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BCE diz que a economia da zona euro deverá recuperar em 2009

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BCE diz que a economia da zona euro deverá recuperar em 2009

por rufa » 11/12/2008 12:27

11 de Dezembro de 2008 - Boletim Mensal
Na reunião de 4 de Dezembro, o Conselho do BCE decidiu, com base nas suas análises monetária e económica regulares, reduzir as taxas de juro directoras do BCE em mais 75 pontos base. Consequentemente, a taxa de juro das operações principais de refinanciamento do Eurosistema foi reduzida para 2.50%, enquanto que as taxas de juro das facilidades permanentes de cedência de liquidez e de depósito foram reduzidas para, respectivamente, 3.00% e 2.00%, com efeitos a partir de 10 de Dezembro de 2008. Esta decisão vem na sequência das duas reduções das taxas de juro directoras do BCE em 50 pontos base, anunciadas em 8 de Outubro e 6 de Novembro de 2008. No geral, desde a reunião anterior, o Conselho do BCE observou a evidência acrescida de uma nova diminuição das pressões inflacionistas e, em termos prospectivos, a expectativa é de que as taxas de inflação se mantenham em níveis compatíveis com a estabilidade de preços no horizonte relevante em termos de política, apoiando o poder de compra do rendimento e a poupança. A descida das taxas de inflação deve-se principalmente à queda dos preços das matérias-primas e ao abrandamento significativo da actividade económica. Em estreita ligação com os efeitos da intensificação e generalização da turbulência financeira, é provável que se verifique uma atenuação da procura mundial e da área do euro por um período prolongado. Simultaneamente, o Conselho do BCE faz notar que, embora o ritmo subjacente da expansão monetária tenha permanecido forte, continuou a registar uma desaceleração. No geral, o Conselho do BCE sublinha que o nível de incerteza permanece excepcionalmente elevado. O Conselho do BCE continuará a manter as expectativas de inflação firmemente ancoradas em níveis compatíveis com o seu objectivo de médio prazo, a fim de apoiar um crescimento sustentável e o emprego e contribuir para a estabilidade financeira. Assim, continuará a acompanhar muito atentamente todos os desenvolvimentos no período que se avizinha.

No que diz respeito à análise económica, desde Setembro verificou-se uma intensificação e generalização da turbulência nos mercados financeiros. As tensões no sector financeiro têm-se repercutido cada vez mais na economia real e o conjunto da economia mundial ressente-se dos seus efeitos adversos. Na área do euro, concretizaram-se vários dos riscos descendentes para a actividade económica anteriormente identificados, conduzindo, no terceiro trimestre, a uma contracção de 0.2% do crescimento do PIB real, numa base trimestral, de acordo com a primeira estimativa do Eurostat. Os dados de inquéritos e indicadores mensais disponíveis para Outubro e Novembro sugerem que a actividade económica registou novo enfraquecimento no quarto trimestre de 2008.
Em termos prospectivos, com base na análise e avaliação do Conselho do BCE, o enfraquecimento da economia mundial e a procura interna muito fraca persistirão nos próximos trimestres. De acordo com as projecções macroeconómicas para a área do euro de Dezembro de 2008 dos especialistas do Eurosistema, a subsequente recuperação deverá então verificar-se gradualmente, apoiada pela queda dos preços das matérias-primas e pressupondo que se registará uma melhoria das condições externas e um enfraquecimento das tensões financeiras. Segundo as projecções dos especialistas do Eurosistema, o crescimento real anual do PIB situar-se-á entre 0.8% e 1.2% em 2008, entre -1.0% e 0.0% em 2009 e entre 0.5% e 1.5% em 2010. Estes valores representam revisões em baixa substanciais em comparação com as anteriores projecções dos especialistas do BCE para 2008 e 2009, publicadas em Setembro. As previsões elaboradas por organizações internacionais foram também revistas em sentido descendente e estão, de um modo geral, em conformidade com as projecções de Dezembro de 2008 dos especialistas do Eurosistema.

Na óptica do Conselho do BCE, as perspectivas económicas permanecem rodeadas de um grau de incerteza excepcionalmente elevado. Os riscos para o crescimento económico encontram-se do lado descendente e estão sobretudo relacionados com o potencial para um impacto mais significativo da turbulência nos mercados financeiros sobre a economia real, bem como com preocupações acerca de pressões proteccionistas e com uma possível evolução desordenada em virtude de desequilíbrios mundiais.

