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Caldeirão da Bolsa

Desistir de negociar

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por JorgeLima73 » 13/9/2009 21:47

lcaldei1

Boa noite,
Já sigo há algum tempo o fórum, apenas como leitor, mas as tuas mensagens impeliram-me a participar.
Devo dizer que partilho o que aqui tem sido dito. Tem vindo a dedicar-me cada vez mais ao trading, tento aprender o melhor que posso e senti muitas vezes essa sensação de vazio. Por vezes, o maior problema é não ter com quem partilhar um bom ou mesmo mau trade, não por falta de pessoas com quem o fazer, mas porque simplesmente as pessoas não entendem, há sempre encolher de ombros...
Para um homem que só conhece o martelo, todos os problemas se parecem com a cabeça de um prego.
Charlie Munger
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por arnie » 13/9/2009 15:45

Penso que esta entrevista a Norman Hallett é obrigatoria pois discute alguns pontos aqui falados

http://www.davidjenyns.com/interviews/n ... rilled.mp3
Bons negocios,
arnie
 
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por Pata-Hari » 13/9/2009 14:23

Obrigada, lcaldei :):). Fico contente.
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por lcaldei1 » 13/9/2009 11:23

Lcaldeira, quanto à tua questão de dedicar 8 horas para gerir 10% da carteira, francamente acredito que só te faz sentido fazer se isso te der gozo per si. O que obviamente não te está a dar. Estás a tornar o dinheiro no objectivo e em vez te tornares o teu bem-estar no objectivo (ou "felicidade" - que é uma palavra de "gaja" que vocês não gostam mas mais apropriada neste caso). Se calhar faz mais sentido mudar a forma de estar no mercado, o time frame, ou ceder a gestão a outro membro da família (se é o dinheiro da família) e dedicares-te aquilo que potencialmente te torna feliz, de modo diário. Talvez te custe uns pontos percentuais de rentabilidade que te valerão muito mais em beneficio real. Se a tua contra-resposta for que para aumentar a tua felicidade faz com que diminua a de outros, dou-te uma frase que descobri no outro dia e que me ficou na cabeça: se todos nos dedicarmos a garantir a felicidade de outros, sem colocar a nossa em primeiro lugar, no limite estamos todos a fazer algo que nos faz infelizes sem conseguir a felicidade de ninguém. A nossa primeira responsabilidade é responsabilizarmo-nos pela nossa felicidade (cedendo assim espaço aos outros para poderem ser felizes).


Pata, já tinha escrito a nota anterior sem ter lido a tua mensagens, foram as mais sábias palavras e recomendações.

Tens mais 10.000 pontos na minha consideração, e aqui é mesmo essencial a presença femenina para usar as palavras correctas, mais a mais, quando se trata da felicidade de cada um.

Esta partilha de experiências fazem toda a diferença na nossa evolução como ser humanos. Muito Obrigado!

Grande ajuda, muito melhor que algumas sessões de psicologia.
 
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por lcaldei1 » 13/9/2009 11:07

No entanto permite-me uma pergunta. Já que gostas dos mercado, que tal inverter a situação? Porque não um emprego a tempo inteiro que te permita preencher o vazio do contacto humano e seguires o mercado numa situação de hobbie, de "complemento à reforma"?
Porquê o total abandono quando, ao que parece, tens tido bons resultados?


Tem tudo a ver com desgaste emocional Arnie, posso te dizer que quando estou investido a seguir o mercado on line, fico quase surdo aos que estão à minha volta, especialmente a familia. A dedicação e atenção que coloco nas flutuações fazem-me abstrair de tudo à minha volta, especialmente os filhos.

Acredita que se trata mesmo de algo emocional, o Dwer usou uma expressão engraçada de ter de se dividir o cerbero em dois "o racional e o emocional" e trabalhar só com um deles.

O meu cerbero é único e não sou capaz de trabalhar a meio hemisfério.

Achei graça dizeres que se pode fazer todas as actividades, depois de estar na bolsa, eu posso te dizer que quando estou investido, raramente tenho abstração e vontade para outras actividades, mesmo depois do fecho dos mercados, e às 6ª´s tento fechar posições para ganhar abstração para gozar o fim de semana.

