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Caldeirão da Bolsa

Entender o crédito à habitação.

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por pedrom » 21/1/2010 20:29

Paulo Moreira Escreveu:Agora, o banco onde tenho o meu crédito habitação inventou uma nova. Recebi um telefonema para me dizer que a partir de fevereiro, a conta a ordem associada ao crédito ficará sujeita a uma comissão de manutenção...assim sem mais nem menos.

Para ficar isento, teria de subscrever pelo menos um produto financeiro, para além daqueles que já tenho por usufruir de um spread mais baixo.

O que faria qualquer pessoa para fugir da comissão e que não estivesse interessado na subscrição de mais um produto financeiro?? Simples bastava fechar a conta.... mas não é possível porque ela é obrigatória. Ou seja,o cliente não tem opção.

Transferir o crédito para outro banco? Fica-se a perder.
Simplesmente, o cliente não tem opção. E terá de optar pela solução que menos perturbação causa.
Qualquer que seja a solução encontrada pelo cliente, o banco fica sempre a ganhar.


Qual a taxa entre o valor do crédito e o valor da avaliação neste momento?
De que vale a pena correr quando estamos na estrada errada?
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por pedrom » 21/1/2010 20:26

kpt Escreveu:
Spreads de 0,3% só poucos o conseguiam...



Consegui para a minha irmã ao fim 2 semanas de negociação 0,24 no bpi nesses tempos de ouro e sem grandes produtos associados!!!! :wink:
De que vale a pena correr quando estamos na estrada errada?
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por Pata-Hari » 20/1/2010 23:15

Já agora, só para corrigir os teus termos: o banco ganha os 0.25 em qualquer caso. Tu tens um diferencial positivo na tua aplicação (ganhas mais na aplicação do que pagas ao banco).
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por lmtc » 20/1/2010 23:14

Pata-Hari Escreveu:Se as taxas se mantivtodas as erem a estes níveis, sim, ganhaste mais (não sei qual é o teu indexante mas mesmo que seja euribor a 1 ano, euribor a 1 ano mais 0.25 é inferior a 3%)


falamos de euribor a 6 meses, Fevereiro.

condição para 3% é apenas que todas as empresas envolvidas tenham cotação superior à data de subscrição.
 
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por Pata-Hari » 20/1/2010 23:09

Se as taxas se mantiverem a estes níveis, sim, ganhaste mais (não sei qual é o teu indexante mas mesmo que seja euribor a 1 ano, euribor a 1 ano mais 0.25 é inferior a 3%)
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por lmtc » 20/1/2010 23:07

boa noite,

hoje fiz uma aplicação indexada a evoluçao da cotação de 4 empresas farmaceuticas. Tem capital garantido e ou 0 ou 3% ao final de um ano.

tive duvidas em aplicar ou amortizar o CH, mas com um spread de 0,25% resolvi aplicar.
neste periodo se atingir os 3% tenho uma mais valia em relação ao banco, correcto?
 
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por Camisa Roxa » 20/1/2010 20:34

kpt Escreveu:Por curiosidade, quando foi contratado?

Muito provavelmente as tuas boas (imagino eu) condições financeiras e restantes garantias são o factor que levou a tal. E também muito provavelmente não é isso que se passa com 90% dos créditos concedidos a este nível.


o spread foi baixado para 0.3 há cerca de 2 anos penso eu

quanto a garantias, tratou-se de empréstimo para construção de vivenda com hipoteca do terreno, mas isso é regra geral em todos os casos semelhantes penso eu
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por PJBM2 » 20/1/2010 19:14

kpt Escreveu:
Camisa Roxa Escreveu:eu tenho 0,3% no BCP e não me impuseram qualquer cross selling

por acaso tenho lá os seguros mas podia ter noutro lado...


Por curiosidade, quando foi contratado?

Muito provavelmente as tuas boas (imagino eu) condições financeiras e restantes garantias são o factor que levou a tal. E também muito provavelmente não é isso que se passa com 90% dos créditos concedidos a este nível.


Sim, dificilmente os créditos abaixo de 100.000 euros têm estas condições.
Paulo Moreira
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por kpt » 20/1/2010 18:44

Camisa Roxa Escreveu:eu tenho 0,3% no BCP e não me impuseram qualquer cross selling

por acaso tenho lá os seguros mas podia ter noutro lado...


Por curiosidade, quando foi contratado?

