Ressureição de Keynes
migluso Escreveu:
Durante vários períodos da história e emissão de moeda foi feita por privados e não pelos estados. Era isto que queria dizer.
cumps
Estás a falar do feudalismo? Mas nessa altura um senhor feudal era basicamente o Estado. Para além disso a base de valor nem era a moeda mas sim um bem, que podia ser um metal, ou qualquer outro bem.
Não imaginas por exemplo que os privados do século XXI possam livremente imprimir moeda?

Pedro Carriço
migluso Escreveu:Estava a referir-me ao primeiro choque em 73/74.
Não faz muito sentido estarmos a discutir motivações e afins de Países produtores de petróleo. O essencial é que esse fenómeno criou uma espiral inflacionária sem que houvesse uma base de aumento de consumo.
Mas parece-me que entre 73 e 74 o preço do petróleo terá ido de 3 para 12/13 USD. O ouro deve ter passado no mesmo período de 70/80 USD para 100/150USD.
Parece-me que numa base de ouro também houve ganhos expressivos do petróleo.
Pedro Carriço
Oi migluso, tentarei apresentar mais tarde algum quadro comparativo do desemprego por sectores (com evolução temporal), infelizmente de momento não tenho tempo para pesquisar.
Os dados que apresentas são parcelares e a meu ver não permitem afirmar que o desemprego é Estrutural.
Os dados que apresentas são parcelares e a meu ver não permitem afirmar que o desemprego é Estrutural.
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pdcarrico Escreveu:migluso Escreveu:pdcarrico Escreveu: ... um Estado não sobrevive sem um controlo central na emissão. Seria como pedir a uma pessoa para viver sem respirar.
Concordo com praticamente todo o texto, menos esta parte.
A História prova o contrário.
Quando dizia Estado, queria dizer zona económica.
Durante vários períodos da história e emissão de moeda foi feita por privados e não pelos estados. Era isto que queria dizer.
cumps
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
migluso Escreveu:Há 1000 euros em dinheiro numa economia onde se produzem 10.000 cadeiras.
Multiplique-se o dinheiro na economia por 5 e passamos a ter 5.000€.
Se se continuar a produzir 10.000 cadeiras, qual o efeito que provoca? Aumento do preço das cadeiras.
O que é necessário é aumentar a base produtiva para uma economia crescer, não é a quantidade de dinheiro em circulação. E uma base produtiva sustentável, adaptada às preferências dos consumidores, só é possível num mercado livre onde exista uma base de poupança real.
Ninguém defende uma expansão monetária excessiva ou infindável. Mas por exemplo em problemas de liquidez, pode ser essa a solução. Além disso, se eu estou pessimista e não consumo e não invisto, eu retiro a minha liquidez do mercado, ou seja a massa monetária existente no mercado passa a ser insuficiente.
Se por outro lado há demasiado consumo então é lógico que o sistema seja enxugado, como aliás acontecia nos EUA, onde a tributação servia para programas de recompra de dívida pública.
Parece-me que é tudo uma questão de equilíbrio.
Pedro Carriço
pdcarrico Escreveu:migluso Escreveu:pdcarrico Escreveu:É irónico que a crise do petróleo, que determinou a desacreditação da política keynesiana, tenha decorrido de uma concertação na oferta de petróleo e precisamente o contrário - crise na oferta.
Daí que tenha havido inflação sem que no entanto tivesse ocorrido aumento na procura.
A crise do petróleo decorreu do fim do acordo de Bretton Woods em 1971 e correspondente desvalorização do dólar. Os países produtores de petróleo vinham há algum tempo a perder rendimento em termos reais, também por dificuldades de negociação com as grandes empresas petrolíferas, pelo que o aumento do preço do petróleo mais não foi do que repor o valor ao nível pré Bretton Woods...mas em ouro.
O pico na valorização do ouro deu-se em 1979. Parece-me que por consequência da crise e não por consequência do fim do acordo. Antes ainda de 1980 (quando se deu a guerra Irão-Iraque) o petróleo subiu de 3 para 30 dólares (10x) e o ouro de 50 para 150 (3x). Depois de 78' para 79' é que o ouro explode mas por consequência da crise e não na base dela.