Os psicologos explicam isto como uma tendência do individuo para o perfecionismo e dominio e controlo completo sobre as situações. No mercado aprendi com algumas experiências as más e mesmo as boas que, não tenho esse controlo sobre o mercado.

Dou-te um exemplo:
Esta 6ªF fechei uma posição muito grande de Sonae, com um grande lucro, quando ela valorizava 5% em mercado, face ao fecho posso te dizer que me deixou frustrado a decisão de mais valias.

As pessoas são muito diferentes umas das outras nas suas vivências (e na abstração depois desses momentos), e isto desta forma é mesmo desgaste rápido, para além que prejudica o nosso relacionamento com quem nos é mais querido (mais agressividade e menos tolerância).


E estás a falar com um tipo que não mete mais do que 10% do capital próprio em bolsa, imagino a pilha se me atirásse nos 60 a 70%.

Como quem está em bolsa não deveria precisar do dinheiro, trata-se apenas de um pouco mais ou um pouco menos, na sua vida diária. E há que começar a relativar a importância do dinheiro nesta sociedade.


Uma gestão hobby sem grande monitorização, será bem vinda e poderá ser essa caminho que procura apenas para ir exercicitando a análise técnica, que gosto muito.

Deste modo falta-me as pessoas, a rua, a actividade fisica, e a motivação escavar oportunidades, quando faço uma aprendizagem de há 1 ano precisamente para relativizar a importância do dinheiro.

Se olharmos para a realidade do país percebemos bem de quanto dinheiro é preciso para se viver, depois trata-se do mais difícil, que é, aprender a ser feliz, e pessoalmente tenho levado grandes "banhos" nessa matéria de gente que tem muito pouco.

São projectos vida como tu muito bem referiste.

Abraços
 
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por Pata-Hari » 13/9/2009 10:55

Engraçado, não reparei no caminho que o tópico estava a tomar e achei engraçado, sim. E entendo o lcaldeira muitíssimo bem, tal como entendo o dwer (não sabia que agora "só" fazias isto).

Antes que me esqueça, a caixa de mensagens esvazia automaticamente, vai sempre apagando as mensagens antigas e substituindo pelas novas. Não entendi o problema da caixa cheia. Em compensação, se a mensagem ainda está na caixa de saída, é porque o destinatário ainda não a abriu. Ficará lá até ser lida.

Lcaldeira, quanto à tua questão de dedicar 8 horas para gerir 10% da carteira, francamente acredito que só te faz sentido fazer se isso te der gozo per si. O que obviamente não te está a dar. Estás a tornar o dinheiro no objectivo e em vez te tornares o teu bem-estar no objectivo (ou "felicidade" - que é uma palavra de "gaja" que vocês não gostam mas mais apropriada neste caso). Se calhar faz mais sentido mudar a forma de estar no mercado, o time frame, ou ceder a gestão a outro membro da família (se é o dinheiro da família) e dedicares-te aquilo que potencialmente te torna feliz, de modo diário. Talvez te custe uns pontos percentuais de rentabilidade que te valerão muito mais em beneficio real. Se a tua contra-resposta for que para aumentar a tua felicidade faz com que diminua a de outros, dou-te uma frase que descobri no outro dia e que me ficou na cabeça: se todos nos dedicarmos a garantir a felicidade de outros, sem colocar a nossa em primeiro lugar, no limite estamos todos a fazer algo que nos faz infelizes sem conseguir a felicidade de ninguém. A nossa primeira responsabilidade é responsabilizarmo-nos pela nossa felicidade (cedendo assim espaço aos outros para poderem ser felizes).

A outra questão que te deverias perguntar é se não estarás simplesmente a usar um tipo de trading que não é apropriado para ti. Se calhar não diversificas que chegue e o stress do risco que assumes é demasiadamente grande, se calhar estás a tentar acompanhar titulos demais para um só ser humano, se calhar o time frame é demasiado curto, se calhar, se calhar, se calhar.... O stress de um estilo de trading "errado" para ti tem que ser insuportável e pode ser desastroso.