Muito provavelmente as tuas boas (imagino eu) condições financeiras e restantes garantias são o factor que levou a tal. E também muito provavelmente não é isso que se passa com 90% dos créditos concedidos a este nível.
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por Camisa Roxa » 20/1/2010 18:38

eu tenho 0,3% no BCP e não me impuseram qualquer cross selling

por acaso tenho lá os seguros mas podia ter noutro lado...
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por Lion_Heart » 20/1/2010 17:43

Pata-Hari Escreveu:Lion, o BPP teve o problema que teve via risco de mercado. Mesmo havendo procedimentos muito irregulares, o risco era risco de mercado e foi esse risco que criou o problema.

O risco de mercado gerou a hecatombe e só porque foi preciso dividir despojos é que se colocou a questão da montagem irregular das aplicações (montagem essa que em grande parte pecava pelo desejo de alavacagem excessiva por parte do banco - também essa aumentando o risco de mercado).

O negócio do crédito à habitação tem uma margem baixa comparada com o restante negócio bancário e por isso não é um negócio interessante. Pelo menos com os spreads que viste no passado recente. É interessante porque fideliza um cliente ao banco durante muitos anos, é por essa razão pela qual era um interessante. Acho que entenderás que o banco não quer nunca ter que executar hipotecas (porque não é o negócio bancário). E se partires desse principio, com um spread de 0.003, bastará um cliente falhar para essa falha ter que ser compensada por 33.5 clientes (contas simples e simplificadas, naturalmente). Se os spreads subirem para valores mais "normais", sim, o crédito à habitação poderá voltar a ser um tipo de crédito interessante.

Pareces perpetuar aquela ideia de que a banca comercial deveria ter risco e que está num negócio de risco elevado. Os bancos comerciais tal como os temos em Portugal (a banca de investimento é diferente) não aceita risco e tenta diminuir o seu risco. Os bancos vendem risco aos clientes que querem comprar risco (quando vende um fundo, vende a gestão do fundo, não aceita risco no fundo. Quando vende gestão, vende o serviço, não toma risco com o cliente. Quando vende um cartão de crédito, está a vender um serviço de crédito com uma excelente margem mesmo tendo em conta o risco). Esse sim, é o negócio bancário que tens em Portugal. O imobiliário não é o negócio bancário, é um mal necessário e um meio de protecção de risco do negócio bancário que por sua vez está no negócio do crédito financeiro.

Atomez, na tua opinião quanto ganha o banco na tua escolha de taxa fixa versus taxa variavel?



Pata , mas isso eu ja te tinha dito , o banco até pode cobrar spread 0 em alguns casos que continua a ganhar dinheiro com o cliente ( ouvi dizer que até existem casos).
Falas de 0,3% de spread como se isso fosse algo comum o que não é verdade e é até muito raro. Não estou por dentro dessa matéria mas quase que aposto que a média deve rondar entre 0,8% e 1.2%. E mesmo esses 0.3% tinham de cross selling produtos absurdos.
E tu sabes que mesmo hoje em dia ainda se fazem spreads a rondar 0.5% , como em tudo depende do cliente e relação finaciamento/garantia.

Agora ja tocas num ponto interessante e onde se pode começar a fazer comparações. O lucro e o risco da banca.

Em Portugal o risco da Banca é praticamente 0 , pois para alem dos proponentes temos os fiadores ,tem que ser efectivos, os seguros , as garantias e etc. O que não existe em muitos Países. Queria ver na America alguem dizer: ai se não é efectivo não pode fazer o credito.

Eu ao contrario da maioria acredito no capitalismo livre e regulado! atenção a este ponto.
E como tal no capitalismo não pode existir proteccionismo nem sectores privilegiados , tem que existir sim é uma forte regulação do Estado.
Portanto um banco é como uma outra empresa qualquer, se fez asneiras, foi mal gerido ou aplicou mal deve fechar como todas as outras. Se assim não for não vale a pena ter banca privada, bastava existir banca do Estado.
E como a teoria de uma empresa ser grande demais para falir, se é assim pode fazer o que quiser como quiser que sabe que sempre a irão ajudar. Isto é capitalismo? Não me parece.
Ora nos EUA e segundo aqui a wikipedia : http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_ac ... risis#2009 faliram 62 Bancos na sua maioria Banca Comercial.
Em Portugal isto é impensavel, assim como é impensavel a Banca dar prejuizos.
Ja agora a partir da proxima segunda feira vamos ver que tal correu o ano 2009 na Banca e ver se o sector foi afectado.
Editado pela última vez por Lion_Heart em 20/1/2010 20:27, num total de 2 vezes.
" Richard's prowess and courage in battle earned him the nickname Coeur De Lion ("heart of the lion")"

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por Pata-Hari » 20/1/2010 15:31

É mesmo assim que olho para isso, elgenedy. Totalmente de acordo.
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por Elgenedy » 20/1/2010 15:25

pmpcpinto Escreveu:Mas, continuo a achar que é um produto (ou traz outros agarrado) que tem que ser retável, pois se assim não fosse, não se tinha assistido às campanhas agressivas que assistimos à uns anos atrás.