É certo que os Países produtores ganhavam pouco antes .. concordo em absoluto ... a questão é que o choque de preços (sentido em todo o mundo ocidental) criou um problema inflacionário sem que tivesse a ocorrer aumento do consumo.
Estava a referir-me ao primeiro choque em 73/74.
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Para terminar a discussão, que já vai longa, e penso que já tenha ficado claro a diferença de opiniões e a respectiva sustentação de cada um.
Na inauguração do centro de investigação da Fundação Champalimaud ouvi um investigador convidado a queixar-se das entidades reguladoras.
Julgo que chegou a dizer que morrem mais pessoas devido aos atrasos e burocracias na aprovação pelas entidades para introdução de novos medicamentos no mercado, do que aquelas que se salvam graças ao controlo das autoridades.
A minha opinião é que se devia criar um mercado de empresas certificadas para aprovar medicamentos. O mais natural seria as empresas farmacêuticas recorrerem a duas ou três empresas para reforçarem a segurança do seu produto perante o mercado e sempre é mais difícil corromper duas ou três instituições do que apenas uma.
Foi um prazer debater contigo (trata-me por tu, por favor) nestes últimos dias.
Cumprimentos.
Na inauguração do centro de investigação da Fundação Champalimaud ouvi um investigador convidado a queixar-se das entidades reguladoras.
Julgo que chegou a dizer que morrem mais pessoas devido aos atrasos e burocracias na aprovação pelas entidades para introdução de novos medicamentos no mercado, do que aquelas que se salvam graças ao controlo das autoridades.
A minha opinião é que se devia criar um mercado de empresas certificadas para aprovar medicamentos. O mais natural seria as empresas farmacêuticas recorrerem a duas ou três empresas para reforçarem a segurança do seu produto perante o mercado e sempre é mais difícil corromper duas ou três instituições do que apenas uma.
Foi um prazer debater contigo (trata-me por tu, por favor) nestes últimos dias.
Cumprimentos.
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migluso Escreveu:pdcarrico Escreveu: ... um Estado não sobrevive sem um controlo central na emissão. Seria como pedir a uma pessoa para viver sem respirar.
Concordo com praticamente todo o texto, menos esta parte.
A História prova o contrário.
Quando dizia Estado, queria dizer zona económica.
Pedro Carriço
migluso Escreveu:pdcarrico Escreveu:É irónico que a crise do petróleo, que determinou a desacreditação da política keynesiana, tenha decorrido de uma concertação na oferta de petróleo e precisamente o contrário - crise na oferta.
Daí que tenha havido inflação sem que no entanto tivesse ocorrido aumento na procura.
A crise do petróleo decorreu do fim do acordo de Bretton Woods em 1971 e correspondente desvalorização do dólar. Os países produtores de petróleo vinham há algum tempo a perder rendimento em termos reais, também por dificuldades de negociação com as grandes empresas petrolíferas, pelo que o aumento do preço do petróleo mais não foi do que repor o valor ao nível pré Bretton Woods...mas em ouro.
O pico na valorização do ouro deu-se em 1979. Parece-me que por consequência da crise e não por consequência do fim do acordo. Antes ainda de 1980 (quando se deu a guerra Irão-Iraque) o petróleo subiu de 3 para 30 dólares (10x) e o ouro de 50 para 150 (3x). Depois de 78' para 79' é que o ouro explode mas por consequência da crise e não na base dela.
É certo que os Países produtores ganhavam pouco antes .. concordo em absoluto ... a questão é que o choque de preços (sentido em todo o mundo ocidental) criou um problema inflacionário sem que tivesse a ocorrer aumento do consumo.
Pedro Carriço
pdcarrico Escreveu: ... um Estado não sobrevive sem um controlo central na emissão. Seria como pedir a uma pessoa para viver sem respirar.
Concordo com praticamente todo o texto, menos esta parte.
A História prova o contrário.
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pdcarrico Escreveu:Controlo ou regulação é outra coisa - e faz de facto sentido ser regulado e bem regulado. Como aliás é o sector farmacêutico. Como se pode fazer isso ... como se pode evitar casos como os que vimos ... eu de facto tenho pena de não saber, mas gostava que houvesse uma agenda política para se saber como.
Excelente intervenção pdcarrico.
Achei piada especialmente a esta afirmação (com a qual concordo em absoluto), contudo o governo de Sócrates e de Correia de Campos tudo fizeram para desregulamentar o sector...