É crucial que todas as partes envolvidas contribuam no sentido da criação de bases sólidas para uma recuperação sustentável. Para a sua concretização o mais cedo possível, é da maior importância manter a disciplina e uma perspectiva a médio prazo na tomada de decisões de política macroeconómica, sendo esta a melhor forma de fomentar a confiança. As medidas significativas anunciadas pelos governos para fazer face à turbulência financeira deverão ser implementadas rapidamente a fim de contribuírem para garantir a confiança no sistema financeiro e ajudarem a evitar restrições na oferta de crédito às empresas e às famílias.

Em relação à evolução dos preços, a inflação homóloga medida pelo IHPC desceu substancialmente desde Julho. De acordo com a estimativa provisória do Eurostat, a inflação medida pelo IHPC situou-se em 2.1% em Novembro, face a 3.2% em Outubro e 4.0% em Julho. A descida significativa da inflação global desde o Verão reflecte principalmente o abrandamento considerável dos preços mundiais das matérias-primas nos últimos meses, que mais do que compensa o impacto do aumento acentuado dos custos unitários do trabalho no primeiro semestre do corrente ano.

Em termos prospectivos, os preços mais baixos das matérias-primas e o enfraquecimento da procura apontam para nova diminuição das pressões inflacionistas. Espera-se que a taxa de inflação homóloga medida pelo IHPC continue a baixar nos próximos meses, devendo atingir um nível compatível com a estabilidade de preços no horizonte relevante em termos de política. Dependendo essencialmente da evolução futura dos preços do petróleo e de outras matérias-primas, não se pode excluir uma descida mais rápida da inflação medida pelo IHPC em meados do próximo ano, sobretudo devido a efeitos de base. Contudo, também devido a efeitos de base, é possível que as taxas de inflação aumentem novamente no segundo semestre do ano, o que significa que qualquer descida acentuada da inflação medida pelo IHPC será de curta duração e, por conseguinte, não relevante em termos de política monetária.

Em consonância com esta avaliação, segundo as projecções de Dezembro de 2008 dos especialistas do Eurosistema, a inflação homóloga medida pelo IHPC deverá situar-se entre 3.2% e 3.4% em 2008 e registar uma descida para entre 1.1% e 1.7% em 2009. Em 2010, a inflação medida pelo IHPC deverá situar-se entre 1.5% e 2.1%. As projecções para a inflação medida pelo IHPC em 2008 e 2009 foram substancialmente revistas em sentido descendente em comparação com as projecções de Setembro de 2008 dos especialistas do BCE, reflectindo sobretudo as grandes descidas dos preços das matérias-primas e o impacto do enfraquecimento da procura na evolução dos preços. Neste contexto, é importante frisar o carácter condicional destas projecções, que se baseiam num conjunto de pressupostos técnicos, incluindo as expectativas do mercado acerca das taxas de juro de curto e de longo prazo, bem como os preços dos futuros do petróleo e das matérias-primas não energéticas. Além disso, as projecções têm por base a expectativa de uma descida das pressões salariais ao longo do horizonte de projecção. As previsões elaboradas por organizações internacionais apresentam, em geral, um cenário semelhante.

Para além da volatilidade de mais curto prazo nas taxas da inflação global medida pelo IHPC, os riscos para a estabilidade de preços no horizonte relevante em termos de política estão mais equilibrados do que no passado. Novas descidas inesperadas dos preços das matérias-primas poderiam exercer pressões descendentes sobre a inflação, ao passo que os riscos ascendentes para a estabilidade de preços poderiam concretizar-se, em particular se a recente queda dos preços das matérias-primas se invertesse ou se as pressões internas sobre os preços se revelassem mais fortes do que o pressuposto. É, pois, crucial que os responsáveis pela fixação dos preços e dos salários assumam inteiramente as suas responsabilidades.

No que respeita à análise monetária, várias estimativas sobre o crescimento subjacente do agregado monetário largo apontam para uma taxa de expansão monetária sustentada, embora em moderação, na área do euro. As tendências monetárias confirmam, portanto, a perspectiva de uma nova diminuição das pressões inflacionistas, permanecendo alguns riscos ascendentes a médio e a mais longo prazo.

