Caldeirão da Bolsa

Isto é verdade!

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Pata-Hari » 13/6/2005 14:47

Alex, concordo que a formação tem que ser acompanhada por outras coisas. Acho que um dos problemas identificados tem exactamente a ver com a dificuldade de criação de empresas onde se possam aproveitar os talentos e as ideias geradas pelos portugueses. O estimulo ao empreendorismo poderia muito bem ser um objectivo para Portugal, seleccionando-se (ou não) áreas que se queiram desenvolver e onde sejamos mais fortes (de cabeça, lembro-me logo de áreas cientificas em que somos reconhecidos mundialmente, por exemplo estudos de steem cels em que somos imediatamente nomeados pelos maiores cientistas da área - aliás, foi no estrangeiro e pela boca de uma cientista de stanford em admiração ao que fazemos que eu descobri isto!). Não faria sentido tentar identificar áreas onde somos competitivos, estabelecer planos e objectivos de actuação para criar e estimular a criação de estruturas específicas para aproveitamento e desenvolvimento dessas áreas? pode-se diminuir burocracias, custos de criação de empresa e de estruturas de apoio para criar bases para que quem quer e sabe trabalhar o possa fazer.

Nota a nova brilhante ideia de que a banca deve pagar uma parte maior da crise pagando mais impostos. Por uma vez, temos um sector no qual não somos atrasados, no qual somos competitivos e que tem algum futuro. Em vez de se pensar em estimular comportamentos semelhantes pensa-se rapidamente em estrangular a galinha dos ovos de prata aumentando impostos porque tiveram a má ideia de até serem produtivos e competitivos. É inacreditável!!!! A ideia populista de que se tem que penalizar quem produz e proteger quem não se esforça por melhorar dará cabo de nós muito rapidamente se não formos capazes de perceber que se tem estimular por todos meios a melhoria de quem não está na sua melhor performance (neste caso grande parte do sector público) e não destruir quem se consegue manter em níveis competitivos. Melhorar a parte da economia que não apresenta performance deve ser a prioridade. Num mecanismo onde uma peça não funciona, substitui-te e arranja-se essa peça, não se coloca em stress as peças que funcionam como deveriam. Isto é tão básico que até dói.

Quanto ao facto de não haver apoio e reconhecimento por parte do estado, não bastaria que fossem criadas estruturas para que as empresas se pudessem formar aproveitando os talentos e que o empreendorismo fizesse o resto??? a propósito disto, dizia também ontem o joão salgueiro a respeito das lojas do cidadão e com muita graça - (eu até sou das pessoas que acha que as lojas do cidadão foram das mais brilhantes criações deste país nas últimas décadas)- só num país onde a burocracia é tal e tão complexa é que se assume publicamente que é impossível fazer-se o que quer que seja sem uma loja do cidadão. É o único lugar onde o estado admite que sem ajuda na ligação das várias entidades burocráticas é impossível sobreviver-se!

Daviddias.. esse exemplo entre milhões de outros. Se calhar se o utente final pudesse avaliar o serviço que lhe é prestado e em função disso fossem distribuídos os recursos existentes talvez a coisa mudasse de figura com bastante rapidez. Na educação poder-se iam medir resultados (a nível nacional, por exemplo tal e qual como se faz em muitos países infinitamente mais desenvolvidos que nós e onde nunca passaria pela cabeça ter medo do stress causado nos estudantes pelas avaliações de níveis) e em função disso distribuir recursos a quem apresentar melhores resultados. As leis de mercado fazem o resto. Não tenho dúvidas que a gestão interna das escolas se começaria a mexer contra o desperdício a todos níveis e a tentar estimular e a atrair quem efectivamente produz bons resultados finais/educacionais.

Caramba, há tanto para fazer que dá raiva ver-se tanta inércia e tanto medo político. Aliás, um grito mental de "MEXAM-SE" é o que me ocorre diariamente neste país. Temos que exigir dos nossos líderes projectos. Projectos com objectivos finais, com estratégias de os atingir, com medidas de acordo com o que se pretende. Tal e qual como em qualquer projecto que seja para ser realizado e não para entreter o pessoal.


Desculpem o longo discurso, mas tanta inércia do país até a mim me faz confusão - e devo ser das pessoas menos politicas que conheço!
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 20972
Registado: 25/10/2002 17:02
Localização: Lisboa

por daviddias » 13/6/2005 14:01

para ver como o estado gasta muito e mal, podemos olhar para as escolas..será k o orcamento delas é pekeno?? podemos ate dizer k sim, mas olhemos p este autentica destruicao de recursos: para quem conhece mais ou menos o meio, podemos olhar para as "auxiliares de acção educativa" (lol.. cada vez k oiço este nome.. realmente), a minha antiga escola tinha (filipa de lencastre,lx) tinha 4 corredores, cada um com uma auxiliar (lol), cuja unica função era entregar os livros de ponto aos professores e assinalar as faltas dos alunos num papel kk.. vamos ver, há 2 turnos, de manha e de tarde, o k faz 8 pessoas a trabalhar, a receber 8 salários por mes, 14 vezes por ano.. fora td um conjunto de custos associados a elas.. pq nao substituir estas pessoas por computadores, que mts vezes ate sao cedidos gratuitamente, que ate iriam auxiliar as aulas dos professores e a aprendizagem dos alunos ?? como isto deve haver milhões de outros locais onde ha pessoas desnecessárias.. portanto o problema nao pode ser de receitas.. so mesmo dos gastos..
 
Mensagens: 418
Registado: 1/2/2005 19:30

por desempregado1 » 13/6/2005 13:17

Marta,

há uns tempos li umas estatísticas parecidas com estas onde se ia até um grau de detalhe maior, nomeadamente numero de desempregados com mestrado e doutoramento. Devo dizer que os números são impressionantes e parecem crescer a olhos vistos.
Quando os mestrados ( na área de gestão que é aquela que conheço ) custam entre 7000 e 10000 euros ( nas universidades onde vale a pena estudar ) interrogo-me se valerá mesmo a pena investir na produção de conhecimento, num pais em que não existem apoios por parte do governo e as bolsas de mérito são atribuidas pelas próprias faculdades, que se substituem ao executivo na promoção da qualificação de alunos excepcionais.

É uma vergonha falar-se em plano tecnológico, quando nem sequer se apoiam as pessoas que já demonstraram ter muito valor durante tantos anos de escolaridade.

Alex
 
Mensagens: 204
Registado: 9/6/2004 21:06
Localização: Quinta do Conde

por Pata-Hari » 13/6/2005 12:55

E já que estamos nisto, bora´lá meter mais umas estatisticas engraçadas.

