(off-topic) - Fernando Gomes na GALP - Mais valia um tacho
1 Mensagem
|Página 1 de 1
(off-topic) - Fernando Gomes na GALP - Mais valia um tacho
Texto publicado na revista Sábado por Ferreira Fernandes.
Tenho de saltar em defesa de Fernando Gomes, acusado de ter conseguido um tacho na Galp. É falso. Ter um tacho é conseguir, por alguma forma de amiguismo, um emprego chorudo, sem fazer nenhum. Reparem nos três componentes da definição: conseguir sem ter mérito próprio, ser muito proveitosa a sinecura e o beneficiado deitar-se hà sombra da bananeira. Ora, a definição de tacho não cabe no que aconteceu a Fernando Gomes. É o que digo a seguir.
Sendo a Galp uma empresa com capitais públicos, a acusação de haver nela um tacho é grave - é quase falar de um roubo. Que o velho Sr. Pinto, da Pinto & Pinto, meta o Pintito, madraço que a Lisboa noctívaga conhece, como administrador da firma familiar é assunto interno dos Pintos. O mais que podemos fazer é abanar a cabeça e comentar, com tristeza: "Nada como o amor de pai para dar cabo de uma empresa.
Já uma empresa pública dar um tacho é de uma gravidade pública extraordinária. Não tendo sido isso que aconteceu com Gomes, espero que ele leve a tribunal aqueles que tiveram a ousadia de falsamente dizer e escrever que ele conseguiu um tacho na Galp. Provavelmente, ele não precisa de mim, mas isso não me impede de me colocar ao seu dispor, como testemunha - quanto mais não seja para ajudar a definir o que se diz. E eu não tenho dúvidas nenhumas em dizer que o que Fernando Gomes tem na Galp não é um tacho.
Mas deixem-me também dizer que até admito que haja tachos numa empresa com capitais públicos. Sim, eu sei que disse, linhas atrás, que era um quase roubo. Há 20 anos, se calhar, eu seria intransigente, a ponto de dizer que qualquer tacho era inadmissível. Mas a idade amoleceu-me ou talvez me tenha tornado mais sábio.
Pegando no exemplo de Fernando Gomes na Galp, de quanto estamos a falar? De 15 mil euros por mês, mais cartão para despesas, mais carrão. Quanto pode gastar o Estado com isso, mais as prestações sociais? o dobro, 30 mil euros mensais? Seja. Eu admito, mole reformista que hoje sou, que o Estado feche os olhos a um valor desses para pagar o mérito de um dos seus.
Suponhamos que Portugal quer homenagear um autarca de urbanismo visionário e governo impoluto de urna cidade, sem compromissos, por exemplo, com os lóbis futeboleiros. Ou um ministro que não só resolveu brilhantemente casos, como bombas em discotecas, mas também se revelou um estadista que galvanizou as policias, apelando ao sangue, suor e lágrimas, no combate ao crime... Foi Fernando Gomes o nosso Churchill das esquadras? Está ele para o Porto como Giuliani está para Nova Iorque, Pombal para Lisboa e o barão Hausmann para Paris? Não sei. Mas se foi - permitam-me essa hipótese - se foi, não podemos fechar os olhos a 6 mil contos por mês? Em vez de lhe construir uma estátua, não lhe podemos dar um tacho?
Mas na história do tacho de Fernando Gomes na Galp, o problema não é o tacho. É não haver tacho nenhum. O tacho de Gomes na Galp faria com que perdêssemos os tais 30 mil euros-mensais e, não sejamos mesquinhos, um país que não pode desperdiçar 30 mil euros não é país nem é nada. O problema com Gomes na Galp é que ele não se vai deitar à sombra da bananeira (que é um dos componentes da definição de tacho). O problema é que ele vai mesmo trabalhar. Isso pode ser catastrófico.
Fernando Gomes é o novo administrador executivo com o pelouro da Gaip Power, empresa responsável pelos projectos das centrais de cogeração. Primeiro problema - aposto que há 15 dias ele não sabia o que era urna central de cogeração. Fernando Gomes tem também o pelouro da Galp Exploração, empresa que gere as concessões de poços em Angola e no Brasil. Segundo problema - aposto que há 15 dias ele seria incapaz de apontar onde são esses poços.
Digo-o sem acinte pessoal. Se serve de consolo, comigo até seria mais grave, 15 dias depois ainda me engasgaria com o termo "centrais de co geração". Mas a questão não é essa. A questão é: numa empresa como a Galp, um patrão dos projectos de centrais de cogeração e das concessões de poços em Angola é, à partida, um perito na gestão desses assuntos. Não se pode gerir um assunto de que se ignora tudo, até a existência.
Gilberto Madail, quando teve de encontrar treinador para a selecção nacional, foi procurar o mais recente treinador campeão mundial. Eu reconheço a importância do futebol, mas ele não me dá de comer. A economia nacional dá-me. Uma empresa da dimensão da Galp até se podia permitir um ou outro tacho (já o admiti), o que não pode é escolher quem mande através de outro critério que não seja o do mais competente.
É por isso que, em vez de acusar Fernando Gomes de ter um tacho na Galp, venho aqui propor outra coisa: acho que seria prudente dar-lhe um tacho na Galp.
