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The Economist: governo português reagiu muito tarde
18 Novembro 2010 | 18:11
Jornal de Negócios Online - negocios@negocios.pt
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A revista britânica refere que Portugal tem um "aterrador problema de competitividade".
Durante meses, Portugal protestou, dizendo que não era a Grécia. Agora quer convencer os investidores de que não é a Irlanda. É desta forma que começa o mais recente artigo da revista “The Economist” sobre Portugal, intitulado “Atlantic Trouble”.

“Numa altura em que os líderes europeus pressionam a Irlanda para aceitar um empréstimo, Portugal dá consigo a ser apontado como o próximo da fila. A dificuldade com que se depara o governo minoritário socialista é que, independentemente do que fizer para tranquilizar os mercados em relação à redução do défice ou à saúde dos seus bancos, é de imediato neutralizado pelo contágio por parte da Irlanda e pelo risco de perdas para os detentores de dívida pública no âmbito [da proposta de suportarem parte dos encargos] de um resgate”, realça a “The Economist” no seu artigo de hoje.

A revista prossegue, recordando que o ministro português das Finanças, Teixeira dos Santos, lamentou esta semana que o contágio tenha aumentado o risco de o seu país acabar por, de facto, precisar de ajuda. “Mas Teixeira dos Santos insistiu que o governo não tenciona pedir essa ajuda e que podia continuar a vender a sua dívida”, sublinha a “The Economist”.

“Um economista de Lisboa interpreta isto [declarações de Teixeira dos Santos] como significando que ‘o governo não quer pedir ajuda, mas poderá ter de o fazer’”, refere o artigo da revista britânica.

Mas a “The Economist” mostra também o outro lado: “Ainda assim, o ministro das Finanças disse que Portugal está decidido a mostrar que é diferente da Irlanda. O défice orçamental, previsto cair de 9,3% do PIB em 2009 para 4,6% em 2001, é pálido perante o da Irlanda. Ao contrário da Irlanda, Portugal não passou por um colapso do mercado imobiliário. Os seus bancos parecem solidamente capitalizados. As fortes exportações contribuíram para que o PIB crescesse para um número inesperado de 1,1% este ano, depois de uma queda de 2,6% em 2009. Apesar de uma subida dos juros sobre a dívida a 10 anos, para valores acima dos 7%, a taxa de juro média que Portugal paga sobre a sua dívida soberana é de apenas 3,6%, diz Teixeira dos Santos”.

“Então, por que razão estão os mercados obrigacionistas tão agitados?”, questiona-se a revista. E responde: “Em parte, porque o governo demorou muito a reagir. Só em Setembro é que propôs um aperto orçamental, incluindo um corte de 5% nos salários da função pública, tal como a Irlanda, Grécia e Espanha já tinham decidido uns meses antes”.

“O governo viveu também duras semanas de tensas negociações com o principal partido da oposição antes de conseguir assegurar um acordo para as suas políticas. Os bancos portugueses deixaram de ir ao mercado da dívida devido a um ‘downgrade’ do ‘rating’ da dívida soberana, o que os tornou dependentes do financiamento proveniente do Banco Central Europeu. E a sublinhar todas estas dificuldades está aquilo a que um economista chama de um aterrador problema de competitividade depois de uma ‘década perdida’ de baixo crescimento”, escreve a “The Economist”.

A revista conclui, dizendo que o governo português deverá regressar ao mercado da dívida em inícios do próximo ano. “Nessa altura, a questão de saber se Portugal é a Grécia, a Irlanda ou outro país qualquer vai certamente ser respondida de uma maneira ou de outra”, remata a publicação britânica.