"Com populações praticamente iguais, Portugal tem um PIB e um PIB ‘per capita’ sensivelmente inferior ao da Grécia. Um em cada cinco portugueses e gregos vivem abaixo do limiar da pobreza mas a Grécia tem um salário mínimo 16 por cento superior ao de Portugal. A Grécia tem menos iletrados que Portugal mas as empresas gregas investem ainda menos na formação que as portuguesas. E na tabela da corrupção da Transparency International, a Grécia ocupa o 2º lugar e Portugal o 3º entre os países mais corruptos da União."

Fonte, d.e. http://www.diarioeconomico.com/edicion/ ... 12,00.html - a causa da europa
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 20972
Registado: 25/10/2002 17:02
Localização: Lisboa

por Pata-Hari » 13/6/2005 12:49

e de outro lado da barricada, sempre com as mesmas estatisticas animadoras:

http://www.jsd.pt/dossiers/ver_texto.asp?indice=10

"E, estranhamente, Portugal é o País da UE com a maior percentagem (22%, segundo a Comissão Europeia) de cidadãos a viverem abaixo do limiar de pobreza"

"Portugal faz-se notar pelos seus baixíssimos níveis de ensino e de formação profissional e, portanto, pela fraca qualificação dos seus cidadãos, pela tendência colectiva para a burocracia, pela falta de organização nas empresas e de competitividade na administração pública, pela reduzida produtividade nacional e pelo comodismo e fuga ao risco e inovação, de um modo geral. " - aqui faltam os números para apoiar as afirmações, mas os anteriores "devem" chegar.

Bonkie, queres mais números para ver o evidente?
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 20972
Registado: 25/10/2002 17:02
Localização: Lisboa

por Pata-Hari » 13/6/2005 12:46

Mais estatisticas indicativas que estamos na cauda relativamente ao que auferimos, nomeadamente na educação:

"O aumento do desemprego concentrou-se em quatro grupos profissionais:
agricultura e pesca; operários, artífices e similares; operadores de instalações,
máquinas e trabalhos de montagem; não qualificados.
O desemprego de longa duração (um ano ou mais) aumentou 39,1% e o
de longuissima duração (25 meses ou mais) aumentou 67,3%. Cerca de 74%
dos desempregados têm ensino básico ou menos, mas 44 mil têm o secundário ou
43 mil o superior. A falta de investigação nas empresas agrava esta
vulnerabilidade: a parte de I&D empresarial é só de 22%, em Espanha de 47% e
ne União de 64%.
Segundo a estratégia definida na União Europeia para o horizonte de
2010, a percentagem média de europeus de 25-64 anos com o grau do ensino
secundário deverá ser mais de 80% - actualmente em Portugal são 21% mas em
Espanha 42%. A taxa de abandono escolar é de 45% mas de 29% em Espanha."

Fonte: http://www.bloco.org/pdf/ProgramaDesemprego.pdf
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 20972
Registado: 25/10/2002 17:02
Localização: Lisboa

por Pata-Hari » 13/6/2005 12:40

De outra fonte mais recente:

"Considerando que o lugar ocupado por Portugal (36º lugar, em 2003) no índice de competitividade é devido, entre outros factores, ao deficiente desempenho dos sistemas de formação (nem sempre relacionado com o posto de trabalho ou as necessidades do mercado) e de educação (muito centrado em si próprio e com currículos extensos onde o saber fazer e o aprender fazendo não têm praticamente espaço), apesar da percentagem do PIB gasta em Educação rondar a média europeia e das verbas comunitárias canalizadas para a formação serem avultadas;

Considerando que Portugal apresenta a mais elevada percentagem de abandono escolar precoce da União Europeia - 41,1% dos jovens entre os 18 e os 24 anos apenas têm, no máximo, o 9º ano de escolaridade e não estão a frequentar acções de formação ou educação -, e que, em média, o português adulto só andou na escola 5,9 anos;"
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 20972
Registado: 25/10/2002 17:02
Localização: Lisboa

por Pata-Hari » 13/6/2005 12:26

Toma mais um estudo e mais estatisticas:

http://docentes.fe.unl.pt/~amateus/publ ... modelo.doc

Vale a pena ler o documento inteiro, do qual eu apenas cito pequenissimas partes mas que é absolutamente excelente:


"O relatório da Comissão, European Economy 2000, que acaba de ser publicado, considera mesmo Portugal como um dos países da Coesão que mais progresso fez. Porém, nos últimos anos esse processo de convergência real tem desacelerado substancialmente. Ao ritmo registado entre 1985 e 1995 levaríamos cerca de 12 anos a atingir a média da UE. Ao ritmo de 1995 a 2003, baseando-nos nas projecções da Comissão, levaremos cerca de 40 anos a atingir aquela média. Mas em termos de produtividade do trabalho a situação é mesmo mais pessimista, pois em 1997, e segundo dados coligidos para os países da OCDE pelo Departamento de Estado dos EUA, Portugal teria apenas 54% da produtividade média da UE, o valor mais baixo desta última região. E o salário horário na indústria era apenas 26% da média da UE em 1998, segundo este organismo. Ora, para termos os padrões de consumo da UE no longo prazo, temos que ter os padrões de produtividade e rendimento próximos daquela região."

"A política económica nos últimos cinco anos tem sido orientada para a dinamização do consumo privado e público, largamente baseada no forte endividamento dos agentes económicos e na subida do peso do sector público administrativo na economia. Ora esta dinâmica da procura agregada não foi acompanhada por uma subida da produtividade total dos factores, pelo que teria mais tarde ou mais cedo que esbarrar naquilo que os economistas chamam “a restrição orçamental” – que é tão conhecida das donas de casa ou dos chefes de família."