Eu também tenho um misto de tudo o que vocês descrevem e hoje em dia em vez de fazer trading solitário, "acompanhada" virtualmente, trabalho ajudando gente real, que vejo diariamente, a compreender e a tomar as suas decisões. Devo dizer que adoro o que faço porque acho um enorme privilégio poder ajudar, poder contribuir e fazer algo útil. No passado fiz trabalhos que eram puramente solitários e devo dizer que apesar de ser muito mais glamoroso, era-me muito menos satisfatório e quase deprimente a solidão. O meu trading diário (que não era intraday mas que exigia acompanhamento diário) morreu e passou a ser position trading mas eu sou muito mais feliz assim.
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por arnie » 13/9/2009 6:22

Eu faço daytrade em media 3 horas por dia.

Chego a casa por volta das 6 da tarde, ligo os monitores, vejo os 10 graficos que tenho nos 4 monitores que variam entre os 15 segundos e os 5 minutos e vejo se há setups que possam ser feitos.

Se há, sento-me e vou acompanhando até ao fecho, se não há vou fazer outra coisa (ler mails, ler foruns, ver sites).

2ª e 4ª feiras não há mercado para mim pois tenho Pilates entre as 7 e as 8 da noite.

Não vivo dos mercados, mas estou a preparar-me para isso. Este é o meu projecto de vida.

O daytrade é e pode ser tão ou mais rentavel como outra estrategia qualquer de mais longo prazo. Vai tudo bater na mesma porta, um bom sistema de trading e um bom money management.

O daytrade, devido à enorme carga emocional já aqui falado, não pode ser uma coisa forçada. Passar 8 horas à frente do PC pode ser realmente penoso nos dias em que o mercado está flat, com swings de 1 ou 2 pontos que podem arruinar uma carteira só com as comissões, no entanto, há que saber quando negociar e quando manter-mo-nos fora.

Não poderiam usar apenas um par de horas por dia e ter resultados semelhante


indeed, why not...

podemos testar a nossa estrategia e ver qual o range temporal em que os ganhos são maiores e/ou menores e negociar apenas dentro desse range. Fora disso, poderiamos fazer outra coisa.

Ora isto tudo é muito bonito quando falamos num sistema discrecionario, onde podemos ter regras fixas, mas se negociamos o setup ou não, depende de nós.

Um sistema totalmente mecanico/automatico, onde todos os setups têm que obrigatoriamente ser negociados a situação é totalmente diferente, daí eu ter sempre defendido que sistemas automaticos no daytrade é algo impensavel, pelo menos para mim.
Este tipo de sistema obriga a estar practicamente 24 horas por dia atento às cotações (pelo menos no caso do forex e commodities), ou seja, suicidio quando se fala de um projecto para um one man show.
Aqui sim seria interessante ter uma pequena "equipa" de trabalho.

lcaldei1

Já que sabes a resposta à pergunta, então é facil o caminho a percorrer.

No entanto permite-me uma pergunta. Já que gostas dos mercado, que tal inverter a situação? Porque não um emprego a tempo inteiro que te permita preencher o vazio do contacto humano e seguires o mercado numa situação de hobbie, de "complemento à reforma"?
Porquê o total abandono quando, ao que parece, tens tido bons resultados?
Bons negocios,
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por artista_ » 13/9/2009 3:28

cannot Escreveu:...mas penso que em termos de rentabilidade não se tira grande vantagem em fazer daytrading em comparação a outro modelo de trading, por exemplo diário. Julgo até que na maior parte dos casos é bem mais complicado fazer daytrading.


Penso que o fundamental é cada um perceber qual a forma de investir que mais se adequa a si, para uns será o daytrading, para outros o curto prazo, para outros o médio/longo (só para falar da questão do prazo, esquecendo outras variáveis, por exemplo, os produtos disponíveis)!

Há outra questão que não concordo muito com o Arnie, ou melhor, parece-me que ele aborda as coisas de um ponto de vista diferente do que eu tinha falado... o tempo que cada um tem para isto só é importante para adaptarmos a nossa forma de investir também a essa variável, no meu caso isso nem é muito importante. Para mim é fundamental a disponibilidade emocional, se estou muito ocupado profissionalmente normalmente isso traz-me algum stress associado (pode ser maior ou menor conforme os casos) e tenho mais dificuldade em introduzir outro elemento de stress, investindo nos mercados, a não ser que sejam posições de longo prazo... posições de curto ou curtissimo prazo, introduzem sempre algum stress, mesmo sendo eu muito disciplinado e quase sempre apenas tome decisões quando os mercados estão fechados...

