Requiem por um Empresário
8 mensagens
|Página 1 de 1
Óptimo resumo, Bossas.
Só para acrescentar um pormenor,geralmente era feita moeda raspando a existente (para financiar sobretudo as guerras da Idade Média))de seguida criava-se um canal de contra-informação (já existia na altura)que anunciava que eram os pobres que "roíam" as moedas para fazer dinheiro!
A economia mundial tem de deixar de "fazer" dinheiro para começar a "criar".
Só para acrescentar um pormenor,geralmente era feita moeda raspando a existente (para financiar sobretudo as guerras da Idade Média))de seguida criava-se um canal de contra-informação (já existia na altura)que anunciava que eram os pobres que "roíam" as moedas para fazer dinheiro!

A economia mundial tem de deixar de "fazer" dinheiro para começar a "criar".
goncalonr Escreveu:Atomez Escreveu:goncalonr Escreveu:E já agora, como é que a inflação se torna um imposto? E como é que um Governo decreta a inflação?
Essa é fácil. De várias maneiras:
- Via banco central aumentando a massa monetária em circulação
- Desvalorizando a moeda
- Directamente por meio da emissão de dívida pública
- Subindo os salários de funcionários públicos e/ou aumentando o seu número acima do aumento de produtividade da economia
E mais outras que agora não me lembro.
Sempre pensei que a inflação era a subida sustentada dos preços no mercado. Nunca pensei que fosse um imposto, tal como o IVA, IRS e afins, nem muito menos decretada. Manipulada, talvez sim, mas imposto?... Afinal enganei-me.
Uma visão mais ampla:
Assumindo que a função primordial da moeda (dinheiro) é guardar em valor o produto do trabalho de cada um para facilitar a troca deste pelo produto do trabalho de outros, a moeda deve ser um bem tangível. Caso contrário, um homem pode considerar-se automáticamente destituido do produto do seu trabalho quando é obrigado a guardá-lo sob a forma de um documento (papel-moeda) cujo valor depende do arbítrio e acções alheias (governos e bancos centrais).
O que leva à alteração dos preços na maior parte dos casos não é o aumento do valor da riqueza (nemj dos produtos) mas sim a perca do valor da moeda. Isto acontece maioritariamente por duas vias: emissão de dívida publica (governos) e emissão das próprias notas (do nada) por parte dos bancos centrais. Regra geral, esta emissão acaba por ser feita para suportar as baixas taxas de juro dos ultimos anos, através da compra de títulos de dívida que, na prática, é o que suprota o papel-moeda. (se alguém for expert na matéria e quiser corrigior alguma imprecisão da minha parte, faça favor.
A que se devem os aumentos tradicionais de ano novo. Será que nascem mais consumidores em Janeiro? Será que se produz menos durante o Natal e a oferta é reduzida? Ou será que já assumimos que em cada ano que passa as nossas notas (papel) valem menos? Que há mais dívida? Que há mais moeda emitida sem que haja necessáriamente mais riqueza criada?
Antigamente quando a coroa ficava sem verbas mandava recolher todas as moedas (em ouro na época) e retirava uma parcela a cada uma, devolvendo-as mais tarde à circulação e aproveitando o que tinha retirado para cunhar mais moeda que guardava para si. A consequência é uma moeda mais fraca e com menor valor. Se antes uma era suficiente para comprar um pão, depois do "roubo" serão necessárias duas. Não porque o pão seja mais caro, mas porque a moeda vale menos. Este é o significado etimológico da palavra inflação. Curioso (descobri recentemente) é que os dicionários foram alterados por uma qualquer mãozinha... É necessário recorrer a uma edição de 1957 (no caso da lingua inglesa) para ver a correcta definição da palavra INFLAÇÃO.
Os manuais de hoje definem coisa diferente - por conveniência e necessidade - só significa que há coisas que não é para todos saberem. Afinal, como é que os governos acorriam às desgraças e aos desgraçados que, invariavelmente, são sempre mais do que os capazes? De que outra forma se entenderia a participação na vida económica duma entidade que nada cria, e que apenas "redistribui"?
