenos indivíduos se equilibra.
Resta saber qual a noção de equilíbrio. Num negócio há sempre duas partes e quando alguém vende há alguém que voluntariamente compra.
As bolhas serão desequilíbrios ?

AutoMech Escreveu:Basicamente o que queria dizer é que se um tipo montar uma empresa que vende produtos físicos ou que presta serviços, essa pessoa é um empreendedor e, na generalidade, bem considerado pela sociedade (é um trabalhador e um exemplo).
Alguém que vive (ou tem rendimentos adicionais) nos mercado é visto como não criando nada (fisicamente até é capaz de ser verdade) e que ganha dinheiro fácil.
Daí a imagem diabolizada dos especuladores.
Nas declarações de rendimentos, a maioria dos candidatos à Presidência da República apresentam elevados rendimentos de capitais.
São especuladores ou "homens que fazem pela vida"?

Abraço,
Mares.
- A ganância dos outros poderá gerar-lhe lucros.
- A sua ganância poderá levá-lo à ruína.
- A sua ganância poderá levá-lo à ruína.
Basicamente o que queria dizer é que se um tipo montar uma empresa que vende produtos físicos ou que presta serviços, essa pessoa é um empreendedor e, na generalidade, bem considerado pela sociedade (é um trabalhador e um exemplo).
Alguém que vive (ou tem rendimentos adicionais) nos mercado é visto como não criando nada (fisicamente até é capaz de ser verdade
) e que ganha dinheiro fácil.
Daí a imagem diabolizada dos especuladores.
Alguém que vive (ou tem rendimentos adicionais) nos mercado é visto como não criando nada (fisicamente até é capaz de ser verdade

Daí a imagem diabolizada dos especuladores.
Lavelle Escreveu:A engenharia social a partir da segunda metade do século XX deu-se sobretudo a partir da corrupção da linguagem. Palavras como “liberdade” ou “democracia” passaram a significar realidades opostas aos sentidos originais dos termos, e hoje vivemos em regimes tão “livres” que a nossa vida íntima é escrutinada e controlada, e em sistemas tão “democráticos” que as decisões primordiais são tomadas por burocratas que ninguém elegeu.
Ligando ao tema do artigo, o termo “especulação” foi um daqueles que foi deturpado para ter em cima um odioso. A educação segundo Pavlov exige que ao ouvirmos a palavra “especulador” comecemos a salivar de raiva, e é a esta reacção animalesca que os iluminados chamam de consciência crítica.
Sem especulação não pode haver progresso porque este é uma realidade histórica que só ocorre quando uns quantos audazes assumem viver num mundo de incerteza e ainda assim têm coragem de tomar decisões (ver, por exemplo, “Against the Gods”, de Peter Bernestein). A economia sem especulação é como um sistema de rega sem canais de difusão, simplesmente não funciona. Sem o especulador o sistema de preços seria ineficiente, e isso seria o colapso de sociedades inteiras, algo que alguns gostariam que acontecesse porque eles têm um projecto de mundo perfeito prontinho a ser posto em prática.
Mas uma coisa é considerar a função do especulador em termos agregados, que é algo essencial, outra é considerar as acções do especulador em termos individuais. O investidor normal na bolsa ou em outros mercados apenas contribui para levar o preço para o seu “valor adequado”, mas o mega-investidor, quando se assume como meta-capitalista, ou seja, quando acha que pode ditar as regras de como funciona o capitalismo, pode acabar por influenciar a geopolítica e a configuração das próprias sociedades. Ele já não especula com preços mas com a própria natureza humana e com o sentido da História. Este tipo de especulação os políticos não criticam porque é a especulação a que eles também se dedicam e na realidade a única que pode trazer consequências desastrosas no longo prazo.
Eu acrescentaria que mais perigoso que o mega-investidor que influencia e manipula, é a noção (para mim errada) de que o mercado, quando composto por muitos pequenos indivíduos se equilibra.
Na verdade acontece o contrário, o mercado frequentemente acelera as crises e a expansão. Não por acaso foi extremamente permissivo (para não dizer cumplice) com o aumento do endividamento no tempo do Menem (Argentina anos 90), mas depois cruel no refinanciamento da dívida quando o novo executivo até propunha maior rigor fiscal e corte no gasto público.
Não por acaso e com Kirschner no poder, com a economia bastante mais sob controlo público e com um período inicial de desvalorização da moeda, a heritage foundation (ligada ao Partido Conservador) consideraria agora a Argentina como um Estado basicamente pouco livre para fazer negócios.
Pode ser pouco livre (na óptica deles) mas pelo menos agora não se endivida com o que não pode pagar.
Pedro Carriço
Ulisses,
Muitos parabéns pela coragem.
Gostei especialmente do "tom" do texto, que considero de certa forma provocador o suficiente para despertar consciências.
Quanto ao conteúdo, concordo plenamente com as tuas palavras.
Vivam os investidores, vivam os especuladores, viva o mercado, viva o capitalismo. Viva o sistema de organização económica e social mais democrático e gerador de bem estar que a humanidade alguma vez criou.
Muitos parabéns pela coragem.
Gostei especialmente do "tom" do texto, que considero de certa forma provocador o suficiente para despertar consciências.
Quanto ao conteúdo, concordo plenamente com as tuas palavras.
Vivam os investidores, vivam os especuladores, viva o mercado, viva o capitalismo. Viva o sistema de organização económica e social mais democrático e gerador de bem estar que a humanidade alguma vez criou.
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
Quico Escreveu:Cheira-me que o AutoMech expressou-se mal. Tenho a impressão que não era bem aquilo que queria dizer, mas também não percebi onde quer chegar...
P.S. - Já agora, parabéns pelo artigo, Ulisses!
acho que fui eu é que me expressei mal

