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Caldeirão da Bolsa

Portagens nas SCUT

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re

por Cem pt » 24/6/2010 10:55

Amigo Major:

Agora colocaste-me numa situação difícil, isso é resposta para opção política!

Mas deixa-me dizer-te: a opção inicial SCUT do Cravinho foi um aborto de gestão das finanças públicas, ninguém tem o direito de gastar dinheiro, o nosso dinheiro dos impostos, em projectos que por si só não sejam rentáveis e que se paguem autonomamente. É como qualquer empresa: se não tem lucros futuros ou mercado para vender os seus produtos para se sustentar e pagar os seus custos e encargos não há poder divino que lhe valha, tem de fechar portas.

A decisão das SCUT apareceu na altura em que na Europa começavam a ser moda os "Project Finance": o Estado encomendava grandes investimentos aos privados, que assumiam o risco do negócio, o investimento dos privados não era contabilizado como défice do Estado para este poder usar os seus meios financeiros noutros recursos e a factura só começava a chegar ao Estado dali a uns anos. Alguém pagaria a factura e quem ficava com os louros e os votos era quem mandava fazer e inaugurava as obras, sem gastar na altura um cêntimo!

O problema é que Portugal nunca teve estofo financeiro para se abalançar a pagar uma factura de 700 milhões de Euros por ano durante quase 30 anos.

Se acrescentares ao bolo várias outras decisões de investimentos recentes de que só começaremos a falar a partir de 2013 quando o Estado começar a pagar esta recente onda de novas concessões aos privados, nessa altura é que vai ser lindo, serão mais cerca de 3500 milhões de Euros por ano (!!!), não vai haver dinheiro para pagar. Quero ver que malabarismo vão inventar então para ver donde aparece a massa para pagar às Concessionárias.

Ainda podiam dizer: o Estado é uma entidade de bem e honra sempre os seus compromissos.

Ok, e se o Estado alegar mais tarde que está falido e não consegue pagar os seus compromissos? Seria uma catástrofe de dimensões colossais e inimagináveis, se deixar de pagar os valores contratualizados com as Concessionárias, não será apenas o tecido empresarial das maiores construtoras que vai à falência, lançando no desemprego de forma directa e indirecta cerca de mais meio milhão de pessoas a acrescentar às que já estão fora do mercado.O mais grave é que no essencial será toda a nata da Banca comercial nacional, que financiou em cerca de 85% todos estes empreendimentos em regime de PPP, com compromissos de recuperação de dívidas superiores a 20.000 milhões de Euros, que pode fechar as portas e fazer desaparecer o dinheiro de todos os portugueses! Um cenário de pesadelo colectivo que esperemos nunca se venha a concretizar.

Para evitar esta caminhada alegre para o precipício sou da opinião que o Estado tem de actuar hoje, já, imediatamente, sem tibiezas, sem medidas popularuchas tipo “moradores e comerciantes isentos”, mesmo que lhes custem muitos votos, que lhes vão realmente custar! Mas que custarão muito mais a todos nós portugueses se não forem tomadas medidas para parar com todo este regabofe das borlas e das novas modas recentes do “Estado social” para habitações e novos subsídios sociais aciganados e similares que agora inventaram para os que vivem do mercado paralelo e se finjem uns coitadinhos da sociedade.

O que custa dinheiro tem ou devia ser pago por quem se serve dessas infra-estruturas: seja nas auto-estradas, na saúde, na educação, nos cortes da despesa pública, sou a favor de que não podemos continuar a pagar pelos outros quando há falta de dinheiro do Estado e dos contribuintes cada vez mais apertados por todo o lado com impostos crescentes. Basta!

Voltando ao tema concreto da pergunta, os encargos das SCUT serão migalhas face ao que aí está para vir a partir de 2013! Donde virá a massa se vamos apertar o cinto e estamos com a corda na garganta para nos conseguirmos financiar lá fora (Estado e Bancos)?

Portanto há que falar verdade: o Estado não vai ter dinheiro para pagar às Concessionárias a menos que passe já esse encargo para o utilizador da via! É uma inevitabilidade de La Palisse.

Agora, se o Estado vai isentar a maioria dos que lá circulam e tem além disso de assumir o risco de tráfego que era das Concessionárias a conclusão desta brilhante decisão é que, na óptica da defesa dos contribuintes e da despesa do Estado, não vai adiantar nada!

Conclusão, se fosse primeiro-ministro e pensasse exclusivamente em defender o interesse público e da dívida futura do País só havia uma medida dura mas penosa, na óptica do utilizador da via, a tomar: todos os utentes da auto-estrada terão que pagar o serviço que utilizam.

Sejam ou não moradores ou comerciantes, se não querem lá passar a pagar então terão de usar alternativas mais longas, mais degradadas e demoradas.

Para o utente a decisão reside simplesmente numa questão de opção de balanço entre custo do tempo perdido e de menos segurança alternativos!

O País infelizmente não tem meios para manter as borlas, estamos à beira de uma situação catastrófica das finanças públicas e todos querem fazer como a avestruz, isto não pode continuar!

Se a nossa classe política responsável não tem coragem para tomar decisões impopulares e difíceis então realmente espera-nos um futuro que no mínimo só posso antever como muito sombrio e catastrófico para todos nós portugueses. Infelizmente parece-me que caminhamos alegremente nesse sentido!


Abraço.

Cem
O autor não assume responsabilidades por acções tomadas por quem quer que seja nem providencia conselhos de investimento. O autor não faz promessas nem oferece garantias nem sugestões, limita-se a transmitir a sua opinião pessoal. Cada um assume os seus riscos, incluindo os que possam resultar em perdas.