Camisa Roxa Escreveu:pdcarrico Escreveu:Deves estar a brincar ... o problema do sub-prime que estourou em 2008 foi por causa do incentivo a casa própria que ocorreu no tempo do Clinton? E os balanços estavam maus por causa das minorias étnicas?
não foi por causa disso, foi toda uma conjuntura... tu perguntaste se havia algo que obrigava os bancos a baixarem os seus critérios de avaliação e eu dei-te apenas um exemplo de que EXISTE de facto legislação que baixa esses critérios...
ainda não percebi a que atribuis a crise financeira... à falta de regulação? no sector mais regulado mundo? no único mercado onde preço e quantidade são fixados centralmente?
Em primeiro lugar peço desculpa se pareci ofensivo .. não foi minha intenção.
Respondendo por partes:
Quando dizes que existe legislação que está na base dos problemas da banca, eu entendo que é alguma coisa com efeito minimamente visível. É um pouco como num orçamento familiar que está na linha de água e alguém fala de uma despesa insignificante que teve anos atrás como uma das causas de uma ruptura. Esperava alguma coisa com mais substância, só isso.
A crise começou por ser uma crise do sistema financeiro e precipitou uma crise no sistema de dívida soberana. Fazendo um paralelo com a crise de 87, existem questões muito parecidas que criaram problemas semelhantes. Com uma diferença substancial, o desenvolvimento e crescimento das TMT's criou base uma queda mais abrupta agora ... vou tentar explicar melhor:
O que aconteceu nos anos 80' e agora (nos EUA) - diminuição muito significativa da carga fiscal e aumento selectivo mas expressivo da despesa pública. Nos anos 80' foi investimento militar, agora também embora um pouco diferente. A par disso houve desoneração fiscal, talvez porque as pessoas nos EUA, apesar de estarem a viver num período de prosperidade entendiam que deviam pagar menos impostos.
Daí saiu o Clinton e veio o Bush. A maior despesa pública associada a menor tributação, levou a uma maior massa monetária em circulação e um aumento da importância do sector financeiro. À sua maneira, o Presidente Bush pode até considerar-se Keynesiano, só que o próprio Keynes só defenderia injecção de liquidez via menores impostos (ou mais despesa pública) como uma política anti-cíclica e para correcção de períodos de depressão.
Não faz qualquer sentido desonerar fiscalmente a população quando a economia cresce e quando há factores de produtividade que a fazem crescer - as TMT's. Poderia haver espaço para medidas cirúrgicas em 2002, mas depois não faz sentido.
A autonomização da finança, a existência abundante de liquidez num período expansivo cria bolhas que serão tão maiores quanto maior for a complexidade e a leverage dos mercados.
Do meu ponto de vista, o grande erro americano foi substituir a governação democrática, porque havia espaço de crescimento para as empresas e havia em génese programas de assistência (Medicare, e outros - que eram possíveis num contexto de prosperidade) que podiam absorver alguma liquidez, e que fazem sentido em qualquer sociedade que se queira evoluida.
Na Europa sofreu-se com uma crise que nasceu nos EUA, mas existe muita culpa própria por conta de uma irresponsabilidade fiscal de Países periféricos. Até há 15 anos, Portugal tinha dificuldade em pedir emprestado, agora pedia muito e com juro baixo. Aliás a irresponsabilidade foi de todos, porque todos estamos endividados na esfera pública e privada.
A questão da regulação ... é impossível a qualquer estado não manter o controlo de emissão de moeda (com repercussão na taxa básica de juros). Isso não é uma coisa de regulação ... um Estado não sobrevive sem um controlo central na emissão. Seria como pedir a uma pessoa para viver sem respirar.
Controlo ou regulação é outra coisa - e faz de facto sentido ser regulado e bem regulado. Como aliás é o sector farmacêutico. Como se pode fazer isso ... como se pode evitar casos como os que vimos ... eu de facto tenho pena de não saber, mas gostava que houvesse uma agenda política para se saber como.
Pedro Carriço
pdcarrico Escreveu:
Caro migluso,
O efeito de multiplicação por introdução de liquidez no sistema existe e pode ser comprovado em muitas situações, mas isso não significa que exista sempre e possa funcionar sempre.