Desde sempre que os governos tentaram arranjar uma forma de "inventar" e emitir o seu próprio dinheiro (ver anterior referência aos reis). Pois bem, o século XX foi um sucesso na medida em que os governos conseguiram finalmente uma forma de emitir a sua própria moeda e - mais do que isso - arranjaram forma de lhe sacar um bocadinho sem que ninguém desse por isso.
Atomez Escreveu:goncalonr Escreveu:E já agora, como é que a inflação se torna um imposto? E como é que um Governo decreta a inflação?
Essa é fácil. De várias maneiras:
- Via banco central aumentando a massa monetária em circulação
- Desvalorizando a moeda
- Directamente por meio da emissão de dívida pública
- Subindo os salários de funcionários públicos e/ou aumentando o seu número acima do aumento de produtividade da economia
E mais outras que agora não me lembro.
Sempre pensei que a inflação era a subida sustentada dos preços no mercado. Nunca pensei que fosse um imposto, tal como o IVA, IRS e afins, nem muito menos decretada. Manipulada, talvez sim, mas imposto?... Afinal enganei-me.

goncalonr Escreveu:E já agora, como é que a inflação se torna um imposto? E como é que um Governo decreta a inflação?
Essa é fácil. De várias maneiras:
- Via banco central aumentando a massa monetária em circulação
- Desvalorizando a moeda
- Directamente por meio da emissão de dívida pública
- Subindo os salários de funcionários públicos e/ou aumentando o seu número acima do aumento de produtividade da economia
E mais outras que agora não me lembro.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
Niccolò Machiavelli
http://www.facebook.com/atomez
Niccolò Machiavelli
http://www.facebook.com/atomez
O título do artigo é fotográfico.
O artigo , infelizmente não contém nenhum exagero, é a realidade (eu ainda incluiria mais um ou dois impostos que estão bem camuflados).
Neste fórum,abriu hoje um tópico acerca de criação de emprego próprio, em todas as etapas se paga um x, quando a pessoa começa realmente a actividade já está com as contas de rastos.
Não é fácil, criando riqueza verdadeira, ver o nosso esforço esfumar-se na cada vez pior gestão das receitas fiscais.
O artigo , infelizmente não contém nenhum exagero, é a realidade (eu ainda incluiria mais um ou dois impostos que estão bem camuflados).
Neste fórum,abriu hoje um tópico acerca de criação de emprego próprio, em todas as etapas se paga um x, quando a pessoa começa realmente a actividade já está com as contas de rastos.
Não é fácil, criando riqueza verdadeira, ver o nosso esforço esfumar-se na cada vez pior gestão das receitas fiscais.
bossas Escreveu:Onde é que está o exagero?
Se peca é por defeito, pois não conta com o imposto escondido da inflação... dos últimos 20 anos - para não ir muito atrás.
Exagero é mais quando diz que 50% de um investimento numa fábrica é imposto...
E já agora, como é que a inflação se torna um imposto? E como é que um Governo decreta a inflação?
Requiem por um Empresário
Transcrevo artigo escrito por Tiago Caiado Guerreiro no DE. Quem o conhece, reconhece-lhe o estilo e uns até poderão dizer que exagera.
Mas que dá que pensar, lá isso dá...
Mas que dá que pensar, lá isso dá...
[/quote]In Diário Económico
Será justo ter que pagar o IVA quando ainda não o recebi dos clientes? O IVA só deveria ser exigível com recibo. É de elementar justiça.
O meu nome é Manuel. Sou um empresário português típico, dono de uma PME. É de manhã, levanto-me e dirijo-me para a "minha" empresa. Entro no meu automóvel que me custou 30.000 euros dos quais 12.000 são IVA e Imposto Automóvel. No caminho paro para pôr 50 euros de gasóleo, dos quais cerca de 70% (35 euros) são imposto sobre os combustíveis e IVA. Oiço nas notícias que o Imposto Único de Circulação aumentou exponencialmente.
