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Caldeirão da Bolsa

Off-Topic-Morreu Presidente da Guiné Nino Vieira

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por Açor3 » 10/3/2009 15:59

Guiné-Bissau: "Nino" Vieira sepultado às 14h00m em Bissau
10 de Março de 2009, 14:31

Bissau, 10 Mar (Lusa) - O Presidente guineense, João Bernardo "Nino" Vieira, foi sepultado às 14:00 em Bissau (mesma hora em Lisboa), após a realização de um culto católico.

Antes de "Nino" Vieira ser sepultado no cemitério municipal de Bissau, foi realizado um rito das exéquias sem missa, uma cerimónia religiosa de despedida celebrada por um padre católico.

Segundo fonte religiosa, o Presidente guineense era baptizado.

A mulher de "Nino" Vieira não compareceu ao funeral do marido, bem como doze dos filhos do Chefe de Estado que hoje viajaram de Dacar para Bissau num avião militar senegalês.

Assistiram ao funeral membros do Governo guineense, diplomatas acreditados na capital do país, o núncio apostólico para vários países da África Ocidental, Luis Mariano Montemayor, o bispo de Bissau, D. José Câmnate Na Bissign, e elementos das delegações estrangeiras presentes para as cerimónias fúnebres de "Nino" Vieira.

Não foi observado nenhum Chefe de Estado estrangeiro no funeral do Presidente da Guiné-Bissau.

Antes do funeral, o corpo do Presidente da República esteve em câmara ardente, guardado por quatro elementos da Polícia Militar, de onde partiu em cortejo para o cemitério, ao longo de mais de uma hora, atrasando ainda mais a cerimónia.

Ainda no edifício do parlamento, no discurso em memória de "Nino" Vieira, o Presidente interino guineense, Raimundo Pereira, considerou que o assassínio do chefe de Estado, bem como do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, general Tagmé Na Waié, representam "uma afronta às instituições da República".

O Presidente guineense foi assassinado a 02 de Março durante um ataque à sua residência, levado a cabo por militares, horas depois do atentado à bomba que matou o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagmé Na Waié, cujo funeral se realizou no domingo.

MSE/HB/VM.

Lusa/fim
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por Açor3 » 10/3/2009 11:40

Guiné-Bissau: à espera das cerimónias fúnebres
Movimento no parlamento intenso para o adeus a «Nino» Vieira

Por: Redacção /PP | 10-03-2009 10: 09
O movimento no Parlamento da Guiné-Bissau é intenso, com a chegada de vários elementos do Governo guineense e de representantes da comunidade internacional para assistirem às cerimónias fúnebres do Presidente «Nino» Vieira, escreve a Lusa.

Centenas de populares estão a concentrar-se nos passeios que ladeiam o Palácio Colinas de Boé, a situação está serena.

A zona tem alguma segurança mas não há uma presença massiva de polícias, que se concentram mais na área do perímetro do parlamento.

Corpo de Nino Vieira chega ao Parlamento

Desde as 07:00 que não há circulação de veículos automóveis nas principais vias e centros da cidade de Bissau, estando apenas autorizados veículos com livre-trânsito.

Ao parlamento guineense já chegou a primeira-dama, Isabel Vieira, vestida de preto e com um turbante na cabeça.

A primeira-dama, que apareceu pela primeira vez, desde a morte do Presidente guineense em público, quando o corpo de «Nino» Vieira foi para o Parlamento na segunda-feira à noite, chegou acompanhada pela ministra dos Negócios Estrangeiros, Adiato Nandigna.

Políticos em peso

No Palácio Colinas de Boé estão também o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, e o ministro da Defesa, Artur Silva, bem como o representante do secretário-geral da ONU, Joseph Mutaboba, o chefe da missão da União Europeia para a reforma do sector de defesa e segurança, general Verastegui, a mulher do antigo Presidente guineense Kumba Ialá, Elisabete Ialá, e o antigo presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá.

Dezenas de militares de todos os ramos das Forças Armadas entraram também no Palácio Colinas de Boé para prestarem uma última homenagem a João Bernardo «Nino» Vieira.

Estão também no Palácio Colinas de Boé representantes de algumas delegações, nomeadamente de Angola, liderada pelo vice-presidente do Parlamento angolano, João Lourenço, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação português, João Gomes Cravinho, que lidera também a representação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Chefes de Estado ausentes

No parlamento guineense não são visíveis quaisquer chefes de Estado, tendo a Guiné-Conacri feito representar-se pelo seu primeiro-ministro e Cabo Verde pelo embaixador em Dakar.

O antigo Presidente guineense Henrique Rosa e o ex-chefe de Estado são-tomense Miguel Trovoada também marcam presença no parlamento da Guiné-Bissau.

A representar a Igreja Católica estão o Núncio Apostólico da Guiné-Bisau, Luis Mariano Montemayor, e o bispo de Bissau, José Câmnate na Bissign.

No parlamento entraram também a selecção nacional de futebol, equipada de vermelho, verde e amarelo, e a federação nacional de ténis, também equipada, com a equipa feminina de branco e a masculina de preto com um lenço vermelho no pescoço.

Os 20 filhos de Nino Vieira

Entretanto, fonte da comissão que organiza as cerimónias fúnebres de «Nino» Vieira disse à Agência Lusa que são esperados 20 filhos de Nino Vieira, provenientes de vários países, que devem chegar de Dakar cerca das 10:00.

Os filhos de «Nino» Vieira deverão chegar acompanhados por um ministro senegalês. Na rua estão dois autocarros do Ministério da Defesa prontos para transportar os embaixadores na Guiné-Bissau e os membros do Governo.

«Nino» Vieira foi assassinado a semana passada durante um ataque à sua residência levado a cabo por militares, horas depois do atentado à bomba que matou o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas guineense (CEMGFA), Tagmé Na Waié, cujo funeral se realizou domingo.

