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Caldeirão da Bolsa

Expresso - Boas & Baratas

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Acções menos arriscadas do PSI 20

por carf2007 » 10/9/2010 15:06

http://aeiou.expresso.pt/as-acoes-menos ... 20=f603145

Desde que foi criado o índice de referência nacional no final de 1992, o PSI-20, tem crescido a um ritmo de 5,24% todos os anos. É uma rendibilidade que pode deixar qualquer investidor com "água na boca", no entanto, quem anda nos mercados financeiros arrisca-se a que os seus investimentos corram mal. Uma das formas que o investidor tem para minimizar o seu risco, passa por evitar colocar os ovos todos no mesmo cesto, ou seja, diversificar a sua carteira, sendo que optar pelos títulos que mexem menos no sobe-e-desce bolsista, pode ser uma boa medida. Assim, o Dinheiro foi à procura das ações que mexem menos no índice de referência nacional.

De todas as companhias que compõem o PSI-20, as duas que menos mexem, pertencem ao setor energético, a REN e a EDP. O facto deste setor ser mais defensivo, faz com que as oscilações em bolsa sejam mais pequenas, traduzindo-se até numa volatilidade mais baixa que a média do próprio índice nacional. No entanto, apesar de serem menos voláteis que as demais, também não têm sido das mais rentáveis. Nos últimos três anos, as duas empresas já perderam cerca de 30% do seu valor. No entanto, apesar de os últimos anos terem sido preenchidos com perdas, o futuro pode ser bastante mais risonho.

As ações menos voláteis do PSI-20.
Empresa P/L P/L estimado Taxa dividendo P/VC
REN 12,63x 11,46x 6,25% 1,42
EDP 8,14x 8,42x 5,08% 1,21
Portucel 15,07x 11,96x 3,75% 1,30
Zon Multimédia 26,10x 24,60x 4% 5,23
Semapa 10,87x 12,00x 2,54% 1,05
Fonte Bloomberg. 1 de Setembro de 2010. P/L: rácio preço/lucros de 12 meses por ação; P/VC: rácio preço/valor contabilistico.

Atualmente, as duas empresas apresentam um rácio preço/lucro (P/L) estimado mais baixo do que o do setor. No caso da REN é mesmo metade, o que pode ser indicador de uma boa perspetiva futura, sustentada pelos analistas compilados na agência Bloomberg, já que a grande maioria destes recomendam "comprar", para as duas empresas. Outro fator aliciante, é o facto de ambas as empresas apresentarem uma taxa de dividendo superior a 5%.

No setor do papel, tanto a Portucel como a Semapa estão presentes nas ações menos voláteis do mercado nacional. Apesar de as duas empresas terem perdido valor nos últimos três anos, o rácio preço/lucro estimado que cada um apresenta é cerca de metade do P/L do setor, aliado ao facto de os dividendos estarem acima dos 2,5%, no caso da Semapa, e de 3,75%, no caso da Portucel, o que torna as empresas apeteciveis. Com estes indicadores, dos especialistas presentes na Bloomberg que seguem estas empresas, a esmagadora maioria recomenda "comprar", sendo que as suas estimativas apontam para uma subida do preço acima dos 20% para os próximos 12 meses. De destacar ainda o rácio preço/valor contabilístico da Semapa, que se situa muito perto de 1, tornando o cenário mais favorável à ação.

Em relação à ZON Multimédia, é também das menos voláteis do mercado, mas tem sido das que mais perdeu. Apesar de nos últimos três anos a empresa ter desvalorizado a um ritmo de 70% anualmente, os analistas compilados na Bloomberg estão confiantes numa boa recuperação, e apostam na subida das ações em mais de 30%, para os €4,21. Para isto, contribui o facto de o P/L atual ser mais baixo do que o do setor, e o P/L estimado seguir a mesma tendência de descida, aliado aos dividendos na ordem dos 4%.
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Acçoes na mira

