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Caldeirão da Bolsa

Uma Teoria Estonteante

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Correspondência atrasada

por Comentador » 26/9/2003 0:07

Caro djovarius,

Desde manhã, só mesmo antes de jantar tive tempo de vir aqui dar a resposta anterior. Era, digamos ... um caso de força maior, quase uma emergência técnica!

Resolvido o problema, e agora com mais tempo quero agradecer a sua opinião. Vamos lá ver até quando é que dá para os norte-americanos continuarem a gastar e consumir como se habituram desde há já bastante tempo, sem haver alterações estruturais.

Caro BdA,

Agradeço-lhe e gostei dos seus posts, mas há só dois pontos principais que vou tocar agora:

1. Recorda-me, no 1º. post, que muita coisa se alterou nos mercados desde "esses" tempos imemoriais. Desculpe lá, mas não só os tempos imemoriais isoladamente não me dizem nada, como só me interessa o que os mercados são hoje (ou seja, naquilo em que se tornaram). De resto, estou de acordo consigo e obrigado pela sua resposta.

2. "A sua (dos EUA) riqueza vai aumentar mesmo com o dólar desvalorizado". 100% de acordo com esta sua afirmação, mas desde que esssa desvalorização não seja nem demasiado rápida nem demasiado exagerada, senão ver-nos-íamos na contingência de só poder ecolher entre recessão e depressão.
Mais uma vez obrigado pela sua participação.

Um abraço a ambos

Comentador
 
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Análise Técnica

por Comentador » 25/9/2003 19:19

Caro Visitante,

A análise técnica (e todos os seus instrumentos e indicadores) aplica-se a qualquer activo que directa ou indirectamente origine a formação de preços.

Mote que como não há nenhum mercado mais líquido do que o Forex o que eu disse acima aplica-se com maioria de razão ao Forex.

Por outro lado, como talvez saiba, mesmo a indicadores se pode aplicar os princípios da análise técnica (dai, por exemplo, as "divergências" de que já deve ter ouvido falar).

Por fim, uma observação muito importante: no Forex, os "jogadores" não são os Bancos Centrais. O que ouviu duizer é que eles intervêm de acordo com os interesses do respectivo País. Mas isso não é só no Forex. E aqui os maiores intervenientes são especialmente as empresas, através das instituições de crédito, não se podendo esquecer tamnbém os particulares.

Cumprimentos

Comentador
 
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por Visitante » 25/9/2003 12:44

A psicologia de mercado inerente ao H&S também se aplica ao FOREX?

O interesse dos intervenientes num mercado de acções por exemplo é a obtenção de lucro, mas no mercado do FOREX os grandes jogadores (Bancos Centrais) têm interesses económicos e políticos a defender.
Visitante
 

Reforçando

por Bigodes de Aço » 25/9/2003 12:25

O que a américa está a fazer é vender "gato por lebre".Faz dólares em catadupa e os Japoneses,Chineses,europeus.... têm que compram à fartazana, mesmo sabendo que compram gato por lebre. Faz lembrar o tempo das dot.com.Este equilibrio, precário, mas necessário,vai ser o motor de desenvolvimento futuro e se ele é necessário é porque os vários países sabem que a América é a chave do sistema, como tal,não pode sucumbir.A sua riqueza vai aumentar mesmo com o dólar desvalorizado.A médio ou longo prazo o dólar respirará. A inteligência desenvolve-se praticando e é isso que os Americanos fazem
Bigodes de Aço
 

Caro Comentador

por Bigodes de Aço » 25/9/2003 11:53

Aprecio muito as suas exposições,baseadas em argumentos justificativos aceitáveis que buscam no passado as prespectivas futuras.No entanto,devo recordar que muita coisa se alterou nos mercados desde esses tempos "imomeriais". Nunca como hoje os mercados estiveram tão ligados:os acionistas,os obrigacionistas e os cambiais. A vantagem de um pode ser a desvantagem de outro, a transferência de riqueza faz-se a "100 à hora". O que está a acontecer,desde Março,é a transferência de riquesa para a América(interrompida a espaços)com a subida dos mercados acionistas.Repare quantos dólares tem o Japão comprado para poder exportar para a América e a Europa vai ter que seguir o mesmo caminho,ficando os seus bancos centrais com uma moeda enfraquecida,ou seja:ficam mais pobres.Aos Americanos só basta terem as empresas mais inovadoras e produtivas do mundo,para poderem com elas enriquecer através dos fluxos de capitais.Se esse motor falhar,aí sim, será o descalabro e uma crise gigantesca a nivel mundial,não só para a América. Neste momento os Americanos dispôem do melhor trunfo que há no mercado :tecnologias em movimento e empresas inovadoras
Bigodes de Aço
 

por djovarius » 25/9/2003 11:46

Muito bom trabalho mais uma vez do Comentador :)

Aliás, no fim de semana, vou pegar um pouco nesse assunto, na análise do Forex...

É a prova que o fim do sistema de pagamentos "gold-based" causou uma indisciplina grande nas contas norte-americanas, tendo havido um aumento gradual da massa monetária - mais e mais liquidez, que se acentuou com a crise dos anos 70 - estagnaflação e com os défices loucos da Reaganomics. Se o dólar perde mais de metade do valor, os défices aumentaram muito mais ainda, como sabemos. E se nos anos noventa, ainda houve um breve período de contenção, agora voltou o descalabro. Pior só no Japão, onde há muito se cria moeda só "do ar" sem que isso tenha resolvido os problemas estruturais.
E do ponto de vista político, não há sinais de mudança, até o Gen. Clark já sinalizou, ontem mesmo, que vai continuar os gastos actuais, caso seja eleito, mudando apenas o foco da despesa, desviando os cortes de impostos das classes mais altas, transferindo-as para outros programas sociais.