É de reconhecer que a intensificação da turbulência nos mercados financeiros desde meados de Setembro constitui um potencial ponto de viragem na evolução monetária. Os dados mais recentes sobre a moeda e o crédito indicam que esta intensificação exerceu um impacto significativo no comportamento dos participantes no mercado. Até à data, os desenvolvimentos verificados consistiram, em grande medida, em substituições entre componentes do agregado monetário largo M3 e não em variações acentuadas na evolução do próprio M3.

Os últimos dados disponíveis, nomeadamente até ao final de Outubro, revelam uma moderação continuada da taxa de crescimento dos empréstimos ao sector privado não financeiro. Ao mesmo tempo, para o conjunto da área do euro, não existem indicações significativas de uma cessação da disponibilização de empréstimos. A taxa de crescimento homóloga dos empréstimos às famílias registou também uma nova moderação, em consonância com o enfraquecimento das perspectivas económicas e do mercado da habitação e com condições de financiamento mais restritivas. Com efeito, os dados revelam que a intensificação da turbulência financeira está a afectar o comportamento dos bancos. Em termos prospectivos, para se chegar a um julgamento seguro, são necessários mais dados e uma nova análise.

Resumindo, aumentou a evidência de que as pressões inflacionistas continuam a diminuir e espera-se que as taxas de inflação se mantenham em níveis compatíveis com a estabilidade de preços no horizonte relevante em termos de política, apoiando o poder de compra do rendimento e a poupança. A descida das taxas de inflação deve-se principalmente à queda dos preços das matérias-primas e ao abrandamento significativo da actividade económica, que estão, em grande medida, relacionados com os efeitos a nível mundial da turbulência financeira. O cruzamento dos resultados da análise económica com os da análise monetária corrobora esta perspectiva. Embora o ritmo subjacente da expansão monetária tenha permanecido forte, continuou a registar uma desaceleração. Por conseguinte, com base em todas as informações e análises disponíveis, o Conselho do BCE decidiu reduzir as taxas de juro directoras do BCE em mais 75 pontos base. No geral, o nível de incerteza mantém-se excepcionalmente elevado. O Conselho do BCE continuará a manter as expectativas de inflação firmemente ancoradas em níveis compatíveis com o seu objectivo de médio prazo, a fim de apoiar um crescimento sustentável e o emprego e contribuir para a estabilidade financeira. Assim, continuará a acompanhar muito atentamente todos os desenvolvimentos no período que se avizinha.

Em termos de políticas orçamentais, o Conselho do BCE considera crucial a manutenção de disciplina e de uma perspectiva de médio prazo, tendo plenamente em conta as consequências de acções de mais curto prazo para a sustentabilidade orçamental. Reveste-se da maior importância preservar a confiança do público na solidez das políticas orçamentais, aplicando rigorosamente o quadro orçamental da UE, baseado em regras, e assegurando a sua integridade total. As disposições do Tratado de Nice e do Pacto de Estabilidade e Crescimento requerem uma perspectiva de médio prazo e permitem a flexibilidade necessária. A dimensão dos estabilizadores automáticos é relativamente elevada na área do euro, pelo que estes constituem uma importante fonte de apoio orçamental a uma economia em enfraquecimento. Quando existe margem de manobra, medidas orçamentais adicionais podem ser eficazes, desde que sejam atempadas, direccionadas e temporárias.

Relativamente a políticas estruturais, o actual período de fraca actividade económica e de elevada incerteza acerca das perspectivas económicas implica que é necessário reforçar a capacidade de resistência e a flexibilidade da economia da área do euro. As reformas do mercado do produto devem promover a concorrência e acelerar a reestruturação efectiva. As reformas do mercado de trabalho devem contribuir para facilitar uma fixação dos salários apropriada, bem como a mobilidade do trabalho entre sectores e regiões. A situação actual deve, portanto, ser encarada como um catalisador para fomentar a implementação das necessárias reformas internas, em consonância com o princípio de uma economia de mercado aberto e de livre concorrência.

Fonte BCE.

Cumps.
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