Banqueiro excelentíssimo
1 Mensagem
|Página 1 de 1
Banqueiro excelentíssimo
Banqueiro excelentíssimo
Carlos Rosado de Carvalho
Jorge Jardim Gonçalves deixa hoje a presidência do Banco Comercial Português (BCP), a maior instituição de crédito do país. Em menos de 20 anos, o engenheiro construiu um grupo bancário avaliado em cerca de sete mil milhões de euros.
A ascensão do BCP ao topo da banca portuguesa foi planeada a regra e esquadro. No arranque, em 1985, Jardim Gonçalves rodeou-se dos melhores profissionais e equipou a instituição com os meios tecnológicos mais avançados. Um investimento que consumiu a maior parte dos 3,5 milhões de contos do capital inicial do banco, o que valeu algumas críticas ao engenheiro. Através de uma abordagem segmentada do mercado, com oferta de produtos e serviços inovadores e personalizados, o BCP conquistou e fidelizou clientes.
Entretanto a liberalização do sector financeiro, sobretudo após o mercado único, intensificou a concorrência. Como a dimensão passou a ser um factor crítico de sucesso e o crescimento orgânico tornou-se cada vez mais difícil, o engenheiro foi obrigado a virar-se para o exterior.
Alterada a estratégia de desenvolvimento, faltava identificar e atacar as presas.
A primeira foi o Banco Português do Atlântico, adquirido em 1995. Em Janeiro de 2002, foi a vez do grupo financeiro José de Mello, que incluía entre outros o Banco Mello, ex-União de Bancos. Com a compra do Banco Pinto & Sotto Mayor à Caixa Geral de Depósitos, no mesmo ano, o engenheiro passou a disputar a liderança com o banco estatal. A fama do BCP atravessou fronteiras e o banco transformou-se num caso de estudo para universidades estrangeiras.
Apesar de controlar menos de um por cento do capital do BCP, Jardim Gonçalves sempre pôs e dispôs do banco. Américo Amorim, o maior dos accionistas fundadores, ainda chegou a reivindicar um papel mais activo na gestão, mas o engenheiro opôs-se e o rei da cortiça foi obrigado a vender a sua participação. Não seria possível fazer do banco o que ele é se a administração actuasse em função de alguns accionistas menores ou maiores, justifica o presidente cessante.
A obra realizada por Jardim Gonçalves faz dele provavelmente o maior banqueiro português. Mas, como ninguém é perfeito, o percurso de Jardim Gonçalves não está isento de erros. A pressão dos analistas, inebriados pela subida das bolsas, levou o engenheiro a diversificar investimentos para outros sectores e mercados. O afastamento do banco do "core business", sobretudo as incursões pela nova economia e pelos seguros, afectou a solidez da instituição e a unidade da gestão.
A saída de alguns administradores fez com que alguns questionassem se também não estaria na hora do engenheiro sair.
Mas só quem não conhecesse Jardim Gonçalves é que poderia pensar que ele poderia abandonar o barco numa hora tão difícil. Em vez disso, o engenheiro iniciou a refundação do banco com a criação de uma única marca e a venda de activos não estratégicos. Quando a recentragem da actividade do BCP no "core business" começou a dar os primeiros resultados, o presidente voltou a surpreender tudo e todos anunciando o abandono de funções executivas no banco, passando a pasta ao jovem Paulo Teixeira Pinto. A partir de hoje, o engenheiro passará a presidir ao conselho superior e ao comité de auditoria do BCP, cargos que lhe dão a influência necessária para assegurar uma transição tranquila no maior banco português. Jardim Gonçalves já tinha provado ser um banqueiro excelentíssimo. A sua saída, depois da casa arrumada, confirma que estamos em presença de um grande líder empresarial.
Carlos Rosado de Carvalho
Jorge Jardim Gonçalves deixa hoje a presidência do Banco Comercial Português (BCP), a maior instituição de crédito do país. Em menos de 20 anos, o engenheiro construiu um grupo bancário avaliado em cerca de sete mil milhões de euros.
A ascensão do BCP ao topo da banca portuguesa foi planeada a regra e esquadro. No arranque, em 1985, Jardim Gonçalves rodeou-se dos melhores profissionais e equipou a instituição com os meios tecnológicos mais avançados. Um investimento que consumiu a maior parte dos 3,5 milhões de contos do capital inicial do banco, o que valeu algumas críticas ao engenheiro. Através de uma abordagem segmentada do mercado, com oferta de produtos e serviços inovadores e personalizados, o BCP conquistou e fidelizou clientes.
Entretanto a liberalização do sector financeiro, sobretudo após o mercado único, intensificou a concorrência. Como a dimensão passou a ser um factor crítico de sucesso e o crescimento orgânico tornou-se cada vez mais difícil, o engenheiro foi obrigado a virar-se para o exterior.
Alterada a estratégia de desenvolvimento, faltava identificar e atacar as presas.
A primeira foi o Banco Português do Atlântico, adquirido em 1995. Em Janeiro de 2002, foi a vez do grupo financeiro José de Mello, que incluía entre outros o Banco Mello, ex-União de Bancos. Com a compra do Banco Pinto & Sotto Mayor à Caixa Geral de Depósitos, no mesmo ano, o engenheiro passou a disputar a liderança com o banco estatal. A fama do BCP atravessou fronteiras e o banco transformou-se num caso de estudo para universidades estrangeiras.
Apesar de controlar menos de um por cento do capital do BCP, Jardim Gonçalves sempre pôs e dispôs do banco. Américo Amorim, o maior dos accionistas fundadores, ainda chegou a reivindicar um papel mais activo na gestão, mas o engenheiro opôs-se e o rei da cortiça foi obrigado a vender a sua participação. Não seria possível fazer do banco o que ele é se a administração actuasse em função de alguns accionistas menores ou maiores, justifica o presidente cessante.
A obra realizada por Jardim Gonçalves faz dele provavelmente o maior banqueiro português. Mas, como ninguém é perfeito, o percurso de Jardim Gonçalves não está isento de erros. A pressão dos analistas, inebriados pela subida das bolsas, levou o engenheiro a diversificar investimentos para outros sectores e mercados. O afastamento do banco do "core business", sobretudo as incursões pela nova economia e pelos seguros, afectou a solidez da instituição e a unidade da gestão.
A saída de alguns administradores fez com que alguns questionassem se também não estaria na hora do engenheiro sair.
Mas só quem não conhecesse Jardim Gonçalves é que poderia pensar que ele poderia abandonar o barco numa hora tão difícil. Em vez disso, o engenheiro iniciou a refundação do banco com a criação de uma única marca e a venda de activos não estratégicos. Quando a recentragem da actividade do BCP no "core business" começou a dar os primeiros resultados, o presidente voltou a surpreender tudo e todos anunciando o abandono de funções executivas no banco, passando a pasta ao jovem Paulo Teixeira Pinto. A partir de hoje, o engenheiro passará a presidir ao conselho superior e ao comité de auditoria do BCP, cargos que lhe dão a influência necessária para assegurar uma transição tranquila no maior banco português. Jardim Gonçalves já tinha provado ser um banqueiro excelentíssimo. A sua saída, depois da casa arrumada, confirma que estamos em presença de um grande líder empresarial.
- Mensagens: 1700
- Registado: 26/11/2004 23:00
- Localização: Belém-Lisboa
1 Mensagem
|Página 1 de 1
Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: aaugustobb_69 e 1006 visitantes