Citações que me assentam bem:


Sucesso é a habilidade de ir de falhanço em falhanço sem perda de entusiasmo – Winston Churchill

Há milhões de maneiras de ganhar dinheiro nos mercados. O problema é que é muito difícil encontrá-las - Jack Schwager

No soy monedita de oro pa caerle bien a todos - Hugo Chávez


O day trader trabalha para se ajustar ao mercado. O mercado trabalha para o trend trader! - Jay Brown / Commodity Research Bureau
 
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por majomo » 24/6/2010 1:24

Cem pt Escreveu:Mais uma notícia gira para adensar a novela, cheira-me que a montanha vai parir um rato. Vejam só esta preciosidade acabadinha de ser publicada:

“O primeiro-ministro, José Sócrates, admite aceitar a proposta do PSD de cobrar portagens nas sete SCUT, em vez das três propostas pelo Governo. Mas considera que residentes e comerciantes não devem pagar.

Para responder às injustiças e às inquietações do PSD, bem como respeitar os objectivos do Governo “a proposta é esta: ponhamos portagens em todas as sete SCUT, e naquelas que venhamos a realizar, mas com uma salvaguarda... é que ninguém dos residentes na área dessa auto-estrada, nem aqueles que tenham actividade registada deva pagar nessa auto-estrada. Parece-me ser a melhor forma de responder a todas as inquietações de igualdade e de justiça”.”


Bem, então comecemos:

- Os comerciantes isentos, os primeiros felizardos, vão ser os camionistas que são exactamente quem faz mais dano à via ou seja, que provocam às Concessionárias cerca de 95% dos seus custos estimados de manutenção. Quem devia pagar através de veículos pesados e de mais de 2 eixos fica isento, uma boa medida a ser paga pelos restantes contribuintes, sim, porque se o utente não paga, paga o Estado, isto é, todos nós!

- Os moradores, bem, esta agora é sensacional, mais de 90% dos utentes vão alegar que vivem na zona! Quem vai pagar afinal? O utilizador que passa lá de onde em onde e que representa uma fracção ridícula do bolo da cobrança de portagem?!

- Outro detalhe: como pensa o primeiro-ministro identificar os moradores e os comerciantes? Com este malabarismo, em vez do Estado arrecadar por ano dos utentes cerca de 400 milhões de Euros estimados, vai lá buscar no máximo uns 50 milhões e vai depois em eleições gozar com o PSD e sair por cima com esta brilhante estratégia de acrescentar que foi ele que isentou a população residente!

Mas vejamos: o sistema “vídeo toll” que a Brisa instalou e está a instalar não está preparado para filtrar cada nova ideia que vai surgindo de dia para dia, isto parece-se cada vez mais com o PEC onde em cada dia que passa surgem sempre novas medidas que desactualizam por completo as dos dias anteriores!

Os políticos desconhecem que o novo sistema de pórtico “video toll”não pode ser reprogramado à vontade deles, a tecnologia e o extenso software empregue e desenvolvido possui segredo industrial, know-how único no mundo na versão actual que estava a ser instalada e demorou alguns anos de testes e milhares de horas de especialistas informáticos a eliminar centenas de bugs e a chegar ao ponto a que chegou e que foi contratualizada pelo Estado com as Concessionárias.

Vai demorar muitos mais meses a ser reprogramado e ser completado com mais bases de dados gigantescas de filtragem dos endereços registados de cada proprietário dos veículos nacionais, esqueçam 2010!

Outra coisa: pelos vistos neste possível acordo agora a privacidade deixou repentinamente de interessar, como não se paga já não tem interesse saber se passou lá ou não! Desenganem-se, o software continuará com filtros ou sem filtros, com "chip", com Via Verde ou sem "chip", a saber qual o veículo que passou em determinado pórtico identificador e a hora de passagem, venha ou não a pagar portagem. Ah, já me ía esquecendo, atenção também à velocidade a que circularem nestes pontos identificadores de portagem video, se passarem a mais de 120 kms/h podem arriscar uma multa certificada com fotografia e sem necessidade de radar! Essa vai ser provavelmente outra boa fonte de receita do Estado...

Estas novas ideias de isenções e quejandos que forem surgindo não vão sair nada baratas ao Estado que entretanto já tinha adquirido a tecnologia do “vídeo toll” nos termos que estavam a ser instalados nas Concessionárias! No final tudo isto vai representar apenas uma entidade vencedora com todas estas versões iniciais a serem pagas para ir para o lixo, ou seja, um excelente bónus para a Brisa…por acaso já viram que com estas notícias destas brilhantes ideias idiotas a Brisa vai subindo aos pequenos esticões?

Voltando à vaca fria a questão premente que agora coloco como cidadão à classe política é muito simples, reparem, se o Estado até agora pagava por ano cerca de 700 milhões de Euros por ano às Concessionárias SCUT onde estas estavam com risco de tráfego a cobrar em média 80% do caudal circulante previsto nos seus modelos financeiros, com estas novas ideias brilhantes o Estado vai pagar o tráfego a 100% do estudo inicial às Concessionárias pagando-lhes quase 900 milhões por ano e recebendo apenas em compensação cerca de 50 milhões dos utentes, um saldo de -850 milhões por ano para Estradas de Portugal.

Um belo negócio para o Estado ou para todos os contribuintes, mais valia deixar as coisas como estavam em regime SCUT com a factura dos 700 milhões € anuais!

Vai esta incompetência da classe política que nos governa, refiro-me ao PS e PSD, aprovar esta monstruosidade? Santa ignorância, tenham dó e façam contas como deve ser, está-se a montar um esquema onde o povinho vai pagar ainda mais do que antigamente!


Cem


Olá Cem,

não ando a acompanhar todos os teus posts, mas estes últimos têm sido bastante úteis para perceber a actual situação, da qual agradeço.