"A reorientação da Política de Desenvolvimento deve ser baseada em cinco vectores:

 Empreender a reforma do Estado e da Segurança Social, com redução significativa do peso do Sector Público Administrativo (SPA) na economia,
 Passar da ênfase na política de infraestruturas físicas e betão (“hardware”) para a política do fomento do capital humano (“software”),
 Promoção vigorosa do desenvolvimento tecnológico,
 Políticas para o re-equilíbrio das restrições orçamentais do Estado, Famílias e Empresas, e
 Promoção da competitividade das empresas e “abertura” ao Exterior

Só existem ainda estimativas preliminares da importância destes factores, mas a partir delas é possível ter já uma ideia da sua prioridade. No entanto devemos sublinhar que estas reformas têm que ser empreendidas de uma forma coordenada, aproveitando as sinergias. O primeiro factor contribuiria com cerca de 0,8 pontos percentuais para o crescimento do PIB. Da melhoria e maior esforço de acumulação do capital humano e desenvolvimento tecnológico poderíamos contar com 0,6 pontos percentuais do PIB. "

"4. A redução do peso do SPA na economia

Conforme já vimos repetindo desde há alguns anos existe em Portugal um peso excessivo do Estado. Embora as privatizações tenham diminuído o peso do sector empresarial do Estado, nos últimos anos o Estado foi aumentando a sua capacidade de controle empresarial e as privatizações são meras alienações de activos, pois o Estado mantém o controle fundamental sobre estas empresas. Por outro lado têm-se criado inúmeras novas empresas públicas e para-públicas aos diversos níveis da administração, institutos e fundações, em grande parte para fugir ao controle orçamental.
Com um peso da despesa total próxima dos 50%, Portugal já está em 2001 entre os países com maior peso do Sector Público Administrativo (SPA) sobre o PIB. E este valor continua a aumentar. De um valor de cerca de 42% em 1991-95 subiu mais de 8 pontos percentuais até 2001. É o único país da UE a aumentar o peso do SPA neste período. Em média, a UE diminuiu o peso em 4 pontos percentuais, e encontramos países como a Irlanda em que o peso se reduziu em 14 pontos percentuais na última década. E para os que pensam que esta política seria ruinosa, basta olhar para os valores da Irlanda, onde aquela forte redução foi conseguida com um substancial corte na taxa de desemprego e forte aumento do nível de vida.
Mas ainda mais grave é que em circunstâncias normais o peso do SPA sobe com o nível de rendimento, devido à conhecida Lei de Wagner . Ora como Portugal tem um menor rendimento per capita também devia ter um menor peso do SPA: como a Figura 2 documenta, Portugal deveria ter um peso de pelo menos 6 a 8 pontos percentuais abaixo do que efectivamente tem."
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 20972
Registado: 25/10/2002 17:02
Localização: Lisboa

por Pata-Hari » 13/6/2005 12:14

Em 1998 já Abel Mateus referia o mesmo que ontem foi referido por João Salgueiro:

"DE – Como é que avalia a evolução do peso do Estado na economia portuguesa?
AM – Quando falo em redução do peso do Estado na economia estou a referir-me ao Sector Público Administrativo (SPA), par além da privatização das empresas. A Irlanda reduziu esse peso em cerca de sete ou oito pontos percentuais para perto de 35% do PIB, enquanto nós estamos entre 40% e 42%."

Nós melhorámos? não. A irlanda é um case study de boas medidas e de incrível crescimento. Se não sabemos fazer melhor, pelo menos usem-se os exemplos de sucesso como benchmark.

Lê a entrevista toda, continua perfeitamente actual e passaram-se anos desde a sua publicação.

http://docentes.fe.unl.pt/~amateus/entr ... ntrev2.htm

Já devíamos estar com um orçamento equilibrado

Entrevista ao Diário Económico
(Publicada em 22.12.98)

Nota: Esta entrevista foi condensada por razões de espaço. (AM)

Diário Económico – Passado quase um ano e meio sobre a crise financeira internacional, pode-se dizer que o pior já passou?
Abel Mateus – A crise financeira internacional começou com a crise asiática no verão de 1997, depois prolongou-se à Rússia e agora a está a «atacar» a América Latina de diversas formas, o que quer dizer que neste momento já cerca de 40% da economia mundial está numa recessão profunda.

DE – É correcto limitar esta crise à sua faceta financeira?
AM – A actual crise na ásia nasceu de um sector financeiro onde se verificou um grande endividamento externo de curto prazo, por intermédio das instituições financeiras. Os fundos foram aplicados em projectos de rentabilidade duvidosa e, por outro lado, os países endividavam-se em divisas e as principais aplicações eram no imobiliário ou nos chamados sectores de bens não transaccionáveis internacionalmente. A diferença face aos anos 80 é que nessa altura o sobre-endividamento dos países teve origem no sector público, isto é, elevados défices orçamentais enquanto a crise asiática teve origem no sector privado. Durante vários anos os défices do sector público não foram elevados e as próprias balanças de transacções correntes eram comportáveis desde que o crescimento se mantivesse, como é o caso da Coreia.

DE – As medidas desde então tomadas permitiram colmatar essas ineficiências na Ásia?
AM – Na maior parte dos casos as instituições internacionais dão o ponto de viragem para o próximo ano e algum crescimento económico no ano 2000. Ainda assim vai ser uma crise algo prolongada, até porque se esperava que as fortes desvalorizações cambiais permitissem um grande incremento das exportações, o que não está a acontecer, muito por culpa do enorme volume de crédito malparado. Os bancos não conseguem emprestar e como o grau de endividamento das empresas é elevadíssimo, existe um «credit-crunch» que está a paralizar a recuperação destas economias. Já se fala que o sector público terá de fazer um esforço da ordem dos 20% a 30% do Produto Interno Bruto para «limpar» o sector financeiro. O que me preocupa é o "moral hazard" que todos estes processos de injecção de liquidez estão a provocar.

DE – Refere-se aos pacotes financeiros de ajuda liderados pelo FMI e EUA?
AM – É evidente que para facilitar os processos de ajustamento, e evitar catástrofes sociais, é importante a ajuda internacional. Porém, como no caso do México de 94-95, os economistas se interrogam se os privados não devem suportar parte dos custos. Repare que no caso da crise do México nos anos 80, decorrente da dívida externa, processo em que participei como economista no Banco Mundial, os bancos internacionais chegaram a perder 30% do valor dos seus créditos.

DE – E como se processa essa «limpeza»?
AM – Só gradualmente, através da assumpção do crédito mal-parado por instituições públicas. O meu grande receio é que, na altura em que a Ásia estiver pronta para a recuperação, as condições dos países desenvolvidos – EUA e a Europa – possam não ser tão favoráveis. Outra agravante é não se prever que o Japão possa sair da profunda recessão em que se encontra nos próximos anos.

DE – Como vê o papel das instituições internacionais na resolução destes problemas, nomeadamente o Fundo Monetário internacional, que tem sido bastante criticado?
AM – Nalguns aspectos as críticas feitas não têm razão de ser. Muitas vezes se confunde "a doença com o médico". Grande parte dos pacotes consistiam em fazer subir as taxas de juro para parar a especulação contra as moedas. Isso implicou o agravamento da situação das empresas, mas era necessário, porque a única maneira de parar a hemorragia de divisas para o exterior era oferecer condições internas para os investidores pelo menos tão favoráveis como as do exterior. Por outro lado, a focagem sobre o sector financeiro também me pareceu correcta. O FMI exigiu a uma série de países que fechassem os bancos mais insolventes, apesar de muitos afirmarem que o Fundo estava a extravasar as suas competências.