Há 1000 euros em dinheiro numa economia onde se produzem 10.000 cadeiras.
Multiplique-se o dinheiro na economia por 5 e passamos a ter 5.000€.
Se se continuar a produzir 10.000 cadeiras, qual o efeito que provoca? Aumento do preço das cadeiras.
O que é necessário é aumentar a base produtiva para uma economia crescer, não é a quantidade de dinheiro em circulação. E uma base produtiva sustentável, adaptada às preferências dos consumidores, só é possível num mercado livre onde exista uma base de poupança real.
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Muffin Escreveu:O desemprego é generalizado e afecta todos os sectores da sociedade. podes apresentar dados que sustentam o que dizes?
Simonson noted that the construction industry has lost 2.1 million jobs since employment in the sector peaked in August 2006. He added that the sector has continued to lose jobs during the past twelve months even as overall private employment has picked up. Since November 2009, the industry has lost 117,000 jobs while the private sector added 1,088,000 jobs. The industry's 18.8 percent unemployment rate, not seasonally adjusted, also was the highest of any industry and roughly double the overall unemployment rate.
http://www.constructionequipment.com/ar ... -jumps-188
Muffin Escreveu:Este blá-blá é muito bonito mas não cola com a realidade. O emprego é conjuntural e provocado pela crise, e se os Estados nada fizerem tornar-se-á então, estrutural.
O meu é blá blá mas apresento argumentos (que podes ou não concordar), mas tu apenas dizes que é conjuntural por que é.
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pdcarrico Escreveu:É irónico que a crise do petróleo, que determinou a desacreditação da política keynesiana, tenha decorrido de uma concertação na oferta de petróleo e precisamente o contrário - crise na oferta.
Daí que tenha havido inflação sem que no entanto tivesse ocorrido aumento na procura.
A crise do petróleo decorreu do fim do acordo de Bretton Woods em 1971 e correspondente desvalorização do dólar. Os países produtores de petróleo vinham há algum tempo a perder rendimento em termos reais, também por dificuldades de negociação com as grandes empresas petrolíferas, pelo que o aumento do preço do petróleo mais não foi do que repor o valor ao nível pré Bretton Woods...mas em ouro.
pdcarrico Escreveu:É por isso que a economia é bonita ... um modelo só vai valer até à próxima realidade que ainda não conhecemos.
É verdade.
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A Salvac,ao teraa que passar por...
... uma Economia Mundial Centralizada (nao do tipo sovieetico !) mas que tenha em conta o Supremo Interesse Mundial.
Soo assim a Globalizac,ao com tudo o que tem de bom para nivelar as populac,oes de todo o Planeta poderaa vingar sem causar clivagens injustas e que trazem a nova amec,a de desigualdades contra as quais o Concerto das Nac,oes se bate ha 5 deecadas.
Que nao se criem "novos pobres" para que os regimes em crescimento econoomico mas com deefice de democracia acabem por vingar defraudando muitas lutas feitas em nome da Igualdade e venham elas prooprias criar maiores tormentos aa jaa depauperada Civilizac,ao Humana.
Que todos tenhamos uma consciencia coosmica e integral da necessidade humana em que o objectivo principal seja uma justa distribuic,ao da riqueza que o Homem soube criar e que tantos sacrifiicios custaram aos que souberam abdicar para que outros pudessem ter Direitos sonegados.
Que renasc,a uma Consciencia Global.
Que o Homem seja, finalmente, Livre.
Soo assim a Globalizac,ao com tudo o que tem de bom para nivelar as populac,oes de todo o Planeta poderaa vingar sem causar clivagens injustas e que trazem a nova amec,a de desigualdades contra as quais o Concerto das Nac,oes se bate ha 5 deecadas.
Que nao se criem "novos pobres" para que os regimes em crescimento econoomico mas com deefice de democracia acabem por vingar defraudando muitas lutas feitas em nome da Igualdade e venham elas prooprias criar maiores tormentos aa jaa depauperada Civilizac,ao Humana.
Que todos tenhamos uma consciencia coosmica e integral da necessidade humana em que o objectivo principal seja uma justa distribuic,ao da riqueza que o Homem soube criar e que tantos sacrifiicios custaram aos que souberam abdicar para que outros pudessem ter Direitos sonegados.