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por Açor3 » 10/3/2009 9:12

Nino Vieira é sepultado esta terça-feira
00h30m
Uma urna importada do Senegal baixa esta segunda-feira à terra, última morada de João Bernardo Vieira, no mesmo cemitério onde este domingo foi sepultado o general Baptista Tagmé na Waié. Nenhum chefe de Estado havia confirmado, esta segunda-feira, a presença no funeral do presidente da Guiné-Bissau, desde ontem em câmara ardente no Palácio Colinas de Boé, sede do Parlamento.

Perspectivava-se, apenas, a presença do presidente do vizinho Senegal, Abdoulaye Wade, sendo que Portugal se faz representar pelo secretário de Estado da Cooperação, João Gomes Cravinho, no âmbito de uma delegação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) de que fazem parte, entre outros, Miguel Trovoada (ex-presidente de S. Tomé e Príncipe), e Mari Alkatiri (ex-primeiro-ministro de Timor-Leste). Entre os países representados no funeral contam-se a África do Sul, Estados Unidos, Cuba, Reino Unido, Índia, Itália, Japão, Holanda, Alemanha e Venezuela.

Bissau continua a viver com a possível naturalidade após as mortes do chefe do Estado Maior das Forças Armadas e do presidente, na medida em que era sabido, de certo modo, que uma levaria a outra.

Claro que têm sido tomadas medidas de segurança, mas mais para evitar confusões como a que se registou anteontem. "Não queremos que se repitam cenas como as que aconteceram no dia do funeral do general Tagmé na Waié, em que muitos convidados foram empurrados quando entravam no cemitério", disse o coronel Armando Nhaga, comissário-adjunto da Polícia de Ordem Pública, que descreveu os preparativos de segurança.

Segundo fonte do comité que coordena as Forças Armadas guineenses, desde a morte de Tagmé na Waié, haverá uma parada militar nas cerimónias fúnebres de Nino Vieira, o cortejo será acompanhado pelos soldados e serão disparadas salvas de tiros em honra daquele que era, por inerência do cargo, o Comandante em Chefe das Forças Armadas.

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por Açor3 » 9/3/2009 17:56

Guiné-Bissau: Ainda nenhum chefe de Estado confirmou presença no funeral de "Nino" Vieira
09 de Março de 2009, 14:52

Bissau, 09 Mar (Lusa) - o Presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, poderá ser o único chefe de Estado presente no funeral de João Bernardo "Nino" Vieira, terça-feira em Bissau, segundo uma lista divulgada pelo Protocolo guineense.

No entanto, Abdoulaye Wade ainda não confirmou oficialmente a sua presença em Bissau, onde já se encontram alguns representantes dos 27 países países e organizações internacionais que participam nas cerimónias.

Portugal, que preside à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), estará representado pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, João Gomes Cravinho.

A delegação da CPLP inclui ainda o ex-Presidente de São Tomé e Príncipe Miguel Trovoada, que desempenha actualmente o cargo de secretário-executivo do Golfo da Guiné, o ministro da Justiça são-tomense, Justino Veiga, o ex-primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri, e os embaixadores do Brasil e da Guiné-Bissau junto da organização, Lauro Moreira e Apolinário Carvalho, respectivamente.

O secretário da representação permanente do Brasil junto da CPLP, Renato Menezes, e o embaixador de Cabo Verde residente em Dacar, Raul Vera Cruz Barbosa, completam a delegação da organização.

O representante de Moçambique não foi ainda divulgado.

Outros países representados são a África do Sul, Estados Unidos, Cuba, Reino Unido, Índia, Itália, Japão, Holanda, Alemanha e Venezuela.

A vizinha Guiné-Conacri será representada por uma delegação liderada pelo primeiro-ministro Kabine Komará, enquanto a Gâmbia envia quatro ministros e o Vaticano se faz representar pelo Núncio Apostólico residente em Dacar, .

A União Africana envia a Comissária para os Assuntos Políticos, Iulia Joiner, e o Conselheiro Jurídico Principal dos Direitos Humanos, Chasi Bkari, e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a União Monetária da África Ocidental (UEMOA) também se farão representar.

Fora da lista distribuída pelo Protocolo guineense, mas com indicação desde domingo de que estariam presentes figuram o primeiro vice-presidente do parlamento angolano, Manuel Gonçalves Lourenço, e ainda a França e a China, que deverão ser representados pelos embaixadores residentes em Bissau.

MSE/EL.

Lusa/Fim
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por Açor3 » 8/3/2009 10:07

Guiné-Bissau: O país depois de Nino Vieira
Com a morte de Nino e de Waie, poderá desaparecer também o ciclo de violência na Guiné
00h30m
ELMANO MADAIL, MADAIL@JN.PT
No início desta semana, o sobressalto regressou à Guiné-Bissau, um país faminto de paz - e de quase tudo o resto, aliás, figurando entre os dez estados mais pobres do planeta - com o atentado bombista que vitimou, em plena madrugada, o chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas, Tagmé Na Waié.

À morte do general, que foi ontem a enterrar, seguiu-se o brutal assassinato, horas depois, do presidente da República, João Bernardo ("Nino") Vieira, que deverá ser sepultado depois de amanhã. Com o funeral dos dois homens, os observadores internacionais esperam que seja enterrado, também, o macabro ciclo de violência, assinalado por vários golpes e contragolpes de Estado, que tem devastado aquele país da África Ocidental ainda antes de obter a independência de Portugal, alcançada em 1974. Após uma guerra de libertação que durou dez anos e considerada, pelos veteranos portugueses, como a mais dura daquelas que travaram no Ultramar.

Das várias questões cuja resposta urge encontrar no meio do caos - e a principal será a das causas do morticínio mais recente -, avulta o futuro do país ele próprio. Será a Guiné-Bissau, actualmente reconhecido como um Estado falhado - isto é, no qual as instituições estão de tal modo fragilizadas que perderam já o monopólio legítimo do uso da força e a capacidade do controlo territorial -, capaz de se converter num país viável? E quais serão as condições para que esse futuro de estabilidade pacífica venha a ser uma realidade? E que papel poderá desempenhar, nesse processo, a denominada comunidade internacional?

