Caldeirão da Bolsa

Artigo interessante...

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por costarios » 25/11/2005 18:27

O último parágrafo deste texto encerra toda a verdade!

Em conclusão, pelo menos visto da China (?), não são intransponíveis os desafios com que estamos confrontados e urge actuar com realismo para fazer emergir o potencial que o país encerra, relevando a vertente de serviços, turismo e indústrias de lazer.


Indústrias? Que indústrias? Deixem-nas para os espanhóis. Portugal pode crescer, e muito, se investir nos seus pontos fortes, ou seja, nos serviços, no turismo e na indústria de lazer.

Pq não formamos mais profissionais da área do turismo? Ou então pq não criamos mais cursos voltados ao empreendedorismo? O governo deve incentivar cada vez mais os projectos de turismo, os pequenos, os médios, os grandes e os MEGA, pois é por aí que vamos crescer como país.

As indústrias em Portugal fecham as portas uma atrás das outras. Com o alargamento da UE os países de leste tornaram-se muito mais atractivos para os industriais, não só do ponto de vista geográfico (estão mais próximos dos grandes centros de consumo) mas também do ponto de vista dos custos com a mão de obra.

Agora pergunto, o que estes desempregados da indústria irão fazer? Esperar que novas indústrias abram para poderem retornar ao trabalho? Pois eu digo que ficarão a espera por anos a fio e não encontrarão emprego.

Se Portugal não é atractivo para a indústria, então para o que este país é atractivo?

Temos sol, um interior "cheio de graça" e tradições, um litoral extenso e pronto a ser explorado de forma responsável e economicamente viável. Não estou a falar apenas de projectos turísticos no Algarve, pois há anos que os espanhóis já descobriram o Alentejo.

Um país, para crescer, deve apostar em seus pontos fortes. Portugal, para crescer, basta abrir cada vez mais espaço para o investimento privado na área.
"Now i am the master!"
Frase proferida por Warren Buffett ao seu velho mestre Ben Graham, quando este jazia em seu leito de morte.
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Artigo interessante...

por fiódor » 25/11/2005 15:47

Sinais...

Estar fora do país durante algum tempo, dá-me sempre uma sensação de refrescar de ideias, nomeadamente no que respeita aos pontos fortes e pontos fracos de Portugal, bem como sobre a leitura que o mundo faz de nós.

A primeira constatação objectiva é que somos «muito mais importantes» do que a simples contabilidade de dez milhões de almas, com uma economia pequena, faria supor.

Portugal é conhecido, falado, apreciado.

Como perguntava recentemente José Manuel Fernandes num excelente editorial, será que afinal não estamos/somos tão maus como a leitura dos telejornais e das queixas pronunciadas pelos portugueses, podem fazer querer?

É sabido que não temos «independentismos» ou «cisionismos», como a Espanha; que a Alemanha também tem problemas de governabilidade ? apesar de só ter tido 8 chanceleres desde o fim da Guerra; que os italianos são muito mais corruptos; que o «arrastão» (?) de Carcavelos ou a Cova da Moura são menos agudos do que a Intifada de Paris; que na Alemanha também há árbitros presos por corrupção; que em França e na Bélgica também há mega processos por pedofilia; que no aeroporto de Paris também caem estruturas novinhas em folha; que noutras capitais europeias ocorrem derrocadas de prédios velhos; que o novo Governo alemão promete diminuir o salário dos funcionários públicos e obrigá-los a trabalharem mais, etc. etc.

Os estrangeiros perguntam-me, consternados e carinhosos, sobre a «fatalidade» dos fogos da «saison», uma atitude de simpatia pelo país.

Mas, mais recentemente, viram Portugal em três eventos modernos e de qualidade:

- Os prémios da MTV;

- O mundial de golfe no Algarve;

- O Lisboa-Dakar.

Acontecimentos deste tipo transmitem uma imagem de protagonismo, iniciativa, optimismo e modernidade.

Contribuem para uma imagem que leva os viajantes a «colocarem-nos no mapa», a sermos escolhidos na organização de encontros de todo o tipo, aos quadros acharem simpático trabalhar e viver em Portugal, a capitalizar enquanto alternativa ao investimento estrangeiro.