Boa tarde,

Indo um pouco ao encontro do que já foi referido, é um produto que não precisa sequer ser particularmente rentável. Precisa sim de ser um produto que não traga prejuízo, e isso, tendo em conta alguns instrumentos que já foram referidos (financiamentos inter-bancários, BCE) ou mesmo outros instrumentos de cobertura de risco, passando por exemplo, por contratos forward ou futuros, não é o mais complicado.

Sendo um produto que não traga prejuízo, o principal ganho vem com tudo o que estiver relacionado com o cliente que se ganhou na guerra dos CH. Questões como comissões, cartões, seguros, PPR, investimentos, entre tantas outras possibilidades, sendo essas sim, grandes geradoras de margem para a instituição.

Este género de ligação entre produtos é aquilo a que assistimos diariamente em vários tipos de produtos, como por exemplo impressoras, onde a máquina em si é "oferecida" em comparação com o preço dos respectivos tinteiros/toners. A marca nem está preocupada em ganhar com a venda da impressora: quer sim, ganhar muito com a venda do tinteiro.

Agora, claro que isto se baseia numa relação em que o cliente efectivamente paga, e se o cliente deixa de pagar, a operação inicial passa a gerar prejuízo, que pode não ser compensado pelos ganhos complementares...

Just my 2 cents...

Cumprimentos,

Elgenedy
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por PJBM2 » 20/1/2010 15:11

Agora, o banco onde tenho o meu crédito habitação inventou uma nova. Recebi um telefonema para me dizer que a partir de fevereiro, a conta a ordem associada ao crédito ficará sujeita a uma comissão de manutenção...assim sem mais nem menos.

Para ficar isento, teria de subscrever pelo menos um produto financeiro, para além daqueles que já tenho por usufruir de um spread mais baixo.

O que faria qualquer pessoa para fugir da comissão e que não estivesse interessado na subscrição de mais um produto financeiro?? Simples bastava fechar a conta.... mas não é possível porque ela é obrigatória. Ou seja,o cliente não tem opção.

Transferir o crédito para outro banco? Fica-se a perder.
Simplesmente, o cliente não tem opção. E terá de optar pela solução que menos perturbação causa.
Qualquer que seja a solução encontrada pelo cliente, o banco fica sempre a ganhar.
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por pmpcpinto » 20/1/2010 15:08

Na altura obrigou-me (BPI) a fazer os seguros na Allianz e a ter cartão de crédito, para me fazerem 0,4% de spread.

Mas nem me queixo muito do BPI, pois pelo que vejo, é dos bancos que menos leva aos clientes.

Mas, continuo a achar que é um produto (ou traz outros agarrado) que tem que ser retável, pois se assim não fosse, não se tinha assistido às campanhas agressivas que assistimos à uns anos atrás.


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por Pata-Hari » 20/1/2010 14:55

Vem isso se estiveres num banco que te force a isso. Nem todos o fazem. Aliás, até isso demonstra que o crédito à habitação, por si só e com fracos spreads, não é muito interessante. Se fosse, não teria essas alcavalas.
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por pmpcpinto » 20/1/2010 13:42

Mas agarrado ao crédito à habitação, vêm os seguros que têm que ser feitos, ou pelo menos, tinham que ser feitos na "sua" seguradora, vem o cartão de crédito, vem o PPR e por ai fora, logo acabam por vender muita coisa que provavelmente não venderiam de outra forma.


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por kpt » 20/1/2010 13:36

Pata-Hari Escreveu:
kpt Escreveu:
Essa do banco perder dinheiro em crédito à habitação, bom... não tem muita lógica. E se perde dinheiro no crédito é porque faz parte de uma qualquer estratégia para sacá-lo por outra via.


Quem disse isso? disse-se que não uma cash cow e um produto do caraças. Com spreads de 0.3, a margem é curtissima. Basta pouquissimo incumprimento para não se ganhar dinheiro.

Aliás, pergunto a qualquer um de vocês se por 0.3% de rentabilidade fariam mais do que mexer um dedo. Se contra argumentam que já não existem esses spreads é exactamente porque concordam que eram baixos.

Já estou como os outros: Se se acham "abusados", não aceitem. Basta não usar.


Pata, era em relação ao que o Pastel tinha dito.