Os contornos dos homicídios são agora mais claros, e impressionantes. Pelas 19.30 horas de domingo, Bissau foi sacudida pela deflagração de uma bomba, de fabrico tailandês e accionada por telemóvel, que matou o chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas, Tagmé Na Waie, e destruiu o quartel-general. A bomba teria sido adquirida na Guiné Conacri por militares próximos do presidente da República, Nino Vieira, quando aquele visitou o país vizinho, no mês passado, para solicitar, à Junta Militar que tomou o poder em Dezembro de 2008, a libertação de Ousame Conté. O filho do antigo presidente está detido por envolvimento no narcotráfico que assola a região.

Com as ruas da cidade ocupadas pelos militares, por volta das 4 da madrugada um grupo de soldados toma de assalto a residência privada de Nino Vieira, com o apoio de um comando oriundo de Mansoa - a cerca de 80 quilómetros de Bissau -, liderado pelo actual porta-voz dos militares, José Zamora Induta, vice-chefe do Estado-Maior da Armada. A segurança presidencial não impediu o disparo de rocket nem a rajada de G-3 que abateu Nino, atingido no rosto e no peito. A autópsia confirmaria o requinte da execução: já cadáver, Nino foi espancado, primeiro, e brutalmente golpeado com catanas enraivecidas, depois, pelos algozes que - deixando a primeira dama, Isabel Vieira, refugiar-se na embaixada de Angola -, passaram ao saque da casa. Selvajeria só explicável pelo ódio profundo que alimentou tensões até ao desfecho anunciado pelo próprio Waie: "Se eu morrer, o presidente também morre". Assim foi.

Na busca de causas para o massacre, os analistas evocam as rivalidade antigas entre os dois homens, jamais resolvidas e com laivos étnicos. "Eram arqui-inimigos há muito", diz Patrícia Magalhães Ferreira, do Instituto de Estudos Estratégicos Internacionais (IEEI), recordando que a animosidade "já vinha do tempo do golpe de Estado de Ansumane Mané, em 1999, que tinha por aliados, na altura, Tagmé Na Waie e Zamora Induta". Embora associado ao tráfico de armas - Nino demitiu Mané da chefia de Estado-Maior, acusando-o de permitir o tráfico de armas para os rebeldes do Senegal, gerando motins no Exército -, o golpe terá sido, outrossim, a tentativa de afirmação política dos balanta.

Embora seja a etnia maioritária (30% da população), e constitua a maior parte das chefias e dos efectivos das Forças Armadas, nunca teve participação correspondente no Governo. Paradigmático, Nino Vieira, que tomou o poder em 1980 após ter deposto Luís Cabral - descendente de caboverdianos -, é da etnia papel (7% dos guineenses). No entanto, era considerado um unificador do país, evitando as disputas tribais graças ao prestígio guerreiro. Era, até, conhecido por "Comandante Kabi Na Fantchama", um nome balanta...

"Essa crise de 1998 levou à etnização da política, o que nunca acontecera em Bissau. Aliás, refere, a eleição de Kumba Ialá, que tomou posse em Janeiro de 2000, foi considerada uma vitória balanta". A primeira tentativa séria de afirmação remonta, todavia, a 1985, e terá sido então que germinou o ódio pessoal entre Nino e Waie. Falhada a intentona, conhecida por "Rebelião dos Balantas", Nino torturou os principais dirigentes, entre eles o então primeiro--ministro Paulo Correia e o procurador-geral Viriato Pã (ambos executados). Waie escapou à morte, mas com os testículos esmagados.

"Quando Nino Vieira voltou, em 2005, do exílio em Portugal, alegadamente para visitar a mãe doente, encontrou uma Guiné-Bissau muito diferente da que havia deixado em 1999", diz Patrícia Magalhães Ferreira. "Por um lado, o seu prestígio era menor, por ter recorrido a tropas estrangeiras (do Senegal e da Guiné-Conacri) na guerra civil contra Mané; depois, com a economia num caos devido à gestão ruinosa de Kumba Ialá, não só as chefias castrenses haviam assumido, entrentanto, um papel importante na vida política, como havia um dado novo: o narcotráfico".

AONU não hesitou em chamar, em 2008, a Guiné-Bissau de primeiro narco-Estado africano, verdadeiro paraíso para os traficantes colombianos, que ali encontraram alternativa à via tradicional das Caraíbas. Além da África Ocidental ser o trajecto mais curto entre a América Latina e os toxicodependentes europeus, a configuração recortada da costa guineense, extensa de 350 quilómetros e com um arquipélago de 82 ilhas sem vigilância, oferece boas condições para desembarcar a droga. Agora, segundo a ONU, a Guiné-Bissau está também na mira dos traficantes de heroína da Ásia, que usam o país para o percurso inverso da cocaína, remetendo o opiácio para as Américas.

A corrupção gerada por um negócio que excede muito o rendimento nacional - 600 dólares anuais por pessoa - trouxe consequências. Segundo Clara Carvalho, directora do Centro de Estudos Africanos do ISCTE, o regresso de Nino em 2005 deveu-se, aliás, as problemas gerados pelo narcotráfico. "Quando o Governo de Carlos Gomes Júnior é eleito (em 2004), começa a criar oposição ao poder militar. Ora, são os militares, e designadamente Waie, que apoiam o seu regresso e a candidatura a presidente, esperando que se opusesse ao policiamento do narcotráfico", diz. Apesar da aliança conjuntural, a tensão mantém-se, e abrem-se fissuras quando a posição de Nino, que escapa a um atentado, nunca esclarecido, em Novembro de 2008, se torna ainda mais frágil ao perder um aliado no mês seguinte: o antigo presidente de Conacri, Lansana Conté.

Em Janeiro, fica definitivamente desguarnecido. Alegando ter sido vítima de disparos, Waie exige a substituição dos 400 homens que constituiam a guarda presidencial - os "aguentas", elite formada por Nino durante a guerra civil de 1998 e treinada no Senegal - por tropas regulares. As mesmas que terão sido cumplices dos verdugos de João Bernardo Vieira, assassinado aos 69 anos, e que vingaram Tagmé Na Waié.