Dito isto, cresce em mim o desconforto.

Afinal, seremos um paraíso? sem o sabermos?

Certamente que não. Os problemas existem e, alguns, são hoje relativamente graves e tenderão a piorar no futuro, se não conseguirmos inverter os contextos.

Mas, o que a distancia torna mais evidente para mim é que o nosso país reúne as condições básicas para ser um lugar privilegiado para proporcionar agradáveis condições de vida aos que cá moram.

Podíamos ser uma Dinamarca meridional, uma Suíça à beira-mar, uma Holanda menos monótona e com praias.

É isto que me desconforta, em termos relativos podíamos ser óptimos, somos suficientes e vivemos angustiados no convencimento de que somos maus.

Bolas, é mais difícil governar centenas de milhões de chineses, S. Paulo com 15 milhões de pessoas, a trapalhada dos nacionalismos da Espanha ou da Bélgica, os traumas, mútuos, do colonialismo francês na Argélia, as insularidades e orografia da Grécia, o clima triste da Irlanda ou da Finlândia, a «interioridade» da ex-Alemanha de Leste.

Devíamos ser melhores para nós. Temos de ser melhores para nós!

O problema é que complicamos muito as jogadas, falhamos muitos lances de bola parada e temos uma incrível falta do sentido da oportunidade. Problemas do plantel, do mister, dos dirigentes do clube!

Apenas uns exemplos, na esfera económica, área que, apesar de depreciada por alguns teóricos de humanismos utópicos, tem de funcionar para que não se caia no conhecido ditado da casa onde não há pão?

Anacronicamente somos capazes de gastar dinheiro e energias a aguentar indústrias sem futuro, ou práticas agrícolas e comerciais sem qualidade nem rasgo.

Aturamos as «pieguices» - pagamos com os impostos das pessoas e empresas que criam riqueza - de muitos oportunistas da caridade, na pedincha da «casinha», das escolas a terem de alimentar as crianças, dos rendimentos mínimos, ultrajando os que trabalham para pagar a sua casa, alimentar com dignidade os filhos, ou não lhes «caem os parentes na lama» a trabalharem em áreas «que não merecem».

Dito isto, cá vão alguns exemplos «chocantes», que só por estar a 15.000 km., tenho «lata» para escrever:

- Cria-se mais trabalho e riqueza, no campo, a fazer biocombustíveis, florestas ou a promover a criação de cavalos

- permitindo nomeadamente a criação de um sistema de apostas -, do que a subsidiar a criação de porcos ou a cultura de cereais;

- Cria-se mais riqueza e emprego no Alentejo do Alqueva a fazer bons empreendimentos de lazer, do que a irrigar enormes zonas sem agricultores, ou não cobertos por subsídios da PAC;

- É preferível preparar estaleiros decrépitos para fabricarem barcos de lazer, do que prosseguirem com os trabalhos tradicionais;

- É melhor adaptar zonas portuárias a «docas» de lazer para marinas, lojas e restaurantes, do que mantê-las em clássicas administrações portuárias públicas e burocráticas;

- É mais sério dizer às dezenas de milhares de licenciados, que se reclamam de professores - sem escolas e alunos - para se fazerem à vida, do que alimentar a ilusão de que algum dia darão uma aula;

ou seja, devemos ser pragmáticos e frontais na escolha do que é possível fazer num país com as nossas características e dimensão, em vez de alimentar ilusões anacrónicas e utópicas de «fomento industrial», ou novas «campanhas do trigo».

Há que dizer que a nossa taxa de desemprego é muito mais elevada do que dizem as estatísticas - como em Espanha rondou os 20% durante uma década - dado que existe o «desemprego oculto», só na função pública de dezenas e dezenas de milhares de pessoas.

Em conclusão, pelo menos visto da China (?), não são intransponíveis os desafios com que estamos confrontados e urge actuar com realismo para fazer emergir o potencial que o país encerra, relevando a vertente de serviços, turismo e indústrias de lazer.
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