Que renasc,a uma Consciencia Global.
Que o Homem seja, finalmente, Livre.

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pdcarrico Escreveu:Deves estar a brincar ... o problema do sub-prime que estourou em 2008 foi por causa do incentivo a casa própria que ocorreu no tempo do Clinton? E os balanços estavam maus por causa das minorias étnicas?
não foi por causa disso, foi toda uma conjuntura... tu perguntaste se havia algo que obrigava os bancos a baixarem os seus critérios de avaliação e eu dei-te apenas um exemplo de que EXISTE de facto legislação que baixa esses critérios...
ainda não percebi a que atribuis a crise financeira... à falta de regulação? no sector mais regulado mundo? no único mercado onde preço e quantidade são fixados centralmente?

Free Minds and Free Markets
... forecasting exchange rates has a success rate no better than that of forecasting the outcome of a coin toss - Alan Greenspan (2004)
migluso Escreveu:
As pessoas não são todas iguais. Umas são mais excêntricas do que outras. Eu, pessoalmente, adoraria ter um professor que expressasse tanta paixão pelo tema como o Huerta de Soto, fosse ele comunista ou libertário.
Não é uma questão só de entusiasmo. É uma questão de seriedade e isenção. Economia é uma disciplina política, mas a diferença entre um bom economista e um mau economista para mim, é que um bom economista avalia sem complexos e sem emoções "políticas" um determinado dado económico. Um mau economista (ou se preferires um mau gabinete de pesquisa económica) é aquele que profere um resultado ou pesquisa económicos em função de uma necessidade política e não em função da análise crua e imparcial desse dado.
Francisco Louçã, por exemplo, é um personagem brilhante, mas eu duvidaria que alguma vez produzisse, particularmente em ambiente de disputa política, um texto ou análise económica que atraiçoasse o seu pensamento político originário. E nesse sentido não confiaria cegamente numa avaliação dele ... mas confiaria cegamente num Krugman, porque sei que faz as coisas ao contrário - avalia a economia como ela é (em cada momento) e depois é que pensa em acção política.
migluso Escreveu:
Registo que ninguém fala da crítica feita ao efeito multiplicador do modelo keynesiano, no fundo a razão de ser do vídeo, e que rejeita cientificamente o modelo de Keynes.
Caro migluso,
Concerteza que como apreciador de economia, deve entender que contexto macroeconómicos mudam e as receitas macroeconómicas têm de procurar adaptação a essas realidades. O efeito de multiplicação por introdução de liquidez no sistema existe e pode ser comprovado em muitas situações, mas isso não significa que exista sempre e possa funcionar sempre. A forma como aliás ele comenta o assunto não merece comentários ... mas em política vale tudo até ser ridículo. Contrariamente ao que deveria acontecer em economia.
migluso Escreveu:
Sim, porque grande parte desse desemprego provém do sector da construção. Para manteres o nível de emprego pré crise terias que manter o preço das casas artificialmente alto e a capacidade das pessoas as pagarem.
Como tal não é possível, surge desemprego ESTRUTURAL e não CONJUNTURAL, pelo que a solução não é aumentar a procura agregada mas sim alterar a estrutura de produção, o que por sua vez provoca desemprego temporário, que poderá ser mais ou menos prolongado conforme as autoridades impeçam em maior ou menor grau os ajustamento do mercado.
A produção industrial caiu ... o comércio caiu ... não foi só um problema de construcção.
Camisa Roxa Escreveu:
foi ali em 2000 quando o fed baixou a taxa para os 1%; isso e a liquidez injectada incendiaram o boom imobiliário!
Anexo uma figura para entenderes que o período de juros baixos durou dois (2!!) anos e para contornar uma crise na ressaca no boom das tecnológicas.
Camisa Roxa Escreveu:
a começar no aval do Estado às grandes responsáveis pela implosão do mercado hipotecário (Fannie Mae e Freddy Mac ver aqui) nos EUA houve todo um pacote de legislação para incentivo à compra de casa própria AQUI onde se detalha legislação da administração Clinton que obrigava os bancos a emprestarem dinheiro a pessoas oriundas de minorias étnicas mesmo que estes não passassem na análise de risco dos bancos
Deves estar a brincar ... o problema do sub-prime que estourou em 2008 foi por causa do incentivo a casa própria que ocorreu no tempo do Clinton? E os balanços estavam maus por causa das minorias étnicas?