Mas, diz-me o seguinte, do teu ponto de vista, tendo em conta tudo, nomeadamente, as estimativas, o risco do tráfego e as compensações, qual a melhor opção para o estado?
Manter tudo como estava?

Abraço,
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por Marco Martins » 23/6/2010 21:51

Cem pt Escreveu:Mais uma notícia gira para adensar a novela, cheira-me que a montanha vai parir um rato. Vejam só esta preciosidade acabadinha de ser publicada:

“O primeiro-ministro, José Sócrates, admite aceitar a proposta do PSD de cobrar portagens nas sete SCUT, em vez das três propostas pelo Governo. Mas considera que residentes e comerciantes não devem pagar.

Para responder às injustiças e às inquietações do PSD, bem como respeitar os objectivos do Governo “a proposta é esta: ponhamos portagens em todas as sete SCUT, e naquelas que venhamos a realizar, mas com uma salvaguarda... é que ninguém dos residentes na área dessa auto-estrada, nem aqueles que tenham actividade registada deva pagar nessa auto-estrada. Parece-me ser a melhor forma de responder a todas as inquietações de igualdade e de justiça”.”


Bem, então comecemos:

- Os comerciantes isentos, os primeiros felizardos, vão ser os camionistas que são exactamente quem faz mais dano à via ou seja, que provocam às Concessionárias cerca de 95% dos seus custos estimados de manutenção. Quem devia pagar através de veículos pesados e de mais de 2 eixos fica isento, uma boa medida a ser paga pelos restantes contribuintes, sim, porque se o utente não paga, paga o Estado, isto é, todos nós!

- Os moradores, bem, esta agora é sensacional, mais de 90% dos utentes vão alegar que vivem na zona! Quem vai pagar afinal? O utilizador que passa lá de onde em onde e que representa uma fracção ridícula do bolo da cobrança de portagem?!

(...)


Cem



Isto é ridículo!!! Então alegava-se que a regra seria o "utilizador-pagador"... quer dizer que agora vão subverter a regra e fazer o "não utilizador-pagador"?


Mais vale serem claros e dizerem abertamente "que todos os residentes em zonas sem auto-estradas, sem SCUTs e a viverem em zonas sem desenvolvimento e com baixos rendimentos, serão os únicos a pagar portagens!!!!"


Isto vai de mal a pior... existem assim tantos portugueses ignorantes para continuar a acreditar nestes palhaços?!?!?
 
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por Vanek » 23/6/2010 21:33

Não seria mais fácil aumentar o imposto de circulação? Taxar tudo relacionado com os carros em um imposto de estradas. Era só esconder como imposto ecologico e passava mais facilmente.

Sugestao se Portugal ganhar ao Brasil aprovem tudo nesse dia. Façam a RTP tb começar uma telenovela nova.
 
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por Cem pt » 23/6/2010 16:52

Elias Escreveu:
Cem pt Escreveu:- Outro detalhe: como pensa o primeiro-ministro identificar os moradores e os comerciantes? Com este malabarismo, em vez do Estado arrecadar por ano dos utentes cerca de 400 milhões de Euros estimados, vai lá buscar no máximo uns 50 milhões e vai depois em eleições gozar com o PSD e sair por cima com esta brilhante estratégia de acrescentar que foi ele que isentou a população residente!


Olá Cem,

Em que se baseia a estimativa dos 50 milhões?

1 abraço,
Elias


Amigo Elias:

Muito fácil, se 85% a 90% dos utentes estiverem registados como residentes e mais 5% estimados forem comerciantes/camionistas temos apenas cerca de 8% dos actuais veículos circulantes como a sobra dos futuros pagantes.

Multiplicando os 700 milhões de Euros actuais por ano de cobranças virtuais de portagens, em que o Estado actualmente se substitui ao utente, por 8% desse montante teremos pouco mais de 50 milhões de Euros de receitas anuais para a Estradas de Portugal de "desgraçados" ou "desgarrados" que não podem fugir ao pagamento.

Abraço.

Cem
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por Elias » 23/6/2010 16:33

Cem pt Escreveu:- Outro detalhe: como pensa o primeiro-ministro identificar os moradores e os comerciantes? Com este malabarismo, em vez do Estado arrecadar por ano dos utentes cerca de 400 milhões de Euros estimados, vai lá buscar no máximo uns 50 milhões e vai depois em eleições gozar com o PSD e sair por cima com esta brilhante estratégia de acrescentar que foi ele que isentou a população residente!


Olá Cem,

Em que se baseia a estimativa dos 50 milhões?

1 abraço,
Elias
 
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por Cem pt » 23/6/2010 16:25

Mais uma notícia gira para adensar a novela, cheira-me que a montanha vai parir um rato. Vejam só esta preciosidade acabadinha de ser publicada:

“O primeiro-ministro, José Sócrates, admite aceitar a proposta do PSD de cobrar portagens nas sete SCUT, em vez das três propostas pelo Governo. Mas considera que residentes e comerciantes não devem pagar.

Para responder às injustiças e às inquietações do PSD, bem como respeitar os objectivos do Governo “a proposta é esta: ponhamos portagens em todas as sete SCUT, e naquelas que venhamos a realizar, mas com uma salvaguarda... é que ninguém dos residentes na área dessa auto-estrada, nem aqueles que tenham actividade registada deva pagar nessa auto-estrada. Parece-me ser a melhor forma de responder a todas as inquietações de igualdade e de justiça”.”


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- Os moradores, bem, esta agora é sensacional, mais de 90% dos utentes vão alegar que vivem na zona! Quem vai pagar afinal? O utilizador que passa lá de onde em onde e que representa uma fracção ridícula do bolo da cobrança de portagem?!