Basicamente o que o Automech quererá ter dito é que os críticos ao mercado entenderão como parasitas os especuladores ... e eu, como crítico do mercado, dizia, que não seria bem assim, mas o exemplo que eu dei acho que confundiu as coisas.
Pedro Carriço
Re: Eu, especulador, me confesso
AutoMech Escreveu:
Todos os que vivem de algo 'incorporeo' são uns parasitas, esquecendo os pontos que o Ulisses foca, nomeadamente a liquidez dos mercados e todos os empregos e impostos que gravitam à volta da indústria. E tudo isto vem à custa do especulador que aceita correr um risco.
Eu diria que essa é uma generalização tão perigosa quanto dizer que todos os especuladores são homens frios sem coração que querem ganhar à custa do sangue alheio. Nem 8 nem 80!
Um especulador individualmente é alguém que se adequa a uma organização de mercado. A crítica que se faz aos "especuladores" é antes a crítica a uma forma de organização de mercado que está longe de ser perfeita.
Pedro Carriço
Re: Eu, especulador, me confesso
AutoMech Escreveu:Excelente Ulisses, excelente !
Todos os que vivem de algo 'incorporeo' são uns parasitas, esquecendo os pontos que o Ulisses foca, nomeadamente a liquidez dos mercados e todos os empregos e impostos que gravitam à volta da indústria. E tudo isto vem à custa do especulador que aceita correr um risco.
ou seja e muito importante, entre outras muitas coisas, o especulador "gera" postos de trabalho indirectos

