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Caldeirão da Bolsa

Off-Topic-Homenagem a Charles Darwin

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Açor3 » 13/2/2009 16:55

Leonel Moura
Darwin
leonel.moura@mail.telepac.pt

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Passaram ontem duzentos anos do nascimento de Charles Darwin. Trata-se de um dos maiores cientistas da história. A "Origem das Espécies", a sua obra-prima, representa uma colossal revolução no conhecimento da vida.


Passaram ontem duzentos anos do nascimento de Charles Darwin. Trata-se de um dos maiores cientistas da história. A "Origem das Espécies", a sua obra-prima, representa uma colossal revolução no conhecimento da vida. Mas apesar do século e meio dessa publicação e após muita controvérsia, debate e, sobretudo, aprofundamento científico, Darwin continua a ser relativamente pouco conhecido e as suas teorias não tiveram ainda as implicações sociais e culturais que seria de esperar.

O evolucionismo, nascido com Darwin, demonstra que toda a vida actual descende de um único organismo primordial, o qual se foi desenvolvendo e evoluindo segundo princípios de radical aleatoriedade. Ou seja, utilizando um sistema de reprodução assente na duplicação e combinação de genes, a vida cria cópias de si mesma, por vezes fiéis, por vezes com ligeiras alterações, quer por efeito de recombinação, mutação ou mesmo erro. Nesses casos, se essas alterações tornarem o novo organismo mais bem adaptado ao meio ambiente, ele tenderá a ter algumas vantagens de reprodução e portanto evoluir, mas se, pelo contrário, as transformações o tornarem menos bem adaptado, terá maior dificuldade em passar os seus genes para as próximas gerações e extinguir-se-á.

A simplicidade desta teoria, hoje plenamente demonstrada por via do extraordinário desenvolvimento da genética, gera grande incomodidade na maioria das pessoas. Desde logo pela aparente total ausência de finalidade. Para quem acha que nada acontece sem alguma razão ou intento, aceitar que tudo se deve ao acaso não é pacífico. E não só para aqueles que advogam convicções religiosas, já que este indeterminismo atinge de forma brutal praticamente todos os princípios que a filosofia elaborou ao longo dos séculos e que, no essencial, ainda regem os nossos comportamentos e visões do mundo. Não é de facto fácil aceitar que as belas asas de uma borboleta, a elegância de um leopardo ou a parcimónia de um urso panda, são fruto do mero acaso.

Mas assim é. O aleatório é uma tremenda força no universo. Num jogo muito primário, mas altamente eficaz, em que se umas coisas combinam evoluem, se não combinam ou combinam mal, perecem.

Mas, claro, aquilo que mais preocupa a maioria das pessoas é o papel do homem. No tempo de Darwin foi sobretudo a questão da nossa descendência directa do macaco, bem ilustrada através das caricaturas da época e que hoje perdura no debate religioso, mas igualmente em muita gente que não aceita ser filho de uma criatura menor. Mas a genética contemporânea foi bastante mais longe. Até recentemente o homem estava colocado no topo de uma árvore da vida em que todos os ramos pareciam concorrer para realizar essa maravilha que efectivamente somos. Mas hoje já não estamos no topo da árvore. Pelo contrário, encontramo-nos no canto de um dos três grandes ramos, sendo que os outros dois, de distintos tipos de bactérias, são impressionantes em muitos aspectos. São os organismos mais antigos, mais resilientes e, apesar da sua pequena dimensão, aqueles cuja massa existe em maior quantidade no planeta.

Caso o homem, através de poluição, aquecimento global ou guerra atómica, consiga destruir o planeta e provocar a extinção da sua própria espécie e de muitas outras, as bactérias irão seguramente sobreviver.

Assim, a superioridade do homem, face a todas as restantes formas de vida, diz exclusivamente respeito ao critério de avaliação. A inteligência é um dado muito importante para nós, mas para outros é a sobrevivência, o que, como se sabe por algum comportamento humano, pode não significar a mesma coisa.

Mas não posso deixar de focar uma outra implicação da teoria de Darwin e da genética. Um pai pode aprender muita coisa na vida, ganhar muitas capacidades e talentos, mas mesmo que o faça antes de procriar não consegue passar nada disso para os genes dos seus filhos. Nem sequer normas sociais e comportamentos estabelecidos ao longo de gerações têm tradução genética. Também aqui o aleatório prevalece.

É por isso que o papel daquilo a que chamamos cultura é tão importante. Cada geração só consegue passar para a geração seguinte os seus conhecimentos e princípios éticos através do ensino, da informação, da conduta, do exemplo. E esta também é uma lição maior de Darwin.

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por Woodhare » 13/2/2009 10:52

mnfv Escreveu:Off topic?

:idea:

e se falássemos de como os apoios estatais aos bancos aplicados nesta crise podem impedir que o processo de selecção natural e evolução empresarial/financeira ocorra como deveria de ser?