...
Na década de 90' o Governo recomprava dívida pública e tinha superávide fiscal. ... se havia coisa que não havia no tempo do Clinton era problemas no orçamento.
...
O crescimento nos 90' foi alto apesar das altas taxas no FED. Agora o problema do subprime é do Clinton?
Por amor de deus ... vamos manter a discussão num domínio inteligível!
Camisa Roxa Escreveu:se os bancos não tivessem rácios de reserva ridiculamente baixos muito mais dificilmente iriam à falência simplesmente porque esses rácios não lhes permitiriam grandes alavancagens; os bancos actualmente são como os clientes inexperientes das corretoras forex: alavancam em 1:100 ou 1:500 ou sei lá; é claro que não é preciso muito para irem à vida...
todo o sistema bancário é um castelo de cartas que ao mínimo abano cai todo...

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Pedro Carriço
Camisa Roxa Escreveu:...a começar no aval do Estado às grandes responsáveis pela implosão do mercado hipotecário (Fannie Mae e Freddy Mac ver aqui)...
Registo que fornece opiniões com base noutras opiniões.
Reconheço que prefiro opiniões baseadas em números e com gráficos, como a que se expõe aqui - http://modeledbehavior.com/2010/08/27/f ... acquitted/
A sua obstinação em atacar tudo o que é Estado/Público, é no entanto de louvar.
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pdcarrico Escreveu:O que seria uma taxa apropriada? 5%/10%/20%? Achas que com mais de 10% se consegue dinamizar o investimento?
Vê a evolução dos juros desde os 90 (ou quiseres antes) e, exceptuando período de crise, diz-me quando ocorreu juros tão baixos?
foi ali em 2000 quando o fed baixou a taxa para os 1%; isso e a liquidez injectada incendiaram o boom imobiliário!
Critérios de concessão de empréstimos ... como assim? os bancos não tiveram sempre autonomia para escolher os seus clientes?
a começar no aval do Estado às grandes responsáveis pela implosão do mercado hipotecário (Fannie Mae e Freddy Mac ver aqui) nos EUA houve todo um pacote de legislação para incentivo à compra de casa própria AQUI onde se detalha legislação da administração Clinton que obrigava os bancos a emprestarem dinheiro a pessoas oriundas de minorias étnicas mesmo que estes não passassem na análise de risco dos bancos
rácios de reserva baixos ... é por causa de um critério de reserva que o BPN tem o buraco que tem? é por causa de um critério de reserva que o Bear Sterns faliu. Se tens um activo que perde metade do valor ...qual é o critério de reserva que lhe vale?
se os bancos não tivessem rácios de reserva ridiculamente baixos muito mais dificilmente iriam à falência simplesmente porque esses rácios não lhes permitiriam grandes alavancagens; os bancos actualmente são como os clientes inexperientes das corretoras forex: alavancam em 1:100 ou 1:500 ou sei lá; é claro que não é preciso muito para irem à vida...
todo o sistema bancário é um castelo de cartas que ao mínimo abano cai todo...

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... forecasting exchange rates has a success rate no better than that of forecasting the outcome of a coin toss - Alan Greenspan (2004)
migluso Escreveu:Sim, porque grande parte desse desemprego provém do sector da construção. Para manteres o nível de emprego pré crise terias que manter o preço das casas artificialmente alto e a capacidade das pessoas as pagarem.
O desemprego é generalizado e afecta todos os sectores da sociedade. podes apresentar dados que sustentam o que dizes?
migluso Escreveu:Como tal não é possível, surge desemprego ESTRUTURAL e não CONJUNTURAL, pelo que a solução não é aumentar a procura agregada mas sim alterar a estrutura de produção, o que por sua vez provoca desemprego temporário, que poderá ser mais ou menos prolongado conforme as autoridades impeçam em maior ou menor grau os ajustamento do mercado.
Este blá-blá é muito bonito mas não cola com a realidade. O emprego é conjuntural e provocado pela crise, e se os Estados nada fizerem tornar-se-á então, estrutural.
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pdcarrico Escreveu:Desculpa lá Migluso .... mas esse video é ridículo...