Beijinhos e boa semana a todos
A engenharia social a partir da segunda metade do século XX deu-se sobretudo a partir da corrupção da linguagem. Palavras como “liberdade” ou “democracia” passaram a significar realidades opostas aos sentidos originais dos termos, e hoje vivemos em regimes tão “livres” que a nossa vida íntima é escrutinada e controlada, e em sistemas tão “democráticos” que as decisões primordiais são tomadas por burocratas que ninguém elegeu.
Ligando ao tema do artigo, o termo “especulação” foi um daqueles que foi deturpado para ter em cima um odioso. A educação segundo Pavlov exige que ao ouvirmos a palavra “especulador” comecemos a salivar de raiva, e é a esta reacção animalesca que os iluminados chamam de consciência crítica.
Sem especulação não pode haver progresso porque este é uma realidade histórica que só ocorre quando uns quantos audazes assumem viver num mundo de incerteza e ainda assim têm coragem de tomar decisões (ver, por exemplo, “Against the Gods”, de Peter Bernestein). A economia sem especulação é como um sistema de rega sem canais de difusão, simplesmente não funciona. Sem o especulador o sistema de preços seria ineficiente, e isso seria o colapso de sociedades inteiras, algo que alguns gostariam que acontecesse porque eles têm um projecto de mundo perfeito prontinho a ser posto em prática.
Mas uma coisa é considerar a função do especulador em termos agregados, que é algo essencial, outra é considerar as acções do especulador em termos individuais. O investidor normal na bolsa ou em outros mercados apenas contribui para levar o preço para o seu “valor adequado”, mas o mega-investidor, quando se assume como meta-capitalista, ou seja, quando acha que pode ditar as regras de como funciona o capitalismo, pode acabar por influenciar a geopolítica e a configuração das próprias sociedades. Ele já não especula com preços mas com a própria natureza humana e com o sentido da História. Este tipo de especulação os políticos não criticam porque é a especulação a que eles também se dedicam e na realidade a única que pode trazer consequências desastrosas no longo prazo.
Ligando ao tema do artigo, o termo “especulação” foi um daqueles que foi deturpado para ter em cima um odioso. A educação segundo Pavlov exige que ao ouvirmos a palavra “especulador” comecemos a salivar de raiva, e é a esta reacção animalesca que os iluminados chamam de consciência crítica.
Sem especulação não pode haver progresso porque este é uma realidade histórica que só ocorre quando uns quantos audazes assumem viver num mundo de incerteza e ainda assim têm coragem de tomar decisões (ver, por exemplo, “Against the Gods”, de Peter Bernestein). A economia sem especulação é como um sistema de rega sem canais de difusão, simplesmente não funciona. Sem o especulador o sistema de preços seria ineficiente, e isso seria o colapso de sociedades inteiras, algo que alguns gostariam que acontecesse porque eles têm um projecto de mundo perfeito prontinho a ser posto em prática.
Mas uma coisa é considerar a função do especulador em termos agregados, que é algo essencial, outra é considerar as acções do especulador em termos individuais. O investidor normal na bolsa ou em outros mercados apenas contribui para levar o preço para o seu “valor adequado”, mas o mega-investidor, quando se assume como meta-capitalista, ou seja, quando acha que pode ditar as regras de como funciona o capitalismo, pode acabar por influenciar a geopolítica e a configuração das próprias sociedades. Ele já não especula com preços mas com a própria natureza humana e com o sentido da História. Este tipo de especulação os políticos não criticam porque é a especulação a que eles também se dedicam e na realidade a única que pode trazer consequências desastrosas no longo prazo.
A consciência é sempre consciência da consciência. (Louis Lavelle)
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Re: Eu, especulador, me confesso
Excelente Ulisses, excelente !
É verdade Arnie. Só que na nossa sociedade alguém que compra algo fisico ou proporciona um serviço e ganha dinheiro com isso é bem aceite (e quanto a mim correctamente).
Todos os que vivem de algo 'incorporeo' são uns parasitas, esquecendo os pontos que o Ulisses foca, nomeadamente a liquidez dos mercados e todos os empregos e impostos que gravitam à volta da indústria. E tudo isto vem à custa do especulador que aceita correr um risco.
arnie Escreveu:Qualquer bem transaccionável que seja comprado com o intuito de ser vendido no futuro está inerente a esta compra o conceito especulativo da mesma.
É verdade Arnie. Só que na nossa sociedade alguém que compra algo fisico ou proporciona um serviço e ganha dinheiro com isso é bem aceite (e quanto a mim correctamente).
Todos os que vivem de algo 'incorporeo' são uns parasitas, esquecendo os pontos que o Ulisses foca, nomeadamente a liquidez dos mercados e todos os empregos e impostos que gravitam à volta da indústria. E tudo isto vem à custa do especulador que aceita correr um risco.
Boas,
Fantástico. Isto deveria ser impresso e divulgado em massa pelas pessoas que ainda vão atrás da conversa mole dos políticos.
Na verdade, até o Governo devia colocar uma velinha para que todos os que operam neste país ganhassem bem. Olha as mais-valias.
Não acredito que eles cobrem muitas relativas ao exercício de 2010
Abraço
dj
Fantástico. Isto deveria ser impresso e divulgado em massa pelas pessoas que ainda vão atrás da conversa mole dos políticos.
Na verdade, até o Governo devia colocar uma velinha para que todos os que operam neste país ganhassem bem. Olha as mais-valias.
Não acredito que eles cobrem muitas relativas ao exercício de 2010