por carf2007 » 10/9/2010 15:03

http://aeiou.expresso.pt/accoes-na-mira=f562821

Em ternos históricos, as acções são os activos mais rentáveis no longo prazo. Porém são também os activos com maior variabilidade no preço, o que as torna arriscadas para os investidores mais avessos ao risco. Aliás, até os investidores com coração para aguentar a volatilidade accionista podem não ter condições para investir de forma avulsa em acções. Há custos a suportar. Por exemplo, se o somatório das comissões de transacção e custódia forem superiores a 2,5 por cento do montante a investir, esqueça. Será preferível comprar um fundo de investimento: é mais barato e menos arriscado devido à diversificação. Sim, investir num só título é por os ovos todos no mesmo cesto, o que não é muito prudente no campo do investimento. É por isso que ao fazer a selecção de acções que se segue, o Carteira.pt elegeu 5 empresas de diferentes sectores para que o portefólio seja minimamente diversificado. Logo, se tiver capacidade e perfil para investir faça-o por atacado. Ou seja, invista no portefólio e não numa empresa em particular. E as eleitas são:

Credit Suisse

P/L n.a. P/L Est. 2010 7,7x P/VC 1,68x Taxa de dividendo 0,21%
Após dois anos difíceis para a banca, com falências, salvamentos governamentais e aumentos de capital, o sector está a voltar ao normal. Segundo os especialistas do Citigroup Global Markets (Citi), o "pior no mercado de crédito ficou para trás" e o ano será bom para quem negoceia obrigações, moedas e matérias-primas. Estas assunções obrigam a olhar para o sector tendo em conta que a capitalização dos bancos será novamente um tema em destaque no ano corrente, devido às mais recentes propostas de Basileia. Quem o fizer encontrará no banco de investimento suíço Credit Suisse uma boa aposta para 2010.
Além de ser o banco de maior dimensão mais recomendado, o Credit Suisse tem outros trunfos para ganhar valor num ano que se adivinha volátil. Segundo os analistas do Citi, "o banco oferece uma mistura de negócios altamente rentável, bom nível de capitalização, oportunidade para ganhar quota de mercado e uma avaliação atractiva". Como dizem os especialistas do banco norte-americano, as receitas da área de emissão, negociação e gestão de dívida, moedas e matérias-primas deverá continuar decrescer em 2010 - menos 16 por cento, estimam os analistas que prevêem quebras entre 15 e 20 por cento para o sector. No entanto, a boa capitalização do banco expressa pelo rácio Tier 1 de 10,9 por cento, a rendibilidade dos capitais próprios estimada para o final de 2010 de 18,5 por cento - 19,9 por cento em 2009 - e o rácio P/L actual e no final deste ano inferior a 8x conferem um preço interessante às acções do banco de investimento suíço.


3M

P/L 16,98x P/L Est. 2010 15,95x P/VC 4,56x Taxa de dividendo 2,56%
A 3M é um conglomerado que reúne negócios do sector da electrónica de consumo, saúde, produtos para a casa e para o escritório, segurança e indústria. Os famosos post-it, os poderosos esfregões Scoth-Brite e as máscaras de protecção profissional como as utilizadas para prevenir o contágio do vírus H1N1 são os produtos mais conhecidos da empresa. No entanto, a 3M é a líder mundial na tecnologia touchscreen e fabricante de vidros para televisores LCD, LED TV, PC e Notebooks. São mais de 50 mil produtos comercializados em todo o mundo e em vários sectores, o que a torna num bom veículo para cavalgar a recuperação económica mundial e o bom momento dos mercados emergentes, uma vez que 25 por cento das vendas são oriundas de países asiáticos e 10 por centro de países da América do Sul.
É uma empresa com características cíclicas, diversificada geográfica e sectorialmente com uma das histórias de crescimento orgânico do momento. A empresa representa uma aposta na recuperação do sector automóvel, que após dois anos em queda deverá registar o primeiro ano de crescimento, na procura de LCD, que deverá crescer 10 a 15 por cento em 2010. A isto soma-se uma gestão de luxo. É uma empresa com um nível de endividamento baixo, paga uma taxa de dividendo de 2,56 por cento e tem uma rendibilidade dos capitais próprios superior a 30 por cento e, apesar de ter um rácio P/VC elevado, a maioria dos analistas que seguem a 3M está optimista. Dos 20 especialistas que acompanham os títulos, apenas um recomenda "vender".