Ou seja, mais importante do tempo que temos para isto é, quanto a mim, fundamental investir de uma forma que que nos permita suportar o desgaste emocional (ou stress) que isso nos provoca, obviamente que isso depende da nossa estratégia mas também da nossa forma de ser, o stress provocado pelos mercados está longe de ser o mesmo para todos, e há outros aspectos que o podem diminuir ou aumentar...

Falo disto porque me parece que é mais por estes aspectos que se pode deixar os mercados do que pela falta de tempo... serão mais estes aspectos que nos poderão fazer cansar dos mercados que propriamente a falta de tempo! Provavelmente o maior ou menor sucesso também dará um contributo importante para isso...

Abraços

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por cannot » 13/9/2009 1:21

Posso estar completamente enganado pois na realidade muito pouca experiência tenho disto e menos ainda, diria mesmo quase nada, de daytrading, mas penso que em termos de rentabilidade não se tira grande vantagem em fazer daytrading em comparação a outro modelo de trading, por exemplo diário. Julgo até que na maior parte dos casos é bem mais complicado fazer daytrading.

Mas vamos assumir que é mais ou menos igual em termos de rentabilidade. Nesse caso pergunto o seguinte, será tempo bem gasto passar essas 8h (mais umas em análise) a tentar fazer trading ao minuto ou seja o que for? Não poderiam usar apenas um par de horas por dia e ter resultados semelhante. Assim fica muito mais tempo para fazer todas aquelas coisas de que o arnie fala, e muitas outras.

Isto é se pensarmos, como julgo que foi a ideia que o arnie focou, que apenas estamos na bolsa para fazer dinheiro, isto é, que transaccionar na bolsa não serve na realidade para mais nada. O que também é discutível. E muitos poderão até apresentar uma série de argumentos que indiquem o que é que transaccionar na bolsa contribui para o nosso mundo, e com muitos deles até devo concordar, mas penso honestamente que é uma daquelas ocupações que menos contribuições dá. E nem estou a pensar em nada de altruísta.

Abraço

ps - rsacramento, tens toda a razão, não vai ser fácil, mas não sei se será mau simplesmente ler. Percebes, já que ele nem sabia quem era, pode simplesmente ler mesmo que nada faça sentido. Nem tudo tem que se perceber. É uma sensação interessante ler Sartre sem saber o que estamos a ler. Eu pelo menos acho, mas é só uma sugestão entre as outras.

Eu teria gostado de ter provado um copito do absinto... Mas atenção lcaldei1, não mistures Absinto com Sartre ;)

Mas também pode começar com "o Muro" como foi sugerido. Mas eu saí agora do cinema, fui ver o filme do Tarantino, fiquei um pouco mal disposto e coisa que não me apetecia ler era este livro. Chiça! :mrgreen:

abraço
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por lcaldei1 » 13/9/2009 0:08

1ª pergunta que todos deveriam fazer era qual o vosso projecto de vida, ou neste caso, qual o vosso projecto para os vossos negocios nos mercados financeiros?


Arnie, acho que estás correcto e este é o ponto chave.

A mim ensinaram-me que uma carteira não deveria constituir mais de 10% do capital disponível. Relação que aplico e procuro não ultrapassar.

Faz sentido 8h de mercados financeiros para gerir 10% de capital próprio? fora as horas de investigação, num trabalho isolado, 100% atento, angustiando por decisões tomadas e outras não tomadas... no fim para interferir com a rentabilidade de 10% de capitais próprios.

Claramente a resposta à pergunta, que faz todo o sentido, é que não faz parte do meu projecto de vida, dedicar esse tempo, a este tipo de actividade.

Será bem mais interessante uma actividade que me permita gerir e rentabilizar de outra forma os outros 90%.

