Algumas pistas para 2005
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Algumas pistas para 2005
Algumas pistas para 2005
O ano de 2005 deverá trazer um forte abrandamento no crescimento do EPS.
11-02-2005, Jorge Ramos
O ano de 2005 começou de forma mista para os mercados financeiros, com as Bolsas americanas a acumularem perdas (Dow Jones -1,1%; S&P -1,6% e Nasdaq -5,6%) e as Bolsas do Velho Continente e um pouco pelo resto do Mundo, a apresentarem performances invariavelmente positivas (Euro Stock50 4,2%; CAC 4,1%; DAX 2,4%; Ibex 4%; FTSE 3,7%). Os mercados americanos só apresentam valorizações positivas quando medidos em Euros, ou seja, para os investidores europeus que estiveram expostos à valorização do USD que, desde o início do ano já se apreciou 6% face ao Euro. Fraca consolação para quem perdeu bem mais durante o ano de 2004, em que a moeda norte-americana desceu aos abismos.
Curioso e interessante, é o mínimo que podemos dizer deste comportamente díspar dos mercados dos dois lados do Atlântico já que, normalmente, os europeus não conseguem “descolar” dos seus congéneres, assumindo um irritante seguidismo face ao “big brother” americano. Só que, em termos puramente objectivos, este comportamento não nos surpreende e era, em grande medida, previsível quando analisamos os fundamentais dos dois blocos económicos e, sobretudo, as diferentes fases do ciclo económico em que se encontram.
Com efeito, em termos de cenário macro para 2005, prevê-se um menor vigor do crescimento económico mundial (na casa dos 3,5%, contra uns vigorosos 4,7% em 2004), ainda com a liderança dos EUA - no seu quinto ano de crescimento consecutivo - mas ainda assim, em clara desaceleração. Ou seja, o gigante americano vai parar para respirar enquanto, apesar de não se anteverem significativos riscos inflacionistas, a Reserva Federal deverá continuar a levar as taxas de juro para terreno “monetariamente neutro”, o que deverá traduzir-se numa subida de mais 1%, com os Fed Funds a terminar o ano nos 3,5%. E a julgar pelas reacções à recente subida de Janeiro, este movimento já está amplamente descontado, pelo que, desta frente não deverão advir grandes sobressaltos.
Só que, a julgar pela “pobreza” dos mais recentes indicadores europeus, ao BCE não deverá restar outra alternativa do que baixar taxas de juro. Num cenário de arrefecimento económico, fragilidade da procura interna e Euro especulado em alta, dificilmente as economias europeias se furtarão a uma gripe primaveril. O lado pírrico da questão é que, em 2004, perdeu-se uma oportunidade de ter ido bem mais longe na prevenção deste cenário, com a adjuvante de que talvez se tivesse evitado uma especulação tão desenfrada contra a moeda europeia. Na ausência de pacotes fiscais expansionistas, com menores ganhos de produtividade e com os limites impostos por um pacto de estabilidade que dá largas à contabilidade criativa dos seus Governos, a Europa do Euro não utilizou o único trunfo que tinha disponível, na altura certa.
Neste cenário, a nossa tese é que o ano de 2005 deverá trazer um forte abrandamento no crescimento do EPS (”earnings per share”) mundial: o EPS do índice MSCI World deverá crescer 9% (vs uns estonteantes 25% em 2004) e estimamos que o EPS do S&P500 deverá registar um crescimento ainda menor - entre 6 e 7%. Mas também acreditamos que este facto não deverá traduzir-se, necessariamente num Armagédon financeiro: estatisticamente, desde 1976, as acções subiram em média 10% no ano seguinte a um pico de EPS verificando-se que, na maioria das vezes, o abrandamento já foi descontado no ano anterior. A questão que se coloca é portanto, a da selectividade dos investimentos e a de saber, quais os mercados e sectores que poderão beneficiar desta envolvente macro, por contrapartida daqueles que vão atingir uma fase de esgotamento.
Em termos de alocação geográfica, privilegiamos claramente a Europa: pela ausência de risco cambial (o Euro/Usd está longe de estar estabilizado) e sobretudo pelo desconto que evidencia face ao mercado norte-americano que está no máximo dos últimos 30 anos (19% desconto médio vs 30% desconto actual, via utilização de múltiplos). E esta é, para nós, a principal razão do “decoupling” entre os dois mercados o qual, acreditamos, não deverá esbater-se nos tempos mais próximos.
A história também nos diz que sectores com crescimento estável e sustentado e bom “pricing power” tendem a comportar-se melhor num ciclo de abrandamento económico, por contrapartida aos sectores mais cíclicos da economia (onde se incluem as empresas de Tecnologia) que se comportam pior. Ou seja, as surpresas positivas para este ano, poderão vir de empresas com elevados dividendos, grande capacidade de libertação de cash-flow e que continuem a promover políticas agressivas de “share buy-backs”. Esta grelha poderá incluir os sectores Farmacêutico e Healthcare (transaccionam em múltiplos mínimos do seu trend histórico); Financeiras, Seguradoras e o próprio Retalho (consumo não descricionário. Finalmente, apesar dos bons desempenhos recentes, as Utilities e empresas de Energia e Químicas, poderão continuar a mostrar bons desempenhos pois apesar de um recúo no preço do petróleo, continuamos a acreditar que os tempos da energia barata dificilmente voltarão. Em suma, acreditamos que 2005 poderá ser um ano da chamada Velha Economia que poderá voar e brilhar mais que as normalmente apelativas TMT´s.
