Portugal canibal
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Portugal canibal
25 Maio 2005 13:59
Eduardo Moura
Portugal canibal
emoura@mediafin.pt
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Silêncio, inquietação e resignação. Eis a reacção de um país ao mais demolidor pacote de medidas que um Governo democrático alguma vez se atreveu a fazer. Uma nação que concorda com medidas duras mas que as teme.
Um espírito nacional que as reclama, apesar de cada empresa e cada família as preferir evitar. Dissociação entre o colectivo e o individual que nos remete para um Portugal esquizofrénico.
Diante da emergência, depois de todos os adiamentos, fingimentos e branqueamentos, Portugal verga-se ao inevitável. Incapaz de discutir o acerto ou desacerto das medidas de Sócrates e de Campos e Cunha, Portugal reage apático e reza.
Este é o castigo que todos espera_vam mas que todos iludiam. É o fim da retórica e das conversas de polichinelo. Cada um interiorizou já que o desmazelo nacional, a política de indulgências, as fintas à realidade não são apenas culpa dos políticos mas culpas nacionais e, qual ladrão apanhado com a boca na botija, está disposto a pagá-las.
É deste modo que a nação, que viveu em regime de autofagia com Manuela Ferreira Leite, pois alimentava-se das suas próprias reservas, ascende agora ao canibalismo, pois não lhe resta senão a antropofagia sobre os seus próprios membros.
Porém, o Governo que, do alto da sua maioria absoluta, tem a necessidade e obrigação de corrigir as contas públicas com os bens privados, é também aquele tolo Governo que prometeu a felicidade do crescimento à beira do precipício financeiro. O Governo que prometeu não fazer o que agora está a fazer chumba-se a si próprio e aprofunda o mal-estar da democracia.
Assumindo só agora as responsabilidades que a emergência nacional já impunha, a palavra de Sócrates desperta a desconfiança dos seus ouvintes. Sócrates revelou ser um hábil político mas, para já, resume-se a isso
Eduardo Moura
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emoura@mediafin.pt
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Silêncio, inquietação e resignação. Eis a reacção de um país ao mais demolidor pacote de medidas que um Governo democrático alguma vez se atreveu a fazer. Uma nação que concorda com medidas duras mas que as teme.
Um espírito nacional que as reclama, apesar de cada empresa e cada família as preferir evitar. Dissociação entre o colectivo e o individual que nos remete para um Portugal esquizofrénico.
Diante da emergência, depois de todos os adiamentos, fingimentos e branqueamentos, Portugal verga-se ao inevitável. Incapaz de discutir o acerto ou desacerto das medidas de Sócrates e de Campos e Cunha, Portugal reage apático e reza.
Este é o castigo que todos espera_vam mas que todos iludiam. É o fim da retórica e das conversas de polichinelo. Cada um interiorizou já que o desmazelo nacional, a política de indulgências, as fintas à realidade não são apenas culpa dos políticos mas culpas nacionais e, qual ladrão apanhado com a boca na botija, está disposto a pagá-las.
É deste modo que a nação, que viveu em regime de autofagia com Manuela Ferreira Leite, pois alimentava-se das suas próprias reservas, ascende agora ao canibalismo, pois não lhe resta senão a antropofagia sobre os seus próprios membros.
Porém, o Governo que, do alto da sua maioria absoluta, tem a necessidade e obrigação de corrigir as contas públicas com os bens privados, é também aquele tolo Governo que prometeu a felicidade do crescimento à beira do precipício financeiro. O Governo que prometeu não fazer o que agora está a fazer chumba-se a si próprio e aprofunda o mal-estar da democracia.
Assumindo só agora as responsabilidades que a emergência nacional já impunha, a palavra de Sócrates desperta a desconfiança dos seus ouvintes. Sócrates revelou ser um hábil político mas, para já, resume-se a isso
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