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Semapa

P/L 11,93x P/L Est. 2010 10,99x P/VC 1,06x Taxa de dividendo 2,65%
A Semapa é uma compra consensual entre os analistas nacionais. Por exemplo, para o Millennium Investment Banking, as acções da Semapa poderão mesmo atingir os 13,25 euros no final de 2010, o que lhes confere um potencial de valorização superior a 70 por cento, face à cotação actual.
A Semapa não teve um ano fácil. Até ao terceiro trimestre de 2009, os resultados operacionais da holding liderada por Pedro Queirós Pereira diminuíram 24 por cento em termos homólogos, devido à queda do preço do papel, que influenciou as contas da Portucel que representa 84 por cento do valor da holding, segundo os analistas do Banco BPI, e devido à difícil conjuntura vivida no sector da construção, que afectou o braço cimenteiro da Semapa, a Secil. Porém, os analistas estão convencidos que o futuro será mais risonho para a Semapa.
Segundo os especialistas do Banco BPI, em 2010, os preços do papel deverão subir 24 por cento e mais 7 por cento em 2011. A somar a esta tendência positiva, a Portucel deverá beneficiar de uma maior estabilidade nos preços das matérias-primas e da total capacidade de produção da nova máquina da papel e da entrada num novo mercado, Moçambique. Já na Secil, os mesmos especialistas aguardam uma melhoria dos lucros devido à recuperação do sector e à exposição aos mercados internacionais. A cimenteira quer duplicar a produção na Tunísia até 2012 e atingir uma produção de um milhão de toneladas em Angola já em 2011. Além destes catalisadores, a Semapa pretende consolidar as posições da holding podendo vir a comprar as posições na Portucel e na Secil que ainda não detém, o que face aos preços actuais, deprimidos devido à baixa da actividade económica poderá ser um bom negócio para a holding.


Sonae

P/L 18,12x P/L Est. 2010 19,71x P/VC 1,44x Taxa de dividendo 2,71%
Apesar de ter visto dobrar o valor das suas acções durante 2009, a holding liderada por Paulo Azevedo ainda tem valor para dar aos accionistas. Para os analistas do Banco BPI, que elegeu a empresa como uma das acções preferidas para 2010, os títulos da Sonae têm um potencial de valorização próximo dos 40 por cento. O valor fundamental inferior ao que o mercado lhe atribui, a procura por oportunidades de crescimento fora de Portugal e, em particular, em Angola, a recuperação do mercado imobiliário ao qual está exposta através da Sonae Sierra e o potencial de fusões e aquisições da Sonaecom são alguns dos motivos pelos quais os especialistas do banco nacional recomendam comprar acções da holding, atribuindo-lhes um preço-alvo de 1,25 euros no final de 2010.
Do estrangeiro vem uma opinião ainda mais optimista. Segundo o banco de investimento norte-americano Goldman Sachs, a Sonae como uma das holdings europeias a "ter" em 2010, Segundo o research da instituição, a cotação actual da Sonae está 43 por cento a baixo do valor dos activos da holding, um valor que deverá diminuir caso a empresa simplifique a sua estrutura. Um desinvestimento na área do imobiliário ou uma solução estratégica para a Sonaecom são alguns dos factores que poderão fazer com que o desconto diminua. No documento de análise, o banco diz acreditar que a estratégia de internacionalização da Sonae "será um sucesso" e considera que a companhia vai beneficiar da evolução positiva da inflação.
O ano passado não foi famoso para a Sonae, em particular devido à exposição ao sector do imobiliário. Porém, no sector do retalho, o maior contribuidor para o volume de negócios da empresa, as receitas aumentaram 1 por cento, numa base comparável. O retalho especializado também sofreu ao terminar o ano com um decréscimo de 3 por cento nas vendas mas, em Espanha, as operações registaram "níveis de crescimento numa base comparável promissores", tendo contribuído com 13 por cento do volume de vendas. São os primeiros frutos da internacionalização.