O ano de 2005 deverá trazer um forte abrandamento no crescimento do EPS.
11-02-2005, Jorge Ramos
O ano de 2005 começou de forma mista para os mercados financeiros, com as Bolsas americanas a acumularem perdas (Dow Jones -1,1%; S&P -1,6% e Nasdaq -5,6%) e as Bolsas do Velho Continente e um pouco pelo resto do Mundo, a apresentarem performances invariavelmente positivas (Euro Stock50 4,2%; CAC 4,1%; DAX 2,4%; Ibex 4%; FTSE 3,7%). Os mercados americanos só apresentam valorizações positivas quando medidos em Euros, ou seja, para os investidores europeus que estiveram expostos à valorização do USD que, desde o início do ano já se apreciou 6% face ao Euro. Fraca consolação para quem perdeu bem mais durante o ano de 2004, em que a moeda norte-americana desceu aos abismos.
Curioso e interessante, é o mínimo que podemos dizer deste comportamente díspar dos mercados dos dois lados do Atlântico já que, normalmente, os europeus não conseguem “descolar” dos seus congéneres, assumindo um irritante seguidismo face ao “big brother” americano. Só que, em termos puramente objectivos, este comportamento não nos surpreende e era, em grande medida, previsível quando analisamos os fundamentais dos dois blocos económicos e, sobretudo, as diferentes fases do ciclo económico em que se encontram.
Com efeito, em termos de cenário macro para 2005, prevê-se um menor vigor do crescimento económico mundial (na casa dos 3,5%, contra uns vigorosos 4,7% em 2004), ainda com a liderança dos EUA - no seu quinto ano de crescimento consecutivo - mas ainda assim, em clara desaceleração. Ou seja, o gigante americano vai parar para respirar enquanto, apesar de não se anteverem significativos riscos inflacionistas, a Reserva Federal deverá continuar a levar as taxas de juro para terreno “monetariamente neutro”, o que deverá traduzir-se numa subida de mais 1%, com os Fed Funds a terminar o ano nos 3,5%. E a julgar pelas reacções à recente subida de Janeiro, este movimento já está amplamente descontado, pelo que, desta frente não deverão advir grandes sobressaltos.
Só que, a julgar pela “pobreza” dos mais recentes indicadores europeus, ao BCE não deverá restar outra alternativa do que baixar taxas de juro. Num cenário de arrefecimento económico, fragilidade da procura interna e Euro especulado em alta, dificilmente as economias europeias se furtarão a uma gripe primaveril. O lado pírrico da questão é que, em 2004, perdeu-se uma oportunidade de ter ido bem mais longe na prevenção deste cenário, com a adjuvante de que talvez se tivesse evitado uma especulação tão desenfrada contra a moeda europeia. Na ausência de pacotes fiscais expansionistas, com menores ganhos de produtividade e com os limites impostos por um pacto de estabilidade que dá largas à contabilidade criativa dos seus Governos, a Europa do Euro não utilizou o único trunfo que tinha disponível, na altura certa.
Neste cenário, a nossa tese é que o ano de 2005 deverá trazer um forte abrandamento no crescimento do EPS (”earnings per share”) mundial: o EPS do índice MSCI World deverá crescer 9% (vs uns estonteantes 25% em 2004) e estimamos que o EPS do S&P500 deverá registar um crescimento ainda menor - entre 6 e 7%. Mas também acreditamos que este facto não deverá traduzir-se, necessariamente num Armagédon financeiro: estatisticamente, desde 1976, as acções subiram em média 10% no ano seguinte a um pico de EPS verificando-se que, na maioria das vezes, o abrandamento já foi descontado no ano anterior. A questão que se coloca é portanto, a da selectividade dos investimentos e a de saber, quais os mercados e sectores que poderão beneficiar desta envolvente macro, por contrapartida daqueles que vão atingir uma fase de esgotamento.
Em termos de alocação geográfica, privilegiamos claramente a Europa: pela ausência de risco cambial (o Euro/Usd está longe de estar estabilizado) e sobretudo pelo desconto que evidencia face ao mercado norte-americano que está no máximo dos últimos 30 anos (19% desconto médio vs 30% desconto actual, via utilização de múltiplos). E esta é, para nós, a principal razão do “decoupling” entre os dois mercados o qual, acreditamos, não deverá esbater-se nos tempos mais próximos.
A história também nos diz que sectores com crescimento estável e sustentado e bom “pricing power” tendem a comportar-se melhor num ciclo de abrandamento económico, por contrapartida aos sectores mais cíclicos da economia (onde se incluem as empresas de Tecnologia) que se comportam pior. Ou seja, as surpresas positivas para este ano, poderão vir de empresas com elevados dividendos, grande capacidade de libertação de cash-flow e que continuem a promover políticas agressivas de “share buy-backs”. Esta grelha poderá incluir os sectores Farmacêutico e Healthcare (transaccionam em múltiplos mínimos do seu trend histórico); Financeiras, Seguradoras e o próprio Retalho (consumo não descricionário. Finalmente, apesar dos bons desempenhos recentes, as Utilities e empresas de Energia e Químicas, poderão continuar a mostrar bons desempenhos pois apesar de um recúo no preço do petróleo, continuamos a acreditar que os tempos da energia barata dificilmente voltarão. Em suma, acreditamos que 2005 poderá ser um ano da chamada Velha Economia que poderá voar e brilhar mais que as normalmente apelativas TMT´s.
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