Um eixo Índia-China?
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Por enquanto é o mundo dos negócios emergentes que atraí as simpatias e faz esquecer o passado. O sentimento da riqueza envolve as classes dominantes.
É um pouco como Portugal e Espanha: a áurea negociativa toma conta dos destinos.Parará quando uma das partes se sentir derrotada e será sempre o mais pequeno e pobre.Basta um período de crise prolongada,para virem ao de cima os sentimentos antigos e as culpas dos males começarem a recair sobre os dominadores.As crises politicas dão-se quase sempre por motivos económicos.
Parecia que a Ásia estava passificada .Súbitamente ela começou a mexer. Os sentimentos anti-Japoneses começam a vir ao de cima e a matéria não é politica é económica e tráz recordações do passado.
A China é um país de paradoxos:ser comunista por "vocação"e capitalista por necessidade! Até onde irão estes antagonismos sem entrarem em confronto?
A India parece ter bases mais seguras de evolução politica:já acumula alguns anos de alternância do poder.
O Pakistão ainda anda nos golpes de estado e Musharaf não se pode admirar se lhe fizerem o mesmo a ele. Aqui há perigo iminente.País de armas nucleares com muitos amigos da Al-Qaeda.
Essa zona do mundo pode ser tudo neste século: local de prosperidade e desenvolvimento ou holocáustro mundial
É um pouco como Portugal e Espanha: a áurea negociativa toma conta dos destinos.Parará quando uma das partes se sentir derrotada e será sempre o mais pequeno e pobre.Basta um período de crise prolongada,para virem ao de cima os sentimentos antigos e as culpas dos males começarem a recair sobre os dominadores.As crises politicas dão-se quase sempre por motivos económicos.
Parecia que a Ásia estava passificada .Súbitamente ela começou a mexer. Os sentimentos anti-Japoneses começam a vir ao de cima e a matéria não é politica é económica e tráz recordações do passado.
A China é um país de paradoxos:ser comunista por "vocação"e capitalista por necessidade! Até onde irão estes antagonismos sem entrarem em confronto?
A India parece ter bases mais seguras de evolução politica:já acumula alguns anos de alternância do poder.
O Pakistão ainda anda nos golpes de estado e Musharaf não se pode admirar se lhe fizerem o mesmo a ele. Aqui há perigo iminente.País de armas nucleares com muitos amigos da Al-Qaeda.
Essa zona do mundo pode ser tudo neste século: local de prosperidade e desenvolvimento ou holocáustro mundial
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Romano
Um eixo Índia-China?
Um eixo Índia-China?
Estará em desenvolvimento um novo alinhamento entre a Índia e a China para fazer balançar o poder global da América?
O primeiro-ministro chinês Wen Jiabao terminou uma visita de quatro dias à Índia durante a qual foram assinados 11 acordos, incluindo um pormenorizado pacto de cooperação estratégica. Além disso, Wen anunciou que a China iria apoiar a pretensão da Índia a um lugar permanente num Conselho de Segurança da ONU alargado e opôs-se à inclusão do Japão, o qual é apoiado pelos EUA na corrida a um assento no Conselho.
Com mais de um terço da população mundial e duas das mais altas taxas de crescimento económico do globo, uma aliança entre a China e a Índia poderia ser um factor sério na política mundial. Apesar de serem ambos países em de-senvolvimento - com uma grande parte da população a continuar empobrecida - exibem também capacidades notáveis nas tecnologias da era da informação tanto com fins civis como militares. Como disse o primeiro-ministro indiano Manmohan Singh durante a visita de Wen, "a Índia e a China juntas podem transformar a ordem mundial".
A recente aproximação dos dois países marca uma enorme mudança em relação à hostilidade que deteriorou as relações entre ambos a seguir à guerra de 1962 causada por uma disputa de fronteira no Himalaia.
Quando visitei a Índia pela primeira vez como representante do Governo americano nos finais da década de 70, fiquei impressionado com a fixação dos meus anfitriões indianos em alcançarem a igualdade de estatuto em relação à China. Em 1998, quando a Índia testou as suas armas nucleares, o ministro da Defesa referiu-se à China e, depois, o primeiro-ministro Atal Bihari Vajpayee falou da China como sendo o inimigo número um da Índia.
Ao contrário, em visitas mais recentes à Índia, vi os meus anfitriões a referirem-se à necessidade de aprender com a China. O comércio entre os dois gigantes cresceu de cem milhões de dólares em 1994 para perto de 14 mil milhões no ano passado e o ministro do Comércio e da Indústria indiano previu a sua duplicação até ao fim da década. Um acordo assinado durante a visita de Wen foi um novo estabelecimento de princípios reguladores sobre a forma de resolver disputas fronteiriças entre os dois países.
Apesar de o melhoramento das relações e a diminuição de perspectivas de conflito serem bem- -vindos, as relações entre a Índia e a China são mais complexas do que parecem à primeira vista. Pouco tempo antes da visita do primeiro--ministro chinês, a Índia recebeu a secretária de Estado americana Condoleezza Rice.
