Casas que envelhecem virgens - Pedro Santos Guerreiro
Se os preços baixarem a um nível satisfatório, cá estarei para dar mercado a essas pobres virgens. E como eu, muitos outros haverão
Tiago:
Sem ofensa, apenas uma pergunta: e se os preços não baixarem? Inscreves-te na quinta da fonte para habitação social ou vais para inquilino da Câmara de Lisboa?
Acho que estás a ver mal a questão.
Eu pouco percebo deste assunto. Apenas me considero uma pessoa informada e com cabeça para pensar.
Tenho acompanhado o que se escreve sobre isto, os debates e tenho pessoas no meu circulo de amigos que estão relacionadas com a área. E temos falado sobre isto.
É um facto que o mercado imobiliário não está bem. Também há algum mercado em Portugal, exceptuando o funerário e os anti-depressivos, que hoje esteja bem?
Segundo me dizem, a questão que o tornou doente não é o excesso de oferta.
É a limitação do crédito.
Isto é: hoje se te aparecer uma pechincha, daquelas das boas, uma vivenda razoávelmente nova, com muito terreno e numa zona não degradada, por exemplo, suponhamos no valor de 150.000 euros, vais ao banco e dizes que necessitas desse valor para arrematar a pechincha.
Sabes o que o banco te diz. Sim, entramos com 100 e você põe os restantes 50 mil. E achas que a esmagadora maioria têm esse diferencial?
Moral da história: os negócios, as pechinchas, são para quem têm dinheiro realizável no imediato ou bens suficientes que lhe permitam obter bom crédito. Os restantes, a maioria, não comprará porque não há capital. Seja pechincha ou não.
Há algum tempo atrás, num exemplo igual, o senhor do banco dizia-te para levares os 150 e mais 20 ou 30 para obras e até para comprar carro. Hoje não.
E os preços do imobiliário são tal e qual a bolsa. Nunca sabes quando bateram no fundo, também não tentes adivinhar o fundo, e depois dos minimos virá a subida. E se os preços actuais forem os minimos?
Cumprimentos,
- Mensagens: 1835
- Registado: 23/8/2006 18:53
- Localização: Alcabideche
Capitão Nemo Escreveu:Apenas acompanhei o Prós e Contras de ontem no seu inicio.
Mas uma afirmação, creio que do representante da CGD, que me chocou. Ele afirmou que em média o preço das casas em Portugal aumentou 3-4% nos últimos 10 anos. Em Espanha e na Irlanda os preços aumentaram 170%.
Não sei em que dados se baseou, mas pelo menos em Lisboa não acho que os preços tenham aumentado apenas 3 ou 4% em 10 anos.
Mas se é verdade que em Espanha e Irlanda houve aumentos de 170%, só os loucos é que podiam investir naqueles mercados àqueles preços.
Por onde andava o Estado a pôr um travão nesta espiral de doidos?
Fiquei com a ideia de que disse 3 a 4 % ao ano.
Um abraço
Tojo Escreveu:Cada um sabe de si e respeito muito outros tipos de vida, mas só assim se consegue ter uma vida equilibrada financeiramente. K saudades dos tempos de 96,97,98 e 99 em k se mudava de carro, casa,jantares fora constantemente, etc...
Havia outros que nesses anos poupavam....
Claro que as imobiliárias preferiam vender 100 casas por dia, mesmo que a preços irrisórios.
Só se perde quando se vende
- Mensagens: 813
- Registado: 17/7/2008 13:21
- Localização: 16
Apenas acompanhei o Prós e Contras de ontem no seu inicio.
Mas uma afirmação, creio que do representante da CGD, que me chocou. Ele afirmou que em média o preço das casas em Portugal aumentou 3-4% nos últimos 10 anos. Em Espanha e na Irlanda os preços aumentaram 170%.
Não sei em que dados se baseou, mas pelo menos em Lisboa não acho que os preços tenham aumentado apenas 3 ou 4% em 10 anos.
Mas se é verdade que em Espanha e Irlanda houve aumentos de 170%, só os loucos é que podiam investir naqueles mercados àqueles preços.