- Outro detalhe: como pensa o primeiro-ministro identificar os moradores e os comerciantes? Com este malabarismo, em vez do Estado arrecadar por ano dos utentes cerca de 400 milhões de Euros estimados, vai lá buscar no máximo uns 50 milhões e vai depois em eleições gozar com o PSD e sair por cima com esta brilhante estratégia de acrescentar que foi ele que isentou a população residente!

Mas vejamos: o sistema “vídeo toll” que a Brisa instalou e está a instalar não está preparado para filtrar cada nova ideia que vai surgindo de dia para dia, isto parece-se cada vez mais com o PEC onde em cada dia que passa surgem sempre novas medidas que desactualizam por completo as dos dias anteriores!

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Vai demorar muitos mais meses a ser reprogramado e ser completado com mais bases de dados gigantescas de filtragem dos endereços registados de cada proprietário dos veículos nacionais, esqueçam 2010!

Outra coisa: pelos vistos neste possível acordo agora a privacidade deixou repentinamente de interessar, como não se paga já não tem interesse saber se passou lá ou não! Desenganem-se, o software continuará com filtros ou sem filtros, com "chip", com Via Verde ou sem "chip", a saber qual o veículo que passou em determinado pórtico identificador e a hora de passagem, venha ou não a pagar portagem. Ah, já me ía esquecendo, atenção também à velocidade a que circularem nestes pontos identificadores de portagem video, se passarem a mais de 120 kms/h podem arriscar uma multa certificada com fotografia e sem necessidade de radar! Essa vai ser provavelmente outra boa fonte de receita do Estado...

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Cem
Editado pela última vez por Cem pt em 23/6/2010 16:44, num total de 1 vez.
O autor não assume responsabilidades por acções tomadas por quem quer que seja nem providencia conselhos de investimento. O autor não faz promessas nem oferece garantias nem sugestões, limita-se a transmitir a sua opinião pessoal. Cada um assume os seus riscos, incluindo os que possam resultar em perdas.


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por habanero04 » 23/6/2010 16:14

Elias Escreveu:[size=18]Punhamos portagens em todas as sete SCUT, e nas que virão a ser construídas, mas com uma salvaguarda, que nenhum dos residentes, nem ninguém com actividade registada nessa auto-estrada venha a pagar portagem", disse José Sócrates, citado pelo Diário Económico.


Mas isto vai mudar alguma coisa? A mim parece-me que vai ficar tudo na mesma, era como por exemplo quem utiliza a ponte 25 de Abril diariamente devido à sua actividade profissional não pagasse portagem.
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por Elias » 23/6/2010 16:13

pocoyo Escreveu:
O que é um residente?
Tem que morar debaixo da ponte?


Exacto. Agora o governo vai comprar uma guerra que é a de encontrar um critério que satisfaça toda a gente.

A seguir aparecem os habitantes da margem sul a defender a isenção das pontes (25 Abril + V Gama) para residentes.

Depois os habitantes de Cascais vão manifestar-se pela isenção da A5.

E por aí fora...
Editado pela última vez por Elias em 23/6/2010 16:17, num total de 1 vez.
 
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por radiohead » 23/6/2010 16:11

Elias Escreveu:Governo propõe portagens em todas as Scut mas isenta residentes

23.06.2010 - 14:56 Por PÚBLICO

O primeiro-ministro avançou hoje com uma nova proposta sobre as Scut, as auto-estradas de utilização gratuita, sugerindo portagens em todas as sete Scut, não só em três, mas com isenção de pagamento para moradores ou utilizadores regulares.

Sócrates, que falava aos jornalistas à chegada a uma visita à fábrica EFAPEL, no parque industrial da Lousã, pretende assim responder às críticas dos últimos dias, dos partidos da oposição, que exigiam igualdade para todos os cidadãos, pedindo portagens nas Scut para todos e não só para alguns, como estava programado pelo Governo.

"A obrigação do Governo é procurar uma posição que sirva o país e responda às inquietações da oposição e com a qual o Governo também se sinta confortável. Dada esta situação a minha proposta é esta: Punhamos portagens em todas as sete SCUT, e nas que virão a ser construídas, mas com uma salvaguarda, que nenhum dos residentes, nem ninguém com actividade registada nessa auto-estrada venha a pagar portagem", disse José Sócrates, citado pelo Diário Económico.

O primeiro-ministro, que não referiu ainda nada sobre o sistema de pagamento a utilizar ou sobre o uso dos polémicos chps de matrícula, justificou que as três Scut que tinham sido indicadas para avançar com portagens a 1 de Julho, apresentavam critérios, que segundo o Governo, tornavam justo o pagamento.

"O Governo sempre defendeu que não deve haver portagens nas auto-estradas que atravessem áreas que têm rendimentos per capita inferiores à média nacional, porque isso é um contributo para o desenvolvimento regional, assim como em zonas em que não haja uma alternativa com um bom serviço".


Resumindo,
o que lhe interessa por agora é ter um canal obrigatório para as contas dos portugueses através do débito directo em conta, como sacar o dinheiro depois logo se vê...
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por pocoyo » 23/6/2010 16:10

Elias Escreveu:Governo propõe portagens em todas as Scut mas isenta residentes

23.06.2010 - 14:56 Por PÚBLICO

O primeiro-ministro avançou hoje com uma nova proposta sobre as Scut, as auto-estradas de utilização gratuita, sugerindo portagens em todas as sete Scut, não só em três, mas com isenção de pagamento para moradores ou utilizadores regulares.

Sócrates, que falava aos jornalistas à chegada a uma visita à fábrica EFAPEL, no parque industrial da Lousã, pretende assim responder às críticas dos últimos dias, dos partidos da oposição, que exigiam igualdade para todos os cidadãos, pedindo portagens nas Scut para todos e não só para alguns, como estava programado pelo Governo.

