Caldeirão da Bolsa

As ilusões do mercado

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Bart Simpson » 25/2/2008 14:05

O mal é que eles hoje são mais comissionistas que técnicos. Contacto c/ alguns do Private e levam nas orelhas se não venderem os produtos que o banco quer. Desde à um ano para cá que tem sido um corrodopio a mudarem de bancos, normalmente ou por não se sentirem bem a vender o que não acreditam aos seus clientes ou por não alcançarem os objectivos.
Eu que sou cliente do private hà muitos anos de diversos bancos e que tenho confiança c/ alguns, vejo que os bancos se esqueceram que o cliente que forma uma carteira c/ um private banker, é cliente dele e não do banco. Onde fôr o fulano o cliente vai atráz, pois tem mais confiança no indivíduo do que na entidade.
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por Pollito » 25/2/2008 13:53

jeab Escreveu:Pollito, folhas A4 sem nomes, só Nº e claro diziam, este é de um jogador, olhe este que deu X neste mês é de um advogado, etc
Jeab


Do mal o menos...mas é conversa de vigarista.Parece o tipo que abre a gabardine e tem os relógios todos pendurados :lol:
Dava-lhe uma rabecada na mesma por estar a garantir em produtos de risco.
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por Bart Simpson » 25/2/2008 13:48

Pollito, folhas A4 sem nomes, só Nº e claro diziam, este é de um jogador, olhe este que deu X neste mês é de um advogado, etc
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por Pollito » 25/2/2008 13:45

Ulisses Pereira Escreveu:jeab, um profissional da área que aborda um cliente e que lhe fale como objectivo os 5% por mês ou é aldrabão (prometendo rentabilidades que não são possíveis de se manter consistentemente) ou tem um grau de inocência e înexperiência que desaconselha por completo que se recorra a ele.

Um abraço,
Ulisses


Além do 'pormenor' de:

Mostraram-me exemplos de carteiras de clientes (advogados, jogadores da bola, etc.)

Mas o que é isto?Nem quero imaginar mostrarem a minha carteira a terceiros.
Quem me viesse com a conversa desse banco levava uma rabecada de todo o tamanho!Até gostava de saber quem foi
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por Bart Simpson » 25/2/2008 13:43

Ulisses, além de ser de um graaannnde Banco Europeu, é o chefe do Departamento de Advisers,ligados directamente a Londres onde têm 1.240 pessoas.
O parvo fui eu, pois rendibilidades passadas não são garantia de rendibilidades futuras. Por isso penso que 10% a 15% anuais consistentemente é muito bom.
Eu consegui 6,2% em 2007 c/ uma carteira:
- 96% em aplicações de capital garantido
- 4% em acções e ETFs
Neste momento já estou exposto em 10% em commodities,1% em acções,85% em produtos de capital garantido e o restante em liquidez.
As commodities estão a ajudar a aguentar as acções. O mais importante é que não estou a perder dinheiro estou é a Ganhar Menos :wink:
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por Ulisses Pereira » 25/2/2008 13:28

jeab, um profissional da área que aborda um cliente e que lhe fale como objectivo os 5% por mês ou é aldrabão (prometendo rentabilidades que não são possíveis de se manter consistentemente) ou tem um grau de inocência e înexperiência que desaconselha por completo que se recorra a ele.

Um abraço,
Ulisses
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por Bart Simpson » 25/2/2008 13:16

mnfv Escreveu:Eu acho que num mercado Bull qualquer um se safa: com o PSI 20 a valorizar 20% ao ano consecutivamente é fácil ter sucesso.

Agora com lateralização/bear considero que só um profissional ou amador experiente dedicado pode ter uma performance razoável nos mercados.

É isso, a palavra consistente é que diz tudo.
Fui contactado por um Adviser de um banco que sou cliente, para formar uma pequena carteira c/ eles.
- média de investimento por acção/produto 5.000,00/10.000 €.
- Objectivo : - retorno de 5%/mês
Mostraram-me exemplos de carteiras de clientes (advogados, jogadores da bola, etc.)
Entrei, com o Mercado Bull e s primeiros meses tudo bem, a partir de Dezembro é a desgraça. Tive que dar ordens de venda a perder e adquirir commodities, que neste momento estão a minimizar as perdas.
Desculpem, mas para mim é c/ Bancos só produtos de capital garantido. A arriscar, arrisco EU. :lol:
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por MNFV » 25/2/2008 12:27

Eu acho que num mercado Bull qualquer um se safa: com o PSI 20 a valorizar 20% ao ano consecutivamente é fácil ter sucesso.