DE – Portanto o FMI fez tudo o que devia...
AM – Há uma coisa que é importante alterar. Nestes países havia uma grande deficiência de supervisão bancária. O que vários economistas têm aconselhado é que as instituições internacionais, nos seus exames, incluam a análise à capacidade de supervisão dos sistemas financeiros.

DE – Mas as receitas do FMI levaram à inflação, aumento do desemprego e aumento da pobreza...
AM – Quando não é possível financiar o déficit externo, o país tem de restringir a sua procura, e para isso não vejo outra solução que não seja a de aumentar as taxas de juro e ter uma política monetária restritiva. O contrário seria deitar mais achas na fogueira. O desemprego e a situação social catastrófica não resultam da subida das taxas de juro mas sim de todos os erros que se foram acumulando ao longo do tempo.

DE – Não concorda portanto com a inevitabilidade de uma reforma das instituições internacionais, já defendida pelo ministro das Finanças português...
AM – Só no aspecto que já referi. De facto, é importante melhorar os sistemas de supervisão financeira, caminhando para os modelos value-at-risk de forma a estimar o risco máximo das contas de uma entidade, para um dado horizonte. Por outro lado, é importante a transparência na informação estatística. Lembro-me que o Brasil em 1984 tinha declarado um déficit do sector público de 2% do PIB, contudo quando as instituições internacionais foram analisar as contas o déficit do sector público era de 9%. Havia enormes subsídios públicos atribuídos pelo banco central, bem como crédito mal-parado desta instituição. Em relação ao controle de capitais, não faz sentido. Há alguns aspectos em que me parece que o sistema de controle de capitais pode ser apropriado em países subdesenvolvidos em que os sistemas de supervisão ou financeiros sejam frágeis. Mas de uma forma global, e como o caso português demonstra, a liberdade de capitais actua como elemento disciplinador das políticas económicas nacionais.

DE – Uma das «espadas» que pende sobre os mercados é a possibilidade de o real vir a ser desvalorizado, faz sentido esse receio?
AM – O Brasil, devido ao plano real e consequente sobrevalorização da moeda, estava perante um dilema: ou desvalorizar ou fazer uma política de correcção do défice orçamental e de contracção da procura – uma vez que grande parte do défice da BTC estava ligada ao défice orçamental. A solução adoptada foi a segunda, que exige maior corte da procura, e que já está a ter consequências ao nível do desemprego. Mas se optassem pela solução da desvalorização – e este factor é que parece ter feito recuar as autoridades – a solução iria provocar um contágio sobre os outros países da América Latina. Por outro lado, quando se começa a desvalorizar o processo torna-se cumulativo e pode cair-se numa situação de «sobre depreciação» da moeda.

DE – A Europa conseguiu realmente passar ao lado da crise financeira ou vai apenas senti-la mais tarde?
AM – A Europa resistiu à turbulência dos mercados por estar a caminho da moeda única, o que evitou as turbulências cambiais internas dos anos 92-94. Houve um refluxo de capitais dos países emergentes para os mercados desenvolvidos, não se sabe bem quanto, mas houve sem dúvida a chamada «flight to quality» que, só no caso da Ásia, no período de Outubro a Dezembro de 1997, se estima ter atingido cerca de 70 biliões de dólares. Esse afluxo de capitais veio colocar-se nos EUA e na Europa, o que provocou a redução das taxas de juro e liquidez adicional aos mercados bolsistas. Outro factor importante para a Europa foi o facto de a crise asiática ter provocado a redução do preço das matérias primas, que contribuiu para a deflação.

DE – E qual foi a faceta má?
AM – A parte negativa é a recessão. Tanto nos EUA como na Europa a taxa de crescimento das exportações para outras regiões caiu para zero, o que é ainda mais grave se se tiver em conta que o ciclo de crescimento europeu foi alimentado pelo aumento das exportações para o resto do mundo. Outro factor de desaceleração é a redução dos lucros das empresas americanas e o facto de se estarem a bater contra barreiras de liquidez no lado do consumo. Pela primeira vez nos últimos 30 anos, em Outubro, as famílias dos EUA tiveram uma taxa de poupança negativa. E a bolsa está num rácio de preços sobre ganhos de 30 contra os 14 históricos.

DE – Na Europa, como vê as teses mais intervencionistas para a política monetária defendidas pelos dirigentes, pelo menos do euro-11?
AM – O problema mais sério da Europa continua a ser o desemprego, e esse não se resolve com receitas de «vinho novo em odres velhos». Uma das receitas que se tem preconizado ultimamente é aumentar os défices orçamentais. Mas basta olhar para o que aconteceu nos anos 80. No final da década de 70 a taxa de desemprego estava na casa dos 4%. Desde então a dívida pública duplicou e estamos agora com taxas de desemprego de cerca de 11%. Desviaram-se, assim, recursos de sectores que poderiam ter criado mais emprego.

DE – Então que receitas existem para resolver o problema?
AM – Tem de ser uma solução de médio e longo prazo. Das muitas teses que existem, há dois factores a inter-agir: os choques e as instituições. Houve uma série de choques negativos que a Europa viveu, os choques do petróleo, a subida das taxas de juro reais e a politização do mercado de trabalho – com a grande protecção do trabalho, dificuldades em despedir pessoas, as taxas elevadas de benefícios do desemprego. Mas há sinais positivos no horizonte: as taxas de juro reais elevadas, que tinham provocado um dos choques estão a baixar e alguns governos têm implementado políticas de flexibilização. O que é fundamental é manter o crescimento económico. A par com alguma flexibilização do mercado de trabalho, é a receita a médio e longo prazo para o desemprego na Europa baixar.

DE – A taxa de juro de 3% do euro poderá baixar ainda mais?
AM – Neste momento a taxa de inflação europeia está em cerca de 1,5%. Os preços das matérias primas estão em níveis bastante baixos, e a situação económica mundial é de redução da procura. Pelo que só se as condições económicas se deteriorarem ainda mais pode haver lugar para algum corte adicional. O problema é que existe o perigo latente da sobrevalorização bolsista tanto na Europa como nos EUA.

DE – O perigo da deflação é real?
AM – Não me parece. Os sistemas financeiros europeus e americano têm grande resistência. Para haver deflação, teriam de haver problemas sérios nos sistemas financeiros como acontece no caso do Japão.