"A obrigação do Governo é procurar uma posição que sirva o país e responda às inquietações da oposição e com a qual o Governo também se sinta confortável. Dada esta situação a minha proposta é esta: Punhamos portagens em todas as sete SCUT, e nas que virão a ser construídas, mas com uma salvaguarda, que nenhum dos residentes, nem ninguém com actividade registada nessa auto-estrada venha a pagar portagem", disse José Sócrates, citado pelo Diário Económico.

O primeiro-ministro, que não referiu ainda nada sobre o sistema de pagamento a utilizar ou sobre o uso dos polémicos chps de matrícula, justificou que as três Scut que tinham sido indicadas para avançar com portagens a 1 de Julho, apresentavam critérios, que segundo o Governo, tornavam justo o pagamento.

"O Governo sempre defendeu que não deve haver portagens nas auto-estradas que atravessem áreas que têm rendimentos per capita inferiores à média nacional, porque isso é um contributo para o desenvolvimento regional, assim como em zonas em que não haja uma alternativa com um bom serviço".


O que é um residente?
Tem que morar debaixo da ponte?

Eu não quero pagar... de que me serve por os outros a pagar!
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por Elias » 23/6/2010 16:04

Governo propõe portagens em todas as Scut mas isenta residentes

23.06.2010 - 14:56 Por PÚBLICO

O primeiro-ministro avançou hoje com uma nova proposta sobre as Scut, as auto-estradas de utilização gratuita, sugerindo portagens em todas as sete Scut, não só em três, mas com isenção de pagamento para moradores ou utilizadores regulares.

Sócrates, que falava aos jornalistas à chegada a uma visita à fábrica EFAPEL, no parque industrial da Lousã, pretende assim responder às críticas dos últimos dias, dos partidos da oposição, que exigiam igualdade para todos os cidadãos, pedindo portagens nas Scut para todos e não só para alguns, como estava programado pelo Governo.

"A obrigação do Governo é procurar uma posição que sirva o país e responda às inquietações da oposição e com a qual o Governo também se sinta confortável. Dada esta situação a minha proposta é esta: Punhamos portagens em todas as sete SCUT, e nas que virão a ser construídas, mas com uma salvaguarda, que nenhum dos residentes, nem ninguém com actividade registada nessa auto-estrada venha a pagar portagem", disse José Sócrates, citado pelo Diário Económico.

O primeiro-ministro, que não referiu ainda nada sobre o sistema de pagamento a utilizar ou sobre o uso dos polémicos chps de matrícula, justificou que as três Scut que tinham sido indicadas para avançar com portagens a 1 de Julho, apresentavam critérios, que segundo o Governo, tornavam justo o pagamento.

"O Governo sempre defendeu que não deve haver portagens nas auto-estradas que atravessem áreas que têm rendimentos per capita inferiores à média nacional, porque isso é um contributo para o desenvolvimento regional, assim como em zonas em que não haja uma alternativa com um bom serviço".
 
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Re

por Cem pt » 23/6/2010 13:10

Elias Escreveu:Viva Cem,

Obrigado por mais esta interessante explicação.

Mas entretanto surgiu-me a seguinte dúvida: se as SCUT não têm nem vão ter portageiros nem infra-estruturas "pesadas" de cobrança de portagens, isso significa que operam com custos muito menores relativamente às auto-estradas tradicionais. Sendo assim, existirá alguma "lógica de mercado" para aplicar o mesmo preço por km que é praticado nas AE já portajadas?

1 abraço,
Elias



Amigo Elias:

As tarifas máximas aplicadas na rede SCUT não excedem a tarifa na rede standard portajada da Brisa, no preço contratual estabelecido inicialmente no contrato entre a Concessionária e o Estado.

Outra questão diferente é o que o Estado pretende impor como tarifa ao utente, isso não depende da Concessionária que apenas funciona como agente de cobrança. Pelas notícias que têm saído parece que querem colocá-la ao nível da rede portajada fazendo o utente pagar mais por km nas SCUT do que o Estado paga à Concessionária.

Em média a rede SCUT cobra do Estado um valor por km inferior ao que se pratica na rede portajada actual.

O valor contratual no regime SCUT a cobrar ao Estado pela Concessionária depende essencialmente do tráfego circulante, quanto menos tráfego tiver determinada SCUT maior o valor a cobrar por km para conseguir compensar ou cobrir o valor do investimento realizado em fase de construção.

Abraço,

Cem
O autor não assume responsabilidades por acções tomadas por quem quer que seja nem providencia conselhos de investimento. O autor não faz promessas nem oferece garantias nem sugestões, limita-se a transmitir a sua opinião pessoal. Cada um assume os seus riscos, incluindo os que possam resultar em perdas.


Citações que me assentam bem:


Sucesso é a habilidade de ir de falhanço em falhanço sem perda de entusiasmo – Winston Churchill

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por Elias » 23/6/2010 12:47

Viva Cem,

Obrigado por mais esta interessante explicação.

Mas entretanto surgiu-me a seguinte dúvida: se as SCUT não têm nem vão ter portageiros nem infra-estruturas "pesadas" de cobrança de portagens, isso significa que operam com custos muito menores relativamente às auto-estradas tradicionais. Sendo assim, existirá alguma "lógica de mercado" para aplicar o mesmo preço por km que é praticado nas AE já portajadas?

1 abraço,
Elias
 
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por mfsr1980 » 23/6/2010 11:35

Pois que contratem esses portageiros! Se são muitos melhor para o desemprego!

Não aceito esse tipo "nazi" de controlar as pessoas

Uma SCUT é UMA SCUT ( Sem Custo para o UTilizador!)
Quem fez o negócio deveria ter pesado os prós e os contras! se não o fez...tivesse feito!
Na altura, era notório e o PSD alertou, que o Estado não conseguiria suportar os encargos a que se estava a comprometer!
São mesmo deficientes estes "anormais" do governo!
 
