Off Topic - Monovolumes - Quem os tem e quem os paga!
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Off Topic - Monovolumes - Quem os tem e quem os paga!
Sérgio Figueiredo - J.Negócios
Leonardo Ferraz de Carvalho chegou a considerar que Augusto Mateus, então ministro da Economia, era um dos principais «market makers» da nossa bolsa. No pior dos sentidos, é claro. Na enorme e interminável vaga dos «negócios do Estado», empresas cotadas eram frequentemente apanhadas pela incontinência oficial.
Os ministros tornaram-se, eles próprios, um facto relevante para os investidores.
Exemplo: quando o Governo procurava a solução empresarial para a Torralta, o doutor Mateus afastou o concorrente brasileiro da Sonae e publicamente deu o caso como encerrado. Não estava.
E, a cada semana que o ministro garantia que o acordo iria ser assinado, o eng. Belmiro hesitava, coçava a cabeça e acabava a pedir sempre mais alguma coisita. O negócio foi fechado e só depois se percebeu porque ninguém queria que ele fosse revelado – «uma banhada», diria o prof. Marcelo.
Dois Governos e quatro ministros da Economia depois, a cena volta a repetir-se: Carlos Tavares mostra uns «power point» novos sobre o seu modelo energético nacional e o Governo consagra-o em decreto-lei. Faltava um pequeno detalhe: os italianos da ENI tinham de concordar.
Ou seja: não é por falta de experiência que este Governo decide anunciar solenemente, através da sua nova porta-voz, que vai baixar portagens para os monovolumes sem ter o acordo firmado com quem tem tornará isso possível. A Brisa e as outras concessionárias.
Não sendo por inexperiência, também não será por estupidez ou casmurrice que uma equipa inteira de senhores ministros aceita sentar-se ao colo da outra parte negocial. Então será porquê? Qual será a explicação possível para este tiros no pé? Sempre os mesmos, sucessivamente repetidos, e por pessoas diferentes?
Porque será que o doutor Mateus aceitou ficar refém dos caprichos do engenheiro Belmiro?
Porque será que o doutor Tavares fragilizou a posição do Estado antes de iniciar negociações com os italianos?
E porque será que, sabe-se lá que ministro deste Governo, leva um Conselho inteiro a decidir à pressa e, o que é pior, oficializar um facto que ainda depende de negociações em curso? Ainda por cima, da forma que faz, a mais atabalhoada e inimaginável possível? (aliás, este Governo acabou de criar a figura do «comunicado rectificativo»...)
Especular sobre as causas deste comportamentos irracionais é, sem dúvida, uma tentação. Será, porém, mais prudente avaliar as consequências. A mais evidente: em meia dúzia de frases, o Conselho de Ministros deu ao doutor Vasco de Mello aquilo que em meses ele não havia conseguido: um acordo. O acordo que ele queria.
No lugar dele, quem continuaria a negociar? No lugar dele, quem não passava a exigir? Há negócio. Com a pressa que o Estado quer, mas nas condições que a Brisa reclamar.
Já não há negociação. O acordo já não é um articulado, mas um ditado. O que a Brisa quiser. Se Leonardo fosse vivo acharia o facto suficiente para a concessionária subir em bolsa. Posso concluir por ele: uns ganhos accionistas devidamente conquistados aos contribuintes. Nada de novo...
Pois é, e isto não se passa apenas nas Auto-Estradas...
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