Valero Energy

P/L n.a. P/L Est. 2010 17,37x P/VC 0,65x Taxa de dividendo 3,29%
Os tempos não têm sido fáceis para as empresas norte-americanas de refinação. O aumento da oferta de produtos refinados conjugada com a diminuição da procura provocada pela recessão económica e a diminuição das margens de refinação deprimiram os lucros e a cotação das acções da companhia texana. Mas esta conjugação de factores nefastos pode estar prestes a mudar.
Com a recuperação económica em marcha, a procura de produtos refinados deverá aumentar. As margens de refinação serão favorecidas pela adesão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) aos sour crude benchmarks , um conjunto de novos índices considerados menos destorcidos que o West Texas Intermediate (WTI), uma mudança que poderá ser a chave para a inversão da queda das margens de refinação. Os especialistas dizem que estes índices sofrem menos distorções e limitam as subidas repentinas sem fundamento do preço do crude. Quando tal acontece, as empresas tem dificuldade em repercutir a aumento do preço da matéria-prima nos produtos refinados, o que origina queda das margens.
A Valero Energy é também uma empresa em reestruturação: tem vindo a investir em refinarias de bioetanol através da Valero Renewables e a vender activos não estratégicos. É uma empresa virada para um futuro mais lucrativo, mas com a cotação e os rácios de bolsa agarrados ao passado. Devido à quebra dos lucros, o rácio Preço/Lucros da Valero é elevado face às congéneres, mas a taxa de dividendo robusta e o facto de estar a cotar a um preço equivalente a 65 por cento do valor contabilístico dos seus activos torna-a apetecível.

Fonte: Bloomberg. P/L= preço/lucros dos últimos 12 meses. P/L Est. 2010= P/L estimado no final do ano 2010. P/VC= preço/valor contabilístico dos últimos 12 meses. Taxa de dividendo= dividendos distribuído nos últimos 12 meses. n.a. - não aplicável.
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por Conquistador » 10/9/2010 14:30

Boas,

Apenas para acrescentar que esta estratégia era publicada na "Carteira", excelente revista que infelizmente foi retirada de circulação, passando o seu conteúdo a estar disponivel em "carteira.pt" entretanto englobado no site do expresso.

Cumprimentos,
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por Parabolic » 10/9/2010 13:46

Essa noticia tem 3 semanas. Veio no expresso de 29/08.
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por LTCM » 10/9/2010 13:34

Txuky Escreveu:Bastante interessante este artigo...nao conhecia!!
Onde podemos acompanhar esta gestao do "boas e Baratas"?



Estratégia ganha 111% em 3 anos
Embora os últimos três anos não tenham sido exemplares para os investidores bolsistas, a estratégia das Boas & Baratas conseguiu acumular uma rendibilidade de 110,69% desde Agosto de 2003, quando foi lançada. Esse registo reflete um avanço anual médio de 11,27% das ações eleitas anualmente entre agosto e setembro, mais do dobro do desempenho médio dos títulos europeus (5,21% por ano) e muito além da performance das ações norte-americanas (0,78%). Mesmo frente ao universo da gestão de activos, as Boas & Baratas fazem boa figura. Em média, os fundos de investimento comercializados em Portugal renderam anualmente 3,49% por ano desde o final de Agosto de 2003. Contam-se pelos dedos os produtos que renderam mais do que as Boas & Baratas nos últimos sete anos. O destaque é dos fundos que investem na América Latina. O BPI Brasil, por exemplo, acumulou 17,10% por ano. As ações selecionadas no ano passado avançaram apenas ligeiramente (+0,18%). A Norfolk Southern (37,46%), a EADS (23,76%) e a Obrascon Huarte (12,98%) foram as que mais escalaram, embora a Raytheon (7,58%), a Telefónica (4,24%) e a Petrobras (0,91%) também tenham ajudado. A Mota-Engil (-34,09%), a EDP (-15,89%) e a Gas Natural SDG (-15,07%) foram as que mais desvalorizaram, seguidas de perto pela Sonae Indústria (-9,71%), pelo Banco Santander (-9,20%) e pela Sonae SGPS (-0,83%).


http://aeiou.expresso.pt/acoes-boas--baratas=f601640
Remember the Golden Rule: Those who have the gold make the rules.
***
"A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê, (...) é serviço de Portugal. E tem que se cumprir."
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por Txuky » 10/9/2010 10:21

Bastante interessante este artigo...nao conhecia!!
Onde podemos acompanhar esta gestao do "boas e Baratas"?
 