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O que querem afinal os políticos? Ou: a equação impossível!

por Cem pt » 23/6/2010 11:19

As notícias que recentemente têm aparecido nos jornais fazem-me rir!

Vejam este excerto de notícia:

“Os social-democratas, à semelhança dos restantes partidos da oposição, têm uma iniciativa legislativa a correr no Parlamento para revogar os diplomas que criam os "chips". Ontem, Miguel Relvas renovou a oposição do PSD à utilização exclusiva do "chip" para cobrança de portagens, exigindo "que seja salvaguardado em absoluto o direito à reserva da vida privada dos cidadãos em qualquer dos mecanismos de cobrança que venham a ser utilizados". Recorde-se que o sistema de cobrança tem este dispositivo como peça principal.”

Quem discute desta forma não conhece minimamente o novo conceito de cobrança que está em causa, porque o que muita gente desconhece é que, a partir da instalação dos pórticos de “vídeo toll” em qualquer auto-estrada, qualquer veículo que lá passe de dia ou de noite, tenha ou não chip ou Via Verde instalada, passa a ser identificado através da matrícula com fotografias tiradas atrás e à frente!

Há formas de evitar ser reconhecido por este novo sistema? Há, mas não vos vou dizer quais as modalidades porque todas elas pressupõem ilegalidades! A única forma que pode resultar para garantir privacidade sem "chip" e que pode ser discutível em termos de se considerar legal, mas implica condução perigosa, é ir coladinho ao veículo da frente e vir outro carro muito encostado à traseira do nosso carro na zona do pórtico de identificação e desta forma o sistema não consegue tirar a foto da matrícula à frente e atrás!
Outra forma é ter um carro com matrícula estrangeira, uma vez que a base de dados da Via Verde só reconhece os carros matriculados em Portugal. Os portugueses são tratados em Portugal como cidadãos de segunda, pagam e os outros safam-se, mas acho que não devo adiantar mais nesta matéria!

O novo sistema tem câmaras de alta resolução com zoom, infra-vermelhos para a noite e software associado instalado que tira fotos da matrícula na zona dianteira e traseira do veículo, o programa automaticamente acrescenta mais uma linha com o local e hora de passagem à ficha do proprietário do carro ou camião que consta na base de dados de todos os veículos registados em Portugal.

O que acontece em seguida? Se o veículo tiver Via Verde ou “chip” instalado (o chip no fundo é uma versão similar da Via Verde e é colocado também no vidro da frente e não na matrícula, como alguns julgam) o programa informático debita-o no respectivo percurso e o crédito da portagem é somado à conta da Estradas de Portugal. Se o veículo não tiver nenhum dos dispositivos o programa informático emite automaticamente uma notificação para ser enviada por carta ao proprietário com o valor da portagem a pagar somado a custos administrativos suplementares (custo da correspondência e burocracias diversas) e aviso de possível multa se não pagar dentro de X dias em locais a designar, como por exemplo a sede da Brisa onde estão os escritórios da Via Verde.

Ou seja, não é possível evitar com este sistema esconder a reserva da vida privada dos cidadãos, tenham ou não chip ou Via Verde nos seus veículos!

Outro pedido que é feito pelos partidos da oposição tem a ver com sistemas alternativos de cobrança. Isto daria pano para mangas, vejamos:

- Se querem um sistema fechado de portagens tradicional, como o que existe actualmente na maioria da rede portajada, têm de criar praças de portagem com novos investimentos para alargamentos nas actuais auto-estradas em novas áreas de portagem, com edifícios de controlo para ambos os sentidos de tráfego, construir novos equipamentos, ilhas e cabinas de portagem, passagens de ligação, coberturas e infra-estruturas das praças e contratar e formar um exército de portajeiros a trabalharem em 3 turnos, incluindo fins de semana somados a carros de empresas de segurança para transporte do dinheiro cobrado, mulheres de limpeza para limpar cabinas de portagem, chefes de turno de emergência, etc, etc.

Mais ainda, se repararem neste pormenor: as SCUT foram desenhadas ou projectadas sem a preocupação de ter portajeiros, possuem Nós rodoviários com uma média de distância entre entradas e saídas de cerca de 6 kms em contrapartida à rede portajada que tem cerca de 21 kms entre cada Nó desnivelado consecutivo, pelo que, se forem instaladas praças de portagem em cada saída ou cada Nó, em comparação as redes SCUT em regime fechado teriam de contratar quase 3,5 vezes mais portajeiros por km para cada Concessão em termos médios, um verdadeiro atentado a uma gestão empresarial racional, não faz qualquer sentido, a não ser cumprir o desígnio de criar os tais 150.000 novos postos de trabalho! :)

Não estamos portanto a falar certamente da mesma estrutura empresarial de uma concessionária SCUT em regime aberto de entradas e saídas livres, uma vez que o número de empregados e novos encargos com esta nova avalanche de gente a empregar faria aumentar o número de assalariados e encargos com pessoal em mais 3 ou 4 vezes os encargos actuais da Concessionária SCUT em mão-de-obra. Ou seja, se o Estado tivesse de indemnizar fortemente nesta modalidade as Concessionárias SCUT, para transformar uma estrutura leve num regime pesado de encargos para a concessionária na modalidade de sistema portajado fechado, estes custos novos que foram mencionados quase não compensam certamente a mudança para que seja o utilizador a pagar em vez do Estado. Para além disso falta a factura da perda de tráfego que as Concessionárias irão sofrer quando o utente passar a pagar, deixando cerca de 30% dos utilizadores potenciais de lá passar novamente.

