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Caldeirão da Bolsa

"Cometeria um crime?"

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Lion_Heart » 8/11/2010 17:17

Ora vamos la a ver se nos entendemos.

O Português é dos povos (civilizados) que mais crimes cometem .

E isto advém daqueles famosas falacias tipo : direitos adquiridos e liberdades.

Senão vejamos:

Quem respeita o sinal vermelho? Quer sejam peões ou automobilistas?

Quem não estaciona em rotundas, segunda filas e etc?

Quem não deita papeis para o chão , cospe e etc?

Quem não fura filas e por ai fora?

Quase Tudo isto é crime mas ninguém liga.

Ora se nas coisas mais banais do dia a dia somos um povo sem educação e sem respeito o que fara quando toca a meter a "mão ao bolso" principalmente do Estado.

O Estado aquele entidade que paga tudo e tem tudo.

Nos mercados é igual . Se uns fazem porque é que os outros não podem fazer?
" Richard's prowess and courage in battle earned him the nickname Coeur De Lion ("heart of the lion")"

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por habanero04 » 8/11/2010 16:40

Elias Escreveu:habanero,

A questão é: há um montante abaixo do qual o acto seja aceitável e acima do qual seja reprovável?


Não, o crime é o mesmo. Possivelmente um alto cargo da empresa será mais penalizado legalmente, caso seja condenado, do que um Zé da esquina qualquer...
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por Elias » 8/11/2010 16:15

habanero,

A questão é: há um montante abaixo do qual o acto seja aceitável e acima do qual seja reprovável?
 
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por habanero04 » 8/11/2010 16:13

Quando falo em montante envolvido, isso tem a ver com um montante de um pequeno investidor. É diferente movimentares por exemplo 10.000€ ou 10.000.000€. É lógico que o que diz a lei se aplica quer a um, quer a outro valor, mas o resultado é um pouco diferente...
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por Elias » 8/11/2010 16:04

Fenicio Escreveu:Para além de ser uma questão tremendamente subjectiva: na tua opinião, quanto é "muito"? Mesmo sem saber a resposta, sou capaz de apostar que o "teu muito" será muito diferente do "meu muito".


Sem dúvida.

Mas o que os estudos mostram (por exemplo, os de Dan Ariely) é que todos nós temos um fudge factor (uma espécie de "limitador de consciência") que não nos deixa ultrapassar determinados limites, isto aplica-se também a situações como a de nos apropriarmos de algo.

Este video explora melhor o tema: http://www.ted.com/talks/dan_ariely_on_ ... _code.html (interessa especialmente a partir do minuto 4).
 
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por Fenicio » 8/11/2010 15:56

Elias Escreveu:
habanero04 Escreveu:Aliás, como pequeno investidor nem pensaria duas vezes, não só pelo montante envolvido, mas também pelo que o Ulisses diz no artigo de ser muito dificil de provar este crime.


Tocaste num aspecto interessante: a questão do montante.

Há estudos que mostram que a maioria das pessoas considera aceitável roubar (ou de alguma forma apropriar-se de algo que não lhe pertence), DESDE QUE não seja uma quantia muito grande. E não estamos a falar apenas de dinheiro.

O melhor exemplo que conheço é o da caneta no escritório. Quem é que nunca levou uma caneta do escritório para casa, dando-lhe um destino que nada tem a ver com a actividade da empresa ou instituição que financiou a compra dessa caneta? Acredito que muitos de nós já passaram por esta situação e já se apropriaram de uma caneta "da empresa" (ou da escola, ou do instituto, etc) nalgum momento da sua vida. E provavelmente a maioria acha isso normal e aceitável, não ficando com qualquer peso na consciência.

Mas se em vez de uma caneta falarmos de levar para casa uma caixa de 100 canetas, a reacção deixará de ser "é normal e aceitável" para passar a ser de reprovação.

O acto em si é exactamente idêntico, a única coisa que muda é a quantidade.


Para além de ser uma questão tremendamente subjectiva: na tua opinião, quanto é "muito"? Mesmo sem saber a resposta, sou capaz de apostar que o "teu muito" será muito diferente do "meu muito".
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por Elias » 8/11/2010 15:48

habanero04 Escreveu:Aliás, como pequeno investidor nem pensaria duas vezes, não só pelo montante envolvido, mas também pelo que o Ulisses diz no artigo de ser muito dificil de provar este crime.