0,3%, mesmo noutros tempos não eram assim tantos os que beneficiavam, e isso era meramente o spread nominal porque depois enchiam chouriços com outros custos, o que fazia aumentar ainda de forma significativa o spread efectivo.

De qualquer forma, o crédito à habitação é normal que não tenha taxas tão elevadas, dado que andam sempre cheios de garantias atrás, hipotecas, fiadores, aplicações financeiras do cliente, seguros de vida, seguro da habitação etc etc etc.

Não esquecer que os seguros de vida e da habitação costumam ser sempre feitos nas seguradoras do respectivo grupo financeiro, e os casos em que os mesmos são accionados são sempre diminutos, pelo que este constitui mais um bom ganho para o grupo.

Spreads de 0,3% só poucos o conseguiam...

Pata, com tanta garantia, o crédito à habitação tinha/tem assim tanto risco? É óbvio que os 0,3% são ridículos mas bem analisado o crédito à habitação, face a todas estas garantias tem risco reduzido.

Repare-se que no máximo, o risco que o banco incorre é de perder juros durante o tempo entre o incumprimento do crédito e a alienação do imóvel, e eventualmente, alguma perda na alienação do imóvel.
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por Pata-Hari » 20/1/2010 13:21

kpt Escreveu:
Essa do banco perder dinheiro em crédito à habitação, bom... não tem muita lógica. E se perde dinheiro no crédito é porque faz parte de uma qualquer estratégia para sacá-lo por outra via.


Quem disse isso? disse-se que não uma cash cow e um produto do caraças. Com spreads de 0.3, a margem é curtissima. Basta pouquissimo incumprimento para não se ganhar dinheiro.

Aliás, pergunto a qualquer um de vocês se por 0.3% de rentabilidade fariam mais do que mexer um dedo. Se contra argumentam que já não existem esses spreads é exactamente porque concordam que eram baixos.

Já estou como os outros: Se se acham "abusados", não aceitem. Basta não usar.
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por kpt » 20/1/2010 13:08

Pastel Escreveu:
PIKAS Escreveu:
Lion, os bancos nunca perdem? é por isso que não vão à falência? vindos de onde vimos, acho a tua frase extraordinária. Onde tens estado nos ultimos tempos?


Eu também partilho da opinião do Lion: os bancos nunca perdem.



Se forem bem geridos no seu todo, concordo.

Mas alguém trabalha para perder dinheiro??????

Duvido que vocês o façam..

Mas o que estamos a falar aqui é de Bancos e Crédito Habitação.

Se um cliente tem eur+0,3% e se o $$ custa ao banco eur+1,0%, será quase impossível ao banco não perder $$ com esse cliente (por mais extras que vá buscar tipo cartões, etc)

Logo, num exercício lógico, quando o cliente abre a porta (inv/voluntariamente)à renegociação, o banco aproveita para deixar de perder $$ e ganhar.

Lei do mercado?
Boa gestão?

Os accionistas do banco estão dispostos a subsidiar os proprietários de imóveis?

Sem querer ser radical, essas teorias que os bancos são culpados de tudo, são importadas de certos políticos ressabiados :roll: (e obviamente não menciono os 2 nomes que me vieram à cabeça)


Porque dizes que o banco financia-se a euribor + 1%?

Supostamente, dado que tem acesso ao mercado interbancário, grande parte do seu custo de financiamento poderá ser apenas a própria euribor.

Poderá, também, financiar-se junto do BCE, onde, não agora mas noutros tempos, a taxa directora encontrava-se inferior às euribor em todos os prazos, fazendo com que o custo de financiamento pudesse ser até inferior à própria euribor nesses casos.

Por fim, há ainda outras duas formas de financiamento comuns, depósitos recebidos e empréstimos obrigacionistas contraídos.

No primeiro caso, a remuneração dos depósitos, por acaso um pouco ao contrário do que se tem verificado nos dias de hoje, customa rondar a euribor. Quando digo que por acaso neste momento é ao contrário, deve-se ao facto de neste momento (contrariamente ao que era normal antigamente) haver alguns bancos a praticarem taxas muito acima das euribor, mas isso é mais um reflexo da crise e da necessidade de liquidez por parte de alguns bancos.

No segundo caso, empréstimo obrigacionista, é que o custo de financiamento revela-se normalmente o mais elevado, com spreads de 0,5% a 3% acima das taxas de mercado. Aqui sim, o custo de financiamento é bastante mais elevado.

Se se calcular a taxa média de financiamento, muito provávelmente essa taxa não será superior à taxa que cobram nos empréstimos à habitação, até porque, esses 0,3%, quando existiram, eram meramente virtuais. Sacavam muito nas restantes componentes, e tinham mil e uma garantias. Ou seja, a TAE nunca era a euribor + 0,3%. Era sempre bastante superior.