E agora? Para Patrícia Ferreira, "a morte de Nino Vieira é uma oportunidade para Bissau exorcizar os fantasmas que dominaram a política nacional nas últimas décadas", diz, podendo até "funcionar um pouco à semelhança do que se passou com a morte de Jonas Savimbi em Angola, que levou à pacificação do país", na perspectiva de Clara Carvalho.

Problemas não faltam. Desde logo, económicos, num dos cinco países mais pobres do Mundo. "Será difícil à Guiné ter viabilidade económica pelos próprios meios porque, embora esteja numa zona semi-tropical de alguma riqueza agrícola, a sua produção é encarecida pelos graves problemas de transporte e distribuição devidos à sua configuração geográfica, por um lado - está na embocadura de vários rios, tornando o país muitas vezes intrasitável -, e, por outro, à ausência de estruturas rodoviárias. Além disso, as reservas petrolíferas estão no mar e a uma profundidade que, por enquanto, não torna compensador explorá-las", anota Clara Carvalho, assinalando ainda o sistema de ensino arruinado e a fuga de cérebros, juntamente com as organizações internacionais, para o estrangeiro, na guerra civil de 1998.

Considera, porém, haver sinais positivos: "Há um Governo que tem demonstrado uma vontade real de terminar com o sistema patrimonialista que existia; está a pagar aos funcionários e a negociar o perdão da dívida com o Banco Mundial e o FMI; tem tentado integrar recém-licenciados nos quadros da Administração Pública e, o que é mais importante, os militares garantiram logo que não havia golpe de Estado, e afirmaram-se dispostos a colaborar".

A boa vontade é importante, mas não chega. Terá de ser consequente. Para isso, Patrícia Ferreira diz que é prioritário "um processo de reconciliação sério. Há mecanismos tradicionais na Guiné para isso, seja em conselhos comunais, das aldeias, seja até em tribunais. A maior urgência é por as pessoas a falar dos conflitos do passado". Depois, "há que resolver a preponderência das Forças Armadas na vida política, reformulando o seu papel assim como das forças policiais e do Poder Judicial".

Por fim, o narcotráfico. "A Comunidade Internacional (CI) tem de ajudar a Guiné-Bissau a recuperar o controlo das fronteiras. Paralelamente, tem de se interrogar se os critérios que utiliza para a afectação da ajuda serão os mais adequados face ao contexto dos países receptores", salienta a investigadora do IEEI. "Porque a CI descura a capacidade de prestação de contas de um Governo - eleito ou não -, aos cidadãos, e qualquer evolução positiva que tenha havido, preferindo condicionar a ajuda à realização da Democracia formal", declara, sublinhando: "A qual, por vezes, não se repercute na formação de uma cultura verdadeiramente democrática". E é dessa que a Guiné-Bissau, agora que desapareceram os dois pólos da discórdia, precisa de começar a construir.

JN
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por Açor3 » 8/3/2009 9:53

À CATANADA


Nuno Brederode Santos
Jurista - brederode@clix.pt
O chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, máxima expressão operacional do poder militar local, foi assassinado. Horas depois, o seu adversário político (!) e Presidente da República foi-o também. Na própria casa e à vista da mulher. A golpes de catana e tiros à queima-roupa. Raiava o dia e a cidade fechou-se nos medos dos seus habitantes: nos medos em que ninguém é solidário.

De manhã, porém, nada mais aconteceu. As autoridades que restam lamentam, com litúrgica e descoroçoante rapidez, o sucedido e logo anunciam a boa nova: não houve golpe de Estado. Em Portugal, pai conflituoso de pesados ontens que os realismos da vida - CPLP incluída - foram tentativamente reaproximando, responsáveis de todos os partidos proclamaram também, por entre alívios: não houve golpe de Estado.

No dia 10, Nino Vieira vai a soterrar, com os adereços do calculismo da sua República. Por isso, ninguém dirá que desce à campa o guerrilheiro que se foi tornando no telúrico e iracundo destruidor das melhores promessas do futuro dos sonhos de Amílcar Cabral. Entre muitos dos seus, como entre nós, leva as saudades com ele. Parece que o que agora importa é que a situação regresse à normalidade, e não repensar a normalidade da situação que regressa. Também ninguém quererá pôr a nu a evidência: se não houve golpe de Estado, não foi por falta de golpe, mas só por falta de Estado.

Praticamente desde sempre - um sempre reportado à independência - que a Guiné-Bissau emigrou da lógica e da prática institucionais que nós por cá partilhamos. E este sangrento episódio só confirma que, por lá, o mandato político é uma autorização de desempenho de uma gestão orientada para a satisfação das reivindicações dos militares. Por isso mesmo, o mandato não é o cruzeiro entre dois sufrágios. O mandato tem por limite, entre cada dois sufrágios, a duração da paciência dos militares. O resto é menor. A catana e a pistola suprem a vitalícia gratidão do povo aos que se arrogam méritos antigos de uma libertação que já poucos podem recordar. A fatia dos lucros que as rotas atlânticas da droga deixam nos seus entrepostos é magra, não dá para todos. Custa tudo em soberania, em desenvolvimento, em saúde e em bem- -estar. E só chega para dar condições de felicidade a uns quantos bravos mal fardados se entretanto eles se forem liquidando entre si.