Por onde andava o Estado a pôr um travão nesta espiral de doidos?
Mas uma afirmação, creio que do representante da CGD, que me chocou. Ele afirmou que em média o preço das casas em Portugal aumentou 3-4% nos últimos 10 anos. Em Espanha e na Irlanda os preços aumentaram 170%.
Não sei em que dados se baseou, mas pelo menos em Lisboa não acho que os preços tenham aumentado apenas 3 ou 4% em 10 anos.
Mas se é verdade que em Espanha e Irlanda houve aumentos de 170%, só os loucos é que podiam investir naqueles mercados àqueles preços.
Por onde andava o Estado a pôr um travão nesta espiral de doidos?
Cumprimentos,
Cap. Nemo
Cap. Nemo
Eu sou funcionár publico(professor) e como ganho 1000 eur e a minha familia ganha menos e com 2 filhos, simplesmente deixamos de:
- almoçar ou jantar no restaurante(só nos momentos especiais), prefiro take-away.
- Não compro carro hà oito anos e outro hà seis anos!
- Revisões só particularmente e baratas de preferencia.
- Voltas grandes ao fim de semana de carro, muito raramente, fico a trabalhar ou fazer desporto.
- Lanches fora não! Só para os miúdos.
- Filmes, só em casa.
- Casa tem 12 anos(já estive várias vezes para mudar, mas então desde 2003 k estou parado na carreira e só lá para 2011 é k talvez avançe qq coisa..por isso nem pensar em mudar!).
- Cabeleireiros, em casa.
- Ferias, só 15 dias no Algarve.Neve, acabou, etc. Meus amigos, isto só pode dar deflação!!
Todos os meus colegas de profissão com quem falo, estão à muito tempo a adoptar este estilo de vida de perda de qualidade!!
Cada um sabe de si e respeito muito outros tipos de vida, mas só assim se consegue ter uma vida equilibrada financeiramente. K saudades dos tempos de 96,97,98 e 99 em k se mudava de carro, casa,jantares fora constantemente, etc...
- almoçar ou jantar no restaurante(só nos momentos especiais), prefiro take-away.
- Não compro carro hà oito anos e outro hà seis anos!
- Revisões só particularmente e baratas de preferencia.
- Voltas grandes ao fim de semana de carro, muito raramente, fico a trabalhar ou fazer desporto.
- Lanches fora não! Só para os miúdos.
- Filmes, só em casa.
- Casa tem 12 anos(já estive várias vezes para mudar, mas então desde 2003 k estou parado na carreira e só lá para 2011 é k talvez avançe qq coisa..por isso nem pensar em mudar!).
- Cabeleireiros, em casa.
- Ferias, só 15 dias no Algarve.Neve, acabou, etc. Meus amigos, isto só pode dar deflação!!
Todos os meus colegas de profissão com quem falo, estão à muito tempo a adoptar este estilo de vida de perda de qualidade!!
Cada um sabe de si e respeito muito outros tipos de vida, mas só assim se consegue ter uma vida equilibrada financeiramente. K saudades dos tempos de 96,97,98 e 99 em k se mudava de carro, casa,jantares fora constantemente, etc...
Editado pela última vez por Tojo em 28/10/2008 23:41, num total de 1 vez.
- Mensagens: 676
- Registado: 8/1/2004 13:14
Pois, a mentalidade portuguesa do "se não vender não perco" não ajuda. E o não querer vender abaixo do preço de compra estraga tudo. Ainda ontem diziam no prós e contras: "os preços não vão baixar mais porque já não há margem para isso".
Presumindo que essa margem é margem de lucro, os construtores estão muito optimistas. Terão de vender a perder, e se perderem pouco já não vai ser um mau negócio.
Eu faço parte do conjunto de portugueses que irá comprar casa num futuro próximo (espero eu). Se os preços baixarem a um nível satisfatório, cá estarei para dar mercado a essas pobres virgens. E como eu, muitos outros haverão
Presumindo que essa margem é margem de lucro, os construtores estão muito optimistas. Terão de vender a perder, e se perderem pouco já não vai ser um mau negócio.