As pessoas não são todas iguais. Umas são mais excêntricas do que outras. Eu, pessoalmente, adoraria ter um professor que expressasse tanta paixão pelo tema como o Huerta de Soto, fosse ele comunista ou libertário.
Gosto de pessoas com princípios, que não os alterem conforme as situações particulares nos sejam ou não favoráveis.
Posso, no entanto, postar outros vídeos de economistas mais "tranquilos".
Registo que ninguém fala da crítica feita ao efeito multiplicador do modelo keynesiano, no fundo a razão de ser do vídeo, e que rejeita cientificamente o modelo de Keynes.
pdcarrico Escreveu:Oh Migluso, quando tens desemprego nos EUA a mais de 10%, ainda perguntas onde ocorreu o choque na procura?
Sim, porque grande parte desse desemprego provém do sector da construção. Para manteres o nível de emprego pré crise terias que manter o preço das casas artificialmente alto e a capacidade das pessoas as pagarem.
Como tal não é possível, surge desemprego ESTRUTURAL e não CONJUNTURAL, pelo que a solução não é aumentar a procura agregada mas sim alterar a estrutura de produção, o que por sua vez provoca desemprego temporário, que poderá ser mais ou menos prolongado conforme as autoridades impeçam em maior ou menor grau os ajustamento do mercado.
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
Camisa Roxa Escreveu:
É por isso que as crises da economia moderna são sempre crises de excesso de oferta...
É irónico que a crise do petróleo, que determinou a desacreditação da política keynesiana, tenha decorrido de uma concertação na oferta de petróleo e precisamente o contrário - crise na oferta.
Daí que tenha havido inflação sem que no entanto tivesse ocorrido aumento na procura.
É por isso que a economia é bonita ... um modelo só vai valer até à próxima realidade que ainda não conhecemos.
Pedro Carriço
migluso Escreveu:As pessoas são mais racionais do que os economistas e governantes que apelam ao consumo, mesmo com os níveis de endividamento actuais.
Os economistas apoiam o Gasto Público para compensar a quebra de consumo verificado. Em termos agregados poupança e consumo têm que equilibrar-se. Apenas se podem endividar alguns se outros poupam. Quando todos poupam ao mesmo tempo... estamos mal.
Este aumento do Gasto terá que ser feito nos mercados mais dinâmicos, obviamente, não em economias periféricas.
migluso Escreveu:No auge da crise, o mercado interbancário de crédito secou, literalmente.
Mas se dizes que a crise foi de Oferta, tens que referir-te ao início, nao ao auge! Segundo o teu argumento foi a falta de liquidez que criou a crise, pelo que renovo a pergunta, o que a causou?
migluso Escreveu:As taxas de juro de mercado não aumentaram porque os bancos centrais baixaram drasticamente as taxas directoras e injectaram directamente liquidez no sistema financeiro.
Fiquei sem perceber... a crise aconteceu porque no auge não havia liquidez, e não houve aumento dos juros porque os Bancos Centrais aumentaram a liquidez... Pelo menos entre o começo e o auge os juros tinham que ter disparado... Além de que se os Bancos não tinham liquidez, os juros tinham que estar pelas nuvens!
migluso Escreveu:Mesmo assim, basta analisar a que preço Portugal e os portugueses se financiam hoje em dia.
Inferior... bastante inferior ao do começo da crise. Vejam-se os valores da Euribor.
E é tudo tão mais fácil e simples de compreender analisando o que se passou como um choque da procura... mas se assumes à partida que
migluso Escreveu:É por isso que as crises da economia moderna são sempre crises de excesso de oferta...
tens então que deformar a realidade para estar de acordo com o pressuposto.
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Desculpa lá Migluso .... mas esse video é ridículo, não porque o homem não entenda de economia mas porque não consegue esconder nem um pouco a sua parcialidade. Aliás a própria entoação com que fala de Keynes desmascara uma visão sectária. Para ser tão ridículo precisaria de arranjar um professor marxista que viesse falar sobre mercado - acho que só assim teria uma visão tão parcial. Por oposição ao primeiro vídeo onde o professsor fala objectivamente do espaço que as duas teorias económicas têm e o seu tempo de aplicação na economia real.
Os modelos são obviamente simplificações que precisam de melhoramentos em função da realidade.
