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Caldeirão da Bolsa

Acções e Opções?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Quero_ser_Rico » 12/5/2010 2:51

Desde já o meu obrigado o todos os que ajudaram ao esclarecimento...

Estou elucidado.

Obrigado.

Bons negócios.
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por kpt » 11/5/2010 17:43

Vou tentar esclarecer um pouco esta questão.

As opções podem e são utilizadas essencialmente com dois objectivos. Um deles é o objectivo de especular na tendência de um determinado activo dentro de um certo período de tempo. Outro é o objectivo de cobrir o risco de determinado activo que já se possui durante, igualmente, um determinado período de tempo.

Tal como os futuros, CFDs e outros derivados, as opções são não só instrumentos de especulação mas também de cobertura de risco.

Ora, analisemos a utilização de opções para fins especulativos:

Cenário 1: O investidor tem a expectativa de que, por exemplo, o BES vai descer até aos 1,5€ até ao final do ano. A forma de poder ganhar dinheiro com a descida do BES através de opções poderá passar, nomeadamente, pela compra de uma LONG PUT. LONG PUT significa comprar o direito mas não a obrigação de vender determinado activo a um preço pré-acordado (o chamado preço de exercício da opção) numa data futura.

Portanto, para estes efeitos o investidor vai adquirir uma LONG PUT sobre o BES ao preço de exercício de 3,5€ (imaginemos que é a cotação de hoje). A maturidade da opção é a 31-12-2009. Numa opção LONG o adquirente tem que pagar um prémio (o montante do prémio varia consoante o preço de exercício que se quer, da maturidade da opção, entre outros factores). Imaginemos que o prémio é de 0,2€.

Suponhamos, então, que a 31-12-2009 a cotação do BES é de 1,70€, ou seja, não chegou ao valor que o investidor estimava mas andou lá muito perto. O investidor, tendo comprado o direito de vender as acções do BES por 3,5€ vai naturalmente exercer esse direito, isto é, vai vender acções do BES a 3,5€, uma vez que a cotação é muito mais baixa. Tendo presente que o investidor quis apenas especular com a descida do BES, tal significa que ele ainda não possuía acções do BES em carteira. Desta forma, para ele vender as acções do BES a 3,5€ vai ter que ir primeiro ao mercado e compra-las a 1,70€. Facilmente se percebe que o investidor fez uma boa aposta e que obteve um ganho na operação de 1,6€ (3,5€ do preço de venda - 1,70€ do preço de compra - 0,2€ do prémio pago).

Percebemos também que o risco do investidor está à partida limitado ao valor do prémio pago pois, como referi, o investidor tem o direito de vender mas não a obrigação. O investidor só venderá se tal lhe for benéfico, pelo que nunca irá incorrer em maiores perdas do que aquela que corresponde ao prémio pago à cabeça.

Agora, para fins de cobertura de risco:

Cenário 2: O investidor detém acções do BES e pretende cobrir o risco de perda mas não quer limitar a rentabilidade possível. Imaginando que o investidor comprou acções do BES a 4€, ele poderá, de forma a cobrir o risco pelo menos parcialmente, adquirir uma LONG PUT sobre o BES, por exemplo, ao preço de exercício de 3,5€. Ou seja, o investidor compra o direito de vender o BES a 3,5€, pelo que fica salvaguardado de que este será sempre o seu valor mínimo de venda. Basicamente a perda máxima nas acções do BES será de 0,7€ (4€ - 3,5€ - 0,2€). Se não tivesse efectuado a cobertura de risco a perda máxima poderia chegar a 4€ (preço de compra).

Suponhamos, de novo, que a cotação de mercado do BES a 31-12-2009 é de 1,70€. O investidor poderá então exercer o seu direito e vender as acções do BES a 3,5€ ao invés dos 1,70€ que o mercado oferece. Conclui-se que o investidor conseguiu cobrir, de forma parcial, o risco associado à detenção das acções do BES, uma vez que assegurou que as mesmas nunca seriam vendidas por um preço inferior a 3,5€

Pelo contrário, se o BES a 31-12-2009 estivesse a 5€, o investidor certamente não iria exercer o direito de vender as acções a 3,5€ pois conseguia ir facilmente ao mercado vendê-las por 5€.