DE – Tendo sido um dos negociadores do Pacto e Estabilidade, como vê a hipótese, apoiada por Portugal, de as despesas de investimento não entrarem para o cálculo do défice máximo dos 3%?
AM – Não vejo razão para excluir o que quer que seja da regra orçamental. Se começamos a entrar por esse caminho será muito difícil encontrar dois economistas que concordem sobre o que é investimento e o que é consumo. Estamos já a ver o efeito que tem as redução dos défices orçamentais sobre as taxas de juro e, em particular, Portugal tem muito interesse em apoiar o pacto de estabilidade. Somos um pequeno país da Europa e, se por hipótese os alemães ou os franceses fazem uma política orçamental expansionista e fazem subir as taxas de juro, nós, portugueses bem comportados, vamos suportar uma situação que não provocámos. Do meu ponto de vista, são a independência do banco central e o Pacto de Estabilidade que dão credibilidade à política macroeconómica europeia e que podem ser os pilares da estabilidade do euro.

DE – Mas o que se verifica é a tentativa de interferência dos líderes políticos. Isso pode levar a um euro menos forte?
AM – Espero que o bom senso prevaleça.

DE – Concorda com a fixação de uma banda de flutuação para o euro?
AM – Considero importante manter a independência monetária em relação às outras grandes moedas, uma vez que é necessário ter instrumentos quando os ciclos económicos sejam desfasados entre blocos económicos. A teoria diz-nos que não podemos ter um instrumento para dois objectivos: ou se quer uma taxa de câmbio quasi-fixa ou a independência monetária.

DE – As taxas de forte crescimento da economia portuguesa dos últimos anos são sustentáveis e são saudáveis para o futuro?
AM – Há uma série de factores estruturais negativos que permanecem e, embora com condições macroeconómicas favoráveis, mantêm-se como restrições para o crescimento económico. O primeiro aspecto é o fraco ritmo de crescimento da produtividade do trabalho. O ciclo iniciado em 1992-93 teve até agora uma taxa de crescimento de 1,7%, que está bastante abaixo do ritmo dos últimos 40 anos (cerca de 3,6%). Também a produtividade do capital baixou significativamente. Por outro lado, o sector externo não contribuiu com nada para o crescimento no actual ciclo. O principal factor explicativo encontra-se na estrutura da poupança e do investimento. Tem havido uma continuada descida da taxa de poupança das famílias e não sabemos ao certo, mas receio que também do sector privado, isto é, englobando as empresas.

DE – Em média europeia, isso é preocupante?
AM – Não, ainda são elevadas, mas esta queda já dura há 8 ou 9 anos, o que pode ser inquietante. Pode haver explicações, como aquilo que se chama reafectação temporal de recursos, que no fundo é estarmos a consumir aquilo que pensamos vir a ter de rendimento no futuro, devido à integração na Europa. O que acontece é que as famílias se têm endividado fortemente. A taxa de endividamento – stock de crédito à habitação e ao consumo– das famílias é de cerca de 60% do rendimento disponível. Este era o nível que as famílias dos Estados Unidos tinham no início da década de 90. Ora nós temos metade do rendimento per capita dos EUA. Estamos, pois, a atingir limites bastante sérios.

DE – Que consequências retira para o sistema financeiro?
AM – É preciso que o sistema financeiro seja mais prudente. Em 1992-93, Portugal teve uma desaceleração do PIB e do consumo, que em Espanha foi muito maior. A principal razão era que as famílias espanholas pela primeira vez se confrontavam seriamente com a restrição da liquidez. Devido à expansão do crédito, muitas tinham-se endividado seriamente e, perante uma perspectiva de mercado de trabalho mais degradado, optaram prudentemente por cortar no consumo corrente, porque não sabiam o dia de amanhã e têm a prestação da casa e do carro para pagar, etc. Este fenómeno pode, num período de recessão, provocar uma desaceleração maior do nível de procura. Na banca, claro que faz subir o crédito malparado, embora hoje em Portugal ainda estejamos com níveis salutares deste credito.

DE – E o Banco de Portugal tem feito o quê?
AM – Como funcionário do banco não posso comentar, mas o banco já alertou e o governador já falou várias vezes sobre o assunto. Seria bastante prudente que os critérios de atribuição de crédito sejam exercidos com a devida prudência, e sobre isso não vou dizer mais nada.

DE – Mas o grau de endividamento das famílias tende é a aumentar e não a diminuir, segundo os últimos dados do crédito à habitação...
AM – Se olharmos para a expansão do crédito nos últimos dois anos vê-se que o crédito a empresas e a particulares se tem mantido acima dos 20%, e o crédito à habitação se está a expandir à taxa de 33%, a que não é alheia a descida da taxa de juro. Acresce ainda que, deste volume de crédito, a grande parte está concentrado em dois sectores: o da construção e o dos outros serviços, o que reflecte a expansão do imobiliário e o endividamento das empresas públicas e para-públicas. Este endividamento tem reflexos nas contas externas. As responsabilidades de curto prazo da banca em relação ao exterior subiram o equivalente a 20% do PIB nos últimos três anos. Na óptica do investimento, grande parte do crescimento resulta das casas de habitação e das empresas para-públicas e ligadas a infraestruturas. No início da década de 90, as empresas privadas tinham à volta de 40% do investimento total, e agora estão abaixo dos 30%. O que quer dizer que uma grande parte do acréscimo do investimento terá sido canalizado para sectores com baixa reprodutividade no curto prazo. E o investimento que mais cria capacidade produtiva e maior rentabilidade no curto e médio prazo, é o efectuado pelas empresas privadas. O que digo é que essa percentagem se reduziu substancialmente com a crise de 93 e ainda está longe de se recuperar.

DE – Essa situação pode ser invertida?
AM – Os empresários investem se tiverem acréscimos de procura e condições de rentabilidade. Embora estas tenham sido razoavelmente boas, poderiam ser melhores, se se eliminassem factores estruturais negativos. É necessário um maior dinamismo do sector empresarial privado, o que também significa que os outros sectores terão de libertar recursos.

DE – O diferencial positivo da inflação nacional com a dos seus parceiros pode originar perda de competitividade?
AM – Estamos praticamente na moeda única e há duas coisas que vão mudar: não interessa falar de inflação nem de défice da Balança de Transacções Correntes. O que é importante para a competitividade não é Tanto a inflação mas os custos unitários de trabalho e a sua evolução, ou seja, salários e produtividade. Se os custos unitários de trabalho evoluirem de uma maneira muito mais desfavorável face aos dos nossos parceiros comerciais, irá haver maior desemprego.

