Bolsa de Lisboa perde 740 milhões
1 Mensagem
|Página 1 de 1
Bolsa de Lisboa perde 740 milhões
Depois de um arranque de ano fulgurante, os ânimos arrefeceram na Euronext Lisbon. Desde o máximo do ano registado a 8 de Fevereiro, o PSI-20 recuou 3%, com quase todas as empresas a registarem perdas. ParaRede, Brisa e Impresa foram as mais penalizadas.
25-02-2005, André Veríssimo e Mafalda Anjos
O PSI-20 caiu durante seis sessões consecutivas. Desde o máximo de 2005, a 08 de Fevereiro, dia em que o índice de referência nacional atingiu também o valor mais alto em três anos e meio nos 8088,63 pontos, o índice perdeu quase 3%. Em apenas seis sessões, a praça portuguesa viu avaporar 740,7 milhões de euros de capitalização bolsista. Em 16 de Fevereiro, a capitalização do PSI-20 estava nos 36,1 mil milhões de euros, caindo no fecho da passada quarta-feira para os 35,4 mil milhões de euros.
Até Fevereiro, a praça lisboeta registava o melhor comportamento entre as bolsas europeias. O índice de referência nacional marcava os maiores ganhos em 2005 entre os mercados da Europa dos 15 e da Suíça, ao somar até ao início de Fevereiro uma subida de quase 6%, à frente de praças como Londres, Paris, Frankfurt, Madrid ou Milão. Neste momento, Lisboa está para além do meio da tabela entre as bolsas europeias (ver caixa).
Esta queda sucedeu-se a um período de clara euforia na praça nacional. No dia 1 de Fevereiro, a praça lisboeta ultrapassou a barreira psicológica dos 8000 pontos e registou o nível mais alto desde Novembro de 2001. Nesta euforia, a Brisa bateu sucessivos máximos históricos e títulos como a Sonae SGPS, Sonae.Com, Portugal Telecom, PT Multimedia, Cofina e Media Capital atingiram então os valores mais altos em mais de quatro anos.
Como explicaram os analistas contactados pelo Semanário Económico, a subida da bolsa no início de 2005 foi feita à custa de histórias numa mão cheia de empresas que empurraram para cima o índice de referência nacional. A Cofina, devido à separação da parte de media e industrial, a PT Multimedia, devido à venda da Lusomundo Media, e da família Sonae, que ganhou com o spin off da Sonae Industrial, tiveram performances verdadeiramente excepcionais que se reflectiram no índice. Já o BCP, outro papel que acumulou fortes valorizações em 2005, beneficiou da operação de refundação e de concentração no seu negócio core, com expressão nos bons resultados anuais que apresentou. No entanto, já se antevia que existissem correcções nalguns papéis, como a Brisa e a Cofina, que atingiram no início do mês valorizações, na opinião dos analistas, difíceis de sustentar.
Quais as razões para as quedas?
Tal como não foi o factor político que justificou as fortes subidas em 2005 até ao início de Fevereiro, também não terá sido o resultado das eleições de 02 de Fevereiro que agora justificou estas quedas. A vitória do PS não foi uma surpresa para a o mercado, que já tinha descontado uma reviravolta no cenário político nacional. Por outro lado, a bolsa prefere a certeza de um executivo com maioria absoluta do que a incerteza de o PS ter de se coligar à esquerda para conseguir formar governo.
Na opinião de Ricardo Lourenço, responsável pelo fundo Santander Acções Portugal, apesar de a queda da praça nacional “ter acontecido no dia seguinte às eleições legislativas não é de supor que os dois eventos estejam directamente correlacionados”. “A bolsa nacional tinha iniciado o ano melhor que as suas congéneres, sem que nada o justificasse, pelo que seria natural que esse excesso de performance desaparecesse”, explica. E acrescenta: “Acontece que para tal, a bolsa caiu durante algumas sessões consecutivas pois saiu penalizada pela queda recente dos mercados internacionais devido à subida do preço do petróleo e das taxas de juro, com os receios de inflação forte e o discurso de Greenspan”.