Neste cenário de cobertura de risco percebe-se que as opções são um bom instrumento para esse efeito, na medida em que não só cobre o risco de perda como também deixa em aberto a possibilidade de aproveitar toda a valorização possível. Neste caso cobrir o risco não significa limitar o ganho potencial, muito pelo contrário, é possível aproveitar todo esse ganho potencial, descontando, obviamente o prémio que se tem que pagar e que diminui ligeiramente o ganho potencial mas penso que isso é totalmente assessório.

Quero apenas salientar que as operações SHORT CALL ou SHORT PUT, ao contrário das LONG CALL e LONG PUT, são, como já disse, muito mais arriscadas, pois, embora recebas o prémio (em vez de pagar), ficas sujeito a ser obrigado a comprar ou vender um determinado activo a um preço claramente desfavorável. Note-se que o prémio da opção é o único ganho possível quando estamos numa operação SHORT. O ganho é à partida determinado e limitado mas a perda é ilimitada e até mesmo exponencial em certos casos.

Dou apenas um exemplo. Imagina que “compras” uma SHORT CALL sobre o BES ao preço de exercício de 3,5€ e que recebes o prémio de 0,2€ (que é o teu único ganho na operação).

Se a cotação do BES a 31-12-2009 for de 6€, a contraparte (o LONG CALL) vai certamente exercer a opção de comprar BES a 3,5€ e tu, como SHORT CALL, vais ter a obrigação de vende-lhe BES a 3,5€.

Ora, vais ter que ir ao mercado comprar as acções por 6€ e a seguir vender-lhe por 3,5€. A tua perda na operação é de 2,3€ (6€ - 3,5€ - 0,2€).

Por outro lado, caso BES esteja em 31-12-2009 a cotar nos 1,5€, a contraparte da opção (LONG CALL) não vai de certeza exercer a mesma pois o mercado permite-lhe comprar BES a um preço muito mais baixo do que o preço permitido pela opção. Neste caso não perdes nada pois não vais ter que lhe vender as acções por um preço desfavorável, sendo que o teu ganho na operação foi de apenas 0,2€ que corresponde ao prémio pago ao inicio.

Espero ter esclarecido como funciona isto.
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Re: Acções e Opções?

por Elgenedy » 11/5/2010 17:04

Quero_ser_Rico Escreveu:
LTCM Escreveu:
Quero_ser_Rico Escreveu:Ora viva Foristas,

Tenho um dúvida em relação à minha ultima leitura.
Ao ler o Ganhar em Bolsa li um pouco sobre o que são opções, sendo assim será que associando o investimento conjunto em opções e acções (tendo em conta que as rendibilidades do conjunto é inferior aos restantes casos) é de menor risco que apenas em acções ou opções?
O acesso a opções é o mesmo que ao das acções?

Obrigado.

Bons negócios.


As opções são um produto derivado complexo não indicado, em especial, para os iniciados.


Para mim, ainda até as "simples" acções são complicadas visto não dominar bem a matéria. Para isso é que ando a estudar.

Mas o que achei atraente foi no livro referir que as acções conjugadas com as opções poderiam fazer diminuir o risco do investimento, mas ao mesmo tempo diminuia tambem a rendibilidade.

Gostaria de ler a opinião dos entendidos na matéria.

Obrigado.

Bons negócios.


Boas,

Risco e rendibilidade estão sempre ligados. Quanto maior o risco maior a rendibilidade possível (também maior a perda possível).

Conjugando as duas situações, através de exemplos:

Imagina que tens a Brisa a 5,16€ hoje e que resolves comprar. Mas queres proteger-te de uma possível descida. Então compras uma opção de venda da brisa, por exemplo de 6€ (strike price). E esta opção, custa-te por exemplo 0,80€(prémio). Tu no conjunto, pagaste 5,96€ e sabes que vais ganhar no final 6€, ou seja, lucro de 0,04€. Fixaste o reu rendimento, e "eliminaste" o risco.

Agora, se a Brisa descer para 1€, tu continuas a ganhar os teus 0,04€.

Por outro lado, se a Brisa, por qualquer motivo subir para os 7€, não exerces a tua opção (ie, não vendes a 6, e vais ao mercado vender a 7). Mas como inicialmente pagaste um prémio de 0,8€, o teu lucro seria 7 - 5,16 - 0,80 = 1,04 (em vez de 1,84€ que terias ganho sem a cobertura)

Nesse sentido reduzes o risco, e como tal, reduzes também a rendibilidade.

Deu para perceber a ideia, ou fui muito confuso?