DE – Mas as negociações salariais são feitas com base na inflação...
AM – A produtividade corrige um aumento de salários eventualmente mais rápido. Também já não interessa falar do défice da BTC, mas isso não significa que não se tenha de se olhar para a situação dos agentes económicos, das empresas, das famílias, como se estão a endividar, também face ao exterior. É uma nova maneira de passar a ler os números da conjuntura portuguesa.

DE – Há um referência da inflação de 2% para 1999, as negociações já vão em 2,5%. Como vê estes números?
AM – É um processo que está em negociação. Mas 2,5% parece-me perfeitamente aceitável.

DE – Em relação à evolução dos custos unitários de trabalho e da produtividade, Portugal está no bom caminho?
AM – Depende. Se nos compararmos com a Grécia estamos no bom caminho, se nos compararmos com a Irlanda estamos claramente no mau caminho. E nestas coisas o que interessa a Portugal é compararmo-nos com países de sucesso, como a Irlanda.

DE – O que é que a Irlanda fez de diferente para conseguir taxas de crescimento de 7 e 8%?
AM – Houve vários factores: a forte aposta na capital humano, o papel dinamizador do investimento directo estrangeiro, a redução acentuada do peso do sector público e uma macroeconomia estável.

DE – Em Portugal uma das apostas também foi a do investimento estrangeiro, que contudo está a ir embora...
AM – Porque Portugal não criou condições competitivas para atrair e manter esse investimento.

DE – Mas o discurso político do Governo é esse mesmo, são nesses factores que os governantes dizem ter feito a aposta...
AM – Como economista tenho que me guiar pela análise dos indicadores, como a quota de mercado do IDE, o número de anos de escolarização, taxa marginal de imposto, etc. que não mostram grande melhoria.

DE – Disse que era essencial que nesta legislatura se iniciassem as reformas nas áreas sociais, nomeadamente na área da Segurança Social. Acredita que nesta legislatura vá ser feita?
AM – Pode ser que esteja em estudo mas ainda não vi nada de concreto. Quando um sistema está em déficit em termos actuariais, só há dois caminhos: aumentar receitas ou cortar benefícios. Há alguns problemas de incentivos, mas não há nada de magia nas soluções.

DE – Como é que avalia a evolução do peso do Estado na economia portuguesa?
AM – Quando falo em redução do peso do Estado na economia estou a referir-me ao Sector Público Administrativo (SPA), par além da privatização das empresas. A Irlanda reduziu esse peso em cerca de sete ou oito pontos percentuais para perto de 35% do PIB, enquanto nós estamos entre 40% e 42%.

DE – A política Orçamental do Governo tem sido criticada por ser pouco ambiciosa...
AM – O Pacto de Estabilidade assenta no princípio de os governos, em períodos de expansão, criarem espaço de manobra para poderem estimular a economia em períodos de recessão...Repare que as críticas de economistas britânicos ao Pacto não olham para os números reais. Em poucas recessões foi utilizada a política orçamental, pois os países chegavam às vésperas da crise já com déficits elevados.

DE – O Governo poderia já em 1997 ou 1998 ter sido mais arrojado?
AM – O Banco de Portugal já o referiu. Era apropriado ter uma situação de equilíbrio. Embora se compreenda que estamos na transição para o euro, há vários indicadores que dizem que estamos já à taxa natural de desemprego ou PIB potencial, portanto já deveríamos estar com um orçamento equilibrado.
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 20972
Registado: 25/10/2002 17:02
Localização: Lisboa

por Pata-Hari » 13/6/2005 12:07

Já que querias estatisticas, toma lá.

http://docentes.fe.unl.pt/~amateus/entr ... duzir2.htm

Particularmente interessante o gráfico da despesa pública sobre o PIB. E como poderás ver, o problema não é de hoje nem de ontem, já é antigo.
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 20972
Registado: 25/10/2002 17:02
Localização: Lisboa

por Pata-Hari » 13/6/2005 11:50

Bonkie, não tenho as estatisticas mas já as vi no passado. A percentagem de pessoal que trabalha para o sector público é das maiores da europa. É um número existente e muito fácilmente mensurável.

Os piores serviços é bem fácil de medir também. Qualquer estatistica para a saúde, para educação, níveis de burucracia, tempos de criação de empresas, you name it, tem resultados com as piores performances de portugal comparados com os outros países europeus. Queres mais o quê? aliás, consegues nomear mais de 5 coisas em que estejamos no topo? aliás, esse até seria um bom exercicio. Achem-se as coisas em que estamos no topo e aproveite-se essa vantagem. Não deveria ser exactamente isso que o governo deveria tentar fazer? não seria isso parte de um plano? era exactamente esse o sentido do que disse ontem João Salgueiro e eu não posso estar mais de acordo.

As estatisticas não faltam e são às dezenas mensalmente. O nosso atraso agrava-se todos dias. Paremos de tentar tapar o sol com a peneira como é nosso hábito e discutir/tentar disfarçar o óbvio discutindo todos os acessórios e tente-se alterar as coisas com pés e cabeça. Em vez de se olhar para o dedo, tente-se olhar para a lua!
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 20972
Registado: 25/10/2002 17:02
Localização: Lisboa

?

por bboniek33 » 13/6/2005 11:32

Pata-Hari Escreveu:Mais uma vez se discute o detalhe e o acessório tampando a verdadeira questão. O problema não está nas receitas, o nosso maior problema está nos custos. Temos o maior sector público da europa com os piores serviços. Isso por si só atrofia a economia toda. Se se quer cobrar mais impostos dediquem-se a cobrar de quem não paga e não a aumentar os encargos de quem já suporta bastante. Naturalmente isto não são medidas que se tomem e que obtenham resultados de uma semana para a outra mas temos o direito de exigir que haja um plano estruturado, de fundo, para atacar um problema crucial.


Tenho ouvido que "temos o maior sector publico da Europa" mas nunca vi uma tabela que desse a dimensao relativa entre os varios paises europeus. Tambem ja tenho ouvido que temos o "pior nivel de servico" sem que tenham explicado como se calculou essa avaliacao.

Afinal poderemos andar a repetir coisas que ouvimos sem saber explicar o que dizemos. Acontece.
Sera entao possivel ter esses elementos ? Estou certo que, entre os que produzem a afirmacao, alguem estara efectivamente informado.
Imagem
 
Mensagens: 2713
Registado: 22/4/2003 23:12

por Pata-Hari » 13/6/2005 9:17

Mais uma vez se discute o detalhe e o acessório tampando a verdadeira questão. O problema não está nas receitas, o nosso maior problema está nos custos. Temos o maior sector público da europa com os piores serviços. Isso por si só atrofia a economia toda. Se se quer cobrar mais impostos dediquem-se a cobrar de quem não paga e não a aumentar os encargos de quem já suporta bastante. Naturalmente isto não são medidas que se tomem e que obtenham resultados de uma semana para a outra mas temos o direito de exigir que haja um plano estruturado, de fundo, para atacar um problema crucial.
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 20972
Registado: 25/10/2002 17:02
Localização: Lisboa

por pedras11 » 13/6/2005 7:11

É isso mesmo Alexandre. Toca a por IVA em tudo. Então até os implantes pagam!!!!! Porque não numa ida á praia, ao supermercado e até á rua.