Para Francisco Oliveira, gestor do fundo de acções nacionais do Barclays, as quedas das últimas sessões devem-se “à tomada de mais-valias por parte dos investidores em alguns títulos que já subiram muito este ano”. A queda dos títulos do sector das utilities em toda a Europa, que em Portugal penalizou a EDP e a Brisa, é outro factor apontado por Francisco Oliveira.
A Brisa foi um dos papéis mais penalizados neste efeito de correcção da praça portuguesa. A concessionária de autoestradas chegou a cair 4% na passada segunda-feira. No entanto, o factor político - o PS defende as SCUT se deverão manter gratuitas - não terá sido o único argumento a pesar sobre a empresa. “A queda do início desta semana foi em linha com o sector das autoestradas na Europa, pois é dos sectores mais correlacionados com a variação das taxas de juro de longo prazo, que sofreram uma forte subida na passada semana”, explica Ricardo Lourenço.
A EDP é outro papel cujo comportamento se relaciona com as eleições, já que o modelo de reestruturação para o sector eléctrico está em aberto, não se conhecendo qual o projecto do PS para esta área a não ser que deseja “maior concorrência”. A indefinição atinge mesmo a própria equipa de management, com o mercado a temer que existam mexidas na administração da empresa. No entanto, ainda que a EDP tenha ficado atrás das restantes utilities europeias nos últimos meses, a queda nesta semana foi mais relacionada com um relatório divulgado pela Lehman Brothers. Neste estudo, a casa de investimento diz que as taxas de rendibilidade das obrigações torna as aplicações em dívida pública relativamente mais atraentes do que os seus substitutos mais próximos: as utilities.
Os resistentes
As quedas das últimas sessões não penalizaram todas as empresas por igual. Desde o máximo da bolsa portuguesa este ano, registado a 8 de Fevereiro, a Semapa consegue mesmo uma ligeira valorização de 0,21%. Isto apesar da forte subida registada até então: 14,63%. O BES e a Media Capital figuram também na lista de resistentes, com o valor das suas acções inalterado em relação ao máximo do mercado.
Destaque ainda para o BCP, que segurou a valorização de 11,64% conquistada até dia 8, recuando apenas 0,95% desde o máximo. Com uma queda de apenas 0,85%, também a Sonae segurou os ganhos de 9,35% do início do ano.
Para Francisco Oliveira, nos próximos meses a Bolsa de Lisboa “deverá acompanhar o comportamento das suas congéneres europeias”. Apesar da presente correcção, o gestor de fundos mantém a convicção de que o “ano será positivo para as acções nacionais”. Francisco Oliveira considera que as pequenas e médias empresas da bolsa vão continuar a ter um melhor desempenho bolsista que as grandes, como aconteceu em 2004. “Há muita pressão sobre os pesos pesados (EDP e PT) e não há histórias que sirvam de catalizador”, justifica.
Petróleo e dólar pressionam bolsas internacionais
A Bolsa de Lisboa não está sozinha nas quedas. Nas últimas sessões, os principais índices accionistas americanos e europeus também recuaram.
Mas se em Janeiro a praça financeira portuguesa foi a que mais subiu, este mês está entre as que mais caiu. O que a levou a descer para o meio da tabela no ranking dos mercados com melhor comportamento em 2005, com um ganho de 3,3%.
A subida do preço do petróleo em Nova Iorque, de novo acima dos 50 dólares por barril, penalizou os mercados nas últimas sessões. O frio intenso que se faz sentir no Norte dos Estados Unidos e da Europa e a possibilidade de um corte na produção pela OPEP, pressionaram os preços. A subida do euro face ao dólar foi um factor acrescido de preocupação na Europa.