Abraço,

Elgenedy
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Re: Acções e Opções?

por Quero_ser_Rico » 11/5/2010 16:11

LTCM Escreveu:
Quero_ser_Rico Escreveu:Ora viva Foristas,

Tenho um dúvida em relação à minha ultima leitura.
Ao ler o Ganhar em Bolsa li um pouco sobre o que são opções, sendo assim será que associando o investimento conjunto em opções e acções (tendo em conta que as rendibilidades do conjunto é inferior aos restantes casos) é de menor risco que apenas em acções ou opções?
O acesso a opções é o mesmo que ao das acções?

Obrigado.

Bons negócios.


As opções são um produto derivado complexo não indicado, em especial, para os iniciados.


Para mim, ainda até as "simples" acções são complicadas visto não dominar bem a matéria. Para isso é que ando a estudar.

Mas o que achei atraente foi no livro referir que as acções conjugadas com as opções poderiam fazer diminuir o risco do investimento, mas ao mesmo tempo diminuia tambem a rendibilidade.

Gostaria de ler a opinião dos entendidos na matéria.

Obrigado.

Bons negócios.
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Re: Acções e Opções?

por kpt » 11/5/2010 12:06

Quero_ser_Rico Escreveu:Ora viva Foristas,

Tenho um dúvida em relação à minha ultima leitura.
Ao ler o Ganhar em Bolsa li um pouco sobre o que são opções, sendo assim será que associando o investimento conjunto em opções e acções (tendo em conta que as rendibilidades do conjunto é inferior aos restantes casos) é de menor risco que apenas em acções ou opções?
O acesso a opções é o mesmo que ao das acções?

Obrigado.

Bons negócios.


O que queres dizer com o "acesso é o mesmo"? Se falas em termos de facilidade de negociar opções há claramente uma diferença. As opções não estão tão disponíveis quanto as acções, não basta abrir um streaming comum e negociá-las.

A liquidez das mesmas também não será tão ampla quanto a das próprias acções, obviamente.
O risco depende essencialmente da operação, nomeadamente se é uma long ou short (independentemente de ser call ou put). Uma short call ou short put terá sempre maior risco do que uma long call ou long put.

Nas operações longs pagas apenas o prémio e o teu risco encontra-se limitado ao montante do prémio. Se perderes, no máximo só perdes o prémio, logo o teu risco está à partida limitado. No caso das shorts recebes o prémio mas ficas com todo o risco de mercado do teu lado, podendo a perda ser infinita. Por exemplo, fazes uma short call do BCP a um preço de exercício de 1€. Tal significa que vendes o direito de comprar BCP a 1€. Caso a acção, no momento do exercício da opção, esteja a cotar a 2€, a opção vai ser exercida e tu vais ter que vender obrigatoriamente BCP por 1€.

Ora, admitindo que a tua posição era de especulação e que ainda não detinhas BCP em carteira, ao venderes BCP a 1€ e estando a cotar a 2€, vais ter que ir ao mercado comprar a 2€ para a seguir vende-las por 1€ à contraparte da operação.
Recebeste o prémio mas perdeste 1€ (2€ - 1€) por cada acção vendida. Neste caso a perda pode ser infinita. O BCP tanto podia estar a cotar a 2€ como a 100€ ou a 1000€.

Para quem não quiser arriscar muito as opções são essencialmente boas para long calls ou long puts.

Portanto, apesar de ser um produto financeiro complexo (como se gosta muito de chamar agora), o risco até pode ser bastante menor do que qualquer produto simples como as acções.
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Re: Acções e Opções?

por LTCM » 11/5/2010 11:20

Quero_ser_Rico Escreveu:Ora viva Foristas,

Tenho um dúvida em relação à minha ultima leitura.
Ao ler o Ganhar em Bolsa li um pouco sobre o que são opções, sendo assim será que associando o investimento conjunto em opções e acções (tendo em conta que as rendibilidades do conjunto é inferior aos restantes casos) é de menor risco que apenas em acções ou opções?
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Acções e Opções?

por Quero_ser_Rico » 11/5/2010 10:03

Ora viva Foristas,

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Ao ler o Ganhar em Bolsa li um pouco sobre o que são opções, sendo assim será que associando o investimento conjunto em opções e acções (tendo em conta que as rendibilidades do conjunto é inferior aos restantes casos) é de menor risco que apenas em acções ou opções?
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