Em termos de correctagem, em trabalho de equipa, contacto directo humano, até poderia despertar algum interesse, mas em casa com mais ou menos suporte informático, é uma tarefa que acredito poucas experiências profissionais podem ser tão exigentes.
Com todo o respeito pelas muitas profissões duras que sei que existem neste mundo.
Já trebalhei muito ( por muitos anos )em várias empresas e nunca experimentei algo tão exigente.

É engraçado teres falado no voluntariado pois há 1 ano começei a entregar 10% dos meus ganhos a uma instituição de solidariedade, precisamente para me sentir compensado pela exigência que sentia do mercado, e dar assim outra importância às mais valias que realizava.

Mas o tempo passa e o sentimento está lá, e é mesmo esse...inactividade, falta contacto humano, permanencia no ecrãn 8,5h seguidinhas, irrelevância nos resultados por muito bom ou maus que sejam, Sentimento de falta de dominio dos mercados nos dias de perda.

De muita gente que conheci pessoalmente nestes meandros todos acabaram por abandonar, e eu tenho por certo o abandono do daytrade precisamente pela resposta ao projecto de vida relativamente a mercados financeiros.

Fica o meu ponto, como diz um colega meu, vale o que vale.
 
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por Tterra » 12/9/2009 23:00

Dwer Escreveu:
Tterra Escreveu:
lcaldei1 Escreveu:Trata-se de Jean Paul Sartre, correcto?

Conseguem recomendar-me algo dele?

Obg


A espuma dos dias.


Abraço.


A espuma dos dias é do Boris Vian.
Tem é uma personagem com o nome engraçado de Jean Sol Partre.



Tens toda a razão Dwer:wink:

Peço desculpa pelo equivoco.

Abraço
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por arnie » 12/9/2009 23:00

Thread interessante este....

Ha aqui muita coisa com a qual concordo outra nem por isso.

1ª pergunta que todos deveriam fazer era qual o vosso projecto de vida, ou neste caso, qual o vosso projecto para os vossos negocios nos mercados financeiros?

Essa historia de solidão, desgaste fisico e emocional aparece precisamente pela falta de resposta à 1ª pergunta.

Cada um de nós retira aquilo que quer do mercado.

A historia do daytrade e do estar sempre em frente de um PC é treta. Podemos muito bem estipular um horario de negociação, tal como de um emprego se tratasse. O problema é que queremos negociar tudo, a toda a hora e em todos os mercados.

Podemos muito bem estipular que apenas vamos fazer daytrade no DAX ou no ES e estar sentado à frente do PC durante essas horas.

As restantes horas podem ser passadas a fazer dezenas de coisas. Um part-time job, um ginasio, tratar do jardim, ir ao supermercado, fazer voluntariado, tirar cursos, dar cursos, ir buscar a mulher, os filhos, visitar os amigos, arrumar a casa, passar a ferro, limpar a casa, ouvir musica, ver um filme, ler o jornal, ler um livro, ver documentários, ouvir radio, passear à beira mar, passear no jardim, visitar museus, etc...

Respondam à 1ª pergunta e vão ver que afinal a vida de alguém que vive/segue os mercados poderá ser muito mais valorizada.

Já que há aqui, aparentemente, sentimentos altruistas, que tal tirar a futilidade e a perda de tempo que os mercados por vezes fazem as pessoas sentir (ou será o inverso?) e pegar em parte dos lucros e ajudar instituições de caridade? Ou melhor, que tal criar uma instituição para dar apoio às crianças e velhos deste país que não têm o devido apoio tanto por parte das familias, como do estado?

Será que tendo esta tarefa/projecto em mãos o tempo passado à frente do PC terá o mesmo significado?

Viver dos mercados, estar sentado horas a fios à frente de um PC a negociar não é diferente de qualquer outro emprego. Estamos a trabalhar para um fim, para um resultado final. A futilidade que poderá existir não será o tempo/esforço despendido a negociar mas sim o resultado final para o qual esse esforço foi feito.
Bons negocios,
arnie
 
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por lcaldei1 » 12/9/2009 21:16

Estás a falar de stops automáticos, mas não existem só esses... eu não uso stops automáticos, mas nunca deixei de activar um stop quando o que defeni para o activar sucedeu! É claro que para que isto funcione bem tenho algumas regras, só invisto em Portugal, raramente invisto em títulos pouco líquidos e nunca em situações de volatilidade excessiva... nestas condições não é difícil usar stops mentais, desde que se seja disciplinado!