A apreciação da moeda dos Doze deveu-se ao anúncio pelo banco central sul-coreano de que pretende diversificar as sua reserva de moeda estrangeira, a quarta maior do mundo. Nos últimos anos, os países asiáticos têm comprado de forma massiva obrigações de dívida pública americana (treasuries), evitando a depreciação do dólar. Alguns analistas temem uma venda generalizada de treasuries, o que levaria a uma queda abrupta do dólar.Fonte Semánario Económico
25-02-2005, André Veríssimo e Mafalda Anjos
O PSI-20 caiu durante seis sessões consecutivas. Desde o máximo de 2005, a 08 de Fevereiro, dia em que o índice de referência nacional atingiu também o valor mais alto em três anos e meio nos 8088,63 pontos, o índice perdeu quase 3%. Em apenas seis sessões, a praça portuguesa viu avaporar 740,7 milhões de euros de capitalização bolsista. Em 16 de Fevereiro, a capitalização do PSI-20 estava nos 36,1 mil milhões de euros, caindo no fecho da passada quarta-feira para os 35,4 mil milhões de euros.
Até Fevereiro, a praça lisboeta registava o melhor comportamento entre as bolsas europeias. O índice de referência nacional marcava os maiores ganhos em 2005 entre os mercados da Europa dos 15 e da Suíça, ao somar até ao início de Fevereiro uma subida de quase 6%, à frente de praças como Londres, Paris, Frankfurt, Madrid ou Milão. Neste momento, Lisboa está para além do meio da tabela entre as bolsas europeias (ver caixa).
Esta queda sucedeu-se a um período de clara euforia na praça nacional. No dia 1 de Fevereiro, a praça lisboeta ultrapassou a barreira psicológica dos 8000 pontos e registou o nível mais alto desde Novembro de 2001. Nesta euforia, a Brisa bateu sucessivos máximos históricos e títulos como a Sonae SGPS, Sonae.Com, Portugal Telecom, PT Multimedia, Cofina e Media Capital atingiram então os valores mais altos em mais de quatro anos.
Como explicaram os analistas contactados pelo Semanário Económico, a subida da bolsa no início de 2005 foi feita à custa de histórias numa mão cheia de empresas que empurraram para cima o índice de referência nacional. A Cofina, devido à separação da parte de media e industrial, a PT Multimedia, devido à venda da Lusomundo Media, e da família Sonae, que ganhou com o spin off da Sonae Industrial, tiveram performances verdadeiramente excepcionais que se reflectiram no índice. Já o BCP, outro papel que acumulou fortes valorizações em 2005, beneficiou da operação de refundação e de concentração no seu negócio core, com expressão nos bons resultados anuais que apresentou. No entanto, já se antevia que existissem correcções nalguns papéis, como a Brisa e a Cofina, que atingiram no início do mês valorizações, na opinião dos analistas, difíceis de sustentar.
Quais as razões para as quedas?
Tal como não foi o factor político que justificou as fortes subidas em 2005 até ao início de Fevereiro, também não terá sido o resultado das eleições de 02 de Fevereiro que agora justificou estas quedas. A vitória do PS não foi uma surpresa para a o mercado, que já tinha descontado uma reviravolta no cenário político nacional. Por outro lado, a bolsa prefere a certeza de um executivo com maioria absoluta do que a incerteza de o PS ter de se coligar à esquerda para conseguir formar governo.
Na opinião de Ricardo Lourenço, responsável pelo fundo Santander Acções Portugal, apesar de a queda da praça nacional “ter acontecido no dia seguinte às eleições legislativas não é de supor que os dois eventos estejam directamente correlacionados”. “A bolsa nacional tinha iniciado o ano melhor que as suas congéneres, sem que nada o justificasse, pelo que seria natural que esse excesso de performance desaparecesse”, explica. E acrescenta: “Acontece que para tal, a bolsa caiu durante algumas sessões consecutivas pois saiu penalizada pela queda recente dos mercados internacionais devido à subida do preço do petróleo e das taxas de juro, com os receios de inflação forte e o discurso de Greenspan”.
Para Francisco Oliveira, gestor do fundo de acções nacionais do Barclays, as quedas das últimas sessões devem-se “à tomada de mais-valias por parte dos investidores em alguns títulos que já subiram muito este ano”. A queda dos títulos do sector das utilities em toda a Europa, que em Portugal penalizou a EDP e a Brisa, é outro factor apontado por Francisco Oliveira.