Desde a visita do Presidente Bill Clinton à Índia, mas principalmente com o Presidente George W. Bush, que os Estados Unidos têm evoluído de uma relativa indiferença para com a Índia para uma relação estratégica forte.
A nova aproximação pode ter parecido ameaçada pelos ataques da Al-Qaeda à América, os quais levaram a um fortalecimento das relações dos EUA com o general Parvez Musharaff do Paquistão. Mas os EUA asseguraram à Índia que enfrentavam uma ameaça comum por parte do terrorismo internacional e que as velhas regras da Guerra Fria da Índia e do Paquistão estavam ultrapassadas.
A secretária Rice tornou isto claro durante a sua visita de Março, sublinhando a importância de uma relação estratégica, incluindo uma vontade de considerar o comércio de alta tecnologia, energia nuclear e a co-produção de aviões de combate como os F-16 e os F-18.
Pouco depois da visita de Rice, os EUA anunciaram que honrariam uma promessa há muito feita de venderem F-16 ao Paquistão.
Apesar de o anúncio ter desencadeado protestos indianos, estes foram relativamente moderados comparados com o passado. Uma das razões foi o Departamento de Estado ter também emitido uma declaração de que a América ajudaria a Índia a tornar-se numa importante potência mundial durante o séc. XXI, ajuda essa que envolveria um diálogo tanto estratégico como económico.
Há vários factores que sustentam esta nova atitude americana em relação à Índia. A retórica acerca "das duas maiores democracias mundiais" não é nova mas encaixa-se na nova ênfase da Administração Bush na promoção da democracia. O papel crescente da diáspora indiana nos EUA, particularmente nas indústrias da informação, teve também alguma influência, assim como também a teve o aumento do comércio bilateral que acompanha o nascente crescimento económico da Índia. Igualmente importantes são as preocupações estratégicas acerca do terrorismo internacional e o crescimento do poder chinês.
O crescimento da China é um factor primordial na política do séc. XXI. A China triplicou o volume da sua economia nas duas últimas décadas e tem vindo a aumentar a sua força militar. Apesar de tanto a Índia como os EUA procurarem o comércio e as boas relações com a China, ambos estão conscientes - e alerta - da força crescente da China.
Assim, ambos procuram melhorar as suas apostas e que outra maneira melhor para o fazer do que melhorando a sua relação estratégica? Nenhum dos países tem como objectivo confinar a China da forma que a estratégia de "limitação" foi dirigida a uma União Soviética agressiva durante a Guerra Fria, mas ambos querem criar uma estrutura internacional que não deixe a China cair na tentação de espalhar o seu peso à volta dela.
A Índia tem uma fronteira de 3000 quilómetros com a China, uma fronteira de 2 000 quilómetros com o Paquistão (que tem beneficiado da assistência militar e nuclear chinesa) e preocupações crescentes com a segurança das rotas marítimas no Oceano Índico, no qual se movimenta o petróleo e outro comércio.
Como me disse um estrategista indiano durante uma visita recente "Por volta de 2030, vemos os EUA, a China e a Índia como as três maiores potências na política mundial. Não queremos um mundo dominado pela China ou pelos Estados Unidos, mas, se tivéssemos de escolher, seria mais fácil para nós viver com os últimos."
Assim, apesar de o melhoramento das relações entre a China e a Índia ser bem-vindo, é pouco provável que anuncie o início de uma aliança entre a Índia e a China contra os EUA. É mais provável que represente antes outra movimentação na antiga tradição indiana de gerir os equilíbrios regionais de poder.
Exclusivo DN/Project Syndicate
Joseph
S. Nye
Opinião Global
Ex-secretário assistente da Defesa e professor em Harvard. Autor de The Power Game e A Washington Novel.
Estará em desenvolvimento um novo alinhamento entre a Índia e a China para fazer balançar o poder global da América?
O primeiro-ministro chinês Wen Jiabao terminou uma visita de quatro dias à Índia durante a qual foram assinados 11 acordos, incluindo um pormenorizado pacto de cooperação estratégica. Além disso, Wen anunciou que a China iria apoiar a pretensão da Índia a um lugar permanente num Conselho de Segurança da ONU alargado e opôs-se à inclusão do Japão, o qual é apoiado pelos EUA na corrida a um assento no Conselho.
Com mais de um terço da população mundial e duas das mais altas taxas de crescimento económico do globo, uma aliança entre a China e a Índia poderia ser um factor sério na política mundial. Apesar de serem ambos países em de-senvolvimento - com uma grande parte da população a continuar empobrecida - exibem também capacidades notáveis nas tecnologias da era da informação tanto com fins civis como militares. Como disse o primeiro-ministro indiano Manmohan Singh durante a visita de Wen, "a Índia e a China juntas podem transformar a ordem mundial".
A recente aproximação dos dois países marca uma enorme mudança em relação à hostilidade que deteriorou as relações entre ambos a seguir à guerra de 1962 causada por uma disputa de fronteira no Himalaia.