Tenho de saltar em defesa de Fernando Gomes, acusado de ter conseguido um tacho na Galp. É falso. Ter um tacho é conseguir, por alguma forma de amiguismo, um emprego chorudo, sem fazer nenhum. Reparem nos três componentes da definição: conseguir sem ter mérito próprio, ser muito proveitosa a sinecura e o beneficiado deitar-se hà sombra da bananeira. Ora, a definição de tacho não cabe no que aconteceu a Fernando Gomes. É o que digo a seguir.
Sendo a Galp uma empresa com capitais públicos, a acusação de haver nela um tacho é grave - é quase falar de um roubo. Que o velho Sr. Pinto, da Pinto & Pinto, meta o Pintito, madraço que a Lisboa noctívaga conhece, como administrador da firma familiar é assunto interno dos Pintos. O mais que podemos fazer é abanar a cabeça e comentar, com tristeza: "Nada como o amor de pai para dar cabo de uma empresa.
Já uma empresa pública dar um tacho é de uma gravidade pública extraordinária. Não tendo sido isso que aconteceu com Gomes, espero que ele leve a tribunal aqueles que tiveram a ousadia de falsamente dizer e escrever que ele conseguiu um tacho na Galp. Provavelmente, ele não precisa de mim, mas isso não me impede de me colocar ao seu dispor, como testemunha - quanto mais não seja para ajudar a definir o que se diz. E eu não tenho dúvidas nenhumas em dizer que o que Fernando Gomes tem na Galp não é um tacho.
Mas deixem-me também dizer que até admito que haja tachos numa empresa com capitais públicos. Sim, eu sei que disse, linhas atrás, que era um quase roubo. Há 20 anos, se calhar, eu seria intransigente, a ponto de dizer que qualquer tacho era inadmissível. Mas a idade amoleceu-me ou talvez me tenha tornado mais sábio.
Pegando no exemplo de Fernando Gomes na Galp, de quanto estamos a falar? De 15 mil euros por mês, mais cartão para despesas, mais carrão. Quanto pode gastar o Estado com isso, mais as prestações sociais? o dobro, 30 mil euros mensais? Seja. Eu admito, mole reformista que hoje sou, que o Estado feche os olhos a um valor desses para pagar o mérito de um dos seus.
Suponhamos que Portugal quer homenagear um autarca de urbanismo visionário e governo impoluto de urna cidade, sem compromissos, por exemplo, com os lóbis futeboleiros. Ou um ministro que não só resolveu brilhantemente casos, como bombas em discotecas, mas também se revelou um estadista que galvanizou as policias, apelando ao sangue, suor e lágrimas, no combate ao crime... Foi Fernando Gomes o nosso Churchill das esquadras? Está ele para o Porto como Giuliani está para Nova Iorque, Pombal para Lisboa e o barão Hausmann para Paris? Não sei. Mas se foi - permitam-me essa hipótese - se foi, não podemos fechar os olhos a 6 mil contos por mês? Em vez de lhe construir uma estátua, não lhe podemos dar um tacho?
Mas na história do tacho de Fernando Gomes na Galp, o problema não é o tacho. É não haver tacho nenhum. O tacho de Gomes na Galp faria com que perdêssemos os tais 30 mil euros-mensais e, não sejamos mesquinhos, um país que não pode desperdiçar 30 mil euros não é país nem é nada. O problema com Gomes na Galp é que ele não se vai deitar à sombra da bananeira (que é um dos componentes da definição de tacho). O problema é que ele vai mesmo trabalhar. Isso pode ser catastrófico.
Fernando Gomes é o novo administrador executivo com o pelouro da Gaip Power, empresa responsável pelos projectos das centrais de cogeração. Primeiro problema - aposto que há 15 dias ele não sabia o que era urna central de cogeração. Fernando Gomes tem também o pelouro da Galp Exploração, empresa que gere as concessões de poços em Angola e no Brasil. Segundo problema - aposto que há 15 dias ele seria incapaz de apontar onde são esses poços.
Digo-o sem acinte pessoal. Se serve de consolo, comigo até seria mais grave, 15 dias depois ainda me engasgaria com o termo "centrais de co geração". Mas a questão não é essa. A questão é: numa empresa como a Galp, um patrão dos projectos de centrais de cogeração e das concessões de poços em Angola é, à partida, um perito na gestão desses assuntos. Não se pode gerir um assunto de que se ignora tudo, até a existência.
Gilberto Madail, quando teve de encontrar treinador para a selecção nacional, foi procurar o mais recente treinador campeão mundial. Eu reconheço a importância do futebol, mas ele não me dá de comer. A economia nacional dá-me. Uma empresa da dimensão da Galp até se podia permitir um ou outro tacho (já o admiti), o que não pode é escolher quem mande através de outro critério que não seja o do mais competente.
É por isso que, em vez de acusar Fernando Gomes de ter um tacho na Galp, venho aqui propor outra coisa: acho que seria prudente dar-lhe um tacho na Galp.
....Aye, fight and you may die, run and you'll live....at least a while. And dying in your beds many years from now, would you be willing to trade all the days from this day to that for one chance, just one chance to come back here and tell our enemies...that they may take our lives, but they'll never take our freedom!
1 Mensagem
|Página 1 de 1
Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: Bar38, Burbano, Ferreiratrade, iniciado1, jprgodinho, MP65, Opcard33, PAULOJOAO, Pmart 1, yggy e 346 visitantes