Agora com lateralização/bear considero que só um profissional ou amador experiente dedicado pode ter uma performance razoável nos mercados.
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por pjota_CALD » 25/2/2008 11:18

Nesta perspectiva, e uma vez que nem todos serão bons traders, por mais horas que passem à frente de um computador, não haverá muitas vantagens em cada um tentar gerir a sua própria carteira, mais valendo entregá-la aos cuidados de um bom broker.

Mas há outros "mitos" que me impedem de seguir por esse caminho:

1º ninguém constitui um carteira decente apenas com 5.000 euros. Qual será a percentagem razoável da poupança que se deve aplicar em bolsa 5% do total, 10%?

2º os custos associados são elevados, o que desencoraja alguns de optar por essa via. No entanto, ao investir a solo, às vezes acumulam-se perdas que davam para contrar os serviços de uma corretora. Que fazer?
A independência faz-se pagar bem caro.
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por rosario » 23/2/2008 17:03

Woodhare Escreveu:Eu pensei que valorizações de 20% ao ano durante décadas já era sinal de genialidade.



Tomara muitos, inclusive eu, ter uma valorização anual de 10 a 15% de forma consistente.
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por michael » 23/2/2008 16:09

Pollito Escreveu:Eu identifico-me com todas elas.Até gosto que se fale nisto porque realmente é frustrante ouvir algumas opiniões de amigos que estão convictos que temos o segredo, a pedra filosofal,a galinha dos ovos de ouro quando não é linear.Já nem falo dos fóruns porque nesse caso é habitual ler algumas barbaridades em qualquer parte do mundo.
Apenas acrescentava uma variante á questão dos gestores de fundos.
Também não me acredito no controle absoluto do mercado.Isso seria uma presunção enorme que pode ter preços elevados como teve no caso citado.Nem o reduziria apenas a gestores de fundos pois haverá outro tipo de movimentos extra fundos (a meu ver) e gestores de fundos mas a mando de uma ou outra cabeça.
Na minha opinião no mercado é PONTUALMENTE conseguido o controle.Esse controle é momentâneo e resulta mas terá o reverso da medalha que é quando lhes sai o tiro pela culatra devido a factores externos ao acontecimento em si.
O próprio rumor, como ultimamente tem acontecido com frequencia, bem preparado também controla momentaneamente.
8-)


Era sobre exactamente isto que eu tambem queria dizer comentar. Não acho que seja a função dos gestores de fundos controlar o mercado, aliás, acho que na maioria das vezes quem lhes dera a eles não ter impacto no mercado. Quando eles começam a comprar, devido ao seu peso, puxam o preço para cima e são obrigados a comprar mais caro, o que não lhes convem. Mas claro, os gestores de fundos tem muitas estratégias. Podem tentar defender um preço e no caso de small caps podiam até comprar a empresa toda, mas por exemplo isso não funciona com blue chips, com grande capitalização bolsista e muito turnover. Quanto mais líquido um papel mais dificil é conseguir controlá-lo.
Mas que são os fundos (de acções, hedge funds e de pensões) que mexem o mercado não tenho dúvidas.
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Re: As ilusões do mercado

por rufa » 23/2/2008 15:58

Ulisses Pereira Escreveu:Todos os investidores têm as suas ideias sobre os mercados. Ao longo do tempo e à medida que a sua experiência nos mercados vai aumentando, vão abandonando algumas ideias e reformulando outras.

Há, no entanto, uma série de ideias pré definidas sobre os mercados que são comuns a um grande número de investidores e que, para mim, não passam de meras ilusões. Hoje, vou falar daquelas que são, na minha opinião, as grandes ilusões dos mercados:

Quem tiver tempo para passar o dia inteiro a olhar para as cotações facilmente ganha dinheiro.

