Caldeirão da Bolsa

Começar de novo

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Começar de novo

por Visitante » 23/1/2005 16:15

Começar de novo

Pedro Marques Pereira


ÁLVARO BARRETO não conseguiu resolver o embrulho da Galp nos seis meses em que liderou o processo.

No entanto, como o próprio refere em declarações ao Diário Económico de hoje, deixa o seu sucessor, seja dele de que partido for, numa situação mais confortável do que aquela que ele próprio encontrou.

Quando foi chamado ao Governo, Barreto encontrou uma solução final que afinal não o era, despachada à última hora pelo seu antecessor. O chumbo de Bruxelas à fusão dos negócios do gás e da electricidade deitou por terra o modelo de reestruturação do sector energético arquitectado por Carlos Tavares e por João Talone.

O Ministro das Actividades Económicas poderia ter seguido o exemplo do seu antecessor, ou o de outros governantes mais preocupados em sair com “boa imagem” do que em resolver de facto os problemas. À boa maneira portuguesa, Álvaro Barreto poderia ter “desenrascado” uma solução de pacotilha para terminar o seu mandato em beleza, com uma conferência de Imprensa sob os holofotes das câmaras de televisão. Preferiu preocupar-se em deixar intactas as escolhas do próximo Governo e fez bem.

Após dois governos de maioria PSD/PP, o balanço no sector energético está próximo do desastre. Mas prova a velha regra de que quem semeia ventos colhe tempestades, como o Partido Socialista irá comprovar se regressar ao Poder em Fevereiro.

Mais do que assacar culpas, importa agora mais que tudo tirar lições de todo este tempo perdido. E chegados a este ponto, parece cada vez mais claro que a única saída possível para este embrulho será negociar a saída da Eni da Galp. O preço a pagar por essa saída será certamente doloroso. Mas será pior insistir em procurar um caminho para contornar um obstáculo incontornável: o excessivo poder oferecido pelo Ministro Pina Moura à Eni quando negociou a sua entrada no capital da petrolífera nacional. Caso os socialistas voltem ao Governo, têm uma boa oportunidade de emendar a mão, começando tudo de novo.

Espera-se que, neste dossier, em que a Oposição foi particularmente crítica da gestão da Maioria, um futuro Governo liderado por José Sócrates não escolha agora, à semelhança do que sucedeu com o final dos benefícios fiscais, inventar pretextos para ratificar uma política que antes considerava não fazer qualquer sentido.

pmpereira@economicasgps.com
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