Tocaste num aspecto interessante: a questão do montante.

Há estudos que mostram que a maioria das pessoas considera aceitável roubar (ou de alguma forma apropriar-se de algo que não lhe pertence), DESDE QUE não seja uma quantia muito grande. E não estamos a falar apenas de dinheiro.

O melhor exemplo que conheço é o da caneta no escritório. Quem é que nunca levou uma caneta do escritório para casa, dando-lhe um destino que nada tem a ver com a actividade da empresa ou instituição que financiou a compra dessa caneta? Acredito que muitos de nós já passaram por esta situação e já se apropriaram de uma caneta "da empresa" (ou da escola, ou do instituto, etc) nalgum momento da sua vida. E provavelmente a maioria acha isso normal e aceitável, não ficando com qualquer peso na consciência.

Mas se em vez de uma caneta falarmos de levar para casa uma caixa de 100 canetas, a reacção deixará de ser "é normal e aceitável" para passar a ser de reprovação.

O acto em si é exactamente idêntico, a única coisa que muda é a quantidade.
 
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por habanero04 » 8/11/2010 15:38

Penso que a maioria tirava proveito da informação, tal como ficou patente na percentagem de 89%. Aliás, como pequeno investidor nem pensaria duas vezes, não só pelo montante envolvido, mas também pelo que o Ulisses diz no artigo de ser muito dificil de provar este crime. Se eu não tiver ligação nenhuma à empresa e um amigo me fornecesse numa conversa uma informação desse tipo como é que alguém iria provar que eu recebi essa informação?

Por outro lado, também acho que no caso de grandes transacções de alguém com bastante capital ou com algum tipo de ligação à empresa, isso possa dar mais facilmente origem a investigações por parte das autoridades, mas não quer dizer que consigam provar alguma coisa na mesma, a não ser que haja mesmo um descuido muito grande.

Penso que quem faz estas transacções, e há-de haver muito boa gente que tem acesso a informação privilegiada, o faz consciente do que está a fazer e sabe muito bem como o fazer de modo a não deixar o "rabo" de fora... Este tipo de crime deve ser comum, digo eu!
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por tugatuga11 » 8/11/2010 15:19

AutoMech Escreveu:
e-finance Escreveu:E se a questão fosse: O seu melhor amigo garant-lhe que vai anunciar ao mercado que a empresa onde trabalha teve um prejuizo estrondoso. Você detem acções da empresa. O que faz, vende antes da bomba rebentar ou espera por ser ilegal?



Opiniões ?


Vendo antes da bomba rebentar. :|
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por Automech » 8/11/2010 15:15

Já agora o outro tópico estava em http://caldeiraodebolsa.jornaldenegocio ... &js_link=1

O tópico acabou com uma pergunta muito pertinente do e-finance:

e-finance Escreveu:E se a questão fosse: O seu melhor amigo garant-lhe que vai anunciar ao mercado que a empresa onde trabalha teve um prejuizo estrondoso. Você detem acções da empresa. O que faz, vende antes da bomba rebentar ou espera por ser ilegal?

Cumps.


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por Champignon » 8/11/2010 14:07

Parabéns pela objectividade, conteúdo e capacidade de síntese.
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http://fundamentalmentebolsa.blogspot.com/
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por bolo » 8/11/2010 13:54

É sempre difícil ao gato ter uma relação de respeito com o tampo da mesa.

Numa actividade onde a missão número 1 é saber onde está o rumor e ser o primeiro a descobrir uma tendência futura, rejeitar uma informação que é considerada "inside trader" é uma atitude que requer alguma disciplina e alinhamento com os valores de proteção dos negociadores, que também se é.
Acabei de me auto-promover a Principiante!
Aaahhgrrr,... os meus dedos não estalam!!!
TAMBÉM QUERO SER RICO! Por onde começo? Estou disposto a deixar de trabalhar!
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por Fenicio » 8/11/2010 13:46

Conseguiste sintetizar bem aquilo que foi discutido no tópico, Ulisses. Parabéns por mais um excelente artigo.
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"Cometeria um crime?"

por Ulisses Pereira » 8/11/2010 13:36

Aproveitei o debate que aqui tivemos há algumas semanas e resumi a ideia num artigo intitulado "Cometeria um crime?":

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=452513

Um abraço,
Ulisses
"Acreditar é possuir antes de ter..."

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