Oh Migluso, quando tens desemprego nos EUA a mais de 10%, ainda perguntas onde ocorreu o choque na procura? Acontece com qualquer bem ou serviço. Se tiveres um mercado com oferta/procura estreita e um efeito retira uma parte importante da procura do mercado ... o efeito só pode ser um - queda de preços!
Da mesma forma quando sai capacidade instalada - sobe o preço.
O que seria uma taxa apropriada? 5%/10%/20%? Achas que com mais de 10% se consegue dinamizar o investimento?
Vê a evolução dos juros desde os 90 (ou quiseres antes) e, exceptuando período de crise, diz-me quando ocorreu juros tão baixos?
Critérios de concessão de empréstimos ... como assim? os bancos não tiveram sempre autonomia para escolher os seus clientes?
rácios de reserva baixos ... é por causa de um critério de reserva que o BPN tem o buraco que tem? é por causa de um critério de reserva que o Bear Sterns faliu. Se tens um activo que perde metade do valor ... qual é o critério de reserva que lhe vale?
Excesso de casas há concerteza. Agora em particular. Se eu tiver dez clientes que não podem comprar uma casa, basta-me ter uma para venda para haver excesso de oferta. Agora antes da crise, pelo menos uma dessas pessoas teria capacidade para a comprar.
Bem .... isso talvez seja discutível. A verdade é que os EUA estavam em alguma prosperidade. Tanto que financiaram a reconstrucção do Japão e Europa.
Os modelos são obviamente simplificações que precisam de melhoramentos em função da realidade.
migluso Escreveu:
O que surgiu primeiro, terá sido a procura, por parte de pessoas de rendimentos reduzidos, de casas novas que estimulou a criação do segmento de subprime, ou foi a oferta de condições especiais para a aquisição dessas casas por parte das instituições financeiras que determinou a procura?
Qual foi o choque na procura que provocou a actual crise?
Oh Migluso, quando tens desemprego nos EUA a mais de 10%, ainda perguntas onde ocorreu o choque na procura? Acontece com qualquer bem ou serviço. Se tiveres um mercado com oferta/procura estreita e um efeito retira uma parte importante da procura do mercado ... o efeito só pode ser um - queda de preços!
Da mesma forma quando sai capacidade instalada - sobe o preço.
Camisa Roxa Escreveu:
taxas de juro demasiado baixas durante demasiado tempo; excessos de injecção de liquidez nos mercados; legislação que obrigou os bancos a baixarem os critérios de concessão de empréstimos; rácios de reservas bancárias demasiado baixos etc.
mais ou menos isto...
O que seria uma taxa apropriada? 5%/10%/20%? Achas que com mais de 10% se consegue dinamizar o investimento?
Vê a evolução dos juros desde os 90 (ou quiseres antes) e, exceptuando período de crise, diz-me quando ocorreu juros tão baixos?
Critérios de concessão de empréstimos ... como assim? os bancos não tiveram sempre autonomia para escolher os seus clientes?
rácios de reserva baixos ... é por causa de um critério de reserva que o BPN tem o buraco que tem? é por causa de um critério de reserva que o Bear Sterns faliu. Se tens um activo que perde metade do valor ... qual é o critério de reserva que lhe vale?
migluso Escreveu:
Penso que o que apontas está correcto. Mas é do lado da oferta, que por sua vez condicionou a procura.
O problema foi/é de excesso de oferta de casas e não de falta de procura.
Excesso de casas há concerteza. Agora em particular. Se eu tiver dez clientes que não podem comprar uma casa, basta-me ter uma para venda para haver excesso de oferta. Agora antes da crise, pelo menos uma dessas pessoas teria capacidade para a comprar.
migluso Escreveu:A teoria de Keynes foi posta em prática nos anos 30, ao abrigo do New Deal de FDR.
Até ao início da II Grande Guerra Mundial o impacto de tais políticas foi um fracasso.
É legítimo concluir que a saída da Grande Depressão se ficou a dever à Grande Guerra e não a programas de gastos públicos planeados pelos governos, que se mostraram incapazes de iludir as expectativas racionais dos agentes económicos.
Bem .... isso talvez seja discutível. A verdade é que os EUA estavam em alguma prosperidade. Tanto que financiaram a reconstrucção do Japão e Europa.
Pedro Carriço
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