Já para não falar na "perseguição" fiscal e moral aos ricos que pode conduzir à fuga dos genéticamente mais aptos a criar emprego e gerar riqueza.
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por Açor3 » 13/2/2009 9:37

CHARLES DARWIN, A GRANDE EXPOSIÇÃO


JOÃO CÉU E SILVA (Texto)
NATACHA CARDOSO (Foto)
Comemoração. 200 anos sobre o nascimento do cientista e 150 sobre a edição de 'A Origem das Espécies', a Fundação Gulbenkian faz nascer a maior mostra sobre o homem que alterou a ciência ao mostrar que há evolução nos seres vivos
A entrada da exposição A Evolução de Darwin é inesperada porque se faz pelo passadiço de bombordo de uma réplica da proa de um navio que lembra o famoso Beagle, aquele onde o cientista confirmou a paixão pela história natural que já vinha desde a adolescência. É o início de uma viagem histórica, conceptual e de associação de ideias segundo pretende o comissário do evento, o biólogo José Feijó.

Logo em seguida, o visitante depara-se com o enquadramento da época em que o cientista viveu, no qual dominava o fascínio pelos mistérios da natureza, e uma Bíblia arménia, aberta na página do Génesis, antevê a polémica que as teorias expostas por Darwin iriam provocar junto da comunidade científica e da sociedade em geral. Seguem-se ilustrações reais que já denunciam preocupações científicas e mitológicas - uma hidra de sete cabeças exemplifica-as -, testemunhando que a biologia contemporânea começa ali. A recriação de um Gabinete de Curiosidades Naturais dinamarquês, à semelhança do que o rei D. José fez (e que foi pilhado por Junot), mostra a desorganização de conhecimentos com que Darwin se confronta ao dedicar a vida à ciência.

São 1300 m2 onde, após se recriar o passado, se explica como o cientista trabalhou durante décadas e qual foi o contributo até ao presente, através de muita interactividade e exemplos práticos do legado. Um vídeo de seis minutos explica a evolução, uma escada do ADN e um escorrega do RNA divertirá as crianças, depoimentos de cientistas contemporâneos confirmam as teorias e um filme biografa Darwin. No fim, na inevitável loja, os visitantes encontram lembranças e o catálogo à venda.|

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por MNFV » 12/2/2009 11:57

Off topic?

:idea:

e se falássemos de como os apoios estatais aos bancos aplicados nesta crise podem impedir que o processo de selecção natural e evolução empresarial/financeira ocorra como deveria de ser?
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Off-Topic-Homenagem a Charles Darwin

por Açor3 » 12/2/2009 9:30

CELEBRAR O LEGADO DE DARWIN


FILOMENA NAVES
Aniversário. O naturalista inglês Charles Darwin nasceu há 200 anos em Shrewsbury, na Inglaterra. A viagem que fez à volta do mundo no famoso navio 'Beagle' acabaria por mudar a sua vida e repercutir-se profundamente na ciência. Mas não se livrou de polémica

CELEBRAR O LEGADO DE DARWIN

Quando embarcou, em 1931, como naturalista, no HMS Beagle, para uma viagem que devia durar dois anos, Charles Darwin não sabia que isso iria mudar a sua vida e muito menos revolucionar a história da ciência e a forma como a humanidade se vê a si própria e à vida.

Hoje, dia em que se comemoram 200 anos sobre o nascimento de Charles Darwin, o legado do naturalista inglês continua actual e vivo, nos caminhos trilhados pela biologia molecular e genética, mas também na biotecnologia e na própria biologia da evolução. Foram as suas ideias que abriram este caminho.

Em vez de dois anos, Charles Darwin esteve cinco anos em viagem à volta do mundo. Um percurso que, por circunstâncias da geografia, teve a sua primeira e última escala em território português. A primeira, à ida, na ilha de São Vicente, em Cabo Verde, hoje independente. A última, no regresso, na Terceira, nos Açores. Entre ambas as paragens, o jovem Darwin teve o privilégio de observar a diversidade de espécies no Brasil, tropeçou em fósseis de animais gigantes, que o puseram a pensar na razão porque eles se teriam extinguido e, claro, passou mais de um mês nas ilhas Galápagos, onde se cruzou com tartarugas e pássaros e se horrorizou com o aspecto das iguanas.

Durante esses cinco anos no Beagle, o naturalista atento e curioso coleccionou 1529 espécies, que levou de regresso ao seu país, acondicionadas em garrafas com álcool, levou tartarugas vivas, 3907 espécimens secos, 368 páginas de notas sobre zoologia, mais 1383 de geologia e um diário com 770 páginas. Teve tempo ainda para ler Princípios da Geologia, de Charles Lyell's, que o familiarizou com os processos geológicos mudavam naturalmente a face da Terra, conta a Scientific American.

Darwin regressou a Inglaterra em 1836 e nos anos seguintes, publicar um livro sobre a viagem e desenvolveu o essencial da sua teoria da evolução, embora só tenha publicado On the Origin of Species (A Origem das Espécies) em 1959, depois de saber que um outro naturalista inglês, Russel Wallace, estava a desenvolver uma ideia idêntica.

On the Origin of Species (cujos 150 anos de publicação também se comemoram este ano) defendia a origem comum de toda a vida actual num organismo ancestral. A selecção natural dos mais aptos era uma das suas ideias centrais. O livro grangeou adeptos e causou polémica. Até hoje, pela voz dos criacionistas, a polémica continua. Mas o que ciência demonstrou de muitas maneiras neste século e meio foi que Darwin tinha razão. Na verdade, não há biologia sem evolução.|


Sapo.pt
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