Hoje em dia já não se praticam esses spreads, sequer.

Se tivermos em conta o crédito ao consumo (com taxas malucas), crédito automóvel (taxas elevadas) e crédito às empresas (spreads bastante elevados, agora ainda mais), veremos que a margem financeira terá que ser claramente positiva, ou então não tinhamos bancos com lucros, a menos que fossem inteiramente especulativos.

Sendo certo que o crédito a habitação, noutros tempos, não era o produto que mais margem financeira produzia para os bancos, não menos verdade é que os bancos não perdiam dinheiro com essas operações, caso contrariam não as fariam, a menos que, essas operações garantissem a existência de outras onde sacariam o ganho!

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por Elias » 20/1/2010 12:41

Camisa Roxa Escreveu:se não querem ser chulados pelos bancos não lhes vão pedir dinheiro emprestado, é simples

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por Camisa Roxa » 20/1/2010 12:32

se não querem ser chulados pelos bancos não lhes vão pedir dinheiro emprestado, é simples
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por Pastel » 20/1/2010 12:17

PIKAS Escreveu:
Lion, os bancos nunca perdem? é por isso que não vão à falência? vindos de onde vimos, acho a tua frase extraordinária. Onde tens estado nos ultimos tempos?


Eu também partilho da opinião do Lion: os bancos nunca perdem.



Se forem bem geridos no seu todo, concordo.

Mas alguém trabalha para perder dinheiro??????

Duvido que vocês o façam..

Mas o que estamos a falar aqui é de Bancos e Crédito Habitação.

Se um cliente tem eur+0,3% e se o $$ custa ao banco eur+1,0%, será quase impossível ao banco não perder $$ com esse cliente (por mais extras que vá buscar tipo cartões, etc)

Logo, num exercício lógico, quando o cliente abre a porta (inv/voluntariamente)à renegociação, o banco aproveita para deixar de perder $$ e ganhar.

Lei do mercado?
Boa gestão?

Os accionistas do banco estão dispostos a subsidiar os proprietários de imóveis?

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Re: Entender o crédito à habitação.

por Elias » 20/1/2010 9:06

Lion_Heart Escreveu:Por cada cliente que não paga os outros noventa e nove pagam.


Lion, se isto que escreves é verdade, então que comentário fazes às sucessivas notícias sobre o aumento do crédito malparado? De onde vem ele?
 
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por Pata-Hari » 20/1/2010 8:16

Lion, o BPP teve o problema que teve via risco de mercado. Mesmo havendo procedimentos muito irregulares, o risco era risco de mercado e foi esse risco que criou o problema.

O risco de mercado gerou a hecatombe e só porque foi preciso dividir despojos é que se colocou a questão da montagem irregular das aplicações (montagem essa que em grande parte pecava pelo desejo de alavacagem excessiva por parte do banco - também essa aumentando o risco de mercado).

O negócio do crédito à habitação tem uma margem baixa comparada com o restante negócio bancário e por isso não é um negócio interessante. Pelo menos com os spreads que viste no passado recente. É interessante porque fideliza um cliente ao banco durante muitos anos, é por essa razão pela qual era um interessante. Acho que entenderás que o banco não quer nunca ter que executar hipotecas (porque não é o negócio bancário). E se partires desse principio, com um spread de 0.003, bastará um cliente falhar para essa falha ter que ser compensada por 33.5 clientes (contas simples e simplificadas, naturalmente). Se os spreads subirem para valores mais "normais", sim, o crédito à habitação poderá voltar a ser um tipo de crédito interessante.

Pareces perpetuar aquela ideia de que a banca comercial deveria ter risco e que está num negócio de risco elevado. Os bancos comerciais tal como os temos em Portugal (a banca de investimento é diferente) não aceita risco e tenta diminuir o seu risco. Os bancos vendem risco aos clientes que querem comprar risco (quando vende um fundo, vende a gestão do fundo, não aceita risco no fundo. Quando vende gestão, vende o serviço, não toma risco com o cliente. Quando vende um cartão de crédito, está a vender um serviço de crédito com uma excelente margem mesmo tendo em conta o risco). Esse sim, é o negócio bancário que tens em Portugal. O imobiliário não é o negócio bancário, é um mal necessário e um meio de protecção de risco do negócio bancário que por sua vez está no negócio do crédito financeiro.

Atomez, na tua opinião quanto ganha o banco na tua escolha de taxa fixa versus taxa variavel?
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