Como se combate o populismo? "Com eleições", responde Fukuyama

[luiz22]

Bush na Eurolândia
Filipe Rodrigues da Silva



Há um local em Lisboa de que gosto muito. Fica para os lados da Baixa. No final da Rua das Portas de Santo Antão há um largo, o de S. Domingos, onde costumam estar alguns engraxadores a trabalhar.
É dos meus locais preferidos na capital. Em especial no Outono e na Primavera. Ficar por ali a ouvir a cidade, sabe bem. Nomeadamente quando, enquanto o engraxador nos trata dos sapatos, lemos os jornais, trincamos umas castanhas assadas ou, no final, bebemos uma ginginha no bar da esquina. E há sempre aquela troca de informações com gente que muito ouve e que se escuta, sem nos sentirmos presos aos comentários típicos de muitos motoristas de táxi.

Por isso, por respeito a uma profissão que não é fácil, quando vejo George W Bush na sua manobra de charme pela União Europeia e a NATO tenho algum receio de a considerar uma pura engraxadela.

Aliás, indo mais longe no campo do calçado, nem sequer podemos definir a coisa como um acto puramente lambe-botas. Até porque Bush não se está a dar a esse papel de forma clara. Quase que apetece dizer que é a Europa que esteve contra a intervenção no Iraque que gosta de se sentir bajulada. O diplomata Bush acordou com quase três anos de atraso e veio fazer o que se sabia inevitável: com os outros grandes do Velho Continente é mais fácil suportar política e economicamente intervenções como a que sucedeu no Iraque, combater o terrorismo e o papão nuclear. E nem precisa de esforçar-se muito.

Chirac fica todo contente, mas aparece meio sisudo ou não fosse francês. Schroeder rejubila, mas faz o sorriso semi-amarelo da praxe. Bem se esforçam para parecer ao contrário, mas, como dizem os brasileiros. surgem como uma turma de puxa-sacos a posicionar as suas multinacionais a troca de uma reavaliação do papel de desavindos. Afinal, na política não há verdades absolutas. Quem puxa melhor? Chirac? Schroeder? Bush? Até o perito Fagundes, esse personagem das tiras da BD criado por Laerte, teria dificuldades em acertar.


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