Passaram mais de três décadas. Não há nostalgia ou remorso coloniais que razoavelmente nos envolvam nas actuais rotinas do sangue e da pobreza. Estivemos lá quando Portugal não vinculava os portugueses e saímos de lá logo que os portugueses passaram a vincular Portugal. Não somos grande potência, militar ou económica. Não somos vizinhos geográficos, como a Guiné ou o Senegal. Temos, é certo, pessoas e interesses a defender, mas isso temo-lo também no Brasil, na Venezuela ou em França. É, por isso, positiva a recolocação de um embaixador em Bissau. Mas há que pisar com cuidado o terreno bilateral, para que não nos sejam pedidas responsabilidades a que não poderemos corresponder. A boa consciência da comunidade internacional gosta de se servir do primeiro voluntário néscio, como alguns accionistas gostam de ter um otário por gestor. É certo que não nos está na natureza ver morrer na Guiné pessoas e liberdades, com a displicência snobe com que se inauguram as corridas de Ascott. É verdade que ainda nos atrapalham os ecos de um Benfica-Sporting em Bissau. Há muito de solidariedade e cooperação por fazer - e isso deve ser feito. No político, no económico, no cultural, no social. Mas deve sê-lo usando os instrumentos multilaterais, num delicado exercício de juízo sábio e mãos treinadas na microcirurgia. Sem protagonismos que permitam à comunidade internacional isentar-se ou aos candidatos a um mau protagonismo instalarem-se. Sem as paixões que cegam (e que sobreviveram aos tempos do "amor de mãe") e sem o cinismo de esquecer que temos cá muitos filhos de quantos por lá ficaram.

Até ver, parece ser esta a postura política do MNE e ser este o sentido da missão de João Gomes Cravinho, por via da actual presidência da CLP. Oxalá seja. Porque, se o não for, só encontraremos riscos e problemas. E porque, para além dessa fronteira, só há pasto para as saudades do império. Um investimento caro e sem retorno. Que deve ser pago por quem as tiver.


DN
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por Açor3 » 8/3/2009 9:52

À CATANADA


Nuno Brederode Santos
Jurista - brederode@clix.pt
O chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, máxima expressão operacional do poder militar local, foi assassinado. Horas depois, o seu adversário político (!) e Presidente da República foi-o também. Na própria casa e à vista da mulher. A golpes de catana e tiros à queima-roupa. Raiava o dia e a cidade fechou-se nos medos dos seus habitantes: nos medos em que ninguém é solidário.

De manhã, porém, nada mais aconteceu. As autoridades que restam lamentam, com litúrgica e descoroçoante rapidez, o sucedido e logo anunciam a boa nova: não houve golpe de Estado. Em Portugal, pai conflituoso de pesados ontens que os realismos da vida - CPLP incluída - foram tentativamente reaproximando, responsáveis de todos os partidos proclamaram também, por entre alívios: não houve golpe de Estado.

No dia 10, Nino Vieira vai a soterrar, com os adereços do calculismo da sua República. Por isso, ninguém dirá que desce à campa o guerrilheiro que se foi tornando no telúrico e iracundo destruidor das melhores promessas do futuro dos sonhos de Amílcar Cabral. Entre muitos dos seus, como entre nós, leva as saudades com ele. Parece que o que agora importa é que a situação regresse à normalidade, e não repensar a normalidade da situação que regressa. Também ninguém quererá pôr a nu a evidência: se não houve golpe de Estado, não foi por falta de golpe, mas só por falta de Estado.

Praticamente desde sempre - um sempre reportado à independência - que a Guiné-Bissau emigrou da lógica e da prática institucionais que nós por cá partilhamos. E este sangrento episódio só confirma que, por lá, o mandato político é uma autorização de desempenho de uma gestão orientada para a satisfação das reivindicações dos militares. Por isso mesmo, o mandato não é o cruzeiro entre dois sufrágios. O mandato tem por limite, entre cada dois sufrágios, a duração da paciência dos militares. O resto é menor. A catana e a pistola suprem a vitalícia gratidão do povo aos que se arrogam méritos antigos de uma libertação que já poucos podem recordar. A fatia dos lucros que as rotas atlânticas da droga deixam nos seus entrepostos é magra, não dá para todos. Custa tudo em soberania, em desenvolvimento, em saúde e em bem- -estar. E só chega para dar condições de felicidade a uns quantos bravos mal fardados se entretanto eles se forem liquidando entre si.

Passaram mais de três décadas. Não há nostalgia ou remorso coloniais que razoavelmente nos envolvam nas actuais rotinas do sangue e da pobreza. Estivemos lá quando Portugal não vinculava os portugueses e saímos de lá logo que os portugueses passaram a vincular Portugal. Não somos grande potência, militar ou económica. Não somos vizinhos geográficos, como a Guiné ou o Senegal. Temos, é certo, pessoas e interesses a defender, mas isso temo-lo também no Brasil, na Venezuela ou em França. É, por isso, positiva a recolocação de um embaixador em Bissau. Mas há que pisar com cuidado o terreno bilateral, para que não nos sejam pedidas responsabilidades a que não poderemos corresponder. A boa consciência da comunidade internacional gosta de se servir do primeiro voluntário néscio, como alguns accionistas gostam de ter um otário por gestor. É certo que não nos está na natureza ver morrer na Guiné pessoas e liberdades, com a displicência snobe com que se inauguram as corridas de Ascott. É verdade que ainda nos atrapalham os ecos de um Benfica-Sporting em Bissau. Há muito de solidariedade e cooperação por fazer - e isso deve ser feito. No político, no económico, no cultural, no social. Mas deve sê-lo usando os instrumentos multilaterais, num delicado exercício de juízo sábio e mãos treinadas na microcirurgia. Sem protagonismos que permitam à comunidade internacional isentar-se ou aos candidatos a um mau protagonismo instalarem-se. Sem as paixões que cegam (e que sobreviveram aos tempos do "amor de mãe") e sem o cinismo de esquecer que temos cá muitos filhos de quantos por lá ficaram.

Até ver, parece ser esta a postura política do MNE e ser este o sentido da missão de João Gomes Cravinho, por via da actual presidência da CLP. Oxalá seja. Porque, se o não for, só encontraremos riscos e problemas. E porque, para além dessa fronteira, só há pasto para as saudades do império. Um investimento caro e sem retorno. Que deve ser pago por quem as tiver.


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João Carlos Barradas
Os tratos da Guiné

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Logo em Novembro de 1980, quando Nino Vieira derrubou Luís Cabral, a Guiné-Bissau perdeu qualquer hipótese de estabilidade. Consumada a ruptura entre os dirigentes de origem cabo-verdiana e os líderes guineenses o novo estado ficou ainda mais dependente dos interesses dos vizinhos Senegal e Guiné-Conacri.