Esta é a ilusão mais comum a quem nunca investiu ou está a dar os primeiros passos nos mercados. Acho que só o tempo e os ensinamentos dos mais experientes fazem com que as pessoas percebam que dedicar-se a tempo inteiro aos mercados não é garantia de sucesso. Assim como não o é em qualquer outra profissão... Por mais horas que passasse em frente a um estirador (ou, de uma forma mais moderna, a um computador), jamais conseguiria ser um bom arquitecto.

Mas - se você se dedica a tempo inteiro ao “trading” - decerto que já ouviu dos seus amigos comentários como “Passas o dia inteiro a olhar para as cotações. Assim é fácil...”. Um dia eles vão perceber que isso é uma ilusão.


Um bom “trader” é aquele que consegue valorizar a sua carteira, pelo menos, em 100% por ano.

Esta ilusão aparece constantemente nos fóruns de bolsa e bastava às pessoas pararem um pouco para fazerem contas e verem como outros números são mais racionais e não deixam de ser excelentes resultados.

Pessoalmente, defendo que um “trader” que consegue valorizar a sua carteira, consistentemente, 30% ao ano, é um excelente “trader” e deve ter encontrado a actividade certa. Claro que qualquer investidor pode ter anos em que tenha valorizações superiores a 100%, mas de que lhe serve isso se a seguir está sujeito a ter dois anos com desvalorizações na casa dos 50%? Fazer muito dinheiro num ano ocasional é fácil, mas fazer algum dinheiro consistentemente ao longo de vários anos é já muito mais complicado e garantia de sucesso nos mercados.

30% ao ano parece-lhe pouco? Vamos fazer contas: imagine que começa com 5 mil euros e valoriza a sua carteira 30% ao ano, reinvestindo sempre as mais valias, durante 15 anos. No final desse ano, a sua carteira teria o valor de mais de 255 mil euros! Elucidativo...

Em suma, se alguém lhe disser que consegue rentabilizar a sua carteira em 60 ou 70% ao ano, desconfie, ou então tem à sua frente um “top trader”.

Os gestores de fundos controlam o mercado e este obedece ao rumo que eles lhe quiserem dar.

Há investidores que já negoceiam há muitos anos e que acreditam nisto. Eu cada vez mais acredito que isto é uma das ilusões do mercado. Ninguém é suficientemente forte para ser maior que o mercado. Um dos exemplos mais paradigmáticos disto é o caso de Pedro Caldeira, antes do “crash” de 1987: Ele controlava mais de metade do mercado, conseguindo controlar o seu rumo mas, num instante, tudo ruiu como um baralho de cartas, sem compradores para vender as suas acções.

Mas a melhor forma de desmontar esta ilusão é verificar o desempenho da maior parte dos fundos mundiais nos últimos anos: péssimos. Se o mercado obedece ao rumo que os fundos lhe querem dar, não era suposto os seus resultados serem fantásticos?

O “daytrading” é a melhor e mais tranquila forma de se ganhar dinheiro no mercado.

O “daytrading” pode ser lucrativo, mas as percentagens jogam claramente contra isso, especialmente em Portugal, onde o mercado é muito pouco volátil e os “spreads” muito elevados. E mesmo os “traders” com bons resultados neste sistema, sofrem com o desgaste psicológico e a incapacidade de negociar cada vez maiores quantidades de acções, o que irá limitar a sua longevidade e prosperidade.

Para se ganhar nos mercados é preciso não errar.

Isto é uma completa ilusão porque é impossível não errarmos no mercado, assim como é impossível não termos perdas em alguns negócios. O que eu diria é que para se ganhar nos mercados é preciso admitir o erro e saber que as perdas fazem parte do “trading”. Quem foge às perdas e não admite assumi-las, acaba por ser esmagado pelo mercado.

O “trading” é divertido, dá prazer e não dá trabalho.

Concordo que o “trading” possa ser divertido e dar prazer, mas para se ter sucesso nos mercados é preciso muito trabalho. Já viram algum médico, advogado, agricultor ter sucesso sem trabalho? No “trading”, o trabalho também é essencial. Há que estudar, analisar o mercado, acompanhá-lo e ser disciplinado todos os dias.

Claro que inúmeras vezes dá muito mais vontade de ir fazer muitas outras coisas, ao invés de se ficar fechado em casa a analisar gráfico a gráfico e a tentar encontrar oportunidades, mas quem quer ter sucesso tem que trabalhar para isso. Nisto, o “trading” é igual a todas as outras actividades.