Artista correcto, mas para essa disciplina, tens de estar conectado certo, e aí desencadeias o stop mental definido.

A ideia era não investir esse tempo de acompanhamento, que mesmo rentável gera sentimentos pouco apraziveis ( falo por mim ).
 
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por lcaldei1 » 12/9/2009 21:10

Isso não quer dizer que faças daytrading. Hoje em dia podes muito bem ter sistemas que te avisam caso aconteça alguma coisa.


Conheço os sistemas de alerta, mas se tiver numa actividade, imagina mergulho que faço muito, decido em tempo útil?
quem diz nesta diz noutras.

Isto pode levantar um tema que é o de deixar em sistema ordens stop com vendas ao melhor, mas serão a melhor opção?

Penso que só sentir a noticia e actuar em função do mercado e da magnitude pode conduzir ao melhor resultado, e isso só tempo real.

Estou a falar de crashes sérios que como mencionei acontecem raramente.

o crash de 1929 teve impactos de 90% em cotações. Não sei o que é preciso acontecer nos tempos de hoje para algo semelhante, mas sou demasiado exigente e perfecionista comigo próprio para poder aceitar um impacto destes numa minha carteira.


Na minha opinião ser daytrader deve ser das profissões mais desgastantes e inúteis que existe. Só mesmo para quem gosta muito.


Há algum tempo que experimento esse sentimento :lol:


não sei se o leste ou não, mas de qualquer maneira é como dar absinto a um adolescente que quer começar a beber umas minis...


Não li mas vou experimentar rápidamente.
 
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por rsacramento » 12/9/2009 20:46

cannot Escreveu:
lcaldei1 Escreveu:Trata-se de Jean Paul Sartre, correcto?

Conseguem recomendar-me algo dele?

Obg


Claro! Podes começar com este e depois logo vês se queres continuar ou não. - L´Être et le néant (O ser e o nada).

(...)


não sei se o leste ou não, mas de qualquer maneira é como dar absinto a um adolescente que quer começar a beber umas minis...
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por cannot » 12/9/2009 20:43

lcaldei1 Escreveu:É uma questão de perservação e responsabilidade sobre o capital.

Um trigger e um stop limit num dia dequeles que acontece uma vez por década, pode arruinar um investidor em 1 dia num sistema automático ( a ordem pura e simplesmente pode ficar pendurada em sistema sem comprador, varridos pelas vendas ao melhor ).

O sistema automático pode ser solução se aceitarmos uma perda grande em caso de ser-mos surpreendidos por um crash.

Caso contrário, keep the eye on it.


Isso não quer dizer que faças daytrading. Hoje em dia podes muito bem ter sistemas que te avisam caso aconteça alguma coisa.

O que eu quero dizer é que se não és daytrader não tens que passar os dias em frente ao computador, podes muito bem fazer as tuas análises uma vez por dia, ou mesmo semana. Dá imenso tempo para fazer outra coisa entretanto, só tens que saber eliminar as emoções e esquecer a bolsa.

Na minha opinião ser daytrader deve ser das profissões mais desgastantes e inúteis que existe. Só mesmo para quem gosta muito.

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por lcaldei1 » 12/9/2009 20:35

É uma questão de perservação e responsabilidade sobre o capital.

Um trigger e um stop limit num dia dequeles que acontece uma vez por década, pode arruinar um investidor em 1 dia num sistema automático ( a ordem pura e simplesmente pode ficar pendurada em sistema sem comprador, varridos pelas vendas ao melhor ).

O sistema automático pode ser solução se aceitarmos uma perda grande em caso de ser-mos surpreendidos por um crash.

Caso contrário, keep the eye on it.
 