- Por outro lado, se querem manter um regime aberto de portagens, existem de facto outros meios de pagamento sem necessidade de portajeiros, refiro-me por exemplo a máquinas do tipo multibanco ou de estacionamentos em parques públicos, onde se coloca no final do percurso a senha recolhida à entrada da Concessão para quem não tenha ou não queira ter “chip” ou Via Verde, pagando de seguida com cartão multibanco ou dinheiro através de notas e moedas, recolhendo em seguida um recibo (já vão ver a importância de recolher este simples papel no futuro!). Muito bem, isso é possível, mas como pode o sistema de “video toll” saber se os automobilistas que vão optar por este meio saber se no final pagaram ou não? A resposta é simples: não sabe, a menos que se fizesse um corredor de uma faixa dedicada em cada sentido separado por guardas do tipo New Jersey, mas isso deixaria de ser uma auto-estrada, bolas, ninguém consegue ultrapassar quando só há disponível uma faixa num mesmo sentido! Mantendo o conceito de auto-estrada quando os veículos com senha recolhida passarem no pórtico de “vídeo toll” o programa informático associado não consegue saber se recolheram ou não a senha inicial, limita-se a identificá-los como alguém que não tem dispositivo de pagamento de “chip” ou Via Verde, sendo-lhes automaticamente enviada uma carta de que não pagaram! Será que estes automobilistas vão ter de perder tempo em bichas enormes doutros automobilistas na mesma situação, já nem falo do tempo perdido e falta de produtividade que isto implica para o País, se guardarem e não se esquecerem do talão de recibo do pagamento por senha, para comprovar junto da empresa da Brisa ligada à Via Verde que na realidade pagaram o percurso? Já viram a confusão que isto ía dar? Enfim, confusões à portuguesa!

Aguardo com muita curiosidade a forma sobre como pensam os partidos resolver este imbróglio:

- Ou mantêm tudo como está com privacidade assegurada (os actuais sistemas de contagem e classificação dos veículos em SCUT não identificam a matrícula de quem passa) e aí o Estado tem de continuar a pagar por ano cerca de 700 milhões de Euros por ano às Concessionárias SCUT, continuando estas a assumir risco de tráfego com bandas defensivas para os cenários pessimistas que vão vigorando nos tempos actuais de crise.

- Ou optam por um regime de portagens fechado onde pode ser também salvaguardada a privacidade mas onde a Estradas de Portugal, leia-se o Estado português, terá de pagar uma fortuna compensatória às Concessionárias para alterar a sua estrutura empresarial, o que provavelmente não compensaria mudar o actual regime SCUT em termos de encargos para o Estado; as portagens que a Estradas de Portugal recebessem dos utentes cobririam uma percentagem muito significativa dos novos encargos das Concessionárias nesta nova modalidade associadas à perda de receitas de tráfego que teria de compensar também as Concessionárias, uma situação super-confusa e nada fácil de resolver!

- Ou optam por um regime de portagem aberto onde não há qualquer hipótese, mesmo com sistemas de senhas e pagamentos com máquinas no final do percurso, de todos os veículos que lá passarem deixarem de ser reconhecidos e identificados pela matrícula ou pelo identificador através dos pórticos “vídeo toll”, tenham ou não “chips” ou Via Verde. Aqui os partidos da oposição não resolverão nunca a sua preocupação da privacidade mas o Estado baixa a sua factura anual de encargos, passando a pagar quase 900 milhões de euros por ano às Concessionárias (que deixam de ter risco de tráfego, fazendo-se valer dos seus cenários base cerca de 20% mais altos que o tráfego real que lá passa agora em média), mas recebendo em troca um valor estimado de portagens por parte dos utentes a rondar cerca de 400 milhões de Euros anuais.

Afinal o que querem os políticos: uma equação impossível de obter?!


Cem
Editado pela última vez por Cem pt em 23/6/2010 16:08, num total de 2 vezes.
O autor não assume responsabilidades por acções tomadas por quem quer que seja nem providencia conselhos de investimento. O autor não faz promessas nem oferece garantias nem sugestões, limita-se a transmitir a sua opinião pessoal. Cada um assume os seus riscos, incluindo os que possam resultar em perdas.


Citações que me assentam bem:


Sucesso é a habilidade de ir de falhanço em falhanço sem perda de entusiasmo – Winston Churchill

Há milhões de maneiras de ganhar dinheiro nos mercados. O problema é que é muito difícil encontrá-las - Jack Schwager

No soy monedita de oro pa caerle bien a todos - Hugo Chávez


O day trader trabalha para se ajustar ao mercado. O mercado trabalha para o trend trader! - Jay Brown / Commodity Research Bureau
 
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por Marco Martins » 23/6/2010 1:38

Mcmad Escreveu:Deus nos livre deste senhor que será agora arguido andar por cá em 2013 \ 2014 :(


Não me admira nada se ele voltar a ganhar as eleições!!!

Ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão... neste momento ele deve ter uns 200 anos de perdão por já nos ter roubado a todos durante dois mandatos :D
 
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por Mcmad » 23/6/2010 1:33

Deus nos livre deste senhor que será agora arguido andar por cá em 2013 \ 2014 :(
Confira as minhas opiniões

http://markoeconomico.blogspot.com/
 
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por Marco Martins » 23/6/2010 1:27

Mcmad Escreveu:Andaram a dizer que cobravam impostos altos para contruír pontes e estradas. Agora as pontes o vão abaixo ou temos que pagar as estradas.

Enganaram-nos bem :evil:


E esperem para ver em 2013/2014 ... é ano de eleições e muitos encargos irão passar para esse período...
 
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por Mcmad » 23/6/2010 1:03

Andaram a dizer que cobravam impostos altos para contruír pontes e estradas. Agora as pontes o vão abaixo ou temos que pagar as estradas.