Bem haja. O Iva é claro! :mrgreen:
"O desprezo pelo dinheiro é frequente, sobretudo naqueles que não o possuem"

Fonte: "La Philosophie de G. C."
Autor: Courteline , Georges

Site porreiro para jogar (carregar em Arcade) : www.gamespt.net
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2337
Registado: 31/10/2004 1:09
Localização: gemunda

por alexandre7ias » 13/6/2005 4:07

ScrappeR Escreveu:Josema nem +.

E o Botox ke o pessoal nâo paga IVA, o que a Maia têm problemas de não se sentir bem com a idade que têm. WHATEVER!!

Botox paga IVA mas está incluido na intervenção medica. Por isso estam a ver o resultado. O que é triste nesta situação era que devia haver um fundo para a pessoas que realmente necessitam das operações cirurgicas, mas em vez disso estão em lista de espera. Invés de poderem se tratar nas clinicas privadas como a dos nostros hermanos.Francamente antes de pensarem nas pessoas tenham neuronios e saibam que os seres humanos também são do pior, e que a muitos por ai que só se baseiam em pura beleza, ocos e inertes por dentro alguns, só expondo a carcaça e o UMBIGO esbelto para fora, mas é nesses que devemos cair em cima. Da mesma forma que deviam cair em cima de mim quando eu fizesse a cirurgia para por uns pelitos na tola, só por uma questão de imagem tenho de pagar mais por esta excentrecidade, assim compenso aqueles que realmente merecem e esperam pela cirurgia. Equilibrio meus amigos, isto é tudo uma questão de balance.

E depois disso vou diminuir ao nariz e aumentar.... outras coisas. :lol: :lol:



Tenho varias ideias ( Sou idiota ), para a malta moralista, cheia de vontade de mudar as coisas e fazer com que o nosso Portugal seja o melhor.
Em primeiro lugar devo dizer que me sinto bem comigo proprio e apenas dei uma opiniao como todos os outros, e ainda estou na casa dos vinte ( Que novo sou ).
Em segundo lugar não devem ser tantas as pessoas que recorrem a esses meios, logo não iria adiantar muito cobrar o IVA.
Mas agora vou dar a solução para este Portugal mudar e ser o melhor: Começar a cobrar a quem quiser usufruir dos locais publicos ( Praias, jardins, parques,tudo o que seja publico).
Cobrar IVA e IRS aos actos de prostituição e multas aos maridos infieis.



É evidente que cada um pensa por si. Fique a saber que eu acho justo que se pague iva sobre os produtos alimentares. Mas não achava nada justo que paga-se apenas por entrar no supermercado.

Mas deviam, achava muito bem, quantos não vão ao super, e outros locais apenas para ver as coisas e fazem com que muitos que realmente vão comprar percam o seu precioso tempo.

Cada um pensa por si, mas eu concordo com o sr. Marco, pois cobrar impostos à comida que compramos nos supermercados e nao cobrar impostos aos implantes nao é uma situação justa!


Claro que é injusto, como é injusto muitos descontaram as centenas de euros por mês para a segurança social e quando precisam tenham que ir aos privados, porque estão sujeitos a morrer e só depois serem chamados para serem tratados.

Há tanta coisa mal, mas uma coisa digo e muito sinceramente, a primeira coisa que temos que ter para ter sucesso na vida, é um sentimento positivo em relação a nossa própria pessoa ( uns por conhecimentos que vão tendo ao longo da vida, outros pela beleza que possuem, outros porque o vizinho tem menos que ele, etc ) sem isso eu acredito que ninguem se sinta verdadeiramente feliz, logo repito e reforço até a minha opiniao o estado tinha a obrigação de fazer que essas pessoas se sintam bem, independentemente de ser por um nariz, olhos, cabelos.
Que culpa tenho eu que o pessoal goste de ir para a praia....toca a pagar + IVA claro. :wink: Não levem a mal, mas é só a minha opinião 8-)
O Sol brilha todos os dias, os humanos é que não!
Android Mobile
Imagem
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3732
Registado: 24/2/2005 19:41
Localização: Maia

por ScrappeR » 13/6/2005 1:45

Josema nem +.

E o Botox ke o pessoal nâo paga IVA, o que a Maia têm problemas de não se sentir bem com a idade que têm. WHATEVER!!

Botox paga IVA mas está incluido na intervenção medica. Por isso estam a ver o resultado. O que é triste nesta situação era que devia haver um fundo para a pessoas que realmente necessitam das operações cirurgicas, mas em vez disso estão em lista de espera. Invés de poderem se tratar nas clinicas privadas como a dos nostros hermanos.Francamente antes de pensarem nas pessoas tenham neuronios e saibam que os seres humanos também são do pior, e que a muitos por ai que só se baseiam em pura beleza, ocos e inertes por dentro alguns, só expondo a carcaça e o UMBIGO esbelto para fora, mas é nesses que devemos cair em cima. Da mesma forma que deviam cair em cima de mim quando eu fizesse a cirurgia para por uns pelitos na tola, só por uma questão de imagem tenho de pagar mais por esta excentrecidade, assim compenso aqueles que realmente merecem e esperam pela cirurgia. Equilibrio meus amigos, isto é tudo uma questão de balance.

E depois disso vou diminuir ao nariz e aumentar.... outras coisas. :lol: :lol:
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 381
Registado: 9/6/2005 0:48
Localização: Scrapper's Homeland

O IVA e o implantes

por josema » 13/6/2005 0:21

Meus caros, não quis ofender ninguém, muito menos pretendi que, seja quem for, não possa pensar da maneira que lhe der mais jeito. Falei concretamente no umbigo porque só o mostra quem quer. Mas, seja qual for o implante que tenha por causa o não se gostar, somente, da imagem, desculpem que vos diga que há coisas bem mais fundamentais que deviam ter prioridade. Eu, quando era jovem tinha grande orgulho no meu cabelo naturalmente ondeado e quase louro. Hoje, estou careca. Prefiro esta imagem à anterior? Claro que não. Mas nunca me passou pela cabeça fazer um implante pela simples razão de que cada um é aquilo que é e não aquilo que parece. É aqui que assentam muitos dos nossos problemas colectivos: queremos aparentar o que não somos nem temos e, depois, é claro, o dinheiro não chega para tudo.
Com a consideração de sempre por todos os que intervêm neste fórum
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 363
Registado: 11/2/2004 18:30
Localização: 1

por pedras11 » 13/6/2005 0:19

Quingostas Escreveu:Cada um pensa por si, mas eu concordo com o sr. Marco, pois cobrar impostos à comida que compramos nos supermercados e nao cobrar impostos aos implantes nao é uma situação justa!