Estas são as principais ilusões que vejo na maior parte dos investidores. Por certo, alguns de vocês discordarão de algumas delas. Quem sabe se não serei eu que estou iludido?

Ulisses


Como eu(nós) aprendo(emos) já mereces uma prenda :mrgreen: Ty

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por Woodhare » 23/2/2008 13:32

Eu pensei que valorizações de 20% ao ano durante décadas já era sinal de genialidade.

Mas discordo de uma coisa, embora não ache que olhar para cotações o dia inteiro possa ajudar alguem acho que dedicar grande parte de tempo a uma actividade em que se que ter sucesso, não só em trabalho prático mas em estudo é sempre positivo e faz a diferença.
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por Pollito » 23/2/2008 13:22

Eu identifico-me com todas elas.Até gosto que se fale nisto porque realmente é frustrante ouvir algumas opiniões de amigos que estão convictos que temos o segredo, a pedra filosofal,a galinha dos ovos de ouro quando não é linear.Já nem falo dos fóruns porque nesse caso é habitual ler algumas barbaridades em qualquer parte do mundo.
Apenas acrescentava uma variante á questão dos gestores de fundos.
Também não me acredito no controle absoluto do mercado.Isso seria uma presunção enorme que pode ter preços elevados como teve no caso citado.Nem o reduziria apenas a gestores de fundos pois haverá outro tipo de movimentos extra fundos (a meu ver) e gestores de fundos mas a mando de uma ou outra cabeça.
Na minha opinião no mercado é PONTUALMENTE conseguido o controle.Esse controle é momentâneo e resulta mas terá o reverso da medalha que é quando lhes sai o tiro pela culatra devido a factores externos ao acontecimento em si.
O próprio rumor, como ultimamente tem acontecido com frequencia, bem preparado também controla momentaneamente.
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por tiagopt2 » 23/2/2008 1:36

Dos 6 pontos que abordou neste tópico, eu acreditava em 4.

Tudo o que tenho lido nos últimos meses (especialmente nas horas e horas dedicadas a "desfolhar" as páginas do caldeirão) fez-me desmistificar muito do que pensava, e actualmente apenas defendo um dos pontos abordados.

Muitos parabéns Ulisses. Abraço
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por cibmic » 23/2/2008 1:24

Excelente, excelente
Neste e noutros foruns farto-me de aprender e alargar conhecimentos e perspectivas.
Parabéns ao Ulisses pelos seus artigos pedagógicos

Acho que o orçamento familiar de muita gente e a sanidade mental de alguns poucos agradecem estas reflexões que, pelo menos, constituem um momento de reflexão. Depois se um tipo insiste em ficar agarrado a um papel que comprou a 11 euros e está agora a 0,25 não há nada a fazer. Há coisas que nem os melhores artigos do Ulisses conseguem evitar....(estes e outros disparates) pela minha parte o meu renovado obrigado.
 
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por Gncl_C » 23/2/2008 1:09

Uma questão... a quantidade de dinheiro que é feita influencia os mercados de que forma?

Os melhores cumprimentos, Gncl
 
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As ilusões do mercado

por Ulisses Pereira » 6/12/2007 13:34

Todos os investidores têm as suas ideias sobre os mercados. Ao longo do tempo e à medida que a sua experiência nos mercados vai aumentando, vão abandonando algumas ideias e reformulando outras.

Há, no entanto, uma série de ideias pré definidas sobre os mercados que são comuns a um grande número de investidores e que, para mim, não passam de meras ilusões. Hoje, vou falar daquelas que são, na minha opinião, as grandes ilusões dos mercados:

Quem tiver tempo para passar o dia inteiro a olhar para as cotações facilmente ganha dinheiro.

Esta é a ilusão mais comum a quem nunca investiu ou está a dar os primeiros passos nos mercados. Acho que só o tempo e os ensinamentos dos mais experientes fazem com que as pessoas percebam que dedicar-se a tempo inteiro aos mercados não é garantia de sucesso. Assim como não o é em qualquer outra profissão... Por mais horas que passasse em frente a um estirador (ou, de uma forma mais moderna, a um computador), jamais conseguiria ser um bom arquitecto.