Quando visitei a Índia pela primeira vez como representante do Governo americano nos finais da década de 70, fiquei impressionado com a fixação dos meus anfitriões indianos em alcançarem a igualdade de estatuto em relação à China. Em 1998, quando a Índia testou as suas armas nucleares, o ministro da Defesa referiu-se à China e, depois, o primeiro-ministro Atal Bihari Vajpayee falou da China como sendo o inimigo número um da Índia.
Ao contrário, em visitas mais recentes à Índia, vi os meus anfitriões a referirem-se à necessidade de aprender com a China. O comércio entre os dois gigantes cresceu de cem milhões de dólares em 1994 para perto de 14 mil milhões no ano passado e o ministro do Comércio e da Indústria indiano previu a sua duplicação até ao fim da década. Um acordo assinado durante a visita de Wen foi um novo estabelecimento de princípios reguladores sobre a forma de resolver disputas fronteiriças entre os dois países.
Apesar de o melhoramento das relações e a diminuição de perspectivas de conflito serem bem- -vindos, as relações entre a Índia e a China são mais complexas do que parecem à primeira vista. Pouco tempo antes da visita do primeiro--ministro chinês, a Índia recebeu a secretária de Estado americana Condoleezza Rice.
Desde a visita do Presidente Bill Clinton à Índia, mas principalmente com o Presidente George W. Bush, que os Estados Unidos têm evoluído de uma relativa indiferença para com a Índia para uma relação estratégica forte.
A nova aproximação pode ter parecido ameaçada pelos ataques da Al-Qaeda à América, os quais levaram a um fortalecimento das relações dos EUA com o general Parvez Musharaff do Paquistão. Mas os EUA asseguraram à Índia que enfrentavam uma ameaça comum por parte do terrorismo internacional e que as velhas regras da Guerra Fria da Índia e do Paquistão estavam ultrapassadas.
A secretária Rice tornou isto claro durante a sua visita de Março, sublinhando a importância de uma relação estratégica, incluindo uma vontade de considerar o comércio de alta tecnologia, energia nuclear e a co-produção de aviões de combate como os F-16 e os F-18.
Pouco depois da visita de Rice, os EUA anunciaram que honrariam uma promessa há muito feita de venderem F-16 ao Paquistão.
Apesar de o anúncio ter desencadeado protestos indianos, estes foram relativamente moderados comparados com o passado. Uma das razões foi o Departamento de Estado ter também emitido uma declaração de que a América ajudaria a Índia a tornar-se numa importante potência mundial durante o séc. XXI, ajuda essa que envolveria um diálogo tanto estratégico como económico.
Há vários factores que sustentam esta nova atitude americana em relação à Índia. A retórica acerca "das duas maiores democracias mundiais" não é nova mas encaixa-se na nova ênfase da Administração Bush na promoção da democracia. O papel crescente da diáspora indiana nos EUA, particularmente nas indústrias da informação, teve também alguma influência, assim como também a teve o aumento do comércio bilateral que acompanha o nascente crescimento económico da Índia. Igualmente importantes são as preocupações estratégicas acerca do terrorismo internacional e o crescimento do poder chinês.
O crescimento da China é um factor primordial na política do séc. XXI. A China triplicou o volume da sua economia nas duas últimas décadas e tem vindo a aumentar a sua força militar. Apesar de tanto a Índia como os EUA procurarem o comércio e as boas relações com a China, ambos estão conscientes - e alerta - da força crescente da China.
Assim, ambos procuram melhorar as suas apostas e que outra maneira melhor para o fazer do que melhorando a sua relação estratégica? Nenhum dos países tem como objectivo confinar a China da forma que a estratégia de "limitação" foi dirigida a uma União Soviética agressiva durante a Guerra Fria, mas ambos querem criar uma estrutura internacional que não deixe a China cair na tentação de espalhar o seu peso à volta dela.
A Índia tem uma fronteira de 3000 quilómetros com a China, uma fronteira de 2 000 quilómetros com o Paquistão (que tem beneficiado da assistência militar e nuclear chinesa) e preocupações crescentes com a segurança das rotas marítimas no Oceano Índico, no qual se movimenta o petróleo e outro comércio.
Como me disse um estrategista indiano durante uma visita recente "Por volta de 2030, vemos os EUA, a China e a Índia como as três maiores potências na política mundial. Não queremos um mundo dominado pela China ou pelos Estados Unidos, mas, se tivéssemos de escolher, seria mais fácil para nós viver com os últimos."
Assim, apesar de o melhoramento das relações entre a China e a Índia ser bem-vindo, é pouco provável que anuncie o início de uma aliança entre a Índia e a China contra os EUA. É mais provável que represente antes outra movimentação na antiga tradição indiana de gerir os equilíbrios regionais de poder.
Exclusivo DN/Project Syndicate
Joseph
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Opinião Global
Ex-secretário assistente da Defesa e professor em Harvard. Autor de The Power Game e A Washington Novel.
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