O que mais virá aí ???
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Fusão dos reguladores dos mercados também será fortificada
Governo prepara reforço dos poderes da Reserva Federal
2008/03/30 19:08Editorial / CPSAAAA
Objectivo é evitar catástrofes como «subprime»
O Governo norte-americano vai propor segunda-feira o alargamento considerável dos poderes da Reserva Federal (Fed), de forma a permitir-lhe fiscalizar os mercados financeiros para evitar catástrofes como a do «subprime» ou hipotecas de alto risco, diz a imprensa internacional.
Trata-se da reforma mais ambiciosa desde a Guerra Civil na segunda metade do século XIX, podendo inclusivamente fundir numa só, as reguladoras das praças financeiras e das matérias-primas, dizem alguns jornais de Nova Iorque, citados pela «Lusa».
«Salvo raras excepções, a maior parte deste plano não será aplicado antes que as actuais perturbações sobre os mercados não tenham terminado», explicou o secretário de Estado do Tesouro, Henry Paulson, numa entrevista ao «Wall Street Journal».
Segundo um resumo do projecto obtido durante o fim-de-semana pela imprensa norte-americana, a Reserva Federal vai conceder o poder de investigar, não importa qual a instituição financeira, sobre cuja actividade será susceptível de pôr em perigo a estabilidade económica do país.
Assim, a Fed terá todo espaço de manobra para combater os riscos que afectem o sistema financeiro no seu conjunto.
Desta forma, a Securities and Exchange Comission (SEC), autoridade reguladora dos mercados financeiros norte-americanos, perderá o seu poder e poderá fundir-se com a Commodity Futures Trading Comission, entidade de regulação dos mercados de matérias-primas, como gás e petroleo, especifica o «New York Times».
Já se tomam medidas a prever uma grande crise???
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"Há uma preferência dos investidores em retirar o seu dinheiro por falta de confiança. Quando isso acontece o sistema financeiro não tem sobrevivência possível. "
Então onde é que as pessoas estão a guardar o dinheiro? Um empresário em Braga,foi assaltado em casa, amordaçaram-no a ele e á mulher e levaram-lhe 500 mil euros em dinheiro...
Então onde é que as pessoas estão a guardar o dinheiro? Um empresário em Braga,foi assaltado em casa, amordaçaram-no a ele e á mulher e levaram-lhe 500 mil euros em dinheiro...
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O que mais virá aí ???
Entrevista ao jornal "Público" de António Borges
SEGUNDO BLOCO - CRISE FINANCEIRA
Portugal e a Europa podem escapar a uma recessão face à actual crise internacional?
Estou muito mais optimista do que a generalidade dos comentadores. Mas não vamos escapar sem consequências. Haverá um abrandamento da actividade económica, mas espero que não seja muito substancial e as últimas indicações são positivas.
Teremos desaceleração, sem recessão?
É a minha esperança.
Não concorda com Miguel Cadilhe que defende que já estamos em recessão?
Não. Miguel Cadilhe tem uma posição muito especial que é a de que o Estado deve intervir sistematicamente na área fiscal e orçamental para estimular a economia. Posição que já se provou não dá resultado. Ele justifica essa posição com uma possível recessão em Portugal. Mas estamos muito longe disso. De qualquer modo é uma política muito desestabilizadora.
Os bancos europeus estão menos expostos do que os norte-americanos à crise financeira?
Não. Os bancos europeus estão mais expostos mas têm uma atitude perante esta crise muito mais serena, mais prudente e cautelosa do que os americanos. Os bancos americanos estão sob um escrutínio mais intenso da imprensa e estão mais naquela perspectiva: "temos aqui problemas dramáticos, vamos resolvê-los. Anunciamos umas perdas gigantescas e recomeçamos do zero." A forma como a crise tem sido gerida tem agravado a situação. Na Europa há mais cautela na comunicação, há mais cooperação com as autoridades e um esforço conjunto. E isso tem permitido que na Europa o problema não atinja a gravidade que tem nos EUA. O ponto mais interessante desta crise é que mostra que o sistema europeu de bancos centrais e de reguladores e supervisores é muito mais sólido do que o americano.
A desregulação bancária foi longe de mais?
De maneira nenhuma.
E a inovação financeira?
Pelo contrário. A inovação financeira foi das coisas mais importantes que aconteceram nos últimos anos e sem a qual nunca teríamos tido o crescimento económico que tivemos. O ponto é que quando há uma grande vaga de inovação, há sempre excessos.
E agora ninguém sabe onde está o risco...