Mas - se você se dedica a tempo inteiro ao “trading” - decerto que já ouviu dos seus amigos comentários como “Passas o dia inteiro a olhar para as cotações. Assim é fácil...”. Um dia eles vão perceber que isso é uma ilusão.


Um bom “trader” é aquele que consegue valorizar a sua carteira, pelo menos, em 100% por ano.

Esta ilusão aparece constantemente nos fóruns de bolsa e bastava às pessoas pararem um pouco para fazerem contas e verem como outros números são mais racionais e não deixam de ser excelentes resultados.

Pessoalmente, defendo que um “trader” que consegue valorizar a sua carteira, consistentemente, 30% ao ano, é um excelente “trader” e deve ter encontrado a actividade certa. Claro que qualquer investidor pode ter anos em que tenha valorizações superiores a 100%, mas de que lhe serve isso se a seguir está sujeito a ter dois anos com desvalorizações na casa dos 50%? Fazer muito dinheiro num ano ocasional é fácil, mas fazer algum dinheiro consistentemente ao longo de vários anos é já muito mais complicado e garantia de sucesso nos mercados.

30% ao ano parece-lhe pouco? Vamos fazer contas: imagine que começa com 5 mil euros e valoriza a sua carteira 30% ao ano, reinvestindo sempre as mais valias, durante 15 anos. No final desse ano, a sua carteira teria o valor de mais de 255 mil euros! Elucidativo...

Em suma, se alguém lhe disser que consegue rentabilizar a sua carteira em 60 ou 70% ao ano, desconfie, ou então tem à sua frente um “top trader”.

Os gestores de fundos controlam o mercado e este obedece ao rumo que eles lhe quiserem dar.

Há investidores que já negoceiam há muitos anos e que acreditam nisto. Eu cada vez mais acredito que isto é uma das ilusões do mercado. Ninguém é suficientemente forte para ser maior que o mercado. Um dos exemplos mais paradigmáticos disto é o caso de Pedro Caldeira, antes do “crash” de 1987: Ele controlava mais de metade do mercado, conseguindo controlar o seu rumo mas, num instante, tudo ruiu como um baralho de cartas, sem compradores para vender as suas acções.

Mas a melhor forma de desmontar esta ilusão é verificar o desempenho da maior parte dos fundos mundiais nos últimos anos: péssimos. Se o mercado obedece ao rumo que os fundos lhe querem dar, não era suposto os seus resultados serem fantásticos?

O “daytrading” é a melhor e mais tranquila forma de se ganhar dinheiro no mercado.

O “daytrading” pode ser lucrativo, mas as percentagens jogam claramente contra isso, especialmente em Portugal, onde o mercado é muito pouco volátil e os “spreads” muito elevados. E mesmo os “traders” com bons resultados neste sistema, sofrem com o desgaste psicológico e a incapacidade de negociar cada vez maiores quantidades de acções, o que irá limitar a sua longevidade e prosperidade.

Para se ganhar nos mercados é preciso não errar.

Isto é uma completa ilusão porque é impossível não errarmos no mercado, assim como é impossível não termos perdas em alguns negócios. O que eu diria é que para se ganhar nos mercados é preciso admitir o erro e saber que as perdas fazem parte do “trading”. Quem foge às perdas e não admite assumi-las, acaba por ser esmagado pelo mercado.

O “trading” é divertido, dá prazer e não dá trabalho.

Concordo que o “trading” possa ser divertido e dar prazer, mas para se ter sucesso nos mercados é preciso muito trabalho. Já viram algum médico, advogado, agricultor ter sucesso sem trabalho? No “trading”, o trabalho também é essencial. Há que estudar, analisar o mercado, acompanhá-lo e ser disciplinado todos os dias.

Claro que inúmeras vezes dá muito mais vontade de ir fazer muitas outras coisas, ao invés de se ficar fechado em casa a analisar gráfico a gráfico e a tentar encontrar oportunidades, mas quem quer ter sucesso tem que trabalhar para isso. Nisto, o “trading” é igual a todas as outras actividades.


Estas são as principais ilusões que vejo na maior parte dos investidores. Por certo, alguns de vocês discordarão de algumas delas. Quem sabe se não serei eu que estou iludido?

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