Como é o fim do mês, já vou a fazer contas de cabeça do que tenho a pagar neste dia. Dos 100.000 euros de salários teóricos a pagar tenho de entregar ao Estado, cerca de 23.750 euros de taxa social única (só por parte da empresa). Se pagasse menos poderia contratar mais pessoal, mas assim não é possível.
A acrescentar a isto tenho de entregar o Pagamento Especial por Conta e, como cereja em cima do bolo, o IVA trimestral. Mas com a crise ainda não recebi de muitos dos meus clientes. Será justo ter que pagar o IVA quando ainda não o recebi dos meus clientes? O IVA só deveria ser exigível com recibo. É de elementar justiça.
Verifico mais uma vez o saldo bancário da empresa e interrogo-me: como é que vou fazer face a todas estas despesas, quando os meus clientes na maior parte dos casos ainda não me pagaram, sendo que alguns nem sequer o vão fazer e os bancos, também com problemas de liquidez, não me emprestam mais dinheiro?!...
Lembro-me da hipótese de recorrer à Justiça, mas um amigo chama-me à atenção para os enormes custos das taxas de justiça em Portugal, da morosidade do processo, e da prova infernal que os juízes exigem num simples processo de cobrança. Desisto pois de recorrer aos tribunais e clamar pela justiça a que teria direito no mais elementar Estado de Direito democrático. Saio do automóvel e entro para a fábrica. O edifício custou 1 milhão de euros a construir, dos quais 500 mil euros foram em impostos (de IVA não dedutível, licenciamentos, Imposto de Selo, IMT, e uma parafernália de taxas municipais). E o pior de tudo é que, apesar de já ter pago o empréstimo ao banco com o pesado Imposto de Selo, não sou verdadeiramente dono dele. Pago uma renda anual de 4 mil euros de IMI mais cerca de 2 mil euros de taxas de esgotos, de exploração e muitas outras escondidas nas facturas de electricidade, água, gás, etc..
Dirijo-me ao meu gabinete e telefono de imediato ao contabilista, que me chama a atenção para o facto de estar próximo o pagamento do IRC, e que a taxa efectiva que vou pagar sobre os 90 mil euros de lucro, vai ser próxima dos 40%. Pergunto-lhe como? Uma vez que o IRC e a Derrama são no total 26,5%. Este responde que esse número é ilusório, e explica-me que são sujeitos a imposto à taxa de 10%, os encargos com os automóveis e com as viagens e refeições, entre muitas outras coisas.
Interrogo-me! Então exportar é prioritário? Quando vou tentar alargar mercados para os meus produtos no estrangeiro pago impostos por esse esforço. Não basta já os custos económicos e de tempo que tais viagens implicam?
Diz-me também que o IVA com a aquisição de veículos ligeiros de passageiros não é dedutível, nem tão pouco com o combustível. Isto sem falar do maravilhoso IRS que incide sobre os parcos rendimentos. Agradeço-lhe e desligo o telefone e penso: o que é que eu estou a fazer aqui? Será que vale a pena? Somos esmagados pelos impostos, taxas, licenças, retenções, pagamentos especiais, liquidações, etc. para no final, depois de tanta dor de cabeça, ficarmos com quase nada. Por outro lado, quando queremos serviços tão elementares do Estado, como Justiça, Saúde, Segurança e Educação, apercebemo-nos que os nossos impostos desaparecem como se fossem atirados para um poço sem fundo. Alguns serviços são maus, lentos ou temos de os pagar mais uma vez, depois de já os termos pago com os nossos impostos.
Parece-me que a sociedade actual é iníqua, em que alguns trabalham para manter vícios e privilégios de outros, num ciclo de degradação que começou há mais de 20 anos, que se agrava de ano para ano e parece não ter fim.
____
Tiago Caiado Guerreiro, Advogado fiscalista
8 mensagens
|Página 1 de 1
Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: Nenhum utilizador registado e 88 visitantes