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Expresso - Boas & Baratas

por carf2007 » 10/9/2010 8:50

http://aeiou.expresso.pt/acoes-boas--baratas=f601640

O regresso de férias é uma altura propícia a investir na Bolsa: a cabeça está fresca e aberta a novas propostas e, se tudo correu bem, sobrou algum dinheiro do subsídio de veraneante que pode ser usado para reforçar uma carteira de investimentos. Porém, quando se pensa em investir na Bolsa, uma dúvida persiste: "Devo seguir a opinião dos analistas e especialistas do mercado ou seguir a minha intuição?" Um dos principais riscos de eleger ações para uma carteira é que as decisões estão demasiado expostas às emoções. Os investidores tendem a "apaixonar-se" por alguns títulos ou sectores, sem razão para tal. Muitas vezes, os portefólios acabam por ser arrastados para o fundo por causa de uma ação mais sexy. Felizmente, é possível retirar qualquer tipo de subjetividade da escolha de ações. Basta confiar nos números. É o que as Boas & Baratas - uma estratégia automática de seleção de ações -têm feito desde 2003. Os resultados da tática quantitativa surpreendem: um ganho anual de 11,27% nos últimos sete anos, bastante acima das soluções alternativas.

As Boas & Baratas permitem que seja um investidor frio e calculista. Munido apenas dos mapas contabilísticos das sociedades cotadas e de uma calculadora ou papel e lápis, pode replicar esta estratégia, riscando as emoções da sua carteira de ativos. Antes de começar saiba que as ações eleitas para este artigo foram selecionadas junto das Bolsas mais acessíveis aos investidores nacionais: Lisboa, Madrid, Paris, Amesterdão, Bruxelas, Frankfurt, Londres e Nova Iorque. Contudo, a escolha cingiu-se aos títulos que compõem os índices mais restritos, por exemplo, o PSI-20 em Portugal e o Standard & Poors 100 nos Estados Unidos da América. O universo do qual foram retiradas as Boas & Baratas contava com 368 ações.
Boas: procure firmas que crescem

O Santo Graal do investimento acionista são os lucros. Todavia, ainda melhor do que uma firma que apresenta lucros é vê-los a crescer. É por isso que a primeira regra do modelo das Boas & Baratas é encontrar empresas que apresentam crescimentos elevados dos lucros. Mais tarde ou mais cedo, esses resultados líquidos serão convertidos em dividendos, a principal remuneração dos acionistas. Nesta pesquisa procura-se as companhias que registaram crescimentos anuais dos lucros superiores a 10% nos últimos cinco anos. Porém, é natural que o forte crescimento dos resultados tenha reflexos no preço das ações. Para evitar adquirir ações sobrevalorizadas impõe-se que o preço dos títulos não possa ultrapassar o equivalente a 12 vezes o lucro por ação obtido ao longo do último ano. Esta condição é o mesmo que impedir a compra de ações de empresas com rácio preço-lucros superior a 12, quando a médio do mercado é de 27. O rácio preço-lucros (conhecido na terminologia inglesa por PER ou P/E) é um dos mais populares entre os investidores. Os dois critérios impostos - crescimento anual dos lucros superior a 10% e preço-lucros inferior a 12 - permitem encontrar quatro 'boas' ações: a mineira norte-americana Freeport-McMoRan Copper & Gold, o banco de investimento Goldman Sachs e as construtoras Mota-Engil e Obrascon Huarte Lain, de Portugal e Espanha, respetivamente.