Obrigado!


Há aqui uma grande confusão!!!! Os implantes são sujeitos a IVA. A intervenção médica é que é isenta.

É evidente que cada um pensa por si. Fique a saber que eu acho justo que se pague iva sobre os produtos alimentares. Mas não achava nada justo que paga-se apenas por entrar no supermercado. :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:
"O desprezo pelo dinheiro é frequente, sobretudo naqueles que não o possuem"

Fonte: "La Philosophie de G. C."
Autor: Courteline , Georges

Site porreiro para jogar (carregar em Arcade) : www.gamespt.net
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2337
Registado: 31/10/2004 1:09
Localização: gemunda

por Quingostas » 12/6/2005 23:30

Cada um pensa por si, mas eu concordo com o sr. Marco, pois cobrar impostos à comida que compramos nos supermercados e nao cobrar impostos aos implantes nao é uma situação justa!

Obrigado!
 
Mensagens: 30
Registado: 12/6/2005 23:28
Localização: Portugal

por alexandre7ias » 12/6/2005 16:24

josema Escreveu:Ó amigo Pedras, já agora porque não permitir às pessoas, e até pagar-lhes por isso, talvez, o direito a exigirem que a Lua só apareça quando lhes apetece. Tadinhos dos que não gostam do seu umbigo. Quando penso neles e na aflição que devem passar, só me dá vontade de chorar :lol: :lol: :lol:


O Sr nåo tem noção dos problemas e do mal estar que essas pessoas passam. Já agora como soube que não pagavam iva, foi algum familiar que precisou desses serviços, e se fosse por motivos de saude já concorda em não se pagar? Tenho uma ideia para si, pense no que se devia pagar iva ou outro tipo de imposto e se não estiver a ser aplicado, de esse valor a alguma instituição quando precisar desses serviços.
O Sol brilha todos os dias, os humanos é que não!
Android Mobile
Imagem
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 3732
Registado: 24/2/2005 19:41
Localização: Maia

por pedras11 » 12/6/2005 12:02

josema Escreveu:Ó amigo Pedras, já agora porque não permitir às pessoas, e até pagar-lhes por isso, talvez, o direito a exigirem que a Lua só apareça quando lhes apetece. Tadinhos dos que não gostam do seu umbigo. Quando penso neles e na aflição que devem passar, só me dá vontade de chorar :lol: :lol: :lol:


Não gosto de brincar com coisas sérias.

De qualquer forma o estado não paga a essas pessoas, a reparação das anomalias que a pessoa considera ter. Apenas dispensa o pagamento de Iva. Da mesma forma que dispensa o pagamento de IA a um táxista.

De qualquer forma respeito a sua opinião. Cada um pensa da forma que acha correcta. Mais não digo. :mrgreen:
"O desprezo pelo dinheiro é frequente, sobretudo naqueles que não o possuem"

Fonte: "La Philosophie de G. C."
Autor: Courteline , Georges

Site porreiro para jogar (carregar em Arcade) : www.gamespt.net
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2337
Registado: 31/10/2004 1:09
Localização: gemunda

por josema » 12/6/2005 11:36

Ó amigo Pedras, já agora porque não permitir às pessoas, e até pagar-lhes por isso, talvez, o direito a exigirem que a Lua só apareça quando lhes apetece. Tadinhos dos que não gostam do seu umbigo. Quando penso neles e na aflição que devem passar, só me dá vontade de chorar :lol: :lol: :lol:
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 363
Registado: 11/2/2004 18:30
Localização: 1

Re: Isto é verdade!

por pedras11 » 12/6/2005 11:20

Marco Escreveu:Isto é verdade!

Sabem quanto paga de IVA uma intervenção cirúrgica para aumentar os seios (aplicação de silicone, será que este ao menos paga IVA?!?, corrigir o nariz, o umbigo, etc., ou seja uma cirurgia plástica estética, não reparadora por dano de acidente ou outro?

Pensem e digam um número...














0% (zero), isso mesmo, 0,000%, nada, rien de rien, nicles, népias, ou seja uma escandaleira.
Na saúde o IVA é zero sobre os actos médicos, mas que diabo, há actos médicos e actos médicos. Cirurgia plástica , nao reaparadora, mas apenas por razões estéticas deverá pagar o IVA normal, 21%, não vos parece?



Sabe o significa não aceitar os seus seios, o seu nariz ou até o seu umbigo? Isto claro em termos médicos.
"O desprezo pelo dinheiro é frequente, sobretudo naqueles que não o possuem"

Fonte: "La Philosophie de G. C."
Autor: Courteline , Georges

Site porreiro para jogar (carregar em Arcade) : www.gamespt.net
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2337
Registado: 31/10/2004 1:09
Localização: gemunda

por zelareka » 12/6/2005 7:45

nao, nao me parece. pelo menos ate comecarem a fazer raciocinios tb nao outra direccao. q tal diminuir os impostos nalgum lado primeiro.
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 328
Registado: 3/1/2004 16:34
Localização: Boston, MA

Isto é verdade!

por Marco » 12/6/2005 2:00

Isto é verdade!

Sabem quanto paga de IVA uma intervenção cirúrgica para aumentar os seios (aplicação de silicone, será que este ao menos paga IVA?!?, corrigir o nariz, o umbigo, etc., ou seja uma cirurgia plástica estética, não reparadora por dano de acidente ou outro?

Pensem e digam um número...













0% (zero), isso mesmo, 0,000%, nada, rien de rien, nicles, népias, ou seja uma escandaleira.
Na saúde o IVA é zero sobre os actos médicos, mas que diabo, há actos médicos e actos médicos. Cirurgia plástica , nao reaparadora, mas apenas por razões estéticas deverá pagar o IVA normal, 21%, não vos parece?
 
Mensagens: 148
Registado: 27/3/2005 23:31


Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: Burbano, Google Adsense [Bot], jat19001900, jprgodinho, Kiko_463, latbal, Lisboa_Casino, PAULOJOAO, Rolling_Trader, yggy e 638 visitantes