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por artista_ » 12/9/2009 20:28

lcaldei1 Escreveu:Faço-o porque quando estudei sobre perservação de capital verifiquei que não existe fórmula segura, constatei que os stops ( como forma de não estar no mercado nem sempre são activados ), já devem se ter apercebido que numa venda massiva ao melhor, o trigger dispara a ordem mas normalmente o valor limite foi varrido pela ordem anterior, verificando-se a nossa venda apenas se o preço voltar a subir.

No 11 de Setembro, e apesar da recuperação penso que muita gente teve de estár bem ligado às cotações e desencadear vendas ao melhor, para evitar perdas maiores, creio que mesmo o Ulisses relatou uma situação com ele nesse dia num tópico recente (os stops não protegem essas situações).


Estás a falar de stops automáticos, mas não existem só esses... eu não uso stops automáticos, mas nunca deixei de activar um stop quando o que defeni para o activar sucedeu! É claro que para que isto funcione bem tenho algumas regras, só invisto em Portugal, raramente invisto em títulos pouco líquidos e nunca em situações de volatilidade excessiva... nestas condições não é difícil usar stops mentais, desde que se seja disciplinado!

mapaman Escreveu:nos dias que correm,com a qualidade e quantidade de plataformas de negociação disponiveis no mercado,"construir" um sistema quase automático de negociação não é muito dificil,permitindo assim mais tempo livre.


És capaz de ter alguma razão, mas mesmo com alguma automatização dos processos, não deixa de ser emocionalmente desgastante, mais para uns que para outros, claro... acho que o importante aqui é perceber que é fundamental encontrar mecanismos que permitam controlar as emoções!

abraços

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por mapaman » 12/9/2009 20:15

boas,

nos dias que correm,com a qualidade e quantidade de plataformas de negociação disponiveis no mercado,"construir" um sistema quase automático de negociação não é muito dificil,permitindo assim mais tempo livre.

cumps
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por lcaldei1 » 12/9/2009 19:55

Vamos lá continuar a alimentar a discussão do tema original então:

Para daytrading é absurdo e pouco racional não olhar para as cotações em tempo real. Logo por aqui já é um dispendio e uma atenção por si só desgastante, que poucas profissões o exigem. Se o fazemos como individuo só, nem ao almoço existem intervalos.

Depois são as indicisões com as flutuações que para quem tem carteiras mais significativas podem sempre determinar pontos de saída e reentrada.

Eu herdei bolsa do meu pai, do tempo em que se tratava tudo pelo telefone para o banco, já em anos recentes quando começei a experimentar a tempo inteiro me avisaram atenção que isso é de desgate rápido, (na altura não percebi porquê).

Todos os familiares e dezenas de colegas e amigos foram ao longo dos anos 2000's largando a bolsa mesmo por hobby.

Embora a tempo inteiro, raramente fui agressivo a apostar, e actualmente não invisto mais de 15% do meu capital próprio, que só por aí já deve ser um grande sustento de segurança.

Faço-o porque quando estudei sobre perservação de capital verifiquei que não existe fórmula segura, constatei que os stops ( como forma de não estar no mercado nem sempre são activados ), já devem se ter apercebido que numa venda massiva ao melhor, o trigger dispara a ordem mas normalmente o valor limite foi varrido pela ordem anterior, verificando-se a nossa venda apenas se o preço voltar a subir.

No 11 de Setembro, e apesar da recuperação penso que muita gente teve de estár bem ligado às cotações e desencadear vendas ao melhor, para evitar perdas maiores, creio que mesmo o Ulisses relatou uma situação com ele nesse dia num tópico recente (os stops não protegem essas situações).

A origem deste tópico no meu comentário é precisamente que independentemente do ganho ou da perda, o sentimento relativo ao mercado e a ambição de cavar uma oportunidade, gera em mim um sentimento fútil, de desperdicio de tempo, e tempo é vida. Pergunto-me se aos 70 irei achar por bem empregue o tempo em frente ao computador a olhar gráficos e cotações real time, mesmo que isso signifique que vivi com mais dinheiro no bolso.
Como ouvi um dia destes, "é que dinheiro, não é assim tão importante, afinal apenas preciso de algum para viver".

Espero que o tópico se possa desenvolver no sentido de se discutir como o artista disse e muito bem estratégias e alternativas ao daytrading.