Logo em Novembro de 1980, quando Nino Vieira derrubou Luís Cabral, a Guiné-Bissau perdeu qualquer hipótese de estabilidade.

Consumada a ruptura entre os dirigentes de origem cabo-verdiana e os líderes guineenses o novo estado ficou ainda mais dependente dos interesses dos vizinhos Senegal e Guiné-Conacri.

Os conflitos étnicos que extravasam as fronteiras coloniais, recrudesceram e, sem quadros nem projectos, a Guiné-Bissau afundou-se ainda mais na miséria e nas rivalidades de uns quantos homens de armas na mão.

Nos últimos anos um Estado sem lei tornou-se presa fácil dos traficantes latino-americanos que transformaram a Guiné-Bissau numa placa giratória do tráfico de cocaína para a Europa.

A entrada em força do dinheiro do narcotráfico num dos países mais pobres do mundo subverteu o que ainda restava das estruturas administrativas e corrompeu sem remédio as forças armadas e a polícia.

As desavenças pelo controlo das escassas receitas que o caju, o marisco ou arroz proporcionavam, os confrontos pelo lucros de contrabandos e tratos diversos, passaram a assumir um cunho ainda mais virulento.

O enredo do mata-mata
As tradicionais rivalidades entre as etnias da Guiné tiveram nos últimos meses o seu paroxismo no confronto armado entre os homens fiéis a Nino Vieira e outros que juravam pelo chefe do estado-maior Tagme Na Waie.

Não por acaso eram balantas quem apoiava o homem-forte do exército, enquanto as gentes da minoritária etnia papel se mantinham ao lado de Nino.

Em Novembro Na Waie tentou matar Nino e falhou.

Em Janeiro foi a vez de Nino falhar um ataque a Na Waie.

No domingo alguém próximo do presidente matou à bomba Na Waie e em retaliação tropas balantas acabaram com Nino à bala e à catanada.

O mata-mata entrara, aliás, nos lances finais logo em Dezembro, quando Nino perdeu o seu protector de sempre, o presidente eterno de Conacri, Lansana Conté.

A partir de agora a Guiné-Bissau poderá ou não cair outra vez numa guerra civil em larga escala como aconteceu em 1998.

Com o Senegal e o conflito de Casamansa em fundo e tráfico de armas pelo meio, o brigadeiro Assumane Mané tentou, então, aniquilar Nino e o presidente partiu para o exílio.

Mané acabou morto dois anos depois noutro confronto com o presidente Kumba Yalá, mas um dos homens que esteve a seu lado contra Nino, Na Waie precisamente, continuou à frente das tropas, maioritariamente balantas.

Era fatal que, cedo ou tarde, Nino matasse Na Waie, tal como abatera em 1986 outro general balanta, Paulo Correia. Nestes enredos ninguém esquece quem mata e dá a matar.

Ou, então, era de esperar que Na Waie matasse Nino.

Acabaram por morrer os dois.



A coca em fundo
Agora, é possível que tudo continue a apodrecer e meia dúzia de homens fortes repartam o poder por uns tempos.

É crível que a miséria de milhão e meio de guineenses seja insanável num futuro próximo.

Tudo é possível no meio da desordem, mas certo e seguro é que num estado falhado como a Guiné-Bissau só uma forte presença militar e policial estrangeira que comece por conter o tráfico de droga possa vir a dar alguma credibilidade a qualquer esforço de estabilização.

Mas é melhor não contar muito com isso.

Os tratos da Guiné sempre foram uma coisa brutal.
JN
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por MozHawk » 3/3/2009 0:02

O camaleão pode ter muitas cores, mas nunca deixará de ser camaleão...

Um abraço,
MozHawk
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por limpaesgotos » 2/3/2009 22:18

Deus seja louvado ...
Cumprimentos.


" Existem pessoas tão sumamente pobres que só têm dinheiro "
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Se caires oito vezes levanta-te 7.

por bboniek33 » 2/3/2009 22:12

Ultimas palavras de Nino Vieira ditas ao telefone para o seu amigo VL no Norte de Portugal, outro grande militar. A vida acaba mas a Virtude afirma-se.
Haja Deus !
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por Açor3 » 2/3/2009 20:06

Guiné-Bissau
Soares diz que Nino «era um homem violento e morreu na violência»
O antigo Presidente português Mário Soares disse que o chefe de Estado guineense João Bernardo Nino Vieira, assassinado hoje em Bissau, «era um homem violento e morreu na violência»

• Um olhar sobre a história de instabilidade da Guiné-Bissau
• Presidente da Guiné-Bissau assassinado por militares



«Ele ('Nino') era um homem violento, em si próprio, e morreu na violência», declarou hoje Mário Soares à Agência Lusa.

O ex-chefe de Estado considerou que os assassínios do Presidente guineense e do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas do país, Tagmé Na Waié, são «lamentáveis».

Mário Soares disse também que Nino Vieira «era um homem muito habilidoso na área militar».

O histórico dirigente do Partido Socialista (PS) acrescentou ainda que o Presidente falecido «foi um dos expoentes na guerra de descolonização na Guiné-Bissau, com grande capacidade de mobilização».

Soares referiu que a ajuda dos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) neste momento de crise na Guiné-Bissau é importante para que o país não caia no caos político.

«Eu concordei com a medida do Governo português em convocar uma reunião da CPLP», indicou.

«É uma coisa necessária: que todos os países de língua portuguesa se unam para ajudar a impedir que se caia num caos ou num banho de sangue, ou em qualquer coisa parecida», referiu ainda o ex-Presidente português.

A reunião extraordinária convocada pela CPLP decorre durante a tarde de hoje, em Lisboa.

O Presidente guineense foi assassinado hoje por militares depois de no domingo um atentado à bomba ter provocado a morte ao chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagmé Na Waie.

Lusa / SOL
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por Açor3 » 2/3/2009 11:53

O adeus às armas de Nino Vieira


02/03/2009


Nino Vieira morreu às mãos de militares descontentes, mostrando que afinal a história se repete. O Chefe de Estado guineense havia chegado pela mesma via ao poder em Novembro de 1980, depois de ter derrubado o Presidente da República, Luís Cabral. Só que na ocasião, o golpe militar aconteceu sem derramamento de sangue.

