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Caldeirão da Bolsa

A crise actual e a bolha de crédito na Idade Média

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Por falar em bancos...

por Safe » 8/1/2009 19:09

Alemanha
Commerzbank parcialmente nacionalizado
Cristina Barreto
08/01/09 17:04


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Collapse Comunidade
Partilhe: O Governo alemão vai ceder mais 10 mil milhões de euros ao Commerzbank em troca de uma participação de 25% e uma acção no seu capital.

Estes 10 mil milhões de euros vão permitir ao Commerzbank aumentar o seu rácio ‘core' capital, indicador que mede a saúde financeira dos bancos, para cerca de 10%, informa a instituição alemã num comunicado emitido hoje.

Em Novembro do ano passado, este banco germânico recorreu ao plano de ajuda à banca de 500 mil milhões de euros lançado pelo governo alemão. Nessa altura, o Executivo de Angela Merkel cedeu ao Commerzbank um total de 8,2 mil milhões de euros.
 
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A crise actual e a bolha de crédito na Idade Média

por Rockerduck » 8/1/2009 18:03

A crise actual e a bolha de crédito na Idade Média
in Diário Económico
Rui Barroso
05/01/09 09:49



Paralisação dos mercados de crédito, subida das taxas bancárias, falta de liquidez e falências de instituições financeiras. Os investigadores dizem que este padrão já se observava na época medieval.

De acordo com um estudo de investigadores da Universidade de Reading, em Inglaterra, o sistema financeiro já se encontrava em estado bastante avançado no século XIII. Eram cobradas taxas de juro ajustadas ao grau de risco e à duração dos empréstimos e definidos colaterais sobre os créditos concedidos. Os financiadores eram sobretudo mercadores italianos, como os Ricciardi de Lucca, ou burgueses flamengos que criaram entre eles algo semelhante ao sistema interbancário actual. A sofisticação financeira incluía até contratos de futuros sobre lã, por exemplo, que poderiam servir de colateral a empréstimos concedidos.


O rei de Inglaterra Eduardo I, retratado no filme "Braveheart", foi o primeiro soberano inglês a criar uma relação financeira sistemática com mercadores, nomeadamente com os italianos Ricciardi. Esta família financiava o trono em moldes que os autores consideram similar a "uma conta corrente moderna que incorpora mecanismos de dívida", o que permitia ao monarca financiar os exércitos e a construção de castelos. Os Ricciardi obtiam crédito junto de outros mercadores europeus, criando um sistema semelhante ao mercado interbancário.

No entanto, havia limitações. Cobrar juros por um empréstimo era proibido na época, sendo classificado pela Igreja como usura. Este entrave obrigava as partes envolvidas na concessão de crédito a fazer "contabilidade criativa" para ocultar que estavam a transgredir as regras religiosas.


A crise de 1294
Os Ricciardi começaram a financiar Eduardo I durante a década de 80 do século XIII, altura que os autores do estudo classificaram como sendo de acesso a dinheiro fácil e barato. Mas a bolha de crédito acabaria por rebentar. Em 1294 o Papa, um dos maiores 'players' financeiros do mundo medieval, exigiu o retorno do valor dos empréstimos concedidos. Ao mesmo tempo rebentou uma guerra entre a França e a Inglaterra, com a Coroa gaulesa a aumentar de forma significativa os impostos aos mercadores. Estes factores criaram perturbações nos mercados de crédito, tornando o dinheiro mais caro e escasso. Para os investigadores, citados pela BBC, a situação "tem semelhanças notáveis com as dificuldades actuais, com a principal causa a ser a falta de liquidez no mercado monetário".

Assim, quando Eduardo I contava com a continuação do financiamento dos Ricciardi, a família italiana, que estava fortemente alavancada, não conseguiu dar resposta. Como medida de retaliação, o soberano inglês confiscou as propriedades dos Ricciardi em Inglaterra, precipitando a falência dos seus habituais financiadores. A medida de Eduardo I saiu-lhe cara. O monarca teve de procurar créditos de curto prazo, com juros elevadíssimos, junto de outros mercadores. Chegou a ter de pagar uma taxa anualizada de 150%.

Questionados pela BBC sobre como Eduardo I teria lidado com a crise financeira actual, os autores do estudo sugeriram que, provavelmente, teria colocado os gestores dos bancos em prisão domiciliária, sem julgamento, até o governo conseguir recuperar o máximo possível dos seus activos.
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