Caldeirão da Bolsa

A confiança

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Visitante » 25/2/2005 0:52

O nome do autor do texto parece indiciar a confusão que, a cada paráfrago, se vai instalando no mesmo. Gostava que o dito me explicasse o que tem a ver o casamento de homosexuais com as taxas de juro, a vitória da esquerda, e etc, e etc.Bem dizia Descartes(séc.XVII): "O bom senso é a coisa melhor distribuída no mundo e de tal modo assim é, que ninguém quer ter mais do que tem". Eu acrescento:sobretudo aqueles que têm a conta do bom senso a zeros.
Visitante
 

A confiança

por luiz22 » 25/2/2005 0:34

A confiança

Este ano deverá assistir a mais um período de rendibilidades moderadas nos mercados de acções da Europa e EUA.

25-02-2005, Mário Vigário

Dado que era virtualmente impossível a direita liderar um governo saído destas eleições, o facto de o PS ter conseguido uma maioria absoluta no Parlamento deve-se tornar um motivo de regozijo para todos, mesmo os mais conservadores, ao evitar que um espectro de alianças origine concessões com os blocos da esquerda sobre temas mais relevantes para os mercados que os casamentos entre homossexuais.
Com uma quebra de 2% este mês, em contra-ciclo com o resto da Europa, o mau desempenho da bolsa de Lisboa durante esta semana deve apenas surpreender pelo “timing”. De facto a penalização de empresas mais sujeitas ao denominado “risco regulatório” como a EDP e a Brisa não poderia ter apanhado de surpresa ninguém, se as propostas apresentadas pela nova ala governante não tivessem já divulgado toda a carga de incerteza que ainda temos hoje. É verdade que o remanescente “choque fiscal” que permitiria descer as taxas de IRC em 2006 abaixo dos actuais 25% já não deverá ocorrer, penalizando expectativas de “cash-flow” face ao enquadramento actual. É também verdade que a alternativa de choque proposta, o tecnológico, apenas augura mais despesa pública, mas tal como os problemas estruturais que se acumulam e carecem de resolução, ninguém tem ainda sinais de que exista coragem política para os atacar.
Vamos assim descobrir uma das principais causas deste desempenho em factores como a subida acentuada das taxas de juro de longo prazo na Europa, que no prazo de 10 anos sofreu nestes últimos dias uma subida de cerca de 0.2% para 3.81%, ultrapassando a subida de 0.12% nas taxas de juro semelhantes nos Estados Unidos da América (EUA). As taxas de juro (de curto e longo prazo) estão tão baixas que se torna uma fatalidade a sua subida. Se não assumirmos um cenário de deflação, a questão é essencialmente saber quando esse movimento vai ocorrer de forma acentuada. Como Alan Greenspan pareceu indiciar nestas semanas, mesmo sem inflação à vista, as taxas de longo prazo podem subir através do instrumento de política monetária disponível, as taxas de juro de curto prazo, pois a sua subida penaliza o financiamento de posições nesse tipo de activos, e consequentemente a sua atractivamente.
Se alguma ilação se pode desde já retirar do comportamento dos mercados no início desde ano é a da manutenção dos mesmos factores de incerteza que acabaram por marcar o ano transacto. A subida de taxas de juro de longo prazo era e continua a ser para nós um dos factores de risco para o mercado, no sentido em que taxas mais elevadas penalizam os custos de financiamento das empresas, e por outro lado aumentam a apetência pela classe de activos que paga juros por oposição a dividendos.
No caso europeu, globalização de investimentos e a livre circulação de capitais parecem ter estado a equilibrar os pratos da balança a favor das taxas de juro norte-americanas, através da inesperada valorização do dólar no início deste ano, melhorando a rendibilidade dos investimentos em taxas de juro nesta divisa. Convém não esquecer que o espaço de intervenção da Reserva Federal nos EUA é mais abrangente que o dos bancos centrais europeus e que a necessidade de desvalorização do dólar não é eterna. Apesar da persistência dos “twin-deficits” parece sensato concluir que face ao valor de 1.15 contra o euro (considerado como “justo” pela teoria económica) e um “over-shooting” potencial de 30%, não deverá ser a acentuada depreciação da divisa americana que se receava no final do ano passado outro dos maiores factores de instabilidade dos mercados.
O terceiro factor, o elevado nível dos preços do petróleo, depois de um final de ano em forte correcção, parece ter voltado à agenda, embora a correlação com os mercados de acções tenha diminuído consideravelmente. Com custos de produção que não excedem os $3/barril, acreditamos que a “mão invisível” do mercado tratará de resolver os desequilíbrios entre procura e oferta, em particular a inelasticidade desta. Mesmo com o ainda difícil enquadramento geopolítico, estes é um período para o crude transaccionar na casa dos $30/barril e não acima dos $50, como está hoje. Para quem tolere muita volatilidade, vender crude é talvez a mais interessante oportunidade de investimento que se pode vislumbrar a dois anos.
Este ano deverá assistir a mais um período de rendibilidades moderadas nos mercados de acções da Europa e Estados Unidos. As surpresas positivas podem vir da zona asiática emergente, a única onde o crescimento económico vai ser pujante e as valorizações dos mercados são atraentes. Também o Japão, a materializarem-se os indícios de recuperação no mercado imobiliário, poderá surpreender na segunda metade do ano. A bolsa de Lisboa está a incorporar o aumento do valor das participações no Brasil e Europa Central e, com o novo espectro político pode beneficiar de uma recuperação da confiança. Esperemos que não seja à custa de um panorama macroeconómico desolador a prazo.Semanário Económico
 
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