A Brisa foi um dos papéis mais penalizados neste efeito de correcção da praça portuguesa. A concessionária de autoestradas chegou a cair 4% na passada segunda-feira. No entanto, o factor político - o PS defende as SCUT se deverão manter gratuitas - não terá sido o único argumento a pesar sobre a empresa. “A queda do início desta semana foi em linha com o sector das autoestradas na Europa, pois é dos sectores mais correlacionados com a variação das taxas de juro de longo prazo, que sofreram uma forte subida na passada semana”, explica Ricardo Lourenço.
A EDP é outro papel cujo comportamento se relaciona com as eleições, já que o modelo de reestruturação para o sector eléctrico está em aberto, não se conhecendo qual o projecto do PS para esta área a não ser que deseja “maior concorrência”. A indefinição atinge mesmo a própria equipa de management, com o mercado a temer que existam mexidas na administração da empresa. No entanto, ainda que a EDP tenha ficado atrás das restantes utilities europeias nos últimos meses, a queda nesta semana foi mais relacionada com um relatório divulgado pela Lehman Brothers. Neste estudo, a casa de investimento diz que as taxas de rendibilidade das obrigações torna as aplicações em dívida pública relativamente mais atraentes do que os seus substitutos mais próximos: as utilities.
Os resistentes
As quedas das últimas sessões não penalizaram todas as empresas por igual. Desde o máximo da bolsa portuguesa este ano, registado a 8 de Fevereiro, a Semapa consegue mesmo uma ligeira valorização de 0,21%. Isto apesar da forte subida registada até então: 14,63%. O BES e a Media Capital figuram também na lista de resistentes, com o valor das suas acções inalterado em relação ao máximo do mercado.
Destaque ainda para o BCP, que segurou a valorização de 11,64% conquistada até dia 8, recuando apenas 0,95% desde o máximo. Com uma queda de apenas 0,85%, também a Sonae segurou os ganhos de 9,35% do início do ano.
Para Francisco Oliveira, nos próximos meses a Bolsa de Lisboa “deverá acompanhar o comportamento das suas congéneres europeias”. Apesar da presente correcção, o gestor de fundos mantém a convicção de que o “ano será positivo para as acções nacionais”. Francisco Oliveira considera que as pequenas e médias empresas da bolsa vão continuar a ter um melhor desempenho bolsista que as grandes, como aconteceu em 2004. “Há muita pressão sobre os pesos pesados (EDP e PT) e não há histórias que sirvam de catalizador”, justifica.
Petróleo e dólar pressionam bolsas internacionais
A Bolsa de Lisboa não está sozinha nas quedas. Nas últimas sessões, os principais índices accionistas americanos e europeus também recuaram.
Mas se em Janeiro a praça financeira portuguesa foi a que mais subiu, este mês está entre as que mais caiu. O que a levou a descer para o meio da tabela no ranking dos mercados com melhor comportamento em 2005, com um ganho de 3,3%.
A subida do preço do petróleo em Nova Iorque, de novo acima dos 50 dólares por barril, penalizou os mercados nas últimas sessões. O frio intenso que se faz sentir no Norte dos Estados Unidos e da Europa e a possibilidade de um corte na produção pela OPEP, pressionaram os preços. A subida do euro face ao dólar foi um factor acrescido de preocupação na Europa.
A apreciação da moeda dos Doze deveu-se ao anúncio pelo banco central sul-coreano de que pretende diversificar as sua reserva de moeda estrangeira, a quarta maior do mundo. Nos últimos anos, os países asiáticos têm comprado de forma massiva obrigações de dívida pública americana (treasuries), evitando a depreciação do dólar. Alguns analistas temem uma venda generalizada de treasuries, o que levaria a uma queda abrupta do dólar.Fonte Semánario Económico
- Mensagens: 1700
- Registado: 26/11/2004 23:00
- Localização: Belém-Lisboa
1 Mensagem
|Página 1 de 1
Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: Google Adsense [Bot], Lisboa_Casino, Phil2014, Shimazaki_2 e 888 visitantes