Enganaram-nos bem :evil:
Confira as minhas opiniões

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por radiohead » 23/6/2010 0:57

Acho que os portugueses já deviam ter percebido que sendo o país pobre, periférico e pouco competitivo não pode haver dinheiro para tudo.

Ou bem que temos redes de auto-estradas gratuitas, ou bem que temos "estado social", ou bem que temos principescas sinecuras para a elite pública e partidária.

Agora tudo ao mesmo tempo não dá - é obviamente insustentável. Já estamos a acumular uma pesadíssima factura para o futuro, as próximas gerações que se desenrasquem, parece ser o mote.

Já que não há interesse em mexer nas duas últimas, sobra a primeira, que seja.

O que a mim me faz confusão, o que não me entra na cabeça de forma nenhuma, é a forma como o pretendem fazer.

Chips obrigatórios nas matriculas?? Então mas estamos a falar de pessoas ou de bezerros? Um povo que se deixa chipar colectivamente desta forma, peço desculpa, mas não é um povo, é um rebanho.

Pergunto-me como é que é possível alguém sequer ter o supremo desplante de propor uma aberração destas.
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por Marco Martins » 23/6/2010 0:13

Já algum dos colegas se lembrou de fazer contas do aumento que os produtos alimentares vão ter?

IVA + Portagens = aumento nos produtos (carne, peixe, ovos, leite, legumes, etc...).
 
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por alexandre7ias » 22/6/2010 23:38

CDS exige ao Governo política global para as SCUT
O presidente do CDS defendeu hoje, terça-feira, um sistema de utilizador pagador nas auto estradas, acusando o Governo de discriminar o Norte ao querer passar a cobrar em apenas três SCUT e de violar a privacidade dos cidadãos.

Paulo Portas falava em conferência de imprensa na Assembleia da República, em que acusou o PS de ter metido "o país no sarilho das [auto estradas sem custos para o utilizador] SCUT".

"Em vez de assumir que a sua política está errada, o Governo vem com remendos sem lógica e sem cuidado", apontou, referindo-se ao sistema planeado pelo executivo, através chip, para cobrar portagens nas auto estradas do Grande Porto, Norte Litoral e Costa de Prata.

Para o presidente do CDS-PP, Portugal precisa "de uma revisão global da política das SCUT, partindo do princípio do utilizador pagador, com coerência entre Norte, Centro e Sul do país e sem discriminação de nacionais relativamente a estrangeiros".

Como alternativa à via seguida pelo executivo, Portas defendeu também a necessidade de ponderação "dos regimes diferenciados" que se possam justificar, apontando como exemplos moradores e actividades económicas expostas a custos adicionais considerados insuportáveis no atual momento do país.

Ainda numa linha de demarcação face ao Governo, o líder do CDS defendeu que qualquer sistema de cobrança de portagens "deverá respeitar a privacidade do cidadão".

"Ao contrário do PS, o CDS sempre foi transparente e coerente na questão das SCUT" e, como tal, "pode manter hoje aquilo que disse durante a campanha eleitoral. O CDS também disse que a revisão do sistema das SCUT deveria ajudar a um maior equilíbrio das finanças públicas e aliviar a carga fiscal sobre as pequenas e médias empresas", vincou o líder democrata cristão.

Face a estas posições, o líder do CDS reafirmou a intenção do seu partido de votar contra, na quinta feira, a introdução de um sistema de chip na cobrança de portagens nas três citadas SCUT.

"Daí a exigência do CDS ao Governo de uma política global em relação às SCUT, que tenha princípio, meio e fim", acrescentou.
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por Cem pt » 22/6/2010 23:35

majomo Escreveu:Olá Cem,

obrigado pela explicação.

Mas, esta possibilidade de passar de SCUT a portajada, não foi colocada no contrato?


Amigo Major Domo:

Não, a possibilidade de mudar o conceito SCUT (sem cobrança ao utilizador) jamais esteve prevista nos respectivos Contratos de Concessão, ocorridos há cerca de uma dezena de anos atrás.

Se fosse previsível mudar a modalidade da fonte de pagamento das receitas, pagando o utente em vez do Estado e assim fazendo cair por terra os estudos de tráfego, ou algum concorrente com "inside information" soubesse disso à partida por fontes ligadas ao poder político, inflacionaria por certo de forma artificial os caudais de tráfego procurando jogar num futuro benefício virtual que poderia valer vários Euromilhões!

Que eu tenha conhecimento não creio que algum ganhador de Concessões SCUT tenha apostado nesse tipo de jogada arriscada procurando obter receitas virtuais que não existiam à partida, mas, sabendo-se o que se sabe hoje, essa teria sido uma estratégia de mestre dos Accionistas.

Convenhamos contudo que se tratam de estratégias que nada têm de ético no caso da obtenção de "inside information" que não seja pública e que, a confirmar-se algum dia que alguém ou algum grupo candidato possa ter hipoteticamente usado tal tipo de informação privilegiada, poderia configurar um crime de verdadeiro roubo a todos nós contribuintes!




Abraço.

Cem
Editado pela última vez por Cem pt em 22/6/2010 23:40, num total de 1 vez.
O autor não assume responsabilidades por acções tomadas por quem quer que seja nem providencia conselhos de investimento. O autor não faz promessas nem oferece garantias nem sugestões, limita-se a transmitir a sua opinião pessoal. Cada um assume os seus riscos, incluindo os que possam resultar em perdas.


Citações que me assentam bem:


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por alexandre7ias » 22/6/2010 23:30

Marco Martins Escreveu:O ideal será haver um líder que comece a promover a concentração de pessoas na baixa do Porto ou noutro local para protestar contra todas as políticas sem orientação, sejam políticas de direita ou de esquerda!!!


:mrgreen: Quando essa altura chegar, vai ser necessario um lider precisamente para o contrario, pedir as pessoas para terem calma e irem para casa!!!
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