Caldeirão da Bolsa

Off topic - Educação .... (não quero gerar polémica)

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por artista_ » 7/7/2006 2:32

Oeiras Escreveu:Aproveitando as palavras do Artista (um abraço) gostaria de colaborar com este artigo:


Uma abraço para ti também! :wink:

Há um aspecto que tem afectado bastante o ensino nos últimos anos, e cada vez vai afectar mais, pelo menos se não se fizer nada (não sei bem o quê?!):

Cada vez há mais miúdos que não têm os pais juntos, vivem só com o pai ou só com a mãe e muitas vezes com um tio, os avós, primos ou outros quaisquer... é claro que há alguns que até são bons alunos e disciplinados mas a maioria não sabe o que anda cá a fazer, na família começam as bases da disciplina, ela é a referência para qualquer criança ou adolescente e as escolas actuais não tem capacidade de resposta para a grande maioria destes casos...

Bom já tou muito cansado, vou-me deitar!!!!
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por Oeiras » 7/7/2006 0:13

Aproveitando as palavras do Artista (um abraço) gostaria de colaborar com este artigo:

Post de Vasco Graça Moura:
(publicado, originalmente, no Diário de Notícias de 5 de Julho de 2006)

História do futuro

A escola que temos não exige a muitos jovens qualquer aproveitamento útil ou qualquer respeito da disciplina. Passa o tempo a pôr-lhes pó de talco e a mudar-lhes as fraldas até aos 17 anos.

Entretanto mostra-lhes com toda a solicitude que eles não precisam de aprender nada, enquanto a televisão e outros entretenimentos tratam de submetê-los a um processo contínuo de imbecilização.

Se, na adolescência, se habituam a drogar-se, a roubar, a agredir ou a cometer outros crimes, o sistema trata-os com a benignidade que a brandura dos nossos costumes considera adequadas à sua idade e lava-lhes ternurentamente o rabinho com água de colónia.

Ficam cientes de que podem fazer tudo o que lhes der na real gana na mais gloriosa das impunidades.

Não são enquadrados por autoridade de nenhuma espécie na família, nem na escola, nem na sociedade, e assim atingem a maioridade.

Deixou de haver serviço militar obrigatório, o que também concorre para que cheguem à idade adulta sem qualquer espécie de aprendizagem disciplinada ou de noção cívica.

Vão para a universidade mal sabendo ler e escrever e muitas vezes sem sequer conhecerem as quatro operações. Saem dela sem proveito palpável.

Entretanto, habituam-se a passar a noite em discotecas e noutros proficientes locais de aquisição interdisciplinar do conhecimento, até às cinco ou seis da manhã.

Como não aprenderam nada digno desse nome e não têm referências identitárias, nem capacidade de elaboração intelectual, nem competência profissional, a sua contribuição visível para o progresso do país consiste no suculento gáudio de colocarem Portugal no fim de todas as tabelas.

Capricham em mostrar que o "bom selvagem" afinal existe e é português.A sua capacidade mais desenvolvida orienta-se para coisas como o Rock in Rio ou o futebol. Estas são as modalidades de participação colectiva ao seu alcance e não requerem grande esforço (do qual, aliás, estão dispensados com proficiência desde a instrução primária).

Contam com o extremoso apoio dos pais, absolutamente incapazes de se co-responsabilizarem por uma educação decente, mas sempre prontos a gritar aqui-d'el-rei! contra a escola, o Estado, as empresas, o gato do vizinho, seja o que for, em nome dos intangíveis rebentos.

Mas o futuro é risonho e é por tudo o que antecede que podemos compreender o insubstituível papel de duas figuras como José Mourinho e Luiz Felipe Scolari.

Mourinho tem uma imagem de autoridade friamente exercida, de disciplina, de rigor, de exigência, de experiência, de racionalidade, de sentido do risco. Este conjunto de atributos faz ganhar jogos de futebol e forma um bloco duro e cristalino a enredomar a figura do treinador do Chelsea e o seu perfil de condottiere implacável, rápido e vitorioso. Aos portugueses não interessa a dureza do seu trabalho, mas o facto de "ser uma máquina" capaz de apostar e ganhar, como se jogasse à roleta russa.

Scolari tem uma imagem de autoridade, mas temperada pela emoção, de eficácia, mas temperada pelo nacional-porreirismo, de experiência, mas temperada pela capacidade de improviso, de exigência, mas temperada pela compreensão afável, de sentido do risco, mas temperado por um realismo muito terra-a- -terra. É uma espécie de tio, de parente próximo que veio do Brasil e nos trata bem nas suas rábulas familiares, embora saiba o que quer nos seus objectivos profissionais.

Ora, depois de uns séculos de vida ligada à terra e de mais uns séculos de vida ligada ao mar, chegou a fase de as novas gerações portuguesas viverem ligadas ao ar, não por via da aviação, claro está, mas porque é no ar mais poluído que trazem e utilizam a cabeça e é dele que colhem a identidade, a comprazer-se entre a irresponsabilidade e o espectáculo.

E por isso mesmo, Mourinho e Scolari são os novos heróis emblemáticos da nacionalidade, os condutores de homens que arrostam com os grandes e terríficos perigos e praticam ou organizam as grandes façanhas do peito ilustre lusitano. São eles quem faz aquilo que se gosta de ver feito, desde que não se tenha de fazê-lo pessoalmente porque dá muito trabalho. Pensam pelo país, resolvem pelo país, actuam pelo país, ganham pelo país.

Daí as explosões de regozijo, as multidões em delírio, as vivências mais profundas, insubordinadas e estridentes, as caras lambuzadas de tinta verde e vermelha dos jovens portugueses. Afinal foi só para o Carnaval que a escola os preparou. Mas não para o dia seguinte.

Vasco Graça Moura
 
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por artista_ » 6/7/2006 23:43

Isso não é nada, em muitas escolas desde que não vão lá para bater nos professores já é bom!

Estou a brincar mas não totalmente, como eu costumo dizer numa geração passámos de um extremo ao outro, há pouco mais de 20 anos andava na primária e ainda apanhei professores que batiam nos alunos por tudo e por nada. Hoje os meninos podem fazer o que querem e ai dos professores se usam uma expressão menos própria... é pena mas o meio termo, a sensatez, o equilibrio é algo muito difícil de encontrar, o ser humano é desiquilibrado por natureza e, é claro, não falo só da educação.
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por ricardotugas » 6/7/2006 23:23

Resposta da docente:

" Sim, mande por favor, assim a senhora uma vez que a sua filha não tem despertador, terá de acorda-lá, e pode ser que assim chegue ao menos uma vez a horas " :lol: :lol:
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Off topic - Educação .... (não quero gerar polémica)

por andraderui » 6/7/2006 22:59

Conheço o caso de uma professora que, por ter injustificado a falta dada por uma aluna cuja EE alegava "Adormeceu porque o despertador não tocou." (situação que não acontecia pela primeira vez), recebeu desta a seguinte mensagem, na caderneta: "Quer que lhe mande o despertador para confirmar que não tocou? Trate-se no Magalhães Lemos."

Artigo completo: http://www.educare.pt/artigo_novo.asp?f ... 060705_593
 
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