Mas isso nunca se soube. Quando vai depositar o seu dinheiro no banco sabe o que é que a instituição vai fazer com ele? Não sabe. Onde é que o risco acaba? Não sabe. E no entanto deposita lá o seu dinheiro tranquilamente. Há aqui um elemento central que é a confiança que tem sempre que haver, desde as instituições mais simples às mais complexas. E essa confiança desapareceu. Por isso estamos numa situação de pânico total que é a única explicação dos problemas. Há aqui um paralelo muito interessante com a década de 30, quando os bancos faliam aos milhares, porque não havia confiança e as pessoas retiravam os seus depósitos. Hoje não são os bancos que vão à falência porque há os seguros de depósito, senão também iam. Há uma preferência dos investidores em retirar o seu dinheiro por falta de confiança. Quando isso acontece o sistema financeiro não tem sobrevivência possível. Mesmo bancos extraordinariamente sólidos, com activos belíssimos, não conseguem satisfazer as necessidades de liquidez dos seus clientes.
Mas a inovação foi então longe de mais...
Sim, foi. Isto é um paralelo exacto com o que passou em 1999/2000 com aquela bolha da tecnologia, da internet. Foi-se claramente longe de mais e depois corrigiu-se tudo e recomeçou o crescimento económico. Agora também se foi longe de mais na inovação financeira, aprendeu-se muito e se voltássemos atrás não faríamos algumas coisas. Mas tenho grande esperança que o grosso dessa inovação financeira se mantenha, porque ela permitiu um óptimo crescimento económico.
Alan Greenspan diz que esta é a crise mais grave desde a Segunda Guerra. Concorda?
Não sou um grande fã de Greenspan. E ele tem grandes responsabilidades nesta situação. Esteve muitos anos à frente da Reserva Federal e esteve directamente ligado em todos os casos a uma resposta excessiva por parte das autoridades americanas aos problemas da economia. Ou porque a crise era profunda demais e se praticava uma política demasiado expansionista, o que depois dava mau resultado. Ou porque se contrariava o crescimento de forma também excessiva. Ele e a Reserva Federal foram, ao longo destes últimos 20 anos, factores muito importantes de instabilidade. Em 1987 foi assim, em 1998 foi assim, e agora voltou a ser assim.
Essa não é uma opinião pacífica. Há quem veja nele o principal artífice do mais longo período de expansão económica dos Estados Unidos.
Sim. Mago foi a palavra que se usou. A verdade é que presidiu a um período de grande volatilidade da economia americana, de grande instabilidade monetária e de facto com consequências que estamos agora a observar. Na Europa, de quem os americanos fazem muita troça porque dizem que aqui nunca se passa nada de importante e que é o continente mais aborrecido do mundo, a verdade é que é essa estabilidade monetária, que vem da tradição alemã, que tem permitido muito mais tranquilidade na forma como a economia se organiza. A economia europeia não tem o dinamismo que tem a americana, mas, por outras razões, que não têm nada a ver com política monetária. Têm a ver com o empreendedorismo, a inovação, o risco, etc.
Concorda então com a forma como o BCE está a responder a esta crise?
O BCE é o grande vencedor destas dificuldades. Quer em relação ao Banco de Inglaterra, quer em relação à Reserva Federal. O BCE aparece muitíssimo mais sólido, tranquilo, capaz, competente, acabando por ter mais influência. Daí a força do euro. O euro aparece hoje como uma moeda que toda a gente quer ter, o que tem levado a uma subida excessiva da sua cotação. Há uma mudança muito grande na forma como os investidores mundiais olham para a competência de cada um dos responsáveis da política monetária.
A subida do euro face ao dólar ajuda a economia americana.
A crise americana, a haver, será de curtíssima duração. Há um sector que está em situação dramática, que é o da habitação e construção. Mas tudo o resto da economia está bastante bem. As empresas estão com bons resultados e balanços sólidos, as exportações estão a subir rapidamente. A melhor prova disto está no preço do petróleo e de outras matérias-primas. Se estivéssemos à beira de uma recessão tão profunda não estariam a subir tanto.
Mas há uma grande incerteza.
Há de facto uma grande incerteza e elementos de grande irracionalidade cujas consequências ninguém consegue prever. Esse é que é o aspecto perturbador. Porque o resto da economia estaria num processo de ajustamento. Convém olhar para trás e ver como isto tudo começou. Os EUA constatam que estão com um crescimento excessivo e a Reserva Federal começa a subir as taxas de juro. E fá-lo brutalmente, muitíssimo em pouco tempo. Não admira que agora haja um abrandamento da actividade económica. Ninguém pode ficar surpreendido. O facto de isto passar pelo sector financeiro e por uma crise financeira é que surpreendeu toda a gente. Mas a ligação entre as decisões de política monetária e o abrandamento que estamos agora a verificar foi deliberada. As consequências no futuro é que são mais difíceis de prever. Como estamos em ano eleitoral nos EUA, há um dramatismo e uma resposta excessiva das autoridades, quer monetárias quer orçamentais, com um pacote de medidas que vão criar problemas sérios. Estão claramente a ir longe de mais.
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