Abraço
dj
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Boas,
Gostei especialmente deste paragrafo: "Todos os dias durmo de consciência pesada quando vejo José Sócrates, a sua equipa ministerial, o poeta candidato à Presidência da República e mais de metade dos deputados do Parlamento apontarem-me a mim e aos meus colegas especuladores como responsáveis pelo estado a que o país chegou. Por vezes, chego até a sonhar que fui eu que decidi as políticas fiscais, fui eu que tomei as decisões de investimento, tracei as linhas orientadoras das políticas sociais e fui eu que decidi que Portugal devia ser o rei dos Institutos Públicos porque temos dinheiro e perfil para isso. "
Mas quero acrescentar que se toda a gente fosse assim :
"Como especulador, gosto sempre de acreditar que a culpa dos nossos fracassos é nossa. Aprendi, com a dureza do mercado, que atirar a culpa para cima dos outros é apenas ter medo de enfrentar o erro, as opiniões dos outros e não nos conduz ao sucesso. ", o 1º paragrafo que aqui coloquei, simplesmente nao existia...
Chama-se a isso : Responsabilidade. Palavra que em Portugal raramente se utiliza....
Um abraço
Gostei especialmente deste paragrafo: "Todos os dias durmo de consciência pesada quando vejo José Sócrates, a sua equipa ministerial, o poeta candidato à Presidência da República e mais de metade dos deputados do Parlamento apontarem-me a mim e aos meus colegas especuladores como responsáveis pelo estado a que o país chegou. Por vezes, chego até a sonhar que fui eu que decidi as políticas fiscais, fui eu que tomei as decisões de investimento, tracei as linhas orientadoras das políticas sociais e fui eu que decidi que Portugal devia ser o rei dos Institutos Públicos porque temos dinheiro e perfil para isso. "
Mas quero acrescentar que se toda a gente fosse assim :
"Como especulador, gosto sempre de acreditar que a culpa dos nossos fracassos é nossa. Aprendi, com a dureza do mercado, que atirar a culpa para cima dos outros é apenas ter medo de enfrentar o erro, as opiniões dos outros e não nos conduz ao sucesso. ", o 1º paragrafo que aqui coloquei, simplesmente nao existia...
Chama-se a isso : Responsabilidade. Palavra que em Portugal raramente se utiliza....
Um abraço
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Quero deixar aqui a minha opinião relativa a este artigo:
Muito BOM!
É complicado viver em Portugal, mas mais complicado é ler um artigo de alguém que escreve com total imparcialidade.
Claro, Consistente e curto!
Deixem-me dizer mais uma vez....
Muito Bom.
Abraço
JV
Muito BOM!
É complicado viver em Portugal, mas mais complicado é ler um artigo de alguém que escreve com total imparcialidade.
Claro, Consistente e curto!
Deixem-me dizer mais uma vez....
Muito Bom.
Abraço
JV
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Re: Eu, especulador, me confesso
Mares Escreveu:... é um artigo pouco esclareçedor, criando uma ideia errada de quem negoceia nos mercados, e com muito pouco "sumo".
Caso seja visto como uma "confissão pessoal", nesse caso pouco mais terei a acrescentar.
Caso não seja, numa opinião pessoal, sería muito mais interessante colocar o "acto de especular" inerente a todo agente que compra/vende qualquer bem transacionável (imóveis, ações, moeda, etc, etc) e que dessa actividade obtenha mais-valias. Sendo assim, e como fez notar o "pdcarrico", todo e qualquer será "especulador"...