João Bernardo Vieira nasceu a 27 de Abril de 1939 e foi um dos guerrilheiros mais temidos do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), durante a guerra colonial. Entre os seus companheiros de armas tinha a aura de ser impiedoso, imbatível, e de conseguir afastar as balas através de poderes mágicos. Electricista de formação, Nino tornou-se rapidamente uma das figuras mais prestigiadas do PAICG, organização criada em 1960 por Luís Cabral, tendo rapidamente subido na hierarquia do movimento.

Após ter atingido a presidência, Nino Vieira suspendeu a Constituição e instaurou um Conselho Militar da Revolução que manteve até 1984, ano em que voltou a instituir um regime civil na Guiné Bissau.

Na primeira vez que promoveu eleições presidenciais na Guiné-Bissau, em 1994, Mino Veira foi o mais votado, mas venceu por escassa margem Kumba Ialá, do PRS (Partido da Renovação Social).

A partir dessa data as acusações de corrupção e favorecimento em torno da sua liderança aumentaram de tom e em 1999, depois de um golpe de Estado liderado pelo brigadeiro Ansumane Mané, Nino Vieira foi obrigado a partir para o exílio. A escolha óbvia foi Portugal e o Chefe de Estado guineense chegou a ficar alojado na casa de Valentim Loureiro. O ex-presidente do Boavista e actual líder da Câmara de Gondomar era amigo de longa data de Nino e chegou a ser cônsul da Guiné-Bissau no Porto.

O cargo de Presidente da Guiné foi então ocupada por Kumba Ialá, mas este acabou por ser também derrubado por militares. Em 2005 Nino Vieira voltou à Guiné e candidata-se à presidência da República, tenho ganho o su frágio à segunda volta com 52,35% dos votos.

Apesar dos actos eleitorais, a partir de 1999 a situação na Guiné-Bissau foi-se deteriorando progressivamente, as purgas políticas tornaram-se frequentes e os investidores estrangeiros foram abandonando o país, descrentes no seu futuro. Nos últimos tempos, a Guiné-Bissau foi sendo referenciada como um narco-Estado, dominado pelos barões da droga, com a conivência do poder.

O assassinato de Nino Vieira é mais um triste voltar de página na história de um país onde a estabilidade política e social se transformou praticamente num mito.




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por Açor3 » 2/3/2009 11:42

A situação "é grave demais" na Guiné-Bissau e há receio de novas retaliações


02/03/2009


De acordo com relatos de pessoas que vivem na Guiné-Bissau, a situação “é grave demais” e os receios de retaliações após as mortes desta madrugada são grandes.

A situação na Guiné-Bissau “é grave demais”, de acordo com fontes contactadas pelo Negócios que preferem não ser identificadas por que a incerteza em torno dos desenvolvimentos nas próximas horas é elevada.

Os receios de novas retaliações são elevados, depois de terem sido anunciadas as mortes do presidente, Nino Vieira, e do chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, Tagmé Na Waie.

Estas declarações contrapõem o cenário de “calma” descrito por Braima Camará, presidente do Conselho Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) ao Negócios.




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por Açor3 » 2/3/2009 11:26

situação está calma na Guiné-Bissau


02/03/2009


“A situação está calma”. Foi desta forma que Braima Camará, presidente do Conselho Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) comentou ao Negócios o clima que se vive na Guiné-Bissau, depois do assassinato do Presidente da República, Nino Vieira.

O também deputado do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), que governa o país, foi repetindo esta afirmação até a chamada telefónica ter sido interrompida abruptamente.

O assassinato de Nino Vieira é atribuído por fontes locais a militares descontentes, ligados a Ansumane Mané e Veríssimo Seabra, dois chefes de Estado Maior General das Forças Armadas, também eles assassinados em circunstâncias diferentes.

Esta madrugada foi também morto o chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, Tagmé Na Waie.

No início do Fevereiro, numa entrevista ao Negócios, Braima Camará, assegurava que a Guiné-Bissau vivia um clima de estabilidade política e desafiava os portugueses a investirem no país. Afinal, a sua análise política pecou por ser demasiado optimista com os factos agra demonstram.




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por alexandre.lobo » 2/3/2009 10:47

mcarvalho Escreveu:cá se fazem... cá se pagam


Triste mundo esse... Actos animalescos e comentários perfeitamente compatíveis...
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por mcarvalho » 2/3/2009 10:35

cá se fazem... cá se pagam
 
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por Açor3 » 2/3/2009 10:31

Fonte da Presidência confirmou a morte de Nino Vieira
02 de Março de 2009, 09:24

O presidente da Guiné-Bissau, Nino Vieira, foi assassinado, avançou a agência France Press citando uma fonte do exército e confirmou uma fonta de Presidência guineense.

Neste momento decorrem grandes movimentações junto da casa de Nino Vieira com militares a retirarem os pertences do Presidente da sua residência oficial, local que terá sido alvo de tiros nas últimas horas. Segundo o responsável das relações exteriores do Exército, Zamura Induta, o presidente terá sido alvo de um ataque militar e terá acabado por sofrer um ataque mortal quando tentava fugir de casa.

«O Exército matou o presidente Vieira quando ele tentava fugir da casa dele, atacada por um grupo de militares ligados ao comandante do Estado-Maior, Tagmeh Na Waieh», afirmou o chefe militar de Relações Exteriores, Zamura Induta.

«Era um dos principais responsáveis pela morte de Tagmeh», acrescentou.

«Agora, o país vai avançar. Este homem bloqueava tudo neste pequeno país», completou o oficial.

O ministro da Defesa do país, Artur Silva, confirmou entretanto à agência Lusa que o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas do país, Tagmé Na Waie, morreu num atentado à bomba ocorrido ontem à noite contra as instalações do quartel-general do Estado Maior, em Bissau.

«Confirmo a morte do general Tagmé Na Waie», disse o ministro, citado pela Lusa.