Abraços
 
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por artista_ » 12/9/2009 16:06

Tópico interessante, tem estado a fugir para o Satre (de quem nunca li nada :oops: ) mas acho que é interessante continuar a debater a idéia inicial...

Na minha opinião o desgaste emocional que os mercados provocam é enorme (já se falou disto aqui) e é muito difícil lidar com isso, para muitos será impossível lidar muito tempo, o que os leva a abandoná-los...

Revejo-me um bocado no comentário do Dwer, embora nunca tenha feito daytrading, inicialmente era muito activo, a adrenalina era enorme e viciante, as lucros aumentavam-na ainda mais... hoje é impossível senti-la da mesma forma, tenho muito mais consciência dos riscos envolvidos e a adrenalina passou a ser muitas vezes um estado emocional a evitar... ainda assim os lucros vão compensando mas não páro a procura incessante de um sistema que me permita controlar ao máximo as emoções! Mas não é fácil, quando temos uma posição no mercado é difícil não olhar para a evolução das cotações, sei que seria melhor só o fazer no final das sessões, mas não é fácil controlar as emoções até esse ponto...

Muitas vezes pergunto-me se algum dia deixarei por completo os mercados?! Neste momento parece-me mais provável que vá alterando a minha forma de investir que provavelmente passará para prazos cada vez mais longos... mas talvez esteja enganado!?

Abraços

artista
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por sargotrons » 12/9/2009 14:33

Recomendo "O Estrangeiro" de Albert Camus sobre emocoes de um individuo e a sociedade.

Embora nao seja bem sobre as questoes que voces levantaram e sim mais no sentido inverso da sociedade a questionar as emocoes do individuo.

Cheers!
Não faz mal!...
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por canguru » 12/9/2009 14:30

lcaldei1 Escreveu:
Toca a sacar Satre da prateleira!


Canguru, consegues sugerir aqui um bom livro, é que está a haver ligeira confusão com os autores, e já agora queria seguir a dica de uma boa leitura.

Obg


Continuando no Satre, sugiro 'O Muro'. De qualquer das formas alerto para nunca leu existêncialistas. Imagina o Ingmar Bergman mas na literatura...
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por cannot » 12/9/2009 14:00

lcaldei1 Escreveu:Trata-se de Jean Paul Sartre, correcto?

Conseguem recomendar-me algo dele?

Obg


Claro! Podes começar com este e depois logo vês se queres continuar ou não. - L´Être et le néant (O ser e o nada).

Fica aqui uma visão com que concordo do existencialismo de Sartre.
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Atheistic Existentialism is, simply put, the philosophy of mere existence. It denials or excludes transcendent, supernatural realities. It rejects the idea that there is any Truth, only particular truths......

“Atheistic existentialism, of which I am a representative, declares with greater consistency that if God does not exist there is at least one being whose existence comes before its essence, a being which exists before it can be defined by any conception of it. That being is man....”

According to Sartre, there is no absolute, fixed, eternal nature that corresponds to human consciousness. Human existence is characterized by “nothingness”.

This is the condition of humanity — absolute freedom in the world. Sartre used the phrase “existence precedes essence” to explain this idea, a reversal of traditional metaphysics and conceptions about the nature of reality. This freedom in turn produces anxiety and fear because, without God, humanity is left alone and without an external source of direction or purpose.

Thus, the existentialist perspective “fits” with atheism well because existentialism advocates an understanding of the world were gods simply have no great role to play. In this world, humans are thrown back on themselves to create meaning and purpose through their personal choices rather than discovering it through communion with outside forces.

This does not mean, however, that existentialism and theism or existentialism and religion are completely incompatible. Despite his philosophy, Sartre always claimed that religious belief remained with him — perhaps not as an intellectual idea but rather as an emotional commitment. He used religious language and imagery throughout his writings and tended to regard religion in a positive light, even though he didn’t believe in the existence of any gods and rejected the need for gods as a basis for human existence.
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por lcaldei1 » 12/9/2009 13:52

Toca a sacar Satre da prateleira!


Canguru, consegues sugerir aqui um bom livro, é que está a haver ligeira confusão com os autores, e já agora queria seguir a dica de uma boa leitura.

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