Baratas: Compre abaixo do valor justo

Quanto está disposto a pagar por uma sociedade que irá vender aos pedaços? É essa a pergunta que deve responder para encontrar firmas baratas. Se Belmiro de Azevedo o deixasse lançar com sucesso uma oferta pública de aquisição sobre a Sonae Indústria, bastava que tivesse 314 milhões de euros, um valor que ultrapassa ligeiramente a capitalização bolsista da firma (140 milhões de ações a €2,24, ou seja, 313,6 milhões de euros). Depois de a controlar, poderia exigir dos clientes cerca de 202 milhões de euros, segundo o balanço a 30 de junho, mas teria de pagar 490 milhões aos fornecedores, aos bancos e a outros credores de curto prazo. Se tiver tempo, ainda consegue vender os contraplacados e outros derivados de madeira que estão nos armazéns (que valem cerca de 144 milhões de euros), recupera algumas dívidas (39 milhões de euros) e vende as fábricas e equipamento (1023 milhões de euros), a que junta o dinheiro que está no banco (cerca de 20 milhões de euros). No final, por algo que lhe custou menos de 314 milhões de euros recebeu 938 milhões. Há melhor desconto? Obviamente, esta lógica é muito simplista. Há outros elementos do balanço importantes, como as dívidas de longo prazo. No espírito da tática das Boas & Baratas, uma ação é barata se a sua margem de manobra - que resulta da soma do ativo circulante e das imobilizações corpóreas menos os passivos circulantes - for superior à capitalização bolsista da empresa, que é o valor de mercado de todas as suas ações. Foi assim que se encontraram os títulos da construtora espanhola Ferrovial e das portuguesas REN, Sonae e Sonae Indústria.

Boas e Baratas: o melhor de dois mundos

Ao aliar as regras para encontrar as 'boas' ações - um forte crescimento dos lucros e um rácio preço- lucros baixo - e o modelo para serem 'baratas' - uma margem de manobra superior ao valor de mercado -, descobre-se quatro ações Boas & Baratas: a elétrica inglesa International Power, a norte-americana Ford Motor, a gasífera espanhola Enagás e portuguesa EDP. Antes de ligar ao seu intermediário financeiro, há algumas coisas que deve saber. Para começar, as Boas & Baratas compram-se à dúzia, isto é, as oito ações indicadas atrás também fazem parte da estratégia. Depois, não se esqueça que as ações são ativos voláteis: o risco envolvido é elevado. Além disso, há custos envolvidos na compra, venda e manutenção de ações, incluindo os impostos sobre as potenciais mais-valias. É por isso que se recomenda que invista pelo menos €2500 em cada título de cada vez, o que significa que precisa de 30 mil euros para replicar com sucesso a estratégia das Boas & Baratas. Só investindo mais de €2500 de cada vez é que consegue diluir todos os custos envolvidos nas operações.

Estratégia ganha 111% em 3 anos
Embora os últimos três anos não tenham sido exemplares para os investidores bolsistas, a estratégia das Boas & Baratas conseguiu acumular uma rendibilidade de 110,69% desde Agosto de 2003, quando foi lançada. Esse registo reflete um avanço anual médio de 11,27% das ações eleitas anualmente entre agosto e setembro, mais do dobro do desempenho médio dos títulos europeus (5,21% por ano) e muito além da performance das ações norte-americanas (0,78%). Mesmo frente ao universo da gestão de activos, as Boas & Baratas fazem boa figura. Em média, os fundos de investimento comercializados em Portugal renderam anualmente 3,49% por ano desde o final de Agosto de 2003. Contam-se pelos dedos os produtos que renderam mais do que as Boas & Baratas nos últimos sete anos. O destaque é dos fundos que investem na América Latina. O BPI Brasil, por exemplo, acumulou 17,10% por ano. As ações selecionadas no ano passado avançaram apenas ligeiramente (+0,18%). A Norfolk Southern (37,46%), a EADS (23,76%) e a Obrascon Huarte (12,98%) foram as que mais escalaram, embora a Raytheon (7,58%), a Telefónica (4,24%) e a Petrobras (0,91%) também tenham ajudado. A Mota-Engil (-34,09%), a EDP (-15,89%) e a Gas Natural SDG (-15,07%) foram as que mais desvalorizaram, seguidas de perto pela Sonae Indústria (-9,71%), pelo Banco Santander (-9,20%) e pela Sonae SGPS (-0,83%).
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