Eu faço parte do conjunto de portugueses que irá comprar casa num futuro próximo (espero eu). Se os preços baixarem a um nível satisfatório, cá estarei para dar mercado a essas pobres virgens. E como eu, muitos outros haverão
Surfar a Tendência - Análises técnicas, oportunidades, sugestões de investimento e artigos didácticos
Casas que envelhecem virgens - Pedro Santos Guerreiro
Pedro Santos Guerreiro
Casas que envelhecem virgens
psg@mediafin.pt
--------------------------------------------------------------------------------
O sector imobiliário está num momento desolador. Muitas casas não se vendem, muitas não se pagam, muitas não se constroem até ao fim. O ajustamento é feito pelo preço mas a descida do metro quadrado não é ainda suficiente para ajustar a muita oferta à pouca procura.
Os perdedores fazem fila: proprietários que não vendem, promotores que não recebem, investidores que não realizam, imobiliárias que não comissionam, bancos que não cobram, câmaras que não taxam. Todos aqueles que lucraram uma década de prosperidade estão agarrados à cabeça.
Ponto prévio: não há um "crash" imobiliário em Portugal, como há noutros países, e nem é preciso falar dos Estados Unidos. Em Espanha e em Inglaterra há enormes desvalorizações de um sector que estava sobreaquecido, com consequências devastadoras para a economia. Um "crash" imobiliário é mais perigoso que um "crash" bolsista, porque há mais dinheiro das famílias envolvido e porque demora mais tempo a inverter. Safámo-nos disso porque há vários anos deixámos de subir preços, ao contrário doutros países. Os espanhóis e os ingleses, justamente, foram grandes investidores no metro quadrado de Lisboa, Algarve e Alentejo. Agora estão a vender, saltando do prato da procura para o da oferta, desequilibrando ainda mais a balança.
Em crises bolsistas passadas, houve deslocação de dinheiro das acções para os mercados imobiliários. Mas nesta, a queda das acções é uma consequência, não uma causa, de um excesso de negócios montados em cima de crédito, gerando uma procura artificial com subavaliação de riscos, o que aumentou preços em todos os lados, incluindo o imobiliário. Agora, o mercado está ilíquido, com pouca transacção, e quem ficou dono de casas demasiado caras é primo de quem ficou com as acções a preços meteóricos: os activos desvalorizaram. Mãos cheias de nada.
É inútil agora dizer "eu bem avisei", até porque avisámos todos, ao mesmo tempo que assinávamos contratos-promessa. A subida dos preços ficou primeiro no bolso dos investidores, com o tempo passou para a algibeira dos construtores e no final eram já os donos dos terrenos a ficar com o quinhão: os preços foram subindo retroactivamente. Pelo caminho, as câmaras fecharam os olhos às florestas de cogumelos de betão, porque o seu modelo de financiamento depende viciosamente das licenças para construir e dos impostos para adquirir e habitar.
Agora, ou se desce o preço, ou não há mercado. Mas isso significa assumir prejuízos: proprietários venderão mais barato, investidores perderão dinheiro, promotores suspenderão construções.
A alternativa é não vender e assumir os custos de ficar com as "casas que envelhecem virgens", como caracteriza o presidente da associação de promotores imobiliários APEMI. Ele foi, durante anos, o Manuel Pinho do imobiliário: optimista, arauto do sucesso e do "comprem, comprem, comprem", que contribuiu para o "construam, construam, construam" que levou ao absurdo de fogos agora vazios e não transaccionáveis. Ele é um exemplo dos excessos e agora até dá lições de moral aos seus associados: o que os construtores não sabem é construir as casas que as pessoas querem, diz. Eis uma pista: o que as pessoas querem das casas é comprá-las baratas; o que os especuladores querem é vendê-las caras; o que os aflitos anseiam é despachá-las a que preço for. É tão simples quanto inconciliável. Vai demorar anos a inverter. E há milhares de monumentos com uma placa que não nos deixará esquecê-lo: a placa "vende-se".
Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: Aqui_Vale, goncaladas, Google Feedfetcher, Jonas74, latbal, mjcsreis, nickforum, PacoNasssa e 260 visitantes