Criando uma ideia errada de quem negoceia nos mercados?
Não confundas a ideia que nós fazemos de algo e o que ela é na realidade.
Quando se compra algo com ideia de a vender no futuro, seja ele qual for, está-se a especular. É irrelevante o nome que tu ou outro lhe dá. No final é pura e simplesmente especulação. Tu estás a especular que o que compraste a X vai valer Y no final de N periodo que tu proprio estabeleceste.
Ponto final. Não há outra qualquer explicação que possa ser dada. Não podes fugir deste parametro.
Compres tu uma acção, uma casa, um terreno, um quadro, etc...
Qualquer bem transaccionável que seja comprado com o intuito de ser vendido no futuro está inerente a esta compra o conceito especulativo da mesma.
Repito, não confundas a ideia que nós fazemos de algo e o que ela é na realidade.
O que pensamos que algo seja e o que esse algo é na realidade são duas coisas completamente diferentes.
Bons negocios,
arnie
arnie
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Re: Eu, especulador, me confesso
Ulisses Pereira Escreveu:Foi hoje publicado o meu novo artigo "Eu, especulador, me confesso":
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=463371
Ulisses
Caro Ulisses,
lí o seu artigo de opinião "Eu, especulador, me confesso" e a minha opinião pessoal é um artigo pouco esclareçedor, criando uma ideia errada de quem negoceia nos mercados, e com muito pouco "sumo".
Caso seja visto como uma "confissão pessoal", nesse caso pouco mais terei a acrescentar.
Caso não seja, numa opinião pessoal, sería muito mais interessante colocar o "acto de especular" inerente a todo agente que compra/vende qualquer bem transacionável (imóveis, ações, moeda, etc, etc) e que dessa actividade obtenha mais-valias. Sendo assim, e como fez notar o "pdcarrico", todo e qualquer será "especulador".
Abraço,
Mares.
- A ganância dos outros poderá gerar-lhe lucros.
- A sua ganância poderá levá-lo à ruína.
- A sua ganância poderá levá-lo à ruína.
Eu acho que todos somos especuladores, incluindo quem os critica. Afinal de contas, quando alguém monta um negócio especula que vai ter clientes, quando alguém emigra, especula que terá mais oportunidades, quando alguém se emprega, especula que terá sucesso profissional, etc...
A crítica que eu vejo ao mercado, e que para mim parece consistente, não é que os seus agentes devam ou não especular para ganhar, mas sim que o próprio mercado já provou que não se auto-corrige nem converge para equilíbrios. Pelo contrário, o mercado quando totalmente livre, exagera nos movimentos, não regula nem previne, nem desvaloriza as crises.
E aí sempre aparece uma entidade que não pertence ao mercado a corrigir os excessos desse mercado, como por exemplo o financiamento recente dos bancos. Ou então se virmos a questão na dívida soberana - não faria sentido a taxa de juro paga por Portugal ser bem maior em 2009 (porque o défice era já crónico). Estranhamente a yield subiu para quase o dobro no ano passado... será que não subiu demais e antes não seria muito baixa. Essa subida repentina e brutal se antes tivesse sido lógica e gradual, teria obrigado a custos de financiamento progressivamente mais altos e talvez inibidores de maior endividamento.
O problema do mercado é o "fundamentalismo de mercado", é o facto de nós nele acreditarmos de forma cega como a solução para o desenvolvimento, sem que precisemos de fazer mais nada. O mercado não se auto-regula nem nunca se auto-regulará, agora individualmente, temos viver de com as regras que dele aparecem.
No resto, também eu especulo, também eu sou especulador, e sem vergonha nenhuma de o dizer.
A crítica que eu vejo ao mercado, e que para mim parece consistente, não é que os seus agentes devam ou não especular para ganhar, mas sim que o próprio mercado já provou que não se auto-corrige nem converge para equilíbrios. Pelo contrário, o mercado quando totalmente livre, exagera nos movimentos, não regula nem previne, nem desvaloriza as crises.
E aí sempre aparece uma entidade que não pertence ao mercado a corrigir os excessos desse mercado, como por exemplo o financiamento recente dos bancos. Ou então se virmos a questão na dívida soberana - não faria sentido a taxa de juro paga por Portugal ser bem maior em 2009 (porque o défice era já crónico). Estranhamente a yield subiu para quase o dobro no ano passado... será que não subiu demais e antes não seria muito baixa. Essa subida repentina e brutal se antes tivesse sido lógica e gradual, teria obrigado a custos de financiamento progressivamente mais altos e talvez inibidores de maior endividamento.
O problema do mercado é o "fundamentalismo de mercado", é o facto de nós nele acreditarmos de forma cega como a solução para o desenvolvimento, sem que precisemos de fazer mais nada. O mercado não se auto-regula nem nunca se auto-regulará, agora individualmente, temos viver de com as regras que dele aparecem.
No resto, também eu especulo, também eu sou especulador, e sem vergonha nenhuma de o dizer.
Pedro Carriço

http://marketapprentice.wordpress.com
Para muito errar e muito mais aprender!
"who loses best will win in the end!" - Phantom of the Pits
Nota: As análises apresentadas constituem artigos de opinião do autor, não devendo ser entendidos como recomendações de compra e venda ou aconselhamento financeiro.
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Gostei.
---Tudo o que for por mim escrito expressa apenas a minha opinião pessoal e não é uma recomendação de investimento de qualquer tipo---
https://twitter.com/JCSTrendTrading
"We can confidently predict yesterdays price. Everything else is unknown."
"Every trade is a test"
"Price is the aggregation of everyone's expectations"
"I don't define a good trade as a trade that makes money. I define a good trade as a trade where I did the right thing". (Trend Follower Kevin Bruce, $5000 to $100.000.000 in 25 years).
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"I don't define a good trade as a trade that makes money. I define a good trade as a trade where I did the right thing". (Trend Follower Kevin Bruce, $5000 to $100.000.000 in 25 years).
Re: Eu, especulador, me confesso
Ulisses Pereira Escreveu:Foi hoje publicado o meu novo artigo "Eu, especulador, me confesso":
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=463371
Ulisses
Bravo!




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