Nada de momento nos mostra uma vontade de mudar um sistema que se enraízou.
Em relação à Europa, as coisas também não são muito diferentes, embora seja evidente um pouco mais de disciplina fiscal e monetária.

Um abraço
dj
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Uma Teoria Estonteante

por Comentador » 25/9/2003 11:11

Como sabem, sou uma pessoa prática. Para mim, as teorias mais complexas e devastadoras devem ser apresentadas de forma simples, clara e aberta. O cenário que vou apresentar a seguir, embora pouco ortodoxo, tem subjacente as técnicas mais adequadas e o bom senso mais elementar. Por isso mesmo, para além de tomarem as devidas precauções, podem levar este tom coloquial à letra e, no final, para conversarmos um pouco, se assim o entenderem.

Ah! E não se admirem de ir contra o que eu próprio escrevi na crónica anterior (…”importante não é de forma nenhuma tentar saber ou descobrir o que vai acontecer no futuro”)! É que há casos em que devemos abrir uma excepção, e avançar com as nossas opiniões, as quais embora sendo meras hipóteses, podem fazer-nos pensar, o que já é uma boa desculpa.

Comecemos, então. Olhando para o USD, cuja evolução irá influenciar grandemente as bolsas em todo o mundo, vamos observar uma situação muito curiosa: a moeda norte-americana passou a ser, após 1944 (ano da criação do sistema de Bretton Woods), a mais utilizada nas transacções internacionais e a mais importante a nível mundial mas, ao mesmo tempo, não tem parado de se desvalorizar progressivamente. Com efeito, analisando as últimas décadas, o US Dollar Index (DX) tem sofrido inúmeras fortes variações, a mais importante das quais foi a descida de 164,7 em 25-02-85 para 78,3 em 09-01-92 (menos 53%),

Em relação ao Marco (DM/$) e ao iene (USD/JPY), de 1970 até 1995, a desvalorização do USD foi de 62% e 72%, respectivamente. De destacar, o período de pouco mais de 2 anos e meio, entre 1985 e finais de 1987, em que houve uma descida do USD de 54%, tanto em relação ao marco como em relação ao iene.

E o USD passou por isto tudo para poder continuar a desempenhar o seu papel de protagonista na cena mundial, caindo muitas vezes e depois levantando-se cada vez mais trôpego e curvado. Dá que pensar!

Só que estamos na altura de, no âmbito da sua actual tendência descendente de médio/longo prazo, perspectivarmos um provável reforço da duração e do nível da correspondente descida, tentando “ver”, no denso nevoeiro, o que “tem” de acontecer, mesmo que pareça um cenário exagerado ou essa eventualidade se nos afigure irrealista.

E é precisamente nesse contexto que alguns economistas internacionais estão a ponderar qual a percentagem necessária de desvalorização do USD (contada a partir de agora!), relativamente às moedas (euro e iene) dos seus maiores parceiros comerciais. E isto para não haver uma desgraça financeira global, motivada pelo aumento crescentemente acelerado do défice das contas externas dos EUA, que já conta com vários triliões no seu saldo.

Realmente, as previsões daqueles técnicos variam, mas praticamente nenhum deles tem dúvidas de que uma descida bastante pronunciada é infalível, com a posição dos optimistas a apontar para cerca de 15-20% de descida do USD, contra os 50% de desvalorização que os mais pessimistas admitem. Claro que esta variação deveria ser o mais lenta possível (dois anos, no mínimo) senão o castelo de cartas poderia cair e o problema tornar-se ainda maior.

Ora, fazendo as contas, o que é que isto dá? Com uma descida intermédia do USD de 30%, relativamente ao euro e ao iene, e considerando por simplificação uma desvalorização de 10% em relação às restantes moedas do cabaz, chegam-se aos seguintes valores: o DX passaria para 71, o EUR/USD para 1,64 e o USD/JPY para 78.

Seriam estes os objectivos a atingir… prevendo um processo controlado e não linear, até para não haver rupturas ou recessão a nível mundial! Se ficaram sem palavras, sempre vos posso dizer que a realidade ultrapassa muitas vezes a ficção, e que economistas do Goldman Sachs e do Deutsche Bank estão entre os que pensam que uma desvalorização do USD entre 40-50% é a mais indicada para reduzir o défice externo dos EUA … para 3,5% do PIB, lá para 2007!!!

O Jim Sinclair apresentou há tempos uma análise do DX, em que, com a quebra do neckline do H&S gigante, ele calculava um target de 72 para esse índice. É simples e brutal. Penso que nem ele acreditava muito nisso, nessa altura. E eu também posso ainda não acreditar o suficiente nesta teoria, embora a ache cada vez mais verosímil, e aquele valor perfeitamente aceitável para um destes próximos anos…

Para não me esquecer, tenho esse número (72) pregado no meu quadro de trabalho, não tanto como um objectivo futuro, mas como um referencial dos tempos complexos em que poderemos estar todos envolvidos.

Eu posso não acreditar muito, mas que existe uma boa probabilidade, lá isso existe…

Um abraço

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