João Bernardo Vieira (conhecido como Nino), de 69 anos, passou praticamente 23 anos à frente de Guiné-Bissau. Foi reeleito para a presidência do país do oeste da África em 2005, nove anos depois do fim de uma guerra civil (que durou 11 meses) que o expulsara do poder.



Lusa
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por Açor3 » 2/3/2009 10:16

Nino Vieira morto após ataque de soldados à residência oficial


02/03/2009


O presidente da Guiné Bissau foi morto esta madrugada por soldados, após um ataque à residência oficial de Nino Vieira, depois de ter sido confirmada a morte do chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, Tagmé Na Waie.

A notícia da morte do presidente da Guiné está a ser avançada pela Frnace Press que cita o responsável pelas relações exteriores do exército, Zamura Induta.

“O presidente Vieira foi morto pelo exército no momento em que ele tentou fugir a sua casa foi atacada por um grupo de militares próximos do chefe de Estado-Maior Tagmé Na Waié, esta madrugada”, declarou Zamora Induta, citado pela France-Press.

A France-Press noticia esta manhã que o presidente da Guiné, João Bernardo Vieira (Nino Vieira), terá sido assassinado por soldados depois do Estado-Maior das Forças Armadas, Tagmé Na Waie, ter sido morto.

A morte de Tagmé Na Waie já foi confirmada pelo ministro da Defesa da Guiné-Bissau, Artur Silva.

"Confirmo a morte do general Tagmé Na Waie", disse o ministro contactado pela agência Lusa.

Tiros e explosões de "rockets" foram ouvidos esta madrugada em Bissau, desde as 04h00 locais, registou a Lusa na capital guineense.

Fontes contactadas pela Lusa localizaram os sons dos tiros e das explosões junto à residência do Presidente e da Presidência da República, em zonas distintas do centro de Bissau.




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por Açor3 » 2/3/2009 10:15

Nino Vieira morto após ataque de soldados à residência oficial


02/03/2009


O presidente da Guiné Bissau foi morto esta madrugada por soldados, após um ataque à residência oficial de Nino Vieira, depois de ter sido confirmada a morte do chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, Tagmé Na Waie.

A notícia da morte do presidente da Guiné está a ser avançada pela Frnace Press que cita o responsável pelas relações exteriores do exército, Zamura Induta.

“O presidente Vieira foi morto pelo exército no momento em que ele tentou fugir a sua casa foi atacada por um grupo de militares próximos do chefe de Estado-Maior Tagmé Na Waié, esta madrugada”, declarou Zamora Induta, citado pela France-Press.

A France-Press noticia esta manhã que o presidente da Guiné, João Bernardo Vieira (Nino Vieira), terá sido assassinado por soldados depois do Estado-Maior das Forças Armadas, Tagmé Na Waie, ter sido morto.

A morte de Tagmé Na Waie já foi confirmada pelo ministro da Defesa da Guiné-Bissau, Artur Silva.

"Confirmo a morte do general Tagmé Na Waie", disse o ministro contactado pela agência Lusa.

Tiros e explosões de "rockets" foram ouvidos esta madrugada em Bissau, desde as 04h00 locais, registou a Lusa na capital guineense.

Fontes contactadas pela Lusa localizaram os sons dos tiros e das explosões junto à residência do Presidente e da Presidência da República, em zonas distintas do centro de Bissau.




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por Açor3 » 2/3/2009 9:23

Nino Vieira assassinado?
France Press garante que sim. Casa do Presidente da Guiné-Bissau atacada. Assessora fala em ferimento no ombro

Por: Redacção /CR | 02-03-2009 07: 46
Vote 12345Resultado 123451 votos0 comentários fotos Presidente da Guiné-Bissau, Nino Vieira, terá sido assassinado, avança a France-Press, apesar de e a assessora do chefe de Estado referir apenas que aquele está ferido num ombro, mas vivo.

Militares das Forças Armadas da Guiné-Bissau atacaram na madrugada desta segunda-feira a residência do Presidente guineense, refere a Lusa.

Junto à casa do chefe de Estado podem ver-se grandes movimentações com militares a retirarem os bens do Presidente da sua residência oficial.

Entretanto, o ministro da Defesa da Guiné-Bissau, Artur Silva, confirmou a morte do chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) guineense, general Tagmé Na Waie.

O CEMGFA guineense morreu hoje vítima de um atentado à bomba contra as instalações do quartel-general do Estado-Maior, em Bissau.

O edifício do quartel-general ficou parcialmente destruído dada a potência da explosão, que ocorreu cerca das 19:00 locais (mesma hora em Lisboa).

O corpo do general Tagmé Na Waié foi recuperado dos escombros e transportado para as instalações da Força Aérea, em Bissalanca, perto do aeroporto internacional Osvaldo Vieira.

O ministro da Defesa não adiantou outras informações sobre a morte do general, remetendo mais esclarecimentos para segunda-feira depois da reunião de emergência convocada pelo governo para as 09:00 locais.

O Governo português está a acompanhar «de perto» a situação provocada pelo atentado à bomba que provocou a morte do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, disse fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Lusa
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Off-Topic-Morreu Presidente da Guiné Nino Vieira

por Açor3 » 2/3/2009 9:22

Tiros e explosões em Bissau após morte de chefe de Estado-maior
Hoje às 07:00
Tiros e explosões foram ouvidos esta segunda-feira de madrugada na capital da Guiné-Bissau horas após a morte do chefe do Estado-maior General das Forças Armadas. Testemunhas no local dizem que alguns dos tiros vêm da residência do Presidente e da Presidência da República.
Tiros de armas automáticas e explosões de rockets foram ouvidos na madrugada desta segunda-feira na capital da Guiné-Bissau horas depois do anúncio da morte do chefe do Estado-maior General das Forças Armadas, Tagmé Na Waié.

Segundo testemunhas, os tiros fizeram-se sentir em várias partes da capital guineense, incluindo junto à residência do Presidente e da Presidência da República, que se situam em zonas diferentes de Bissau.
Lusa
Editado pela última vez por Açor3 